sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O Amor da Natureza


O intrincado recorte da natureza:
O abraço da oliveira, que desdobrando-se, aninha no seu seio um ovo de pedra ...
Ninho e carinho, berço de um tempo maior: sem princípio, nem fim.

Terra, minha medida!
Com que ternura te encontro
Sempre inteira nos sentidos,
Sempre redonda nos olhos,
Sempre segura nos pés,
Sempre a cheirar a fermento!
Terra amada!
Em qualquer sítio e momento,
Enrugada ou descampada,
Nunca te desconheci!
Berço do meu sofrimento,
Cabes em mim, e eu em ti!


- Miguel Torga, Êxtase

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