quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Castelo Novo









Castelo de Gualdim

Enquadramento
Urbano, isolado, no aglomerado urbano a uma cota que varia entre os 640 e 650 metros de altitude, na encosta leste da Serra da Gardunha. Em torno do Castelo desenvolveu-se a povoação de Castelo Novo, substituindo a de Castelo Velho, no topo da Serra da Gardunha. Próximo localizam-se os Paços do Concelho ou Antiga Casa da Câmara, Capela de Santo António e a Igreja Matriz.

Descrição
Planta irregular, no ponto mais elevado da aldeia, num afloramento rochoso, o troço S. construído sobre afloramento rochoso de desnível acentuado, sendo possível discernir a estrutura da cidadela, com duas portas (a E. e O.), embora se suspeite da existência de mais uma no troço da muralha a N.. No troço da muralha O. ainda existem adarves, ameias e merlões em bom estado de conservação. A porta O., em arco apontado, em cantaria granítica para o exterior e arco abatido para o interior, encontra-se flanqueada por duas torres, uma delas formando cubelo; sobre a entrada, mantêm-se os mata-cães. A porta E. é em arco de volta perfeita em cantaria granítica. No reduto, surgem duas torres, a sineira e de menagem. A torre sineira é de planta quadrada simples, com remate em cornija com quatro gárgulas nos ângulos, com cobertura em falsa abóbada de betão, e dois registos divididos por cornija; tem acesso assegurado por duas portas rasgadas nas faces E. e O., ambas de verga recta com moldura granítica; na face O., dois postigos; na zona superior, rasgam-se quatro sineiras em arco de volta perfeita, a da face E. com um sino e, inferiormente, um relógio. A torre de menagem encontra-se praticamente destruída no topo O., sendo visível a sua altura primitiva pela existência de gárgulas na face E..

Época Construção
Séc. XIII (conjectural) / XVI

Cronologia
1221, 8 Janeiro - testamento de D. Pedro Guterri onde é feita referência ao Castelo; alguns historiadores atribuem a D. Pedro Guterri a sua edificação, outros a Gualdim Pais, Mestre da Ordem do Templo no Reinado de D. Sancho I (Almeida, 1976);

1223, 8 Janeiro - o foral de Lardosa refere a existência do castelo;

1223 - o foral de Lardosa refere o castelo;

Séc. XIV - um incêndio obriga ao abandono temporário da fortificação;

Séc. XV - obras na fortificação; a partir desta data, fica desactivado o Castelo Velho, no topo da Gardunha, de que não subsistem quaisquer vestígios;

1500 / 1502 - o mestre das obras dos muros do castelo é Luís de Cáceres, pedreiro, e o vedor é Joane Mendes Cerveira;

1505 - segundo a Comenda de Castelo Novo e Alpedrinha, constituía cabeça da Comenda e encontrava-se em avançado estado de degradação, na sua maior parte de cantaria, com sua Torre de Menagem, onde havia casas para aposento dos Alcaides (Mor e Pequeno); de redor havia muros e cercas, todas ameadas, e dentro da cerca principal dois pardieiros que tinham sido estrebaria e palheiro do Comendador; este, que era por inerência o Alcaide-Mor, fazia menagem do Castelo ao Mestre da Ordem de Cristo *1;

1510 - sofre melhoramentos por ordem de D. Manuel;

1537 - a torre do castelo encontrava-se provida de sinos;

1740 - Doutor Juiz ao proceder à actualização dos bens da Comenda, com o Procurador e medidores da mesma, refere que se encontra quase em ruína;

1758 - nas Memórias Paroquiais é referido que o sismo de 1755 provocara derrocadas;

Séc. XVIII, 2.ª metade - obras na fortificação pelo engenheiro Eugénio dos Santos de Carvalho;

2002 / 2003, Agosto - prospecções arqueológicas na zona envolvente do Castelo, pela equipa Arqueonova *2;

2003 - projecto de revitalização do castelo pela DGEMN.

Tipologia
Arquitectura militar, gótica e manuelina.
Castelo de planta irregular, construído sobre afloramento rochoso, contemplando torre sineira e de menagem.
Duas portas, uma delas ladeada por duas torres, uma do tipo cubelo, sobre a qual se mantêm os mata-cães.
Torres sineira e de menagem quadradas.

Características Particulares
Polo militar da povoação e um dos Castelos da Raia.
Duas torres, a sineira e de menagem sem construções adossadas.
No troço da muralha O. ainda existem adarves, ameias e merlões em bom estado de conservação.

Observações
*1 - "O qual está posto em um cabeço, ao pé de uma serra fragosa e alta que se chama a serra da Gardunha. E tem logo à entrada uma barbacã que tem um pedaço derribado, e tem um portal de pedra sem portas. E logo adiante tem um muro de boa altura, bom e forte, o mais dele de cantaria, e tem outro portal de pedra lavrado, e sobre ele uma torre de altura do dito muro, com suas portas boas. E além desta entrada tem outra cerca pequena, que atravessa da barreira de dentro pera o muro, com seu portal e boas portas. E mais dentro vai outra cerca que tem outro pedaço derribado, e tem um portal sem portas. E mais dentro vai outra cerca que tem outro pedaço derribado, e tem um portal sem portas. E está junto da porta de uma casa torre de menagem, forteleza do dito castelo. E além desta cerca está a dita casa torre, que é grande e de razoada altura, as paredes pela maior parte são de canto talhado, e o mais de alvenaria, bem madeirada e telhada de telha vã. E por cima tem um andar, per que se corre ao longo do telhado, a que sobem per uma escada de pedra. E tem a dita casa um repartimento de uma meia parede de pedra e barro, que ora serve de aposentamento do alcaide pequeno. Esta casa se serve per um portal de pedraria forte, e tem suas portas fortes e boas. Esta casa, muro e cercas são todas ameadas de arredor, onde dentro da dita cerca, ao pé da dita casa grande, estão dois pardieiros que foram estrebaria e palheiro do comendador" (GOMES, Rita Costa, pp. 95-96).

*2 - durante as escavações foi encontrado um rico espólio, entre o qual se destaca o achado de dezenas de moedas, as mais antigas datáveis do Séc. XIV, bem como importantes estruturas dos Sécs. XV e XVI.

(fonte: IHRU)

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