Um abraço; em particular, para o município do Funchal, que tem sido ultimamente fortemente assolado.
Capela de São João da Ribeira
Capela de São João da Ribeira
Enquadramento
Urbano, flanqueado, integrado num conjunto de edificações de que faz parte a antiga residência do capelão, hoje ocupada por freiras franciscanas, desenvolvidas sobre a sacristia envolvendo toda a cabeceira da capela e sobindo um piso sobre a cobertura na nave. Ergue-se sobre adro murado e gradeado para a ribeira, com uma escada de acesso de 8 degraus.
Descrição
Planta longitudinal, composta de nave única, torre sineira quadrada e capela-mor, à qual se encosta para S. a sacristia, assente sobre o antigo cenóbio franciscano. Volumes articulados com coberturas diferenciadas, em telhados de 4, 3, 2 e uma água, com beirais simples e duplos de telha de canudo portuguesa, e torre em eirado. Fachada principal a O. com embasamento pintado a cinza, terminada em empena, com cimalha de cantaria com ligeiro balanço e encimada por cruz de calvário. Portal de cantaria com arco de volta perfeita assente em pilastras com capitéis e bases ressalvados e lintel de balanço; portadas de madeira com bandeira superior fixa, com almofadas rebaixadas e decoradas com incisões, tudo pintado a vermelho; janelão superior quadrado, de guilhotina, com moldura de cantaria cinzenta. Torre no alinhamento da fachada, com janela funda ao nível da da capela, com moldura de cantaria e portadas de madeira, uma cega e outra com postigo envidraçado; sineira com arco de volta perfeita com moldura de cantaria; remate com muro de recorte ondulado, tipo "chapéu de cónego". Fachada S. dominada pela demarcação da torre, com porta no piso térreo e sineira no superior; nave com pequena janela superior de iluminação e todo o resto escondido pelas instalações franciscanas, que sobem ao nível da torre. Fachada N. completamente cega, mas fechada pela cerca das franciscanas que avança até ao nível da fachada, onde se abre porta, com edifício mais recuado e subindo ao nível dos restantes com os quais se une por detrás da capela. No interior, coro-alto sobre pilastras quadradas de madeira pintada, com balaustrada de madeira; nave com soalho de madeira, coberta com tecto de madeira pintada a branco sobre cornija de madeira e largos panejamentos inferiores pintados com borlas pendentes; no lado do Evangelho, púlpito de madeira pintada a branco e ouro com baldaquino encimado por pomba do Espírito Santo, junto do qual, em baixo existe porta de acesso às escadas interiores do mesmo. O arco triunfal é pintado a marmoreados e ladeado por 2 altares de talha postos de ângulo, dedicados a Nossa Senhora da Conceição e Santo António; espaço demarcado da nave por degrau com balaustrada de madeira com porta central. A capela-mor apresenta altar assente em degrau elevado, com degrau ao centro e mais 2 além do centro da capela, retábulo de talha dourada, com frontão interrompido encimado por cartela com inscrição alusiva a São João e a data de 1750; nas paredes laterais, lambril de azulejos encimados por telas alusivas à vida do santo, com molduras de talha. Tecto em falsa abóbada de meia cana de madeira pintada com uma alegoria arquitectónica em trompe l'oeil.
Descrição Complementar
Os altares da nave são semelhantes, e constituídos por pares de colunas de fuste marmoreado, capitéis coríntios dourados e rematadas superiormente por painéis pintados e urnas em talha. Os centros são ocupados por duplos nichos, constituindo os superiores pequenos oratórios com molduras entalhadas e douradas, com os interiores pintados com elementos rococó. As bases albergam ainda um outro nicho. O retábulo-mor apresenta fundo camarim coberto com tela de São João, emoldurado por par de colunas torsas em vulto, com entalhe profundo e figurando campânulas pendentes e rosáceas douradas sobre fundo azul, assentes em largas mísulas com folhas de acanto. Remate em frontão com cartela central ladeada por grandes aletas, encimadas por aves Fénix e festões, prolongando-se pelas paredes com largas telas com passos alusivos à vida do Santo, com molduras de talha assentes ainda em largas réguas entalhadas. Abaixo, o silhar é ocupado por 2 painéis de azulejos das oficinas de Lisboa, rematados com enquadramento de concheados em "asas de morcego", entre 1751 e 1754, vigência como governador da Madeira do conde de São Miguel, cujas armas rematam o painel do lado da Epístola. No lado do Evangelho, acesso à sacristia por porta com moldura de cantaria pintada, com portadas de madeira almofadada. Ao lado da porta e nas costas do arco triunfal existe pia de água benta de cantaria em forma de concha com voluta superior para caldeirinha. Na sacristia, arcaz com espaldar em forma de tríptico, com cimalhas de balanço, marmoreado e dourado, assente em predela, com o painel central com baldaquino e os laterais com pinturas da oficina de Nicolau Ferreira e importante lava-mãos em cantaria regional ocupando toda a altura da parede e encimado por frontão rematado com Cruz de Cristo e o cordeiro, símbolo do orago da capela.
Utilização Inicial
Sede dos franciscanos na Ilha e confraria
Época Construção
Sécs. XV / XVI / XVII / XVIII / XIX / XX
Cronologia
1423, 9 Mar. - carta do papa Martinho V ao franciscano João de Baeça confirmando a licença do anti-papa Bento XIII de evangelizar as Canárias;
c. 1432 - data da instalação dos franciscanos no cenóbio de São João;
1436, 27 Jan. - carta do papa Eugénio IV ao franciscano João Maiorquino, presbítero de Valência, autorizando-o a fundar 3 ermitérios na ilha da Madeira;
1450, 28 Abr. - autorização do papa Nicolau V para a fundação de um ermitério na Madeira, então já a funcionar em São João, com cerca de 10 irmãos leigos e tendo como guardião frei Pedro das Covas, ou frei Pedro Mourão, "homem velho e de muita autoridade"; 10 Dez. - "Letras" do mesmo papa ao vigário das Canárias com idêntica autorização;
1459 - retirada dos franciscanos da Ilha por desinteligências com a Ordem de Cristo(?!!), instalando-se em Xabregas;
1462, 1 Mai. - carta do papa Pio II ao bispo de Évora, a pedido de D. Afonso V e do infante D. Fernando para que os frades Jerónimos pudessem fundar na Madeira mosteiro da sua regra; 12 Dez. - carta do mesmo Papa a frei Afonso Bolaños, vigário dos franciscanos das Canárias autorizando-o a alargar a sua jurisdição à Madeira e costa de África;
1471, 9 Dez. - 1ª referência camarária a São João como limite da vila do Funchal para Câmara de Lobos;
1476 - regresso da comunidade franciscana à Madeira, sob custódia de frei Rodrigo de Arruda, dado breve de Sixto IV e instalação na antiga residência de São João;
1476 - instalação da comunidade em terrenos de Clara Esteves, dentro da vila do Funchal, em troca do hospício e início da construção do convento de São Francisco;
c. 1630 - data de alguns azulejos existentes na sacristia;
c. 1660 / 1670 - data de alguns azulejos existentes na sacristia;
1720 - início da reconstrução da capela e hospício anexo pela fazenda real dado o adiantado estado de ruína provocado por um aluvião anterior;
1750 - data inscrita no altar-mor, obra atribuível a Julião Francisco Ferreira;
1751 / 1754 - vigência do governador D. Álvaro Xavier de Távora, conde de S. Miguel encomendador dos azulejos da capela-mor;
1762 - reformulação da confraria de São João Baptista pelo bispo D. Gaspar Afonso da Costa Brandão;
1793 - data inscrita no 1º painel do lado do Evangelho do altar-mor do pintor João Nicolau Ferreira;
c. 1795 - trabalho da oficina de mestre Estêvão de Nóbrega nos altares colaterais;
1803, 9 Out. - importante aluvião no Funchal causa grandes estragos na capela;
c. 1850 - reparação da capela a cargo de António Ferreira Nogueira e Manuel Fernandes Jardim;
1921 - pintura do tecto da capela-mor por José Zeferino Nunes ( Cyrilo ).
Tipologia
Arquitectura religiosa, barroca.
Capela barroca de planta longitudinal, fachada principal em empena com portal de cantaria com arco pleno e cimalha de balanço, encimado por janelão, torre à face da fachada rematada por eirado aberto e muro ondulado, interior com retábulos de talha e azulejos rococós.
Características Particulares
Capela com as características típicas das construções insulares dos Sécs. XVII e XVIII, muitas das quais reformuladas posteriormente, com bom conjunto de talha interior, azulejos e pratas. Contraste entre a decoração da nave, mais simples, e a da capela-mor, revestida a azulejos rococós, um deles apresentando as armas do conde de São Miguel, e telas com rico emolduramento de talha.
Do primitivo cenóbio franciscano do Séc. XV guarda, segundo a tradição, uma vaga arcaria, quase gruta natural, sob e por detrás da sacristia e, da capela dos Séc. XVII, uma pequena amostragem de azulejos no parapeito da janela da sacristia, com contornos em castanho de manganés e de tapetes policromos de c. 1660 / 1670.
(fonte: IHRU)
Urbano, flanqueado, integrado num conjunto de edificações de que faz parte a antiga residência do capelão, hoje ocupada por freiras franciscanas, desenvolvidas sobre a sacristia envolvendo toda a cabeceira da capela e sobindo um piso sobre a cobertura na nave. Ergue-se sobre adro murado e gradeado para a ribeira, com uma escada de acesso de 8 degraus.
Descrição
Planta longitudinal, composta de nave única, torre sineira quadrada e capela-mor, à qual se encosta para S. a sacristia, assente sobre o antigo cenóbio franciscano. Volumes articulados com coberturas diferenciadas, em telhados de 4, 3, 2 e uma água, com beirais simples e duplos de telha de canudo portuguesa, e torre em eirado. Fachada principal a O. com embasamento pintado a cinza, terminada em empena, com cimalha de cantaria com ligeiro balanço e encimada por cruz de calvário. Portal de cantaria com arco de volta perfeita assente em pilastras com capitéis e bases ressalvados e lintel de balanço; portadas de madeira com bandeira superior fixa, com almofadas rebaixadas e decoradas com incisões, tudo pintado a vermelho; janelão superior quadrado, de guilhotina, com moldura de cantaria cinzenta. Torre no alinhamento da fachada, com janela funda ao nível da da capela, com moldura de cantaria e portadas de madeira, uma cega e outra com postigo envidraçado; sineira com arco de volta perfeita com moldura de cantaria; remate com muro de recorte ondulado, tipo "chapéu de cónego". Fachada S. dominada pela demarcação da torre, com porta no piso térreo e sineira no superior; nave com pequena janela superior de iluminação e todo o resto escondido pelas instalações franciscanas, que sobem ao nível da torre. Fachada N. completamente cega, mas fechada pela cerca das franciscanas que avança até ao nível da fachada, onde se abre porta, com edifício mais recuado e subindo ao nível dos restantes com os quais se une por detrás da capela. No interior, coro-alto sobre pilastras quadradas de madeira pintada, com balaustrada de madeira; nave com soalho de madeira, coberta com tecto de madeira pintada a branco sobre cornija de madeira e largos panejamentos inferiores pintados com borlas pendentes; no lado do Evangelho, púlpito de madeira pintada a branco e ouro com baldaquino encimado por pomba do Espírito Santo, junto do qual, em baixo existe porta de acesso às escadas interiores do mesmo. O arco triunfal é pintado a marmoreados e ladeado por 2 altares de talha postos de ângulo, dedicados a Nossa Senhora da Conceição e Santo António; espaço demarcado da nave por degrau com balaustrada de madeira com porta central. A capela-mor apresenta altar assente em degrau elevado, com degrau ao centro e mais 2 além do centro da capela, retábulo de talha dourada, com frontão interrompido encimado por cartela com inscrição alusiva a São João e a data de 1750; nas paredes laterais, lambril de azulejos encimados por telas alusivas à vida do santo, com molduras de talha. Tecto em falsa abóbada de meia cana de madeira pintada com uma alegoria arquitectónica em trompe l'oeil.
Descrição Complementar
Os altares da nave são semelhantes, e constituídos por pares de colunas de fuste marmoreado, capitéis coríntios dourados e rematadas superiormente por painéis pintados e urnas em talha. Os centros são ocupados por duplos nichos, constituindo os superiores pequenos oratórios com molduras entalhadas e douradas, com os interiores pintados com elementos rococó. As bases albergam ainda um outro nicho. O retábulo-mor apresenta fundo camarim coberto com tela de São João, emoldurado por par de colunas torsas em vulto, com entalhe profundo e figurando campânulas pendentes e rosáceas douradas sobre fundo azul, assentes em largas mísulas com folhas de acanto. Remate em frontão com cartela central ladeada por grandes aletas, encimadas por aves Fénix e festões, prolongando-se pelas paredes com largas telas com passos alusivos à vida do Santo, com molduras de talha assentes ainda em largas réguas entalhadas. Abaixo, o silhar é ocupado por 2 painéis de azulejos das oficinas de Lisboa, rematados com enquadramento de concheados em "asas de morcego", entre 1751 e 1754, vigência como governador da Madeira do conde de São Miguel, cujas armas rematam o painel do lado da Epístola. No lado do Evangelho, acesso à sacristia por porta com moldura de cantaria pintada, com portadas de madeira almofadada. Ao lado da porta e nas costas do arco triunfal existe pia de água benta de cantaria em forma de concha com voluta superior para caldeirinha. Na sacristia, arcaz com espaldar em forma de tríptico, com cimalhas de balanço, marmoreado e dourado, assente em predela, com o painel central com baldaquino e os laterais com pinturas da oficina de Nicolau Ferreira e importante lava-mãos em cantaria regional ocupando toda a altura da parede e encimado por frontão rematado com Cruz de Cristo e o cordeiro, símbolo do orago da capela.
Utilização Inicial
Sede dos franciscanos na Ilha e confraria
Época Construção
Sécs. XV / XVI / XVII / XVIII / XIX / XX
Cronologia
1423, 9 Mar. - carta do papa Martinho V ao franciscano João de Baeça confirmando a licença do anti-papa Bento XIII de evangelizar as Canárias;
c. 1432 - data da instalação dos franciscanos no cenóbio de São João;
1436, 27 Jan. - carta do papa Eugénio IV ao franciscano João Maiorquino, presbítero de Valência, autorizando-o a fundar 3 ermitérios na ilha da Madeira;
1450, 28 Abr. - autorização do papa Nicolau V para a fundação de um ermitério na Madeira, então já a funcionar em São João, com cerca de 10 irmãos leigos e tendo como guardião frei Pedro das Covas, ou frei Pedro Mourão, "homem velho e de muita autoridade"; 10 Dez. - "Letras" do mesmo papa ao vigário das Canárias com idêntica autorização;
1459 - retirada dos franciscanos da Ilha por desinteligências com a Ordem de Cristo(?!!), instalando-se em Xabregas;
1462, 1 Mai. - carta do papa Pio II ao bispo de Évora, a pedido de D. Afonso V e do infante D. Fernando para que os frades Jerónimos pudessem fundar na Madeira mosteiro da sua regra; 12 Dez. - carta do mesmo Papa a frei Afonso Bolaños, vigário dos franciscanos das Canárias autorizando-o a alargar a sua jurisdição à Madeira e costa de África;
1471, 9 Dez. - 1ª referência camarária a São João como limite da vila do Funchal para Câmara de Lobos;
1476 - regresso da comunidade franciscana à Madeira, sob custódia de frei Rodrigo de Arruda, dado breve de Sixto IV e instalação na antiga residência de São João;
1476 - instalação da comunidade em terrenos de Clara Esteves, dentro da vila do Funchal, em troca do hospício e início da construção do convento de São Francisco;
c. 1630 - data de alguns azulejos existentes na sacristia;
c. 1660 / 1670 - data de alguns azulejos existentes na sacristia;
1720 - início da reconstrução da capela e hospício anexo pela fazenda real dado o adiantado estado de ruína provocado por um aluvião anterior;
1750 - data inscrita no altar-mor, obra atribuível a Julião Francisco Ferreira;
1751 / 1754 - vigência do governador D. Álvaro Xavier de Távora, conde de S. Miguel encomendador dos azulejos da capela-mor;
1762 - reformulação da confraria de São João Baptista pelo bispo D. Gaspar Afonso da Costa Brandão;
1793 - data inscrita no 1º painel do lado do Evangelho do altar-mor do pintor João Nicolau Ferreira;
c. 1795 - trabalho da oficina de mestre Estêvão de Nóbrega nos altares colaterais;
1803, 9 Out. - importante aluvião no Funchal causa grandes estragos na capela;
c. 1850 - reparação da capela a cargo de António Ferreira Nogueira e Manuel Fernandes Jardim;
1921 - pintura do tecto da capela-mor por José Zeferino Nunes ( Cyrilo ).
Tipologia
Arquitectura religiosa, barroca.
Capela barroca de planta longitudinal, fachada principal em empena com portal de cantaria com arco pleno e cimalha de balanço, encimado por janelão, torre à face da fachada rematada por eirado aberto e muro ondulado, interior com retábulos de talha e azulejos rococós.
Características Particulares
Capela com as características típicas das construções insulares dos Sécs. XVII e XVIII, muitas das quais reformuladas posteriormente, com bom conjunto de talha interior, azulejos e pratas. Contraste entre a decoração da nave, mais simples, e a da capela-mor, revestida a azulejos rococós, um deles apresentando as armas do conde de São Miguel, e telas com rico emolduramento de talha.
Do primitivo cenóbio franciscano do Séc. XV guarda, segundo a tradição, uma vaga arcaria, quase gruta natural, sob e por detrás da sacristia e, da capela dos Séc. XVII, uma pequena amostragem de azulejos no parapeito da janela da sacristia, com contornos em castanho de manganés e de tapetes policromos de c. 1660 / 1670.
(fonte: IHRU)
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