Planta escudiforme, com panos de muralha circundados por adarve, rematados por merlões prismáticos e reforçados nos vértices e a intervalos regulares por cubelos quadrangulares. Rasgam a cortina 2 portas de arco quebrado, uma a SE., entre torreões, outra a NO., de vão maior, encimada pela pedra de armas com escudo real, entre a esfera armilar e a cruz de Cristo. A torre de menagem, quadrangular e de 2 andares acima de um embasamento em talude, ergue-se perto da porta SE.. No recinto do castelo são ainda visíveis fundações de construções e as bocas da cisterna. No pano SO. rasga-se uma janela bífora em cujo mainel está a pedra de armas dos Sousa Ribeiro, antigos alcaides do castelo. Em frente à porta SE. e do lado NO. vestígios de barbacãs. Do lado exterior, na plataforma abaixo do monte onde se ergue o castelo, as ruínas de uma segunda cortina com 3 torreões quadrangulares e de uma capela da igreja de Santa Maria do Castelo, revestida por caixotões em pedra com decoração renascentista.
INSCRIÇÕES:
1. Inscrição de homenagem ao castelo gravada num silhar da parede, do lado esquerdo, do túnel da entrada; sem moldura nem decoração; superfície epigráfica com alguma erosão; calcário. Dimensões: 50x66. Tipo de Letra: capital quadrada do séc. 20. Leitura: A HISTÓRIA DESTE CASTELO FOI RECORDADA COM GRATIDÃO PELOS PORTUGUESES DE 1940.
2. Inscrição patrimonial gravada num silhar da muralha do castelejo, do lado direito, da entrada SE., em campo epigráfico relevado para o efeito; superfície epigráfica muito erodida. Dimensões:Totais: 31x105; campo epigráfico: 12x33. Tipo de letra: capital quadrada do séc. XX. Leitura: PATRIMÓNIO DO ESTADO. PRAÇA DE ARMAS:
3. Inscrição de homenagem aos antigos templários gravada, a jacto de areia, numa lápide apoiada num suporte, de material idêntico ao da lápide, colocada no lado direito junto ao muro de uma construção arruinada; sem moldura nem decoração; calcário. Dimensões: 49,5x79,5x5; altura do suporte: 39,5. Tipo de letra: letra maiúscula e minúscula do séc. 20. Leitura literal: COMEMORAÇÃO DO DIA DA COMENDADORIA DE COIMBRA, RAINHA SANTA ISABEL Aos quatro dias do mês de Julho do Ano da Graça de dois mil e quatro, nesta mui nobre cidade de Pombal, na presença do seu Grão Mestre Sua Alteza Eminentíssima Don Fernando Pinto de Sousa Fontes e Grã Prioresa de Portugal Sua Alteza Sereníssima Dona Maria da Glória Pinto de Sousa Fontes, com o Alto Patrocínio do Excelentíssimo Senhor Engenheiro Narciso Ferreira Mota, Presidente da Câmara Municipal de Pombal, os actuais templários recordam e homenageiam os seus ancestrais.
TORRE DE MENAGEM:
4. Inscrição comemorativa da instituição de uma quinta em morgado gravada numa lápide em campo epigráfico delimitado por um filete de forma poligonal; sulcos das letras pouco profundos potenciaram a erosão. Dimensões: 66x65,5x12. Tipo de letra: caligráfica comum do séc. 19. Leitura modernizada: ESTA QUINTA FOI INSTITUÍDA EM MORGADO NO ANO DE 1551 PELLO VALEROSO CAPITÃO JORGE BOTELHO CAVALEIRO FIDALGO NATURAL DA VILA DE POMBAL E A TOMOU EM SUA 3ª(=TERÇA) COMO CONSTA DO SEU TESTAMENTO: ESTA MEMÓRIA MANDOU FAZER SEU UNDÉCIMO ADMINISTRADOR JORGE COELHO DE VASCONCELOS BOTELHO E SOUSA CAPITÃO MOR DA DITA VILA NO ANO DE 1818.
5. Inscrição funerária gravada num fragmento de uma tampa de sepultura. Calcário. Dimensões: 35x75x17. Tipo de letra: capital quadrada de traçado irregular. Leitura reconstituida e modernizada : SEPULTURA DE SEBASTIÃO DE [A]LMEIDA [...].
6. Inscrição funerária gravada num fragmento de uma tampa de sepultura; sulcos das letras mais grafitados do que gravados potenciaram a erosão; superfície epigrafada muito delida; calcário. Dimensões:34x70x15. Tipo de letra: capital quadrada, à excepção da letra "q" cuja forma é minúscula. Leitura modernizada e reconstituída: AqUI JAS LA[ZAR]O(?) DE ME[...].
Época Construção
Séc. XII (2ªmetade) / Séc. XVI(início)
Cronologia
1128 - O castelo de Pombal, outrora castro romano e fortaleza árabe, estava inserido no vasto território pertencente à Ordem do Templo;
1155 ou 1156 - Inicio da reconstrução do castelo de Pombal, construção de vários torreões para servir de contraforte e simultaneamente suster e estabilizar a muralha, e do repovoamento da vila (BARROCA, 2000, tomo I, p. 360);
1171 - Construção da Torre de Menagem com alambor no pátio do castelo; neste período de reconquista passiva a Torre de Menagem servia de último reduto de defesa sendo aí que se encontravam guardadas as pertenças do senhor terra-tenente; esta obra ficou assinalada numa inscrição, como era costume dos Templários, e esteve afixada neste castelo tendo sido transferida, a pedido do Infante D. Henrique, entre 1420-1460, para o Convento de Cristo em Tomar (v. PT031418120002), onde hoje se encontra na parede exterior da Sacristia Velha *2;
1353 - o castelo e a vila são doados à Ordem de Cristo;
Séc. XVI (início) - reconstrução do castelo por D. Manuel;
1560 - reconstrução da igreja de Santa Maria do Castelo pelo alcaide Pedro de Sousa Ribeiro, antepassado dos Condes de Castelo-Melhor, que detiveram a alcaidaria desde o reinado de D. Afonso V até 1834 (LEAL, 1876);
1811 - as tropas francesas comandadas pelo Gen. Ney causaram grandes prejuízos no castelo;
1812 - a pia baptismal é transferida de Santa Maria do Castelo para a igreja de São Martinho;
1923 - Requerimento da C.M. Pombal ao Ministério da Guerra a solicitar que lhe seja entregue o Castelo;
1924, 7 de Dezembro - Auto da entrega que faz o Ministério da Guerra ao Núcleo da União dos Amigos dos Monumentos da Ordem de Cristo em Pombal do Castelo da mesma vila e terrenos anexos, que constituem o prédio militar nº 1: "nos Paços do Concelho foram entregues as ruínas do Castelo ao Núcleo dos Amigos, demarcadas com 32 marcos de cantaria devidamente numerados seguidamente a partir de norte para sul, seguido por nascente, e tendo por cima de cada número as siglas M.G.-. (...) Ao Núcleo fica competindo a conservação e a guarda do prédio, podendo o Ministério de Guerra auxiliar, quando o entender; A concessão é a título gratuíto e tempo indefinido, conservando o Ministério de Guerra a Propriedade; o Núcleo não poderá realizar quaisquer obras no prédio, mesmo de conservação, que importem demolições ou novas construções de alvenaria, ou ainda movimentos de terra nas esplanadas, sem licença prévia e escrita do Ministério de Guerra";
1931 - tendo sido dissolvido o Núcleo da União dos Amigos dos Monumentos da Ordem de Cristo, cadocou a concessão feita pelo MG, tendo sido feito, nas mesmas condições, o auto de cedência do uso fruto do prédio militar nº 1, constituido pelo castelo e explanada de acesso, à Comissão de Iniciativa e Turismo de Pombal;
1933 - pedido de autorização para construção de uma estrada que ligue a vila ao castelo, autorizada e registada em "escritura de autorização concedida pelo Ministério da Guerra à Comissão de Iniciativa do Concelho de Pombal". Para construir uma estrada de acesso ao castelo pelo seu prédio militar(...).;
1934 - A Comissão de Iniciativa e Turismo de Pombal apresenta uma proposta para arborização do monte do castelo aprovada pela Comissão Executiva da Câmara Municipal e autorizado pelo Conselho Superior de Belas Artes;
1939, 13 de abril - auto de entrega ao Ministério das finanças do Castelo de Pombal: Castelo de dez torres rectangulares em estado de ruína com terreno anexo, medindo 25.437 m2, no valor de 200.000$00, estando as respectivas torres ligadas por muralhas ao interior da Torre de Menagem. Fora do castelo existe uma capela em ruínas e uma torre. Tem placa a que se refere o Dec.- Lei nº. 24.489, demarcados com as iniciais P.E. e está também demarcado com 33 marcos de cantaria com as iniciais M.G. e com os respectivos números. A confrontar de norte com caminho público e António Lopes Teixeira; do sul com António Lopes Teixeira e caminho de acesso ao Castelo, e de nascente e poente com António Lopes Teixeira e Ribeiro Faria e inscrito na matriz;
2004 - a Câmara Municipal apresentou um projecto de requalificação e valorização do Castelo de Pombal e encosta envolvente, encontrando-se em fase de apreciação pelo IPPAR (Diário das Beiras, 16-08-2004); 2005 - Musealização da Torre de Menagem
Tipologia
Arquitectura militar, medieval.
Castelo de planta escudiforme, reforçado por cubelos quadrangulares, torre de menagem com alambor revela a influência que D. Gualdim Pais operou na arquitectura militar medieval portuguesa, vestígios de barbacãs junto às portas e de uma cintura exterior de muralha.
A planta escudiforme foi também a adoptada na alcáçova do castelo de Tomar, igualmente fundado por Gualdim Pais.
Observações
Dos retábulos renascentistas existentes na Igreja de Santa Maria do Castelo atribuídos a João de Ruão e Jácome de Bruges, conserva-se um na Igreja de São Martinho, outro na Igreja do Cardal.
*1: Por despacho de 2008.02.21 do Director do IGESPAR, foi aprovada a proposta de reedifinição da ZEP do Castelo de Pombal, incluindo a Zona non aedificandi.
*2: Alguns historiadores consideram que esta lápide é proveniente do castelo de Almourol (ver aqui) e não o de Pombal; o recente estudo epigráfico desta inscrição feito por Mário Barroca aponta com bastante probabilidade para a última hipótese (BARROCA, 2000, tomo I, pp. 352-353); este estudo demonstrou ainda que esta epígrafe e a inscrição do castelo de Almourol (v. PT031420020001), apresentam características paleográficas, nomeadamente no tipo de letra utilizada e no recurso sistemático a inclusões e nexos, e epigráficas, no que respeita à organização da inscrição, semelhantes comprovando terem sido executadas na mesma oficina epigráfica sendo o ordinator membro da Ordem do Templo. *
Características Particulares
Torre de Menagem com alambor.
Intervenção contemporânea na torre de menagem, transformada em sala de exposições.
Materiais
Cantaria e alvenaria de pedra; betão; aço
(fonte: IHRU)
sábado, 30 de maio de 2009
Castelo de Pombal
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