quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Bom Ano 2010

2010 entra com Lua-Cheia.

Promessa de um Ano cheio de inícios e recomeços, plenos de novos desafios e oportunidades.

Ano Pleno, é o que Vos desejo


1. Bem-aventurado o homem cujo coração está pronto a invocar o nome do Senhor; ao lembrar o nome do Senhor, será salvo.

2. Os seus caminhos serão dirigidos pelo Senhor, assim como o trabalho das suas mãos é preservado pelo Senhor seu Deus.

3. A sua alma não será confundida por visões de sonhos maus; quando atravessar os rios, e quando rugirem os mares, não se espantará.

4. Levantou-se do seu sono e bendisse o nome do Senhor; na firmeza do seu coração louvou o nome do seu Deus.

5. E suplicará perante a face do Senhor por toda a sua casa, e o Senhor atentará à oração de todos os que amam a Deus.

6. E toda a petição da alma terá esperança; para ele o Senhor realizará.
Bendito seja o Senhor, que faz misericórdia aos que o amam em verdade.

- Salmo de Salomão, 6 - Em Esperança.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Presentes - Tojales


O Tojales escreveu:

(...) há muitos anos que venho pesquisando e descobrindo, material sobre o sec XII, e claro os templários que vim descobrindo. Tenho especial interesse porque tenciono fazer um livro de banda desenhada que aborde essa época deslumbrante de uma forma divertida.

Neste momento debruço-me sobre a frota templária pesquiso sobre um navio de baixo bordo de nome "porteiro", em portugal, ou "huisard", navio de baixo calado que servia de transporte de equineos (equídeos = cavalos) para o outremer especialmente da galiza.

Se souber de algma coisa agradecia que algum dia pudessemos partilhar (...)

A questão da Frota Templária.

A Ordem do Templo, detinha uma extensa frota de navios; quer de transporte de pessoas, quer de carga, quer de cavalos.
Os Templários não podiam, de modo algum, ficar dependentes de terceiros para transporte.

Há, de facto, uma distinção entre os 3 tipos de navios, tendo em conta o seu objectivo.

Considerando que aborda especificamente o navio de transporte de cavalos, será esse o focado.

Os navios de transporte de cavalos, foram idealizados e mandados construir pelos Templários.
A ideia primeira, era a de transportar os cavalos em condições ideais, por forma a que chegassem ao seu destino em perfeito, ou no mais perfeito possível, estado de saúde física e psicológica; tendo em conta as dificuldades das águas do mediterrâneo.

Era um navio robusto, de baixo calado, cujo convés era rebaixado, tendo baias para acomodar cada cavalo individualmente; os cavalos estavam separados entre si por traves de madeira, e o chão coberto de palha.

Era colocada uma rampa de acesso que dava entrada directa para as baias, e que era retirada após os cavalos estarem acomodados, e colocada de volta a portada, que era posteriormente calafetada para não entrar água, tendo em conta que ficava abaixo da linha de água aquando o navio iniciava o seu curso de navegação.

O Tojales fala da Galiza, mas a Galiza não era um dos locais mais propícios a bom porto, tendo em conta que dista em muito do mediterrâneo; a parte mediterrânica da actual Espanha era mais propícia: Peñiscola, Lloret del Mar, Tarragona, Alicante, Cabo de Gata. - Monasterio de San Miguel de la Coelleira

Se necessitar de mais elementos, faça favor de escrever.

Boas Festas

Solstício de Inverno: Boas Festas


A Paz é um bem que cada ser humano detém…
É uma serenidade que faz parte da nossa alma.
Fonte onde cresce o amor e se suaviza a calma…
É uma benesse dos céus para reflexão do homem!

É um apelo em forma de silêncio contra uma guerra…
Sempre tão nefasta em qualquer ponto da Terra.
É o santuário que nos abre as portas para a felicidade…
Onde baniremos a pobreza que assola a humanidade!


- Rui Pais, A Paz

Origens do Natal e Festas Pagãs

Os cristãos primitivos, aqueles das catacumbas romanas e que, eventualmente, foram lançados aos leões do circo, esses, não celebravam o Natal; nem no dia 25 de Dezembro, nem em qualquer outro dia.
Datar o nascimento do meigo Rabi não tinha a menor importância.
Os eventos relevantes de sua trajectória evangélica eram a Paixão [flagelação, humilhação, crucificação e ressurreição] e o dia da sua Ascensão aos céus.
Nos dois primeiros séculos da era cristã, o 25 de Dezembro era uma grande festa pagã na qual os cristãos se recusavam participar.

Porém, durante o processo de expansão da fé/cultura cristã, não somente em Roma mas, também no Médio Oriente e na Ásia, os líderes da Igreja nascente, perceberam a necessidade de encontrar um ponto de integração entre as culturas cristã e pagã de modo a que o cristianismo se tornasse atraente para os gentios, que deviam ser convertidos; pois a conversão sempre foi a missão primordial dos apóstolos e seus sucessores.

Fazer concessões a costumes proibidos pela lei judaica, como certos hábitos alimentares e a brigatoriedade da circuncisão, enfim, a política da adaptação possível dentro da doutrina, era uma atitude endossada pela actuação e profetização dos dois apóstolos mais prestigiados: Pedro e Paulo, como está registrado nas suas cartas [nos Actos dos Apóstolos], onde defenderam o respeito a determinados costumes gentílicos.

Em 305 d.C., o imperador Constantino promulgou o Édito de Milão, e o cristianismo foi legalizado no Império Romano.
Em 380, Teodósio, adoptou a fé cristã ortodoxa como religião oficial, e era cada vez mais necessário contornar o constrangimento das festividades pagãs sem, no entanto, proibi-las. [Quem tem coragem de cancelar o carnaval?...].
Muito habilmente, os padres [os patriarcas] da Igreja adoptaram a filosofia do "se não podes vencê-los, junta-te a eles".
Foi assim que o nascimento de Jesus tornou-se o tema perfeito para justificar uma festividade cristã importante na mesma época em que eram celebrados:

A Saturnália Romana
O Solstício de Inverno
O Nascimento de Mitra


Saturnália

A Saturnália era um pacote de festividades que tomavam conta do dia-a-dia dos romanos de 17 a 26 de Dezembro.
O dia 25, chamado de bruma, era dedicado a Apolo, Natalis Solis Invict - nascimento do sol invicto.
Ponto de encontro das mais diferentes nacionalidades; na Roma antiga evidenciava-se a convergência das crenças de diferentes povos.
Em termos gerais, considerava-se que a época marcava uma transição do Tempo: o deus, envelhecido ao longo do ano, morria no começo dos dias frios e, ao mesmo tempo, renascia no sol tímido da estação, deus-menino, recomeçando o ciclo de sua existência.

As Saturnálias celebravam a renovação do Tempo, o deus Saturno, para o romanos, Cronos, para o gregos.
No inverno, os trabalhos no campo estavam concluídos e o momento era de comemorar o fruto das colheitas.
As Saturnálias eram também chamadas de Festa dos Escravos, porque era uma espécie de mistura de Natividade e carnaval, naqueles dias os papéis sociais eram quase que anulados e a condição de servo era esquecida: todos podiam divertir-se, havia grandes banquetes, públicos e privados e, eventualmente, inevitáveis orgias.
A tradição incluía a troca de pequenos presentes e alguns romanos penduravam máscaras representativas de Baco [Dionísio, deus do vinho e do teatro] em pinheiros.

O Solstício de Inverno

Os cultos bárbaros europeus, em especial o culto às árvores, reverenciavam a mãe natureza no solstício de inverno [primeiro dia do inverno, entre 22 e 23 de Dezembro, a noite mais longa do ano] no Hemisfério Norte.
Além disso, para os germanos e os escandinavos, o dia 26 de Dezembro era a data de nascimento de Frey, deus nórdico do sol nascente, da chuva e da fertilidade.
Na ocasião, enfeitava-se uma árvore representando a Yggdrasil, que na mitologia escandinava era um carvalho gigantesco, eixo do mundo - Axis Mundi, fonte da vida, localizado no centro do Universo.
Esta árvore, também chamada de "carvalho de Odin" [ou Wotan] porque nela, curiosamente, aquele que era o maior entre os deuses nórdicos, criador da Humanidade, enforcou-se num ritual mágico a fim de conhecer os segredos da morte e da ressurreição [o que faz lembrar a mitológica "Arvore do Conhecimento do Bem e do Mal do Gênesis bíblico.

Sorte a de Adão e de Eva que somente precisaram comer do fruto para ficarem tão espertos que foram expulsos do paraíso...]

O Nascimento de Mitra

Finalmente, o Natal cristão coincidiria também com o do nascimento de Mitra, o homem-deus do mitraísmo persa, culto com mais de 4 mil anos, principal religião concorrente do cristianismo, de Roma a Constantinopla.

Mitra, que por sinal, à semelhança de Jesus, nasceu em uma gruta, filho de uma virgem, e foi adorado por pastores e magos.

Não bastassem essas convergências tão convenientes, os últimos dias de Dezembro também eram festividades em outras culturas, como a egípcia, que celebrava o deus Hórus, outro filho de uma virgem; e, a cultura dos povos pré-colombianos que, na época natalícia, período de 6 e 26 de dezembro [no mês de Panquetzaliztli], lembram o aparecimento de Huitzilopochtli, outro deus solar, este, regente da guerra.

- Lígia Cabús

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Mosteiro de Santo André de Rendufe


Época de Construção
Séc. XII / XVIII / XX

Cronologia
1090 - Mencionado em documento; Provavelmente fundado por Egas Paes de Penegate num couto doado por D. Henrique aos frades beneditinos do Mosteiro de Abadia;

1151 - Data de inscrição no pavimento da capela-mor;

Séc. XV - Encerrado por relaxamento da vida religiosa e transformado em colegiada sob administração do cardeal Alpedrinha; A família deste deteve o mosteiro até meados Séc. XVI;

1551 - Mandado reformar pelo comendatário D. Henrique de Sousa; posteriormente, conheceu, sob o governo de abades trienais, uma reforma e restauração;

1629 - desmontagem e restauro do órgão;

1697 - data do arcaz da sacristia, contratado por Marceliano de Araújo;

1716 / 1719 - Remodelado, com construção da nova igreja;

1719 / 1722 - conserto dos foles do órgão e afinação;

1722 - Executado o cadeiral;

1722 / 1725 - execução de um novo órgão;

1725 / 1728 - Reformado o interior;

1728 / 1731 - Edificado o dormitório;

1738 - douramento do cadeiral;

1755 - restauro e douramento dos órgãos, com intervenção de Fr. Manuel de São Bento;

1777 / 1780 - Executada a capela do Santíssimo Sacramento;

1779 - colocação de sanefas de talha;

1833 - extinção das ordens religiosas, passando a igreja a paroquial; o mosteiro é vendido a particulares;

1877 - Edifício monástico devastado por incêndio;

1948 - uma parte era propriedade de Felisbélia Amélia Azevedo Magalhães Rebelo da Silva Malheiro;

1960, 30 Abril - derrocada da abóbada e telhado da igreja, provocando grandes danos na decoração interior;

1998, 15 Outubro - Despacho de classificação de diversas estruturas existentes na Quinta do Mosteiro;

2005 - o Estado compra aos proprietários da quinta do mosteiro parte da parcela de terrenos em redor do imóvel;

2006 - a Câmara Municipal de Amares tenta promover a instalação de um polo da Universidade do Minho e um alojamento para professores convidados nas dependências monacais de modo a garantir a recuperação e reabilitação do espaço.

Tipologia
Arquitectura religiosa, barroca.
Mosteiro beneditino masculino com igreja de planta em cruz latina e nave única com fachada principal integrando duas torres sineiras e apresentando grande sobriedade estilística.
Retábulos de talha dourada, de estilo barroco nacional.
Dependências monacais desenvolvidas a S. com restos do claustro que seria de dois pisos, o primeiro com arcada e o segundo fechado com janelas de sacada.

Utilização Inicial
Cultural e devocional: mosteiro beneditino masculino

Utilização Actual
Cultural e devocional: igreja com culto
Devoluto: dependências monacais

Propriedade -
Pública: estatal (igreja, sacristia, claustro, ala O. e terreiro de acesso Particular: pessoa singular (ala N. e cerca)

Arquitecto Construtor Autor
Frei José de Santo António Vilaça (talha); Fr. Manuel de São Bento (organeiro).

Características Particulares
As imagens de granito constituem conjunto invulgar. A igreja possui ainda uma série de pedras românicas decoradas com rica temática e boa técnica, como as palmetas completas de sabor compostelano, o que nos sugere que a igreja românica deveria ter certa imponência. Pelos temas decorativos remanescentes, que têm paralelos na região e sobretudo na Sé de Braga (v. PT010303520005), a primitiva construção devia datar entre os meados até ao fim do séc. 12.

Dados Técnicos
Paredes autoportantes e estrutura mista.

Materiais
Granito, betão, madeira, ferro, talha, azulejos. Cobertura de telha.

Enquadramento
Rural, isolado num fertilíssimo vale com a antiga cerca conventual rodeada por alto muro.
A fachada principal da igreja e do convento possui amplo espaço precedendo adro murado com balaustrada de cantaria.
Na proximidade erguem-se algumas casas particulares.

Descrição
Planta composta por igreja cruciforme de nave única, capela-mor rectangular, capela adossada a N. e dependências monacais com claustro quadrangular desenvolvidos a S.. Volumes articulados e escalonados de dominante horizontal, quebrados pelo verticalismo das torres sineiras, integradas na fachada pincipal.
Coberturas diferenciadas a duas águas na igreja, quatro nas dependências conventuais e cúpulas bolbosas nas torres.
IGREJA com fachadas rebocadas e pintadas de branco.
Fachada principal de um pano flanqueado por duas torres sineiras, com pilastras nos cunhais sobrepujadas por pináculos e ventanas em cada face.
Ao centro, abre-se portal de verga recta e cornija larga saliente encimada por três nichos com imagens ladeados por volutas e tendo os dois laterais inferiormente cartelas de perfil recortado. Sobrepujam-nos outra cornija e três janelões ovais interligados a meio por elemento decorativo.
A fachada é rematada por frontão triangular com vários elementos no tímpano.
A capela adossada a N. ao braço do transepto tem corpo quadrangular com cobertura coroada por lanternim.
No INTERIOR da igreja, coro-alto sobre arco abatido com amplo cadeiral em U de 2 filas e com espaldar decorado por painéis pintados e remates em talha dourada.
Junto ao coro, tem do lado do Evangelho um órgão e fronteiro tribuna semelhante. Lateralmente possui quatro capelas com retábulos de talha encimados por janelas, todos com sanefas de talha, dois púlpitos quadrados e quatro mísulas com imagens. Braços do transepto com sanefas de talha e capelas.
A capela adossada, no lado do Evangelho, é de cantaria, decorada com almofadas geométricas, tendo retábulo pétreo com colunas apoiando frontão curvo de lanços tendo ao centro trono.
Possui várias peanhas com imagens.
Arco triunfal de volta perfeita, coberto por sanefa.
Capela-mor rasgada por seis janelas laterais com sanefas de talha. Retábulo-mor de talha dourada com três nichos com imagens encimados por trono.
Cobertura em abóbada de berço pintado.
O corpo principal das DEPENDÊNCIAS MONACAIS, junto à igreja, tem separados por frisos dois ou três registos, consoante o nível do terreno.
A fachada principal é ritmada por pilastras sobrepujadas ao nível da cobertura por pináculos, tendo ao centro escada de acesso ao segundo piso.
O CLAUSTRO conserva apenas as arcadas toscanas de arcos plenos, do primeiro piso. Quadra com canteiros de cantaria de perfil recortado e chafariz central com tanque quadrilobado sobre um soco de 2 degraus, coluna galbada com diferentes níveis de decoração diversificada terminada em tronco-piramidal e taça quadrilobada com carranças em cada face.
Adossado à casa paroquial, ergue-se um corpo quadrado mais alto de três registos, com remate em empena, o qual possui ao nível do segundo varanda com alpendre de colunelos sobre plinto encimado por três óculos.
O superior é cego. No terreiro abre-se no muro da cerca, FONTE de espaldar, delimitada por pilastras suportando cornija coroada por cartela entre volutos e frontão quadrangular.
Ao centro da fonte, vão trilobado com bica aberta numa pedra de armas da Ordem. Inferiormente tanque circular.

Descrição Complementar
Junto ao arco triunfal, existe um órgão positivo de armário de 16 registos.

Observações
*1 - DOF: Mosteiro de Santo André de Rendufe, bem como as ruínas do seu claustro, incluindo o chafariz;
*2 - DOF: Sequeiro e Eira bem como das estruturas hidraúlicas em pedra, designadamente minas, aqueduto subterrâneo e aéreo, tanque e levadas, existentes na Quinta do Mosteiro de Rendufe.

(fonte: IHRU)

Castelo de Peñiscola, Exposição Templária

Santa Maria do Olival

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Valle Crucis

Llangollen, País de Gales

Abadia Valle Crucis, construída em 1201.
É dos últimos mosteiros cistercienses a serem construídos na Grã Bretanha.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Outono

«Aprendemos mais coisas na floresta do que nos livros; as árvores e os rochedos ensinar-vos-ão coisas que não conseguiríeis ouvir noutro lugar (...).»

- Bernardo de Claraval (Epístola CVI)

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Medalhão

Ainda a propósito do tubo e orgão

Um excelente trabalho de investigação sobre o tubo e orgão grande da Charola, apresentado em 2005, no 3º Ciclo de Conferências do Convento de Cristo.
Disponibilizado pela Meloteca.

Afinal, e tendo em conta que os especialistas referem que o orgão seria relativamente pequeno (em relação ao tubo) - ver link do trabalho de investigação -, este aqui apresentado, pode muito bem ser o tal.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Godofredo de Bouillon

Ou Godofredo de Bulhão


Do de Laude Novae Militiae

Qual é, cavaleiro, esse inconcebível erro, essa inadmissível loucura que faz com que despendas para a guerra tanto esforço e tanto dinheiro e apenas recolhas frutos de morte ou de crime?

Engalanais os vossos cavalos de sedas e tapais as vossas cotas de malha com não sei quantos panos.

Pintais as vossas lanças, os vossos escudos e as vossas selas, incrustais os vossos freios e os vossos estribos com ouro, prata e pedras preciosas.

Vestis-vos com pompa para a morte, e correis para a vossa perdição com uma fúria sem vergonha, e uma insolência impudente.

Esses ouropéis serão os arneses de um cavaleiro ou os atavios de uma mulher?

Ou então julgais que as armas dos vossos inimigos se desviam do ouro, pouparão as gemas, não furarão a seda?

Por outro lado, demonstraram-nos amiúde, que são necessárias três coisas principais na batalha:
- que um cavaleiro esteja alerta para se defender, seja rápido na sela e esteja pronto para o ataque.

Mas, pelo contrário, penteais-vos como mulheres, o que dificulta a vossa visão; embaraçais os pés em camisas longas e largas, e escondeis as vossas mãos delicadas dentro de mangas largas e de amplas aberturas; e, assim ataviados, bateis-vos pelas coisas mais vãs, tais como a cólera irracional, a sede de glória ou a cobiça dos bens temporais.

Matar ou morrer por tais objectos, não põe a alma em segurança.

- Bernardo de Clairvaux, Crítica aos guerreiros tradicionais e a apologia da Milícia de Deus: a Ordem do Templo

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Tubo e orgãos

O tubo da charola do Convento de Cristo, aqui tratado, dá-nos conta das dimensões e proporções que o Orgão Grande da Charola teria.
Imagine-se um orgão para um tubo daqueles ...

Já este

É uma cópia em ponto pequeno - com dimensões bastante menores, do Orgão Grande da Charola.
Pode, até mesmo, ser um orgão mais pequeno utilizado no Convento.

Os bens de Thomar são extremamente mutáveis ...

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Galo

Emulado a Príapo e a Asclépio, era considerado como cura para os enfermos.

Enquanto ave da madrugada, é um símbolo do Sol, e um símbolo de vigilância e actividade.

Na Idade Média tornou-se um símbolo cristão muito importante; quase sempre, aparecendo nos telhados das torres e cúpulas de catedrais.
Tido como uma alegoria à vigilância da Eternidade, dando a primazia às coisas do Espírito e à Ressurreição. Vigilante, saudando o Sol - Cristo - mesmo antes deste aparecer no Este.

Iluminação.

Abracadabra

ABRACADABRA
ABRACADABR
ABRACADAB
ABRACADA
ABRACAD
ABRACA
ABRAC
ABRA
ABR
AB
A

Esta palavra foi frequentemente utilizada na Idade Média enquanto fórmula.

Deriva da palavra hebraica abreq ad hâbra, que significa: «gira o teu relâmpago mesmo até à morte».

Esta palavra mágica foi relacionada com o ABRAX (ABRAXAS) dos Gnósticos.

Na realidade, é um dos nomes do deus sol Mitra.

domingo, 29 de novembro de 2009

Bulas

A questão do Respeito ...

Do Papa Honório III:

- Manda aos bispos e prelados, que deixem enterrar livremente os Freis da Ordem do Templo pelos Religiosos da Ordem, sem permitirem que os seus súbditos coloquem entraves ou impeçam, nem tão puco permitam que escarneçam, que recebam os ditos Freis nas suas Igrejas quando forem pedir esmola, e que procedam contra aqueles que os censurarem.


- Manda aos bispos e prelados que não façam aos da Ordem do Templo os agravos que lhes faziam, i.e., não deixarem, nem consentirem, que os Freis e outras pessoas que em suas Igrejas escolhiam sepultura, se enterrassem nelas, e em não lhes fazerem justiça, quando se lhes queixavam dos seus malfeitores, e em lhes impedirem de pedirem esmola nas suas Igrejas, nem de tão pouco os quererem encomendar nelas.


- Recomenda aos Freis da Ordem que não façam maior abstinência, nem observância, do que aquela a que os obriga a Ordem e a regular observância das regras da mesma, sem autorização especial do Mestre.

sábado, 28 de novembro de 2009

Lux


As Horas

O outono já voltou. De Vésper, às completas,
cintila já uma luz no vasto escuro, ao passo
que a noite, protetora, acolhe num abraço,
abrigo encantador das obras insurrectas.

À terça, à sexta, à nona, ouvir a homilia,
ao frágil coração, dita os sagrados hinos.
Fiz votos de louvor e aceitação divinos,
meu elevado amor, que a mim reconcilia.

Horas em sucessão quais contas peroladas,
passam por minhas mãos, desde o primeiro raio
da aurora que as transforma em verdes esmeraldas.

A veste faiscante, a chama, o alvorar
e o Salmo que ressoa, das matinas às laudas
correm da fonte ao rio, sem nunca desviar.


- Niza Azzi, Livro de Horas

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Os mistérios da luz

Ave Maria:
Por onde entra esta luz?

sábado, 21 de novembro de 2009

Kyrie Eleison

Até já Querido Cavaleiro.
Uma imensa Saudade.

Não é já de Natal esta poesia.
E, se a teus pés deponho algo que encerra
e não algo que cria,
é porque em ti confio: como a terra,
por sobre ti os anos passarão,
a mesma serás sempre, e o coração,
como esse interior da terra nunca visto,
a primavera eterna de que existo,
o reflorir de sempre, o dia a dia,
o novo tempo e os outros que hão-de vir.


- Jorge de Sena, Reflorir, sempre

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Esquin de Floyrac

Prior de Montfaucon.


Praguejar como um templário!

Tenho que reconhecer, que até é um chavão apropriado!!
Aliás, quem é que pode levar a mal uma tal situação, considerando que antes do mais eram diligentes e dedicados soldados?

Queriam meninos do côro a cantarem o magnificat no cadeiral de D. Manuel?!
Isso foi bastante mais tarde com os da Ordo Militiae Jesu Christo, nos tempos do frei papinhas.

A Ordem era composta por três classes:

- os cavaleiros propriamente ditos;

- os capelães; e,

- os sargentos, homens livres, mas não nobres, que formavam a tropa de elite.

Todos faziam o juramento: jamais fugir durante o combate, ainda que fosse um contra três.
E não podiam abandonar o terreno.

A regra era de avançarem sob ordens expressas.

Quando feitos reféns, o Templo não pagava um único tostão de resgate; fosse qual fosse o grau do prisioneiro.

O cavaleiro mais graduado, era o que liderava o combate, ou seja, era aquele que se encontrava em maior perigo.

Além de um amplo manto branco, os cavaleiros usavam uma espécie de capuz e uma clâmide, também branca.
A capa dos sargentos era preta.
Já os capelães vestiam-se completamente de preto.

Os Irmãos não podiam possuir bens ou dinheiro a título individual.
Tudo pertencia à Ordem.
Se fossem encontrados jóias ou dinheiro nos despojos de um cavaleiro morto, enterravam-no como a um cão - sem honra.

Não se exigia qualquer explicação do estado civil aos sargentos; pretendia-se apenas que fossem bravos e obedientes.
Constituíam uma espécie de Legião Estrangeira, onde se refugiavam os servos da gleba que escapavam à vassalagem, vagabundos e pessoas com problemas ...

Praguejar ...!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Donde ides Frol

Apostaria que esta flor (e outras anteriores e posteriores ...)

Seria capaz de entrar por esta entrada (agora fechada)

E Vós, que dizeis?

Este Senhor, foi Capitão da Frol de la Mar; dizem que era excessivamente fogoso!
Justo tributo a quem o merece:
Senhor Capitão, saludos.

sábado, 14 de novembro de 2009

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Rei Salomão, a Rainha de Sabah, Menelik e Prestes João

Rei Salomão

Rainha de Sabah

Menelik

Prestes João

CONCERNING THE SIGN WHICH SOLOMON GAVE THE QUEEN

And the Queen rejoiced, and she went forth in order
to depart, and the King set her on her way with great
pomp and ceremony. And Solomon took her aside so
that they might be alone together, and he took off the
ring that was upon his little finger, and he gave it to
the Queen, and said unto her,
" Take [this] so that thou mayest not forget me.
And if it happen that
I obtain seed from thee, this ring shall be unto it a
sign ; and if it be a man child he shall come to me ;
and the peace of God be with thee ! Whilst I was
sleeping with thee I saw many visions in a dream,
[and it seemed] as if a sun had risen upon Israel, but
it snatched itself away and flew off and lighted up the
country of Ethiopia ; peradventure that country shall
be blessed through thee ; God knoweth. And as for
thee, observe what I have told thee, so that thou
mayest worship God with all thy heart and perform
His Will. For He punisheth those who are arrogant,
and He showeth compassion upon those who are
humble, and He removeth the thrones of the mighty,
and He maketh to be honoured those who are needy.
For death and life are from Him, and riches and
poverty are bestowed by His Will. For everything is
His, and none can oppose His command and His judgment
in the heavens, or in the earth, or in the sea, or
in the abysses. And may God be with thee ! Go in
peace." And they separated from each other.

O Dia da Traição

13 de Novembro de 1307

- Início do Fim da Ordem do Templo

Juntar Forças.
Pôr termo à Traição.


segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Irmandade de Nossa Senhora do Rosário

Casa de Despacho da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, anexa até final de 1933, ao Templo de Santa Maria do Olival.

A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, surge na Europa, em 1408; segue com os portugueses e os Dominicanos, para o Reino do Congo.
Em 1493, é baptizado o Manicongo Kuwu, e o Catolicismo passa a ser religião oficial no Reino do Congo.
Com o processo do tráfico de escravos, a Irmandade chega ao Brasil em 1552, e instala-se em Pernambuco, Brasil.

Resta saber, quando é que a Irmandade aqui se instalou, porque razão, com que fins e objectivos.

Tentemos obter algumas respostas:

- O tipo de construção e grades em ferro, revelam uma construção quinhentista;

- Enquandrando no tempo, poderia ter sido com D. Manuel, D. João III, ou D. Sebastião; contudo, tendo por D. João III considerando a simplicidade da construção e a ausência visível de traços manuelinos;

- Terá sido pela mão de D. Diogo Pinheiro?
D. Prior de Guimarães desde 15o3, que lhe collocou na frente as armas da familia com esta inscripção gravada ao fundo em caracteres miúdos e já bastante apagados : ESTAS ARMA:. MADOV AQVI POR
D. DIOGO PINHEIRO ADMINISTRADOR DESTA CAPELLA
O mesmo D. Diogo, que em 1513 concluiu a obra da construcção da torre, foi commendatario dos mosteiros de Carvoeiro, da Junqueira e de Castro de Avelans, Bispo do Funchal e Prelado do convento de Thomar onde falleceu em julho de 1525, sendo sepultado na egreja de Santa Maria dos Olivaes.

Poderia. Mas, a construção parece posterior.

Até porque, a história continua, assim:

Pella morte de D. Diogo Pinheyro, primeiro Bispo do Funchal pellos annos de 1525., ficou a Sé Vacante ate o de 1537., em cujo tempo sobre o governo se arniaram alguas dicensões no Cabido, entre os seus capitulares, pello que se deram capitulos, huns dos outros a El Rey D. João III., sendo delles o principal motor Amador Afonso Arcediago que então era; por esta dezordem rezolveo El Rey, com o consentimento do proprio cabido, criar hum Provizor no Reyno, para a expediçam das cauzas dos sufraganeos. Nesta ocupação foi nomeado Afonso Mexia, que a exercitou pouco tempo, como tambem seu sucessor Custodio Dias, Bizpo de anel.// A este sucedeu Antonio Machado, que foi o que sentenciou a cauza dos Prophetas do Porto Sancto, como veremos em outro Titulo. Em seu tempo faleseu o Mestre Fr. Nuno Cão primeyro Deão e vigário da mesma Sé, em cuja Dignidade foi provido o lecenciado Gaspar de Carvalho natural da mesma Ilha, no anno de 1531., e em o de 1537., ultimo da Se Vacante, a 23. de Julho, achamos o voto que fez o Senado da Camara ao gloriozo S. Martinho Bispo, por cauza da peste, como em outro lugar diremos. Conciderando finalmente El Rey D. João III., neste intervallo, que de algum modo ficava supremida a authoridade dos vigarios de Thomar, com o Titulo de Bispos desta Diocesi; impetrou nova Bulla de Clemente VII., para anexar a vigayraria ao Dom Prior do Convento, tirandolhe o governo espiritual das conquistas, com a erecção de Metropole, e Arcebispado na mesma Cidade do Funchal; cuja Bulla teve sua execusão no anno de 1537. ate o de 1550, em que se lhe deu nova forma.

Estamos perante um dilema!

Por um lado, D. João III, dito o Piedoso, etc, etc, mais a tal da inquisição e as suas atrocidades, actos nefandos e bizarrias, por outro lado, a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, muito para lá de qualquer ditame da época, ou de regras particularmente caras a instituições esdrúxulas ...

Continua

domingo, 8 de novembro de 2009

Disse ao meu coração: Olha por quantos
Caminhos vãos andámos! Considera
Agora, desta altura, fria e austera,
Os ermos que regaram nossos prantos...

Pó e cinzas, onde houve flor e encantos!
E a noite, onde foi luz a Primavera!
Olha a teus pés o mundo e desespera,
Semeador de sombras e quebrantos!

Porém o coração, feito valente
Na escola da tortura repetida,
E no uso do pensar tornado crente,

Respondeu: Desta altura vejo o Amor!
Viver não foi em vão, se isto é vida,
Nem foi demais o desengano e a dor.


- Antero de Quental, Solemnia Verba

Egas Moniz e Paço de Sousa



- Panorama --------------- (clicar na imagem para aumentar)

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Novas comendas

Processo feito pelo bispo do Funchal, pelo qual apropriou à Ordem de Cristo, as cinquenta igrejas do padroado real para se erigirem novas comendas - 1517

Nos el rey fazemos saber a vos dom Diogo Pinheiro bispo do Funchal que ho Santo Padre a nossa sopricaçam por acrecentar o numero das comendas da Ordem de Nosso Senhor Jhesu Christo nos concedeo que de cinquoenta egreijas de nosso padroado se podessem tomar os beens remdas e direitos delas pera se fazerem tantas comendas da dita Ordem e sob aqueles nomes e invocações que nos especificasemos e ordenassemos reservando aos reitores delas sesenta cruzados pera sua sostencam (sic) e ho resido fosse para as ditas comendas e vos deu a vos por executor pera ello pelo qual nos pera comprimemto do sobredito nomeamos e specificamos as igreijas de nosso padroado de que se nos ditos beens ajam de dismembrar e apricar pera se fazerem as ditas comendas sob as invocações dellas aquellas que se adiante seguem a saber:

No arcebispado de Braga:
Sam Vicente de Vimioso com suas anexas.
Item. Sancta Maria da Torre de Momcorvo.
Item. Sam Salvador d'Anciãees.
Item. Sam Joham d'Amciãees.
Item,. Sancta Maria de Mirandela.
Item. Sam Martinho de Bornes.
Item. Sancta Maria de Miranda.
Item. Sam Joham da Castanheira.
Item. Sancta Maria d'Airaees.
Item. Sam Salvador da Emfesta com suas anexas.

No bispado de Lamego:
Sancta Maria de Pinheiro.
Item. Sam Martinho de Ranhadas.
Item. Sam Pedro de Marialva.
Item. Sam Martinho das Freixedas.
Item. Sancta Maria do Esevo.

No bispado de Viseu:
Sancta Maria de Çatam.
Item. Sanctiaguo de Caçurrães.
Item. Sancta Maria d'Alguodres.
Item. Sam Giam d'Azurara.
Item. Sancta Luzia de Tranquoso.
Item. Sam Joham de Tranquoso.
Item. Sam Miguel do Outeiro.
Item. Sam Salvador de Castellãos de Besteiros.
Item. Sanctiago de Besteiros.
Item. Sancta Marinha d'Amoreira.
Item. Sancta Maria de Frechas.
Item. Sancta Maria de Senhorim.
Item. Sam Pedro de Lardosa.
Item. Cambra Sam Giam.
Item. Ventosa Sancta Maria.

Coimbra:
Item. Sancta Maria de Sea.
Item. Sam Jenonoso d'Arganil.
Item. Sam Pedro de Vallongo.
Item, Sancta Maria de Misquitela.

No bispado da Guarda:
Item. Sancta Maria de Sortelha.
Item. Sancta Maria de Castel de Vide.
Item. Sancta Maria de Villa de Rey.
Sam. Pedro d'aldea de Johane.
Item. Sam Pedro de Germello.
Item. Sancta Maria de Mantelguas.
Item. Sancta Maria de Covilham.
Item. Sam Dominguos de Janeiro.
Item. Sam Joham d'Alegrete.

No arcebispado de Lixboa:
Sancta Maria de Vallada.
Item. Sancta Maria d'Azambuza.
Item. Sancta Maria de Povos.
Item. Sancta Maria de Simtra.
Item. Sancta Maria de Torres Vedras.
Item. Sam Pedro de Torres Vedras.
Item. Sam Nicholao de Lixboa.

Notificamus vo lo asi que ho queirais asy comprir como na dita bula he comtheudo.

Feito em Lixboa aos xx dias de Mayo. Jorge Roiz ho fez de mil b'xblj.

Nos el rey por este nosso alvara damos nosso poder e autoridade ao doutor Gaspar Vaaz de nosso desembargo e procurador dos nossos feitos que em nosso nome possa apresentar ao bispo do Funchal a bula que ho Sartcto Padre nos concedeo das cinquoenta igreijas do nosso padroado de que hos beens e remdas dellas lhe prouve se anexarem a Ordem de Christus pera encomendas da dita Ordem segundo na dicta bula he contheudo e asy mesmo pera apresentar em nosso nome a nomeaçam que das dietas igreijas fazeemos per huu nosso alvara e asi mesmo o breve per que ho Sancto Padre confirma a declaraçam feita pello nuncio sobre ho crecimento da taxa feita pello dito nuncio e que possa nomear outras em lugar das que forem nomeadas nos vinte mil cruzados e se nom acham e asi mesmo quaesquer outras provisões e cousas que pera divida execuçam disto comprir em nosso nome dee todo a eixecuçam e efeito. Porem notificamus asy ao dicto bispo como a juiz desta causa e a quaesquer outros offiçlaes e pessoas a que o conhecimento dello pertencer e lhe encomemdamos que como nosso sufficiente e abastante procurador o recebam a todo ho que dito he porque nos lhe damos pera ello nosso Inteiro poder e autoridade.

Feito em Lixboa aos xx bilj dias de Maio. Jorge Roiz ho fez de 1517.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Hábito de Cristo na corte de Roma ao marquês de Massa (Malaspina)

Dom Johão per graça de Deus rey de Portugual e dos Alguarves daallem e daaquem maar em Affrica senhor de Guinee e da comquista navegação e comerciio de Ethiopia Arabia Perssia e da Imdia.

Como governador e perpetuo administrador que são da Ordem e Cavalarya do mestrado de Nosso Senhor Jhesuu Christo faço saber a vos frei dom Affomsso comendador moor da dita Ordem meu muito amado sobrinho do meu comselho e meu embaixador em corte de Roma que Lelyo marques de Masa me pedio por merce que porquamto elle desejava e tinha devação de emtrar na dita Ordem e Cavallarya me prouvese de o prover do abito della.

E vemdo eu como elle he pesoa que aa dita Ordem e a mym poode muy bem servir e por lhe fazer merce me praz de o prover do dito abito e vos dou comisão e mando que lho lamceis em hua igreja ou moesteiro dessa cidade de Roma o qual abito lhe lamçareis segumdo forma da deffemção da dita Ordem da qual vos com esta mando o trelado asynado
per Manuel da Costa scripvam da camara della que imteiramente comprireis e asy o fareis primeiro cavaleiro com as sollenidades que pera o tall auto se requerem per vertude de huu meu alvara que sobre isso pera vos pasei que com esta vos seraa apresentado.

E tanto que lhe asy teverdes lamçado o dito abito fareis diso asemto nas costas desta carta asynado per vos com declaração do dia mes e anno e luguar em que lho lamçardes e dos nomes das testemunhas que forem presemtes e ao dito marques dareis hua vossa certidão per vos asynada com o trelado desta e do dito asemto pera a elle ter pera sua guarda e emviareis loguo esta carta ao comvemto de Tomar da dita Ordem omde seraa emtregue ao dom prior delle pera per elle e o dito asemto o mandar asemtar no livro da matricolla que per deffinção estaa ordenado no dito convemto.

E porque eu mando lamçar o dito abito ao dito marques a titollo de seu patrimonyo cobrareis delle huu seu asynado de como he comtemte de o receber e ter a titollo de seu patrimonyo o quall asynado emviareie outrosy ao dito comvento com esta carta que por firmeza dello pera voe mandei pasar per mym asynada e aselada com o sello da dita Ordem.

Johão de Sebeas a fez em Allmeirim a vimte dias do mes d'Abril anno do nacimento de Noso Senhor Jhesu Christo de jbclj.
Manuel da Costa a fez screpver.


Pera frey dom Afonso comendador moor da Hordem de Nosso Senhor Jhesu Christo lamçar o abito em Roma ao marques de Masa a titulo de seu patrimonio.

No verso:

Eu frey dom Afonso d'Alemcastro comendador moor da Ordem de Noso Senhor Jhesu Christo e embaixador del rey de Portugall meu senhor nesta corte de Roma, faço fe, que em comprimento desta patente de Sua Alteza atras scrita lancey o habito de Noso Senhor Jhesu Christo ao senhor Alberico marques de Massa ho qual elle recebeo em Roma na igreja de Sant'Antonio dos portugeses, segundo forma das diffinções da ditta Ordem de Noso Senhor Jhesu Christo. Presentes dom Dinis d'Alemcastro meu filho e ho senhor Fabritio Verano comendador da dita Ordem e Hieronimo Cavallo meu mestre de casa e comendador da Ordem de Santiaguo e outros.
E porque ho dito senhor marques foy contente receber e ter ho dito habito a titolo de seu patrimonio me fez esta certidão de sua mão abaixo scrita.

E por assi tudo ser verdade mandei passar esta certidão por mym assinada.
Em Roma aos vj dias do mes de Janeiro de 1552.
E eu ho doctor Diogo d'Amdrade secretario do dito senhor que a isso fuy presente e por seu mandado ho screvi ho dito dia mes e era.

O Comendador mor dom Afonso Jo Alberico Malas P.n" Cibo cavalier et comendator del Ordine de Nostro Signor Jesu Cristo confirmo et aprovo tutto quello che nella pre-
sente patente di mano del dottor dei Andrade et sotoscritta dal Ulustrissimo et Eccelentissimo signor don Alfonso de Alencastro comendator magiore di Cristo si contiene et per la presente di mia propia mano fatta et sotoscrista so contento ricevere et ritenere il detto habbitto di Cristo a titolo del mio patrimonio et in fede della verita ho fatto la presente.

In Roma in casa nostra fasta in Travone a di x di Genaro M D L ij.
Idem Albericus qui supra.
Pagou setemta e cimquo reais a xxbiij dias d'Abrill de 155[1].
Amtam d'Afonseca

• aos officiaes — iiij* lij reais
Registada na chancelaria do mestrado
Pagou nichil
(Selo branco)
Registada Manuel da Costa
João Monteiro doctor.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Frei Gonçalo Velho I

O mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mistério,
Abria em flor o Longe, e o Sul sidério
'Splendia sobre as naus da iniciação.

Linha severa da longínqua costa —
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe a abstrata linha

O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esp'rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte —
Os beijos merecidos da Verdade
.

- Fernando Pessoa, Horizonte

Frei Gonçalo Velho

Frei Gonçalo Velho

Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.

A Lenda da descoberta da ilha de Santa Maria é uma tradição da ilha de Santa Maria, no arquipélago dos Açores, sobre um dos muitos mitos das descobrimentos portugueses do século XV, aventuras que para os parcos conhecimentos e recursos da época, podem ser equiparadas à exploração espacial dos séculos XX e XXI.

A lenda passa-se numa altura em que Portugal ansiava descobrir novas terras. À frente desta iniciativa encontrava-se o Infante D. Henrique, fundador da Escola Náutica de Sagres. Gonçalo Velho Cabral, marinheiro do Infante e, segundo a lenda, frade devoto da Nossa Senhora, saiu de Portugal por ordem de D. Henrique e fez-se ao mar numa caravela, fazendo uma promessa à santa de dar o nome dela à primeira terra que encontrasse no oceano.

Gonçalo Velho Cabral esquadrinhava os mapas, anotava as correntes e rezava. Passaram-se calmarias e tempestades, noites e dias, meses. Foi então que num dia de Verão, no dia de Nossa Senhora em Agosto, amanheceu um dia claro, suave, de céu limpo. A vista alcançava grandes distâncias.

As viagens marítimas dos descobrimentos eram geralmente difíceis, demoradas e imprevisíveis. Os marinheiros dependiam do vigia, no alto cesto da gávea quase na ponta de um mastro, para olhar o horizonte, desde o raiar da madrugada até ao anoitecer e tentar descobrir terra.

Mas na linha do horizonte foi surgindo uma nuvem, que foi se agigantando, ganhando forma e nitidez. A dada altura o gajeiro já não tinha mais dúvidas e gritou: "Terra à vista!". Gonçalo Velho Cabral e a restante marinhagem começavam o dia, como era hábito nessas alturas, orações a Deus e a Nossa Senhora para que os ajudasse a encontrar terras novas. Estavam a rezar a "Ave Maria", e nesse preciso momento pronunciavam "Santa Maria".

Gonçalo Velho Cabral considerou que se tratava de um milagre de Nossa Senhora a lembrar-lhe a promessa que tinha feito. Esta era a primeira ilha descoberta nos Açores, a ilha mãe, que recebeu de imediato o nome de ilha de Santa Maria. Segundo a lenda, esta fé de Gonçalo Velho perpetuou-se no local, onde ainda se mantém grande devoção em Nossa Senhora, festejada efusivamente no mês de Agosto de cada ano.

- Casa dos Açores

Senhor, a noite veio e a alma é vil.
Tanta foi a tormenta e a vontade!
Restam-nos hoje, no silêncio hostil,
O mar universal e a saudade.

Mas a chama, que a vida em nós criou,
Se ainda há vida ainda não é finda.
O frio morto em cinzas a ocultou:
A mão do vento pode erguê-la ainda.

Dá o sopro, a aragem — ou desgraça ou ânsia —
Com que a chama do esforço se remoça,
E outra vez conquistaremos a Distância —
Do mar ou outra, mas que seja nossa!

domingo, 1 de novembro de 2009


Nas horas de silêncio, à meia-noite,
Eu louvarei o Eterno!
Ouçam-me a terra, e os mares rugidores,
E os abismos do Inferno.
Pela amplidão dos céus meus cantos soem,
E a Lua resplendente
Pare em seu giro, ao ressoar nest'harpa
O hino do Omnipotente.

Antes de tempo haver, quando o infinito
Media a eternidade,
E só do vácuo as solidões enchia
De Deus a imensidade,
Ele existia, em sua essência envolto,
E fora dele o nada:
No seio do criador a vida do homem
Estava ainda guardada;
Ainda então do mundo os fundamentos
Na mente se escondiam
De Jeová, e os astros fulgurantes
Nos céus não se volviam.

Eis o Tempo, o Universo, o Movimento
Das mãos solta o Senhor.
Surge n Sol, banha a Terra, desabrocha
Nesta a primeira flor;
Sobre o invisível eixo range o globo;
O vento o bosque ondeia;
Retumba ao longe o mar; da vida a força
A natureza anseia!

Quem, dignamente, ó Deus, há-de louvar-Te,
Ou cantar Teu poder?
Quem dirá de Teu braço as maravilhas,
Fonte de todo o ser,
No dia da Criação; quando os tesouros
Da neve amontoaste;
Quando da Terra nos mais fundos vales
As águas encerraste?!

E eu onde estava. quando o Eterno os mundos,
Com dextra poderosa,
Fez, por lei imutável, se livrassem
Na mole ponderosa?
Onde existia então ? No tipo imenso
Das gerações futuras;
Na mente do meu Deus. Louvor a Ele
Na Terra e nas alturas!
Oh, quanto é grande o rei das tempestades,
Do raio, e do trovão!
Quão grande o Deus, que manda, em seco estio,
Da tarde a viração!
Por Sua providência nunca, embalde,
Zumbiu mínimo insecto;
Nem volveu o elefante, em campo estéril,
Os olhos inquieto.
Não deu Ele à avezinha o grão da espiga,
Que ao ceifador esquece:
Do norte ao urso o sol da Primavera,
Que o reanima e aquece?
Não deu Ele à gazela amplos desertos,
Ao certo a amena selva,
Ao flamingo os pauis, ao tigre o antro,
No prado ao touro a relva?
Não mandou Ele ao mundo, em luto e trevas,
Consolação e luz?
Acaso em vão algum desventurado
Curvou-se aos pés da Cruz?
A quem não ouve Deus? Somente ao ímpio
No dia da aflição,
Quando pesa sobre ele, por seus crimes.
Do crime a punição.

Homem, ente imortal, que és tu perante
A face do Senhor?
És a junça do brejo, harpa quebrada
Nas mãos do trovador!
Olha o velho pinheiro, campeando
Entre as neves alpinas:
Quem irá derribar o rei dos bosques
Do trono das colinas?
Ninguém! Mas ai do abeto, se o seu dia
Extremo Deus mandou!
Lá correu o aquilão: fundas raízes
Aos ares lhe assoprou.
Soberbo, sem temor, saiu na margem
Do caudaloso Nilo,
O corpo monstruoso ao sol voltando,
Medonho crocodilo.
De seus dentes em roda o susto habita:
Vê-se a morte assentada
Dentro em sua garganta, se descerra
A boca afogueada:
Qual duro arnês de intrépido guerreiro
É seu dorso escamoso;
Como os últimos ais de um moribundo
Seu grito lamentoso:
Fumo e fogo respira quando irado;
Porém, se Deus mandou,
Qual do norte impelida a nuvem passa,
Assim ele passou!

Teu nome ousei cantar! Perdoa, ó Nume;
Perdoa ao teu cantor!
Dignos de ti não são meus frouxos hinos,
Mas são hinos de amor.
Embora vis hipócritas te pintem
Qual bárbaro tirano:
Mentem, por dominar com férreo ceptro
O vulgo cego e insano.
Quem os crê é um ímpio! Recear-te
É maldizer-te, ó Deus;
É o trono dos déspotas da Terra
Ir colocar nos Céus.
Eu, por mim, passarei entre os abrolhos
Dos males da existência
Tranquilo, e sem temor, à sombra posto
Da Tua Providência.


- Alexandre Herculano, Deus