segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Os Cavaleiros da Ordem de S. Brás

Nesta nossa christãa Filosofia
O Senhor que de graça nos sostenta
Diante foy de nós, por nosso guia.

Quem após elle vay mor tormenta
Maior quietação, forças mayores
Pera mais o seguir mais acrescenta.


- Diogo Bernardes, Carta 9

Na impossibilidade de fixar o anno da instituição da Ordem Militar de S. Brás, pelo silencio que a tal respeito guardarão todos os Escritores — forçado é que nos contentemos com saber, que ella foi estabelecida, pouco mais ou menos, na mesma épocha em que se creou a dos Templarios em Jerusalem. Derão-lhe os Reis Armenios, que se presume serem seus instituidores, o nome de S. Brás, que tinha sido Bispo de Sebaste, na Armenia, cidade então dependente do Governo de Cappadocia.
Fôra S. Brás eleito Bispo pelas vozes dos Fieis de Sebaste; mas, crescendo a perseguição do Imperador Diocleciano, se vio na dura necessidade de fugir para o êrmo a se esconder em uma caverna do Monte Argeu, aonde se diz que as aves lhe levavão o necessario sustento.

A fama dos milagres, que S. Brás fazia na sua gruta, lhe ganhou a cólera de Agricola, Governador da Cappadocia e da pequena Armenia, já quando Licinio imperava. Preso pelos soldados, nem por isso deixou de manifestar em sua presença o dom, que de Deos havia alcançado.
— "Veyo a elle naquele dia (diz o nosso ingenuo Fr. Diogo do Rosario) hüa molher, e trouxelhe hum seu filho, que tinha atravessada na garganta uma espinha de peixe que o queria afogar, e lançouse a seus pés, rogandolhe com lagrimas pola saude de seu filho: e S. Brás pondolhe a mão, e orando por elle, foi logo são. E orou ao Senhor, que todos os que padecessem alguma paixão da garganta, encomendandose a elle fossem ouvidos. E ouvio hüa voz que lhe disse, ser ouvido do Senhor.
Hua molher pobre tinha hum só porco, o qual lhe tomou hum lobo, e ella foy rogar a S. Brás que lhe fizesse tornar o seu porco, e S. Brás sorrindose disse:
Não te entristeças molher, por que o teu porco te será tornado:
e logo veyo o lobo, e lhe tornou o porco. A viuva achando o porco malouo, e levou parte delle cozido com pão e candeia ao Santo ao carcere.
(...)indo ao martyrio, rogou a Deos que tivesse por bem de ouvir todos aquelles, que se encomendassem a elle, ou pola doença da garganta ou por qualquer outra infirmidade. E veo do Ceo hua voz que disse, que assi seria como elle pedia.
(...)
A insignia desta Ordem era uma Cruz vermelha, e no meio della a imagem de S. Brás. Trazião-na sobre uma tunica de lã branca, mui simples, e sem ornato algum.
Em seu juramento de fidelidado ao Principe, promettião trabalhar no augmento da Religião Christã, e defender a Igreja Romana contra os herejes. Seguirão elles a Regra de S. Basilio.
A Ordem Militar dos Cavalleito, de S. Brás extinguiu-se na Armenia com a Religião Christã.

- G. Ordens Religiosas e Militares

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