domingo, 31 de maio de 2009

Castelo de Monsanto

"Afonso, notável rei do Condado Portucalense, filho de Henrique e da Rainha D. Teresa e neto do grande e ilustríssimo Imperador de Espanha, por nós ao mestre Galdino e a todos os Irmãos da Ordem dos Templários que estão no meu reino, faço uma vasta e fortíssima doação da região da Idanha[-a-Velha] e de Monsanto com os limites: Seguindo o curso da água do rio Erges e entre o meu reino e o de 'Legiones' até entrar no [rio] Tejo e da outra parte seguindo o curso da água do [rio] Zêzere que igualmente entra no Tejo (...)." (Carta de Doação, em 30 de Novembro de 1165.)


Enquadramento

Paisagístico, rural e urbano.
Ponto marcante do território.
Cabeço fortificado a 763 m. de altitude, situado na margem direita do Rio Ponsul e sobranceiro ao núcleo urbano da paróquia de São Salvador, dominando as planícies que se estendem a partir da Serra da Gardunha, a O., destacando-se Idanha e respectiva barragem.

Integra intramuros a Capela de Santa Maria do Castelo e, extramuros, as ruínas da Capela de São João e da Igreja de São Miguel, vestígios do antigo povoado, e antenas de telecomunicações.

Observam-se, na envolvente, sepulturas e covinhas cavadas na rocha, constituindo um espaço caracterizado por afloramentos graníticos ciclópicos e vertentes abruptas. A E., vigia a zona fronteiriça, tendo a S. E SO. os vales do Ponsul e do Aravil, bem como o Cerro da Cardoza; a N., está virado para a Serra da Estrela, avistando-se os Castelos de Penamacor e Belmonte.

Descrição
Integra três recintos muralhados, o exterior de traçado irregular ovalado, englobando os dois recintos interiores.

Troços de muralhas com lanços de escada de acesso ao adarve, desprovido de merlões.

Este recinto integra a porta principal antecedida pela denominada Casa do Guarda, compartimento de planta rectangular, com acesso através de porta E. em arco pleno no exterior e arco abatido no interior, encimada por orifício destinado ao brasão, ladeado pela esfera armilar e observando-se, do lado direito uma inscrição *1.

O alçado N. integra três bombardeiras cruzetadas, uma das quais colocada no ângulo NE.. Porta principal N. em arco pleno e coberta com abóbada de berço e, junto à torre S., porta falsa em arco pleno. O recinto compreende quatro torres adossadas pelo lado exterior da muralha, duas de planta rectangular e desprovidas de vãos no lado N., uma torre idêntica no lado E. e uma torre de planta quadrada no lado S., com acesso através de lanço de escadas perpendicular ao adarve e apresentando porta de lintel recto no alçado N..

No interior do recinto observa-se a cisterna junto a um penhasco, apresentando dois arcos plenos e ausência de cobertura.

O recinto muralhado, contíguo à entrada principal, apresenta traçado rectangular e porta em arco pleno inserida no troço S., que integra bateria com quatro canhoeiras dotadas de duas rampas. O recinto muralhado, inserido no lado O., apresenta traçado oblongo irregular, porta em arco pleno com impostas salientes e integra torre de planta quadrada no lado E. e adossada pelo exterior, bem como marco geodésico. Neste recinto observam-se, sobre os afloramentos rochosos, sulcos que poderão corresponder às fundações de outras torres ou panos de muralha *2.

A Torre do Pião está localizada extramuros, em elevação fronteira ao castelo, sobranceira às ruínas da Igreja de S. Miguel, de planta quadrada e apresentando apenas parte dos muros correspondentes ao primeiro registo incompleto. Estruturas defensivas do núcleo urbano de São Salvador, com as portas de Santo António, do Espírito Santo, o denominado baluarte ou bateria e troço muralhado anexo à Capela de Santo António e cemitério.

Porta de Santo António voltada a O., de lintel recto integrando lateralmente três frestas, sendo encimada pelas armas reais e rematada por pequeno parapeito, tendo adossada guarita de planta quadrada, com cobertura de cantaria a uma água, com porta de lintel recto a E. e fresta a O.. Porta do Espírito Santo orientada, em arco pleno no lado exterior e de lintel recto no lado interior, ladeada por duas frestas, apresentando adossada guarita de planta quadrada, parcialmente sem cobertura, com porta de lintel recto a O. e frestas a N. e a E..

Bateria sob o parque de estacionamento do Lg. do Baluarte, com planta trapezoidal, as cortinas escarpadas e porta de lintel recto, ladeada por duas janelas quadrangulares no alçado O..

Capela de Nossa Senhora do Castelo situa-se intramuros, junto à bateria, de planta longitudinal composta por dois rectângulos justaposta, com cobertura diferenciada a duas águas.

Fachada principal voltada a O., delimitada por pilastras toscanas, rasgada por portal de arco abatido com pedra de fecho saliente, ladeada por pequena abertura quadrangular.
Remate em empena com cornija.
Alçados laterais com portas de lintel recto, surgindo, no S., uma janela no corpo da capela-mor. Alçado E. cego.

Ruínas da Igreja de São Miguel com planta longitudinal composta por dois rectângulos justapostos e ausência de cobertura.
Fachada principal voltada a O., com porta em arco pleno com quatro arquivoltas, impostas toreadas e capitéis com decoração zoomórfica.
Apresenta a medida padrão do côvado na coluna N..
Remate em empena com cornija.

Alçado N. possui três arcossólios em arco quebrado, dois na nave e um na capela-mor, com porta em arco pleno com tímpano liso e lintel recto, tendo cornija decorada por esferas e cachorrada decorada por motivos geométricos. Alçado S. cego, com cornija, decorada por esferas na capela-mor, e cachorrada decorada por motivos geométricos. Alçado E. com fresta na empena da nave e da capela-mor, com cornija simples.

INTERIOR de nave única, com desnível de sete degraus, conservando mesa de altar rectilínea, fragmento da pia baptismal em forma de cálice, base de coluna e outros fragmentos em cantaria aparelhada.
Arco triunfal de volta perfeita com impostas decoradas por esferas.
Torre sineira assente sobre penedo granítico, com dois arcos plenos geminados. Proximidade de treze sepulturas trapezoidais e antropomórficas escavadas na rocha isoladas e em grupo.
Ruínas da Capela de São João com arco pleno isolado na vertente E. do Castelo *3.

Época Construção
Séc. XIII / XIV / XVI / XVII

Cronologia
Época pré-histórica - provável localização de um povoado fortificado;

Séc. II a.C. - cerco (lendário?) do castro localizado no cabeço de Mons Sanctus pelo pretor romano Lúcio Emílio Paulo; provável destruição do castro e fixação progressiva da população em Idanha-a-Velha;

Séc. V / XI - ocupação visigoda e árabe;

1165 - tentativa de repovoamento e doação a D. Gualdim Pais, Mestre dos Templários, por D. Afonso Henriques, de uma vasta área, que se estendia do território da Egitânea ao Rio Erges;

1171 - os castelos de Monsanto e Idanha-a-Velha já se encontravam construídos; doação de foral à povoação, seguindo o modelo de Ávila / Évora;

1172 - na sequência de um litígio com a Ordem do Templo, o Castelo foi doado à Ordem de Santiago, com a condição de não nomear comendador desconhecido;

1174 - concessão de carta de foral aos habitantes do Monsanto, por D. Afonso Henriques; armamento relativo;

1190 - confirmação da carta de foral por D. Sancho I;

Séc XIII - provável construção do actual castelo;

Séc. XIV - obras de reconstrução nos reinados de D. Dinis e de D. Fernando;

1383 - 1385 - Monsanto tomou partido por Castela;

1476 - instituição de couto de homiziados;

Séc. XV - obras de renovação no reinado de D. João I, tendo sido introduzidas uma barbacã e troneiras, bem como uma couraça, que protegia o poço, constituída por uma grande câmara, um corredor com cerca de 15 metros, o cubelo terminal a envolver o poço e um porta de ligação ao mesmo; pertencia à família Castro;

1496 - na Inquirição, existe a referência a 309 habitantes;

Séc. XVI, início - levantamento gráfico efectuado por Duarte de Armas; o castelo integrava duas portas de acesso, a mais antiga aberta entre dois penedos, protegida por dois altos torreões; quatro torres, torre de menagem e cisterna; a Torre do Pião (torre de vigia) encontrava-se em ruínas; tinha alcaidaria; observa-se núcleo urbano da paróquia de São Miguel e da paróquia de São Salvador; obras de renovação no reinado de D. Manuel; o poço é definido como tendo quatro palmos e como tendo boa água em abundância;

1527 - no Numeramento, é referida a existência a 494 habitantes;

Séc. XVII, 2ª metade - adaptação das estruturas defensivas à artilharia; construção de terraplenos, baterias e abertura de canhoneiras; construção de muralha urbana;

1704 - cerco montado pelo exército franco-espanhol, comandado pelo duque de Berwich, de origem irlandesa, e libertado pelo Marquês de Minas;

1758, c. - uma das torres encontra-se arruinada;

Séc. XVIII, 2ª metade - reconstrução da cerca muralhada ordenada pelo Conde de Lippe Schaumburg;

1801 - criação de um desnível para colocação de canhões;

1813 - o major Eusébio Furtado foi encarregado de instalar uma guarnição militar e fazer obras no castelo;

1815 - explosão de um paiol e destruição parcial do castelo devido à acção de um raio; levantamento do castelo efectuado pelo engenheiro militar Maximiano José da Serra; a Capela de Santa Maria encontra-se em ruínas;

1823 - descrição militar e relação das obras efectuadas pelo engenheiro militar Eusébio Cândido Cordeiro Pinheiro Furtado *4;

1831 - desabamento de um penedo arrastando troço de muralha exterior;

1834 - a Igreja de São Miguel ainda se encontrava aberta ao culto;

1853 - extinção definitiva do estatuto concelhio, mas conservando a categoria de praça segunda ordem com uma milícia;

1887 - o Regimento de Infantaria 12 da Guarda destacou uma guarnição para a praça do Monsanto.

Tipologia
Arquitectura militar, medieval.
Castelo com três recintos muralhados, de defesa passiva, o englobante de traçado irregular ovalado, recinto lateral de traçado oblongo irregular e recinto interior de traçado rectangular integrando bateria com canhoneiras e respectivas rampas. Muralhas desprovidas de merlões. Casa do guarda de planta rectangular com porta em arco pleno e bombardeiras cruzetadas. Portas em arco pleno e cobertura com abóbada de berço. Torres de planta rectangular e quadrada adossadas pelo exterior. Cisterna com dois arcos plenos. Torre de vigia de planta quadrada. Estruturas modernas do núcleo urbano com portas de lintel recto ou em arco pleno com guarita de planta quadrada. Bateria de planta trapezoidal e cortinas escarpadas.

Características Particulares
Implantação do Castelo e impacto paisagístico de Monsanto. Três recintos muralhados integrando bateria. Bombardeira cruzetada de ângulo e cisterna. Sulcos existentes na rocha indiciando prováveis fundações de muralha. Ruínas do núcleo urbano de São Miguel e respectiva igreja localizados entre o Castelo e a Torre do Pião. Estruturas defensivas do núcleo urbano de São Salvador restritas a duas portas e bateria.

Materiais
Granito, cantaria, aparelho isódomo, revestimento inexistente.

Observações
*1 - a inscrição parece truncada e ainda não foi interpretada: IIIATSA (?).

*2 - exteriormente nos lados S. e E. parecem existir vestígios semelhantes e que poderão estar relacionados com a adequação das estruturas actualmente existentes e aquelas que foram representadas por Duarte de Armas, nomeadamente no que se refere à localização exacta da torre de menagem, que se situava entre a torre S. e a cisterna no lado interior do perímetro muralhado.

*3 - os materiais arqueológicos provenientes de Monsanto encontram-se dispersos por vários museus, entre os quais o Museu Francisco Tavares Proença Júnior em Castelo Branco.

*4 - "Encontrei no castelo sete torres de varias alturas de que demoli cinco, tanto por serem de nenhuma vantagem para a defesa como pela precisão que tinha de sua pedraria ja lavrada para restabelecimento de todos seus parapeitos e mais obras construi. (...) Tem o castelo duas entradas, a primeira e principal que olha para a vila e a segunda fronteira a esta. A primeira é coberta por um tambor, em roda do qual construi uma banqueta ou andaime para mosqueteria e fora da porta deste tambor estabeleci sobre a calçada 3 baterias para mosqueteria dominantes umas as outras e que servem para proteger a retirada dos defensores da vila (...) Alem destes fogos exteriores construi na distancia de 168 palmos no terreno mais alto do interior do castelo uma bateria paralela à muralha de entrada apoiada de um lado e outro lado a penedos, e nela servem duas canhoeiras (...) esta bateria tem uma altura regular de 15 palmos, a sua grossura é de 10 palmos e do parapeito é de 4, tudo revestido interior e exteriormente de cantaria, e de um e outro lado sobre os rochedos estabeleci parapeitos e muralha que ligam os intervalos dos mesmos penedos, ficando desta maneira inteiramente fechada toda a comunicação com o interior do castelo (...) Dentro da pequena cidadela se vêm os edificios que servem de depósito da pólvora, que é uma grande torre quasi quadrada e cujas muralhas têm 8 palmos em toda a sua grossura, a sua altura exterior é de 50 palmos e a interior é de 70, foi dividida em três pavimentos mui sólidos e neles se acham recolhidas todas as munições (...) Junto ao Hospital há uma cisterna bem vedada que tem um vão de 100 palmos cubicos, para onde estão encaminhadas todas as águas dos telhados. Além de uma port anova que fecha esta cidadela, construi na sua frente em toda a sua largura um travez de cantaria, e fechado com uma forte barreira, cuja comunicação é feita por uma ponte levadiça" (GOMES, Rita Costa, pp. 91-92).

(Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Monsanto)

(fonte: IHRU)

Transcrição da carta de couto outorgada à Sé de Braga

27 de Maio de 1128 – Confirmação da carta de couto outorgada à Sé de Braga por Afonso VII de Leão e sua mãe D. Urraca, incluindo-se agora novas doações e concessões, entre estas os direitos de capelania e de escrevaninha e o de cunhar moeda. Também conhecida como "Acta de Fundação de Portugal".

In nomime Patris et Filii et Spiritus Sancti amen. Ego Alfonsus egregii comitis Heririci et egregie regine Tarasie filius et Alfonsi obtimi regis nepos Sancte Marie Bracarensi et tibi archiepiscopo domno Pelagio tuisque successoribus in perpetuum promouendis necnon clericis ibidem commorantibus dono atque concedo cautum illud quod scilicet Alfonsus rex consanguineus meus et regina Vrracha mater eius et ego tibi roborauimus in presentia Conpostellani archiepiscopi domni Didaci et comitis domni Gomizonis et comitis domni Roderici et aliorum magnatum scilicet Pelagii Suarii Egee Monionis Ermigii Monionis Menendi Monionis Roderici Vermuti. Cautum uidelicet illud dono atque concedo ita determinatum cum uilla que dicitur Lapella sicut in scripto cauti continetur, per illum uidelicet terminum qui est inter Auellaneda et Gondemar et inde inter Couas et Vilar et per illum montem de Soniariz et per illud monasterium de Figaredo et per portelam de Gisandi et per portelam de Escudariis et ad illam portelam de Leitones et ad portelam de Villa Coua et inde ad Pousafoles et ad portelam de Bezerros et inde ad terminum de Donim et inde per terminum de Lauredo et ad portelam Sancti Ueresimi et per terminum inter Mouri et Antonianes usque in Kadauo et inde per fluuium ipsum usque ad Mocoromi et deinde unde primitus incepimus. Insuper dono atque concedo Sancte Marie Braccarensi et tibi tuisque successoribus castellum quod dicitur Pennafidelis per suos terminos antiquos et Argentinum monasterium et Comam similiter. Et Pelagius Ramiriz teneat ibi illud prestamen quantum mihi placuerit. Et pro Cambeses et pro Roili dem uobis cuncambium quando illud potero habere. Et pro concambia de Trandeiras dono tibi medietatem de Adaulfi de Panonias. Et omnes hereditates Sancte Marie Braccarensis ubicumque sint cautate sint siue cum seruis siue cum iunioribus siue cum ingenuis qui ad regem pertinent. Et sicut auus meus rex Alfonsus dedit adiutorium ad ecclesiam Sancti Iacobi faciendam simili modo dono atque concedo Sancte Marie Braccarensi monetam unde fabricetur ecclesia. Et ecclesiae regales que sunt parrochiales sint sub manu pontificis et nullus laicus in eis habeat potestatem. Monasteria regalia dent tibi tantum quantum dederunt predecessoribus tuis. Insuper etiam dono tibi atque concedo in curia mea totum illud quod ad clericale officium pertinet scilicet capellaniam et scribaniam et cetera omnia que ad pontificis curam pertinent. Et in manu tua et in manu successorum tuorum qui me dilexerint totum meum consilium committo. Et in ciuitate tua Braccarensi nullam potestatem habeam preter uoluntatem tuam et preter uoluntatem successorum tuorum. Et quando habuero Portugalensem terram adquisitam ciuitatem tuam et sedem tuam et ea que ad eam pertinent tibi tuisque successoribus in pace dimittam sine aliqua controuersia. Et de rebus ecclesie Sancte Marie Braccarensis siue de rebus tuis siue de rebus successorum tuorum nichil umquam requiram aut per me aut per meos uicarios sine uoluntate tua aut sine uoluntate successorum tuorum. Et hec dona facio Sancte Marie Braccarensi et tibi tuisque successoribus et clericis tuis pro anima patris mei et pro remedio anime mee et ut tu sis adiutor meus. Et si aliquis homo aut ego aut propinquus meus aut extraneus hoc nostrum donum uiolare aut inrumpere tentauerit a Deo sit excomunicatus et cum Iuda Domini traditore habeat participium et habeat partem cum diabolo et angelis eius et insuper incurrat iram ipsius regine Sancte Marie. Facta fuit karta VI.º Kalendas Iunij Era M. C. LX. VI. Ego Alfonsus infans hoc testamentum manu mea r +oboro.

Qui presentes fuerunt: Petrus ts., Pelagius ts., Suarius ts.

Pelagius archiepiscopus Braccarensis conf., Sancius Nuniz conf., Ermigius Moniz conf., Garsias Suariz conf., Pelagius Ramiriz conf.

Petrus Petriz conf., Ouecus Cendoniz conf., Pelagius Pinioniz conf., Suarius Menendiz conf., Nuno Gutierriz conf.

Magister Bernardus conf., Petrus prior conf., Midus precentor conf., Petrus sacrista conf., Petrus archidiaconus conf., Gomizo archidiacono conf., Midus archidiaconus conf., Romanus Romaniz conf.

Menendus presbiter notauit

Transcrição obtida de Rui de Azevedo - Documentos Medievais Portugueses
(A D B. – Cart. Cabido, gav. Braga, n.º 5, or. car.)

sábado, 30 de maio de 2009

Paio Mendes

Paio Mendes, o arcebispo Paio Mendes, para além de uma extraordinária personagem histórica de Portugal, viu o seu nome colocado a uma das aldeias históricas portuguesas.

Não será por acaso que tal aldeia terá levado o seu nome.

Merece um estudo aprofundado da personagem e da aldeia.

No correr destas viagens pela História voltamos, agora, às origens, ao tempo em que «tudo começou». O que nos leva a considerar uma noção que não está muito divulgada entre nós: a noção dos Fundadores.

Reprodução fac-similada da Confirmação do Couto de Braga por Dom Afonso Henriques, primeiro Rei de Portugal, ao Arcebispo Paio Mendes, em 1128, com tradução em portugês no verso. Este documento é também conhecido por “Acta de Fundação de Portugal”.
(Reprodução do Documento de Doação do Couto de Braga
Reprodução fac-similada da Confirmação do Couto de Braga por Dom Afonso Henriques, primeiro Rei de Portugal, ao Arcebispo Paio Mendes, em 1128, com tradução em portugês no verso. Este documento é também conhecido por "Acta de Fundação de Portugal".)

De facto, tendemos a considerar o primeiro rei, D. Afonso Henriques, como o quase-único artesão da indepNesta crónica, ocupar-me-ei de um só desses fundadores, um dos mais esquecidos e ausentes da memória popular: trata-se de Paio (isto é: Pelágio ou Pelayo…) Mendes, que foi arcebispo de Braga entre 1118 e 1137.

Segundo uma tradição histórica muito aceite, embora não totalmente comprovada, D. Paio Mendes pertencia à poderosa casa da Maia e era irmão de dois outros fundadores: Soeiro Mendes da Maia e Gonçalo Mendes da Maia, que ficou conhecido como «o Lidador». Para o caso que nos ocupa, não é importante saber se pertencia à casa da Maia ou à casa de Sousa; o que importa é o apoio que deu a D. Afonso Henriques e a provável influência que exerceu junto do infante — aliás, o Prof. Torcato Sousa Soares defendeu como hipótese quase certa que foi Paio Mendes, e não Egas Moniz, o aio de Afonso Henriques, hipótese que justificou com argumentos bastante convincentes.

De qualquer modo, o certo é que a acção deste homem se revelou decisiva em dois aspectos, sendo que o primeiro foi a sua luta constante contra Diogo Gelmires, arcebispo de Compostela. De facto, pode-se dizer que a luta pela emancipação da terra portucalense, foi (não só mas também) o verdadeiro duelo travado entre Compostela e Braga no campo da organização eclesiástica, da disputa pelas sés sufragâneas de cada arquidiocese. Dada a importância da Igreja, um tal conflito não podia deixar de ter reflexos políticos, mesmo porque os arcebispos também eram potentados militares. Ora, a verdade é que D. Paio Mendes mostrou-se particularmente dinâmico na defesa de Braga contra as investidas de Compostela.

O segundo aspecto foi, como referido acima, a adesão do arcebispo ao movimento autonomista de Afonso Henriques — e talvez mesmo que, em lugar de «adesão», se deva dizer «inspiração». Note-se que, quando D. Teresa, que se travou de razões com Paio Mendes, o exilou, este foi para Zamora — e levou consigo o jovem infante portucalense. Pois bem: como é sabido, foi justamente nessa ocasião, em Zamora, que Afonso Henriques se armou a si próprio cavaleiro, o que correspondia a dar um passo simbólico na direcção de uma coroa real, pois só os reis se armavam cavaleiros a si mesmos. E D. Paio Mendes estava presente; é difícil não pensar que aquele acto político se deve à sua influência, mais até do que à única iniciativa do então muito jovem infante.

Foi isto em 1122 ou 1125. E em 1128 travava-se a batalha de São Mamede, que deu o poder a Afonso Henriques. Ao lado do infante, estavam Egas Moniz, estavam os Sousas, estavam os da Maia — estava D. Paio Mendes, muito possivelmente, um dos grandes promotores da revolta contra D. Teresa e a «facção galega».

Sem dúvida que, na nossa Galeria dos Fundadores, temos de incluir este quase esquecido arcebispo de Braga.

- Os Fundadores


Aldeia de Paio Mendes

(Aldeia Histórica)

Aldeia situada a oeste da margem direita do Zêzere, foi fundada por Paio Mendes (arcebispo), membro da Ordem do Templo.

Com a extinção da Ordem, passa em 1319 para as mãos da Ordem de Cristo.

Castelo de Pombal


Planta escudiforme, com panos de muralha circundados por adarve, rematados por merlões prismáticos e reforçados nos vértices e a intervalos regulares por cubelos quadrangulares. Rasgam a cortina 2 portas de arco quebrado, uma a SE., entre torreões, outra a NO., de vão maior, encimada pela pedra de armas com escudo real, entre a esfera armilar e a cruz de Cristo. A torre de menagem, quadrangular e de 2 andares acima de um embasamento em talude, ergue-se perto da porta SE.. No recinto do castelo são ainda visíveis fundações de construções e as bocas da cisterna. No pano SO. rasga-se uma janela bífora em cujo mainel está a pedra de armas dos Sousa Ribeiro, antigos alcaides do castelo. Em frente à porta SE. e do lado NO. vestígios de barbacãs. Do lado exterior, na plataforma abaixo do monte onde se ergue o castelo, as ruínas de uma segunda cortina com 3 torreões quadrangulares e de uma capela da igreja de Santa Maria do Castelo, revestida por caixotões em pedra com decoração renascentista.

INSCRIÇÕES:
1. Inscrição de homenagem ao castelo gravada num silhar da parede, do lado esquerdo, do túnel da entrada; sem moldura nem decoração; superfície epigráfica com alguma erosão; calcário. Dimensões: 50x66. Tipo de Letra: capital quadrada do séc. 20. Leitura: A HISTÓRIA DESTE CASTELO FOI RECORDADA COM GRATIDÃO PELOS PORTUGUESES DE 1940.

2. Inscrição patrimonial gravada num silhar da muralha do castelejo, do lado direito, da entrada SE., em campo epigráfico relevado para o efeito; superfície epigráfica muito erodida. Dimensões:Totais: 31x105; campo epigráfico: 12x33. Tipo de letra: capital quadrada do séc. XX. Leitura: PATRIMÓNIO DO ESTADO. PRAÇA DE ARMAS:

3. Inscrição de homenagem aos antigos templários gravada, a jacto de areia, numa lápide apoiada num suporte, de material idêntico ao da lápide, colocada no lado direito junto ao muro de uma construção arruinada; sem moldura nem decoração; calcário. Dimensões: 49,5x79,5x5; altura do suporte: 39,5. Tipo de letra: letra maiúscula e minúscula do séc. 20. Leitura literal: COMEMORAÇÃO DO DIA DA COMENDADORIA DE COIMBRA, RAINHA SANTA ISABEL Aos quatro dias do mês de Julho do Ano da Graça de dois mil e quatro, nesta mui nobre cidade de Pombal, na presença do seu Grão Mestre Sua Alteza Eminentíssima Don Fernando Pinto de Sousa Fontes e Grã Prioresa de Portugal Sua Alteza Sereníssima Dona Maria da Glória Pinto de Sousa Fontes, com o Alto Patrocínio do Excelentíssimo Senhor Engenheiro Narciso Ferreira Mota, Presidente da Câmara Municipal de Pombal, os actuais templários recordam e homenageiam os seus ancestrais.

TORRE DE MENAGEM:

4. Inscrição comemorativa da instituição de uma quinta em morgado gravada numa lápide em campo epigráfico delimitado por um filete de forma poligonal; sulcos das letras pouco profundos potenciaram a erosão. Dimensões: 66x65,5x12. Tipo de letra: caligráfica comum do séc. 19. Leitura modernizada: ESTA QUINTA FOI INSTITUÍDA EM MORGADO NO ANO DE 1551 PELLO VALEROSO CAPITÃO JORGE BOTELHO CAVALEIRO FIDALGO NATURAL DA VILA DE POMBAL E A TOMOU EM SUA 3ª(=TERÇA) COMO CONSTA DO SEU TESTAMENTO: ESTA MEMÓRIA MANDOU FAZER SEU UNDÉCIMO ADMINISTRADOR JORGE COELHO DE VASCONCELOS BOTELHO E SOUSA CAPITÃO MOR DA DITA VILA NO ANO DE 1818.

5. Inscrição funerária gravada num fragmento de uma tampa de sepultura. Calcário. Dimensões: 35x75x17. Tipo de letra: capital quadrada de traçado irregular. Leitura reconstituida e modernizada : SEPULTURA DE SEBASTIÃO DE [A]LMEIDA [...].

6. Inscrição funerária gravada num fragmento de uma tampa de sepultura; sulcos das letras mais grafitados do que gravados potenciaram a erosão; superfície epigrafada muito delida; calcário. Dimensões:34x70x15. Tipo de letra: capital quadrada, à excepção da letra "q" cuja forma é minúscula. Leitura modernizada e reconstituída: AqUI JAS LA[ZAR]O(?) DE ME[...].

Época Construção
Séc. XII
(2ªmetade) / Séc. XVI(início)

Cronologia

1128 - O castelo de Pombal, outrora castro romano e fortaleza árabe, estava inserido no vasto território pertencente à Ordem do Templo;

1155 ou 1156 - Inicio da reconstrução do castelo de Pombal, construção de vários torreões para servir de contraforte e simultaneamente suster e estabilizar a muralha, e do repovoamento da vila (BARROCA, 2000, tomo I, p. 360);

1171 - Construção da Torre de Menagem com alambor no pátio do castelo; neste período de reconquista passiva a Torre de Menagem servia de último reduto de defesa sendo aí que se encontravam guardadas as pertenças do senhor terra-tenente; esta obra ficou assinalada numa inscrição, como era costume dos Templários, e esteve afixada neste castelo tendo sido transferida, a pedido do Infante D. Henrique, entre 1420-1460, para o Convento de Cristo em Tomar (v. PT031418120002), onde hoje se encontra na parede exterior da Sacristia Velha *2;

1353 - o castelo e a vila são doados à Ordem de Cristo;

Séc. XVI (início) - reconstrução do castelo por D. Manuel;

1560 - reconstrução da igreja de Santa Maria do Castelo pelo alcaide Pedro de Sousa Ribeiro, antepassado dos Condes de Castelo-Melhor, que detiveram a alcaidaria desde o reinado de D. Afonso V até 1834 (LEAL, 1876);

1811 - as tropas francesas comandadas pelo Gen. Ney causaram grandes prejuízos no castelo;

1812 - a pia baptismal é transferida de Santa Maria do Castelo para a igreja de São Martinho;

1923 - Requerimento da C.M. Pombal ao Ministério da Guerra a solicitar que lhe seja entregue o Castelo;

1924, 7 de Dezembro - Auto da entrega que faz o Ministério da Guerra ao Núcleo da União dos Amigos dos Monumentos da Ordem de Cristo em Pombal do Castelo da mesma vila e terrenos anexos, que constituem o prédio militar nº 1: "nos Paços do Concelho foram entregues as ruínas do Castelo ao Núcleo dos Amigos, demarcadas com 32 marcos de cantaria devidamente numerados seguidamente a partir de norte para sul, seguido por nascente, e tendo por cima de cada número as siglas M.G.-. (...) Ao Núcleo fica competindo a conservação e a guarda do prédio, podendo o Ministério de Guerra auxiliar, quando o entender; A concessão é a título gratuíto e tempo indefinido, conservando o Ministério de Guerra a Propriedade; o Núcleo não poderá realizar quaisquer obras no prédio, mesmo de conservação, que importem demolições ou novas construções de alvenaria, ou ainda movimentos de terra nas esplanadas, sem licença prévia e escrita do Ministério de Guerra";

1931 - tendo sido dissolvido o Núcleo da União dos Amigos dos Monumentos da Ordem de Cristo, cadocou a concessão feita pelo MG, tendo sido feito, nas mesmas condições, o auto de cedência do uso fruto do prédio militar nº 1, constituido pelo castelo e explanada de acesso, à Comissão de Iniciativa e Turismo de Pombal;

1933 - pedido de autorização para construção de uma estrada que ligue a vila ao castelo, autorizada e registada em "escritura de autorização concedida pelo Ministério da Guerra à Comissão de Iniciativa do Concelho de Pombal". Para construir uma estrada de acesso ao castelo pelo seu prédio militar(...).;

1934 - A Comissão de Iniciativa e Turismo de Pombal apresenta uma proposta para arborização do monte do castelo aprovada pela Comissão Executiva da Câmara Municipal e autorizado pelo Conselho Superior de Belas Artes;

1939, 13 de abril - auto de entrega ao Ministério das finanças do Castelo de Pombal: Castelo de dez torres rectangulares em estado de ruína com terreno anexo, medindo 25.437 m2, no valor de 200.000$00, estando as respectivas torres ligadas por muralhas ao interior da Torre de Menagem. Fora do castelo existe uma capela em ruínas e uma torre. Tem placa a que se refere o Dec.- Lei nº. 24.489, demarcados com as iniciais P.E. e está também demarcado com 33 marcos de cantaria com as iniciais M.G. e com os respectivos números. A confrontar de norte com caminho público e António Lopes Teixeira; do sul com António Lopes Teixeira e caminho de acesso ao Castelo, e de nascente e poente com António Lopes Teixeira e Ribeiro Faria e inscrito na matriz;

2004 - a Câmara Municipal apresentou um projecto de requalificação e valorização do Castelo de Pombal e encosta envolvente, encontrando-se em fase de apreciação pelo IPPAR (Diário das Beiras, 16-08-2004); 2005 - Musealização da Torre de Menagem

Tipologia
Arquitectura militar, medieval.
Castelo de planta escudiforme, reforçado por cubelos quadrangulares, torre de menagem com alambor revela a influência que D. Gualdim Pais operou na arquitectura militar medieval portuguesa, vestígios de barbacãs junto às portas e de uma cintura exterior de muralha.
A planta escudiforme foi também a adoptada na alcáçova do castelo de Tomar, igualmente fundado por Gualdim Pais.

Observações
Dos retábulos renascentistas existentes na Igreja de Santa Maria do Castelo atribuídos a João de Ruão e Jácome de Bruges, conserva-se um na Igreja de São Martinho, outro na Igreja do Cardal.
*1: Por despacho de 2008.02.21 do Director do IGESPAR, foi aprovada a proposta de reedifinição da ZEP do Castelo de Pombal, incluindo a Zona non aedificandi.

*2: Alguns historiadores consideram que esta lápide é proveniente do castelo de Almourol (ver aqui) e não o de Pombal; o recente estudo epigráfico desta inscrição feito por Mário Barroca aponta com bastante probabilidade para a última hipótese (BARROCA, 2000, tomo I, pp. 352-353); este estudo demonstrou ainda que esta epígrafe e a inscrição do castelo de Almourol (v. PT031420020001), apresentam características paleográficas, nomeadamente no tipo de letra utilizada e no recurso sistemático a inclusões e nexos, e epigráficas, no que respeita à organização da inscrição, semelhantes comprovando terem sido executadas na mesma oficina epigráfica sendo o ordinator membro da Ordem do Templo. *

Características Particulares
Torre de Menagem com alambor.
Intervenção contemporânea na torre de menagem, transformada em sala de exposições.

Materiais
Cantaria e alvenaria de pedra; betão; aço

(fonte: IHRU)

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Museu Virtual de Thomar

É um excelente trabalho sobre Tomar.

Vale a pena a visita, e de levar em conta o conteúdo relativamente à celebração do Centenário da Fundação, principalmente para organizar os 850 anos que serão comemorados em 2010.

Nas eleições autárquicas que se avizinham, seria bom os tomarenses exigirem aos candidatos que se pronunciassem sobre o que pretendem fazer para comemorarem tal data.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

360 cidades

Um excelente trabalho levado a cabo por Sotero Ferreira - Arqº.
Trazido, mais uma vez, ao conhecimento pelo Rui Ferreira.

Muitos parabéns a Sotero Ferreira pelo trabalho; houvessem uns quantos mais a fazer trabalho deste ... e veriam onde Portugal poderia chegar.

Castelo de Tomar

Castelo de Penas Róias



- Bragança, Mogadouro, Penas Róias

Do castelo subsiste apenas a torre de menagem, de planta em losango, os restos de um cubelo circular que integrava o castelejo e alguns troços da muralha deste, a E.. A torre possui faces de dimensões distintas, entre 7 e 8 m. de largura, possuindo muros muito grossos; a porta, rectangular, abre-se a O. a c. 3 m de alt. do solo, sobre a qual existe uma lápide epigrafada, cuja inscrição se continua na ombreira do lado esq.; em todas as fachadas existem frestas em dois registos e vestígios de janelas (parapeito e parte das ombreiras) no topo, arruinado, não possuindo remate nem cobertura; INTERIOR: vazio.

Descrição Complementar
INSCRIÇÕES: 1. (CEMP nº 142) Inscrição comemorativa da construção do castelo gravada no lintel e na pedra que remata a ombreira esquerda da porta da Torre de Menagem; superficie epigrafada muito erodida não permite leitura integral do texto; granito; Dimensões:a elevada altura a que se encontra impede obtenção; Tipo de Letra: Inicial capitular carolino-gótica de má qualidade gráfica com características similares as da inscrição do castelo de Longroiva; Leitura modernizada e reconstituída: INCIPIUNT FUNDAMENTO CASTELO DE PENA ROIAS [...] MENSE(?) ERA Mª CCª Xª[...](=ano de 1172) TEMPORE REGE [ALFONSO] [...].

Época Construção
Séc. XII

1172 (ou 1181) -
Data apontada por Mário J. Barroca, como a mais provável, para o início da construção do castelo de Penas Róias, segundo iniciativa de D. Gualdim Pais, mestre da Ordem do Templo, segundo interpretação da inscrição gravada no lintel e ombreira da porta da Torre de Menagem (BARROCA, 2000, p. 378);

1187, Maio - Jun. - Penas Róias recebe foral;

1197, 23 Jan. e 5 Jul. - D. Sancho I, em agradecimento aos serviços prestados pela Ordem do Templo, doa-lhe a vila de Idanha-a-Velha e em troca recebe os castelos e as igrejas de Penas Róias e Mogadouro;

1258 - Nas Inquirições de D. Afonso III, faz-se alusão a Penas Róias e ao senhor terra-tenente de Bragança D. Fernando Mendes de Bragança que ocupou a tenência entre 1128 e 1145;

1272 - Concessão de foral por D. Afonso III a Penas Róias e Mogadouro;

1273 - Confirmação do foral de Penas Róias por D. Afonso III;

1319 - Depois da fundação da Ordem de Cristo, Penas Róias passa para aquela Ordem;

1457 - Comprada por Álvaro Pires de Távora;

c. 1510 - Segundo os desenhos de Duarte de Armas, o castelo era antecedido por um pequeno pano de muralha no sopé S. do penhasco em que se elevava, com passagem por um vão em arco pleno, sendo notório um rombo à dir. do mesmo; do lado NO., adossado ao castelejo, o "muro da vila" medieval (entretanto abandonada e reerguida extra-muros), de forma circular, irregular, baixo e semi - arruinado, onde se salientam 2 cubelos cilíndricos; a barbacã era constituída apenas por um pequeno pano de muralha curvo, a S., provido de porta em arco pleno, entre dois torreões do castelejo, este de planta aproximadamente trapezoidal, irregular, provida de 1 torre quadrangular, à dir. da barbacã, 2 cubelos circulares a E. e um corpo estreito, avançado e projectado para o exterior, em forma de Z, terminando em torreão quadrangular, à esq. da barbacã, e sob o qual se abria túnel abobadado de berço estabelecendo a passagem da barbacã para a antiga vila e desta para para o interior do castelejo, por meio de porta aberta a O., em arco pleno; do lado E., junto a um dos cubelos, rasgava-se outra porta de igual perfil; as muralhas, os cubelos e as torres estavam, à época, superiormente arruinados não sendo possível identificar o tipo de remate que possuíam; do lado N.aparecia sobre a muralha o registo superior da parede de 2 dos 4 "aposentamentos" erguidos na praça de armas, com 2 janelas, uma rectangular e outra em arco pleno, e cobertura em telhado; "fundada sobre penedos" elevava-se a torre de menagem, em losango, com porta a NO. e janelas em arco pleno no último registo, nas quatro faces, sob as quais emergem o que aparentam ser apoios de balcões (inexistentes); remate de merlões (faltando alguns); interiormente era "toda vã e sem sobrados"; extramuros localizava-se uma cisterna, seca, e, a SO., estendia-se a nova vila, de casario térreo com coberturas de colmo e de telha de meia-cana, sobressaíndo uma igreja e um pelourinho de gaiola; do lado oposto um vale onde corria uma ribeira e, do lado N., no sopé do penhasco, existia um pomar cercado por muro baixo;

1512 - D. Manuel dá foral novo a Penas Róias;

1758 - As "Memórias Paroquiais" referem que o castelo, a N. da vila, se encontrava arruinado, com muros "de pedra de seixo bruto", estando a torre, "de quatro esquinas", ainda "bem segura e fabricada do mesmo seixo bruto" com paredes altas e porta "levantada mais de trinta palmos" com um letreiro ilegível;

1759 - Na sequência do processo dos Távoras, a povoação passa para a Coroa;

1836 - Extinção do Concelho e consequente declínio da povoação levando a população a reaproveitar os materias de construção do castelo;

Séc. XX, início - Ainda eram visíveis alguns dos cubelos que integravam o castelo e a antiga cerca da vila, bem como de uma porta que ligava o castelo à povoação.

Tipologia
Arquitectura militar, medieval.
Castelo roqueiro, de que resta a torre de menagem com planta em losango com lados de dimensões distintas, aproveitando o afloramento granítico que lhe serve de embasamento, com porta elevada e rasgada por seteiras; vestígios de um dos cubelos cilíndricos que integravam o castelejo.

Características Particulares
Este castelo assegurava a primeira linha de defesa do nordeste transmontano, juntamente com os castelos de Algoso, Miranda do Douro, Outeiro, Vimioso e Mogadouro com os quais formava um forte conjunto defensivo.
O material em que é construído assemelha-se ao do castelo de Algoso.

Materiais
Xisto quartzítico argamassado com barro.

Observações
O topónimo deriva de penha (penedo ou rochedo), sendo possível que Róia tenha derivado de "roja" ou seja vermelha.

(fonte:IHRU)

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Tubo do órgão da Charola

Texto

Imagens

Maio, o mês das Rosas

S. Ambrosio tratando das princípaes flores, & plantas,que Deos pussera no paraíso Terreal, começa pela Rosa, & pelo Lírio, dando e primeiro lugar a qualquer delas, com muitos louvores. Esta he a razão porque seguindo a ordem deste gloriozo Doutor, avantejamos a Rosa a todas as mais flores, de que agora havemos de tratar, pois por sentença de todos he a principal delas, sendo o mesmo Santo de opinião, que a Rosa no terreno Paraíso fora criada sem espinhos. O mesmo quer S. Basílio, dizendo que ficando a terra amaldiçoada pelo peccado de Adaõ, começou a dar espinhos , & abrolhos que não tinha, & a Rofa começou a se rodear deles, em final que gostos da vida, peccando o primeiro homem, se cercarão de tormcntos, como a Rosa de espinhos. E porque as mais plantas, & flores forão antiguamente dedicadas a particulares deuses, a Rosa o era à deusa Vénus, em razaõ, que a mais generosa flor se devia consagrar mais fermosa Deusa. Diziaõ tambem que a Rosa no principio fora branca, mas que andando Venus entre uns rosaes buscando a Adonis se ferira em hum pé, & tocando com o seu sangue nas Rosas as atingíra, e lhes dera a cor do proprio sangue, ficando em parte vermelha , & em parte branca. Outros attribuião a cor purpurea da Rosa à mesma Estrella de Venus, que por ser rubicunda , & inflammada , influhia mais nesta flor sua virtude, & efeitos particulares.

A Rosa considerada sem espinhos , significa Graça, como consta de divinas, & humanas letras. A eterna Sabedoria que no Ecclesiástico se compara na excelencia ao Cedro, na immortalidade ao Cipreste, na suavidade à Videira, tambem na graça se faz semelhante à Rosa, apontando apoz isso, que os seus ramos são de virtude, & graça, dando a entender, que ou se compare ao Cedro, ou Cipreste, à Videira,ou à Rofa,quanto dela mana ,‘ & procede tudo he virtude, & graça tudo pureza,& fermosura. Tambem o Espirito Santo nos aconselha, que sejamos como a Rosa, plantada junto às correntes das agoas, avisando logo que floreçamos para a graça, como se dissera, que se defejamos ser planta do celestial Jardim, sejamos como a Rosa junto às agoas, aonde cresze com mais vigor, & aonde parece mais bella,& graciosa. Lancemos flores de graça, para sempre adquirirmos mais graça, & tudo em nós ser augmento de divina graça.

- Frei Izidoro de Barreyra, Tratado das significaçoens das plantas, flores, e fruttos, que se referem na Sagrada Escrittura - A Rosa

domingo, 17 de maio de 2009

terça-feira, 12 de maio de 2009

Garway: St Michael's Templar Church

St Michael's church, Garway, is a lovely 13th century country church famous for its associations with the Knights Templar.

The circular foundations of an earlier 12th century Templar church can be seen outside the nave. Inside, a beautifully carved Green Man decorates the original Templar chancel arch. A variety of strange carved crosses and other symbols embellish the exterior of the church.

To the right of the piscina is this figure, which has variously been interpreted as a serpent, or an eel. It is possible that the serpent may represent the healing duties of the Templar knights, for in the Far East the serpent is associated with healing.

Now we come to the intriguing carvings for which Garway church is notable. Starting on the north wall of the nave we have this Dextra Dei, or Hand of God emerging from the clouds.

High above the west door is a winged carving of a dragon, or griffin. In the east dragons have a positive, or benevolent association, unlike common mdieval Western associations.



St Michael's Church, Garway

domingo, 10 de maio de 2009

Uma marca à entrada do Convento

Addenda:
Preenchendo "os espaços", dá a seguinte imagem

Podem ser encontradas marcas idênticas ou modificadas desta noutros locais, nomeadamente:

Ainda no interior do Convento
Igreja de S. João Baptista
Convento de Santa Cruz - Coimbra
Igreja de S. Martinho - Sintra
Sé de Silves
Castelo de Trancoso
Palácio da Pena - Sintra
Paço da Vila - Sintra
Igreja de Jesus - Setúbal
Fonte das Figueiras - Santarém
Igreja de S. Francisco - Santarém
Igreja de S. João de Alporão - Santarém
Igreja Matriz de Ponte de Lima
Igreja do Mosteiro de Odivelas
Castelo de Monsaraz
Maceira - Dão
Aqueduto das Águas Livres - Lisboa
Mosteiro dos Jerónimos
Convento do Carmo - Lisboa
Sé de Lisboa
S. Domingos da Queimada - Lamego
Convento das Maltesas - Estremoz
Convento de S. Francisco - Estremoz
Castelo de Estremoz
Ermida de Paiva - Castro Daire
Sé Velha de Coimbra
Castelo de Bragança
Mosteiro da Batalha

Esta marca em particular, parece tratar-se da assinatura do arquitecto chefe que conduziu as obras (fossem quais fossem as obras), contudo, não terá sido um arquitecto chefe qualquer, pois, não só o mesmo resolveu deixar bem visível a sua assinatura, como a significação indica tratar-se de um arquitecto conhecedor das regras de Equilíbrio e da Expressão Matemática da ordem.

Quanto a tratar-se de Aventais, não excluo tal possibilidade, tendo em conta que o sindicato de pedreiros era muito forte, mas trata-se tão só de um contributo de obra.

Arruda?
Castilho?
...

terça-feira, 5 de maio de 2009

Os segredos das catacumbas



O Convento e os seus muiiitos segredos.

Como poderam ver, ampliando de preferência, na primeira foto, encontra-se na parede frontal de fundo, uma pintura que deverá cobrir todo a superfície de parede no seu interior (não cheguei a tirar de todo o interior - estava escuríssimo).
Pela sua aparência, trata-se de pintura pintada directamente no estuque ou gesso.
Pode-se verificar uma moldura a contornar, e seria de grande valia conseguir-se apurar o que é que estava lá pintado, e/ou o que ainda lá está pintado, e qual a possibilidade de conseguir-se resturar/salvar o que lá está ou aquilo que se pode entender do contexto.

Na segunda foto, pode ver-se ainda, e do mesmo local, arcos dentro de arcos ...
Esta vai fazer as delícias do Scaliburis!

Ainda tantos segredos e mistérios por descobrir e revelar

segunda-feira, 4 de maio de 2009

A agora escola

Na última visita a Tomar, deparei-me com um edifício muito interessante.
Tirei-lhe umas fotografias, os símbolos que ostentava eram interessantes.
Perguntando a uma senhora vetusta sobre que Capela era aquela, a Senhora amavelmente respondeu-me que se tratava de uma Capela mandada construir por uma família endinheirada que acabou por não ser terminada.
Entretanto a Câmara terá tomado posse do imóvel e transformou-a numa escola.

Santa Iria aparenta ser a santa padroeira da Capela.
Podem ver-se alguns símbolos, designadamente o Espírito Santo.


domingo, 3 de maio de 2009

Dia da Mãe


Pousa a tua cabeça dolorida
Tão cheia de quimeras, de ideal,
Sobre o regaço brando e maternal
Da tua doce Mãe compadecida.

Hás-de contar-me nessa voz tão qu'rida
A tua dor que julgas sem igual,
E eu, pra te consolar, direi o mal
Que à minha alma profunda fez a Vida.

E hás-de adormecer nos meus joelhos...
E os meus dedos enrugados, velhos,
Hão-de fazer-se leves e suaves...

Hão-de pousar-se num fervor de crente,
Rosas brancas tombando docemente,
Sobre o teu rosto, como penas de aves...


- Florbela Espanca, Suavidade