quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Templo de S. João de Longos Vales

Longos Vales terá correspondido na sua origem a parte da paróquia sueva da diocese de Tui, denominada "Lucoparre" ou "Loncoparre".
À instituição visigótica ali existente, sucedeu o mosteiro dos cónegos regrantes de Santo Agostinho, fundado pelo rei D. Afonso Henriques.
Cerca de 1199, D. Sancho I coutou o mosteiro em sinal de apreço pelos serviços que lhe prestaram o prior D. Pedro Pires e os seus cónegos, construindo à sua custa a torre e fortaleza de Melgaço.
Nas Inquirições de 1258, em que se diz que o rei não detinha o padroado da igreja, encontrava-se enquadrada neste couto a freguesia de Santo André da Torre. Em 1371 D. Pedro confirmou-lhe os privilégios do couto.
Por volta de 1520, o direito de apresentação pertencia ao Papa, estando-lhe anexas Barbeita e Santa Maria de Cales.
Em 1539, Paulo III concedeu o priorado a D. Duarte, filho natural de D. João, que faleceu em 11 de Novembro de 1543.
No registo da avaliação dos benefícios da comarca eclesiástica de Valença do Minho, a que se procedeu entre 1545 e 1549, no arcebispado de D. Manuel de Sousa, Longos Vales tinha como anexa Santa Eugénia de Barbeita.
Em 1551, o mosteiro foi anexado ao Colégio da Companhia de Jesus de Coimbra por bula do Papa Júlio III, tendo-lhe sido anexadas as igrejas de Cambeses, Messegães, Pias e Sago.
Passou então a vigairaria da apresentação deste Colégio até à extinção da Companhia. Os bens passaram depois para a Universidade de Coimbra.
Pertence à Diocese de Viana do Castelo desde 3 de Novembro de 1977.

(fonte: TT)


Enquadramento
Rural, isolado, integração harmónica na periferia da povoação, tendo adossado o edifício do antigo Convento de Longos Vales. Possui amplo adro, parcialmente delimitado por muro em alvenaria de granito, pontuado por árvores de grande porte, envolvido por construções de vocação agrícola, com pavimento em terra batida, com cubo granítico e com lajes de granito a contornar parcialmente as fachadas E. e N. da igreja. No sector N. e NE. do adro, existe uma necrópole de 4 sepulturas escavadas na rocha, de contorno subrectangular e antropomórfico, detectada aquando das obras de demolição da Capela de Santa Catarina, bem como 4 sarcófagos e um conjunto de 8 tampas sepulcrais, monolíticas, 7 planas e uma de duas águas, lisas e algumas insculturadas, sendo uma com cruz florenciada de pé alto, outra em cruz semelhante inserta num círculo e uma terceira com duas espadas e epitáfio, proveniente do pavimento da antiga sacristia. Em frente do portal principal da igreja, ergue-se um cruzeiro.

Descrição
Planta longitudinal, composta por nave única, rectangular, capela-mor, de três tramos, o último semicircular, com torre sineira, quadrangular, e sacristia, rectangular, adossadas à fachada lateral N.. Volumes escalonados, com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na igreja, de três na sacristia e de quatro na torre sineira. Fachadas em alvenaria de granito aparente, percorridas por embasamento avançado e terminadas em cornija, tendo ainda cruzes latinas de cantaria, sobre plintos paralelepipédicos, coroando os cunhais e no remate das empenas. Fachada principal, orientada a O. e terminada em empena, coroada por cruz decorada com custódia e a data de 1990 inscrita no plinto, com contrafortes nos cunhais, os quais são superiormente salientes e têm consola que suporta as cruzes; é rasgada por portal de verga recta, moldurado, com chave saliente, encimado por frontão triangular, sobrepujado por rosácea circular, com moldura de capialço e orla torada. Fachadas laterais, rasgadas por vãos confrontantes, abrindo-se na nave portal de verga recta, moldurado, de fecho saliente, encimado por cornija, o da fachada S. sublinhado por duas mísulas de suporte de antigo alpendre, e duas janelas rectangulares laterais, com moldura de capialço. A N., a torre sineira, parcialmente integrada na fachada, tem três registos, abrindo-se no segundo frestas a N., E. e O., e no terceiro, sineira de três ventanas, em arco de volta perfeita, albergando duas sinetas de metal; a sacristia é rasgada a O. por portal em arco de volta perfeita, sobre impostas e tímpano liso, e a N. por fresta de topo semicircular, moldura com capialço e enquadrada por arco de volta perfeita. A capela-mor, com aparelho em fiadas pseudo-isódomas, alguns silhares inscritos com siglas alfabéticas, termina em cornija biselada sobre cachorros esculpidos com enrolamentos, figuras antropomórficas e zoomórficas. No 1º tramo, possui contrafortes rectangulares e apresenta, exteriormente, a S., algumas irregularidades na zona de ligação do templo à antiga ala conventual; o 2º tramo, tem adossado quatro colunas, sobre plintos e com capitéis esculpidos com acantos e figuras zoomórficas, bastante volumosos. No pano central rasga-se fresta, esguia e alta, abrindo para o interior, enquadrada por arco de volta perfeita, de três arquivoltas, a segunda enchaquetada e a exterior em toro, sobre colunelos com capitéis esculpidos com elementos fitomórficos e antro e zoomórficos, tendo no tímpano leque de enxaquetado. Na fachada posterior da sacristia, abre-se pequena fresta de perfil curvo. INTERIOR em alvenaria de granito aparente, com pavimento lajeado e tecto em madeira, de perfil curvo, sobre cornija saliente, tendo, centralmente, cartela elipsoidal, com moldura fitomórfica, pintada com a imagem de São João Baptista. Coro-alto assente em arco abatido, em madeira, com guarda em balaustrada de madeira, acedido no lado do Evangelho por porta em arco de volta perfeita, através da torre sineira, e por escada de dois lanços, colocada no lado da Epístola. No sub-coro, com guarda-vento de madeira, tem a ladear o portal, no lado da Epístola, pia de água benta, e, no do Evangelho, baptistério sobrelevado por degrau, cerrado por grade de ferro forjado, com motivos geométricos e vegetalistas, com pia baptismal de aresta boleada e taça decorada com motivos geométricos. Lateralmente, do lado Evangelho, dispõem-se três retábulos, os dois que ladeiam a porta travessa em talha policroma a branco, azul, marmoreados azuis, laranja, rosa e dourado, de planta recta e um eixo, e um em madeira encerada, de planta recta e três eixos, e dois confessionários, articuladas, em madeira; no lado da Epístola, surge um retábulo de talha policroma, de planta recta e um eixo, semelhante ao oposto, dois confessionários, articuladas, em madeira, também iguais, pia de água benta, de rebordo boleado a ladear a porta travessa, e púlpito de bacia semicircular, com molduras escalonadas em toro e escócia, sobre mísula de recorte concheado, e guarda em balaustrada de madeira, sobrepujado por sanefa em talha policroma. No topo da nave, dispõem-se, de ângulos, dois retábulos colaterais, em talha policroma a branco, rosa, azul e dourado, de planta recta e um eixo. Arco triunfal, de volta perfeita, de três arquivoltas, duas delas sobre colunas, as exteriores com friso geométrico a meio, e a exterior do lado da Epístola tendo em baixo relevo a figura de São Pedro, com as chaves penduradas ao peito, de capitéis esculpidos; é encimado por fresta em arco de volta perfeita de três arquivoltas. Capela-mor, sobrelevada por um degrau, lajeada, abrindo-se, do lado do Evangelho, porta em arco quebrado para a sacristia. Cobertura em abóbada de berço nos dois primeiros tramos e em quarto de esfera no terceiro, cada um deles marcado por arcos torais assentes em colunas com unhão e escócia nas bases e de capitéis decorados com acantos e figuras zoomórficas e antropomórficas bastante volumosos.

Descrição Complementar
O cruzeiro do adro apresenta um soco de planta quadrangular, constituído por quatro degraus, sobre o qual assenta plinto paralelepipédico, com as faces de almofadas côncavas insculturadas, cornija e moldurada saliente, encimado por fuste, monolítico de secção circular, estriado, com estrias mais apertadas na metade inferior, sobrepujado por capitel coríntio que suporta cruz latina, moldurada, de secção quadrangular. No interior, a escada do sub-coro de acesso ao coro, é pétrea no primeiro lanço e em madeira no segundo. A pia de água benta do sub-coro, tem taça circular, exteriormente decorada com torçal a meio e motivos tipo cabeças de cravos, sobre pé paralelepipédico. As portas da nave são encimadas por sanefa em talha policroma. Os dois primeiros retábulos laterais, em disposição confrontante, são semelhantes, apresentando planta recta e um eixo definido por duas pilastras pintadas a marmoreados fingidos a azul, assentes em plintos paralelepipédicos decorados com motivo fitomórfico, coroadas por urnas; ao centro, abre-se nicho em arco de volta perfeita, envolvido por motivo festonado, e com voluta pintada na chave, albergando painéis pintados, o do lado do Evangelho dedicado às Almas, tendo superiormente a Santíssima Trindade, e o oposto com flagelação de São Sebastião; ático em espaldar pintado de azul com cartela central entre elementos fitomórficos, sobrepujado por acantos relevados, e terminado em frontão de volutas interrompido por acanto recortado; sotobanco com painel pintado a marmoreado fingido rosa. Altar tipo urna com frontal ornado com elementos vegetalistas. O segundo retábulo lateral do Evangelho, em talha policroma a branco, azul, rosa e dourado, tem planta recta e um eixo, definido por duas colunas de fuste canelado no terço inferior, assentes em plintos paralelepipédicos, decorados com motivos fitomórficos, e de capitéis coríntios, coroados por urnas; ao centro, abre-se nicho, alteado, integrado já na estrutura do ático, em espaldar rectangular, terminado por cornija sobreposta por folha de acanto relevada e de onde parte festão; interiormente, o nicho é pintado de azul com firmamento e possui mísulas com imaginária; sotobanco com apainelados ornados por grinalda, tendo ao centro sacrário tipo templete, terminado em cúpula gomeada e pinha, e porta pintada com pelicano. Altar tipo urna com frontal decorado com motivos vegetalistas. O terceiro retábulo lateral do Evangelho, em madeira envernizada, tem planta recta e três eixos de apainelados sobrepostos por mísulas com imaginária, o central sensivelmente mais avançado e de perfil polilobado ladeado por fragmentos de pilares terminados em pináculos de cogulhos, e os laterais de arco apontado; termina em cornija, formando empena sobre o painel central e recta sobre os laterais, com cogulhos, sendo coroado ao centro por cruz latina. Altar tipo urna, com moldura no frontal. Os retábulos colaterais, semelhantes, têm planta recta e um eixo, definido por duas pilastras com fuste de almofada côncava, pintada de rosa no lado do Evangelho e de azul no da Epístola, sobreposta por elementos fitomórficos, assentes em plintos paralelepipédicos, com face frontal ornada de elementos fitomórficos, suportando o entablamento; ao centro, abre-se nicho de perfil curvo, com chave em acanto e interiormente pintado com firmamento e albergando imaginária sobre mísulas; ático em espaldar, ornado com cartela e elementos vegetalistas, terminado em cornija contracurvada, sobreposta por motivos dourados vazados, e, no alinhamento das pilastras, fogaréus; sotobanco formado por apainelados. Altar tipo urna, com frontal ornado por cartela central de onde partem festões. Sacristia rebocada e caiada, com pavimento lajeado e tecto tipo "saia e camisa", em madeira, possuindo, dois armários encastrados nas paredes e grande arcaz, em castanho.

Época Construção
Séc. XII / XIII / XVI / XVII / XIX / XX

Cronologia
Séc. XII - Fundação do mosteiro no tempo de D. Afonso Henriques pelos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho;
1197 - D. Sancho I doutou e coutou-a devido aos serviços prestados pelo prior de D. Pedro Pires na causa nacional;
Séc. XII, finais / Séc. XIII, inícios - reconstrução da igreja; posteriormente passou a ser administrada por comendatários;
Séc. XV / XVI - os comendatários usufruíam as rendas e extraviavam-lhe os bens, emprazando-os por diminutos foros;
1540 - vagando a comenda, D. João III deu-a ao Infante D. Duarte, que a possuiu nos 3 anos seguintes antes de morrer;
1548 - a Congregação de Santa Cruz de Coimbra requereu a posse do convento; o cardeal D. Henrique metendo-se de permeio, conseguiu a renúncia do prior Manuel Godinho e anexou-o ao padroado da Companhia de Jesus, do Colégio de Coimbra; da quinta de São Fins, os monges tinham apenas a obrigação de dar para a Companhia o azeite para a lâmpada de alumiar o Santíssimo, dois cabaços de vinho para as missas e dois alqueires de trigo para o pároco;
1551 - Breve do Papa Júlio III confirmando a posse do mosteiro pela Companhia;
1558 - data da construção lateral;
1585 - data inscrita em silhar colocado sobre a rosácea da frontaria;
Séc. XVII - reforma da igreja;
1705 - o vigário recebia 100$000 e o coadjutor 70$000; rendia, juntamente com o de São Fins, 4 mil cruzados;
1758, 6 Maio - segundo as Memórias Paroquiais, a paróquia ficava fora do lugar e junto às casas de residência dos padres da Companhia de Jesus; a igreja, de uma nave, tinha orago de São João Baptista e tinha três altares: o altar-mor, onde estava o Santíssimo Sacramento e as imagens de um Santo Crucifixo muito "bem avultada", a de São João Evangelista e a de Santo Inácio de Loiola, do lado do Evangelho, e a de São Brás e de São Francisco Xavier, no da Epístola; no altar colateral do Evangelho, dedicado a Nossa Senhora, estava a imagem de Nossa Senhora da Purificação, e o colateral da Epístola era dedicado a Santo António; na Igreja não existiam Irmandades; o pároco era vigário anual e tinha coadjutor, ambos apresentados anualmente pelo reverendo superior de São Fins, como procurador do reitor de Coimbra da Companhia de Jesus; a freguesia rendia para o vigário 92$000 e para o coadjutor 30$000 um ano por outro;
1759, 12 Fevereiro - os Padres da Companhia foram presos e enviados para Braga e depois para Lisboa; 3 Setembro - expulsão da Companhia de Jesus, revertendo os seus bens para o erário régio;
1774, 4 Julho - provisão de D. José incorporando todos os bens da extinta Companhia de Jesus no património da Universidade de Coimbra, que assumiu a sua administração; o visitador da Universidade de Coimbra refere que a freguesia era grande, com 496 fogos, tendo uma igreja com residência de Jesuítas, colégio e Quinta; a igreja era grande, de cantaria e bem conservada, com a capela-mor pequena e mais antiga, tendo um retábulo antigo, bem conservado e dourado, com um painel pintado e um Crucifixo; o tecto era de abóbada e o pavimento de cantaria; a nave tinha dois altares toscos, com tábuas mal unidas e com pinturas grosseiras, tendo tecto de madeira de castanho, novo, e pavimento de cantaria; o coro era amplo; para N., tinha uma torre com dois sinos e a sacristia era baixa e escura, mandando-se fazer uma janela; não existiam casas para o pároco, mas existiam umas pequenas para o coadjutor; o Passal pouco rendia; a Universidade recebia os dízimos da freguesia e apresentava o cura, devendo fazer obras em toda a igreja, pagar 10$000 réis de côngrua ao padre e 8$000 a coadjutor e pagar ao arcebispo $714 réis; o visitador mandou levantar a planta do colégio, que tinha um amplo corredor com uma sala, cinco cubículos, refeitório e cozinha, tendo contíguas a abegoaria, dois celeiros grandes, uma adega, armazém de azeite, lagar de vinho e casas para o gado e moços; estava bastante arruinado, sobretudo nas coberturas, deixando o visitador a obra a lanços; a Quinta era constituída por terras de milho, vinha, olivais, carvalhos e castanheiros;
1798 - feitura de quatro confessionários, dois de castanho e dois de pinho;
1834 - a igreja passou a paroquial;
1835, 5 Maio - decreto incorporando nos Bens Próprios Nacionais os bens pertencentes à Universidade de Coimbra, que continuava, no entanto, a usufruir dos seus rendimentos;
1844 - fundição de sino da torre, pelo mestre sineiro de Monção, de sobrenome Santos;
1848, 21 Novembro - decreto delimitando como bens da Universidade de Coimbra apenas os edifícios estritamente necessários para o seu funcionamento, situados em Coimbra;
1900 - data inscrita no acrotério da cruz que remata a empena da frontaria;
1942 - colocação do sacrário, por acção da benemérita Maria Amélia Fernandes;
1954 - colocação do retábulo de Nossa Senhora de Fátima, por acção dos beneméritos Fraternidade Barroso Amorim e Joaquim Amorim.

Tipologia
Arquitectura religiosa, românica, maneirista e neoclássica. Igreja de planta longitudinal composta por nave única, seiscentista, e capela-mor de três tramos, o último semicircular, românica, da 1ª fase do foco do Alto Minho, interiormente cobertas com tecto de madeira e abóbada de berço e quarto de esfera, respectivamente, com torre sineira e sacristia adossada à fachada lateral esquerda. Fachada principal terminada em empena e rasgada por portal de verga recta, moldurado, encimado por frontão triangular, sobrepujado por rosácea circular. Fachadas laterais semelhantes, terminadas em cornija e rasgadas por porta travessa de verga recta, com moldura encimada por cornija, e duas janelas rectangulares, de capialço. Cabeceira com contrafortes e zona semicircular ritmada por colunas com capitéis de decoração fitomórfica, zoomórfica e antropomórfica, terminada em cornija biselada sobre modilhões igualmente esculpidos. No interior, possui coro-alto, púlpito e retábulos de talha policroma neoclássicos e um neogótico.

Características Particulares
Igreja conventual conservando a capela-mor românica, de três tramos interiores marcados por arcos torais e exteriormente apenas com dois, de volumes escalonados, marcados por contraforte no primeiro e o outro por colunas. Segundo Carlos A. F. Almeida, a potência da sua arquitectura, a veemência, volumosa e a exuberância da sua escultura nos cachorros, capitéis, quer exteriores, quer interiores, e bases das colunas, fazem da cabeceira da igreja um dos cumes do românico nacional, constituindo-se um espaço onde há um grande delírio de formas, a que o granito empresta vida especial. As quatro colunas externas da capela-mor apresentam uma iconografia de particular relevância pelo valor iconográfico dos seus capitéis. Segundo o mesmo autor, o capitel historiado com harpa e centauro pronto a disparar o arco retesado é único no nosso românico. Na capela-mor, destaca-se ainda o baixo-relevo representando São Pedro na coluna interior do lado da Epístola, a qual poderá constituir um reaproveitamento e provir do primitivo portal principal. A solução adoptada na organização do templo e na sua altura é a mesma que encontramos em Sanfins de Friestas, com a qual mantém muitas semelhanças também a nível decorativo, tendo, igualmente, grande similitude com a Igreja de Tominho, na Galiza, na esteira da sua matriz galega. O corpo da igreja, reformado no Séc. XVII, apresenta grande sobriedade nos vãos, sendo o portal da fachada principal encimado por frontão triangular e os das fachadas laterais por cornija recta. A torre sineira deverá ser de construção medieval, dado o tipo de fenestração. A pia de água benta junto ao portal axial, de pé, e a pia baptismal deverão datar do Séc. XVI, realçando-se ainda a bacia do púlpito, circular com base côncava formando concheado, colocado no lado da Epístola. Nos retábulos, muito repintados e transformados, destacam-se os painéis com representação das Almas e o martírio de São Sebastião. No adro existem sepulturas escavadas na rocha, de contorno subrectangular e antropomórfico, sarcófagos e tampas sepulcrais, algumas insculturadas, medievais.

Materiais
Estrutura em cantaria de granito aparente; paredes interiores da sacristia rebocadas e pintadas; coro-alto, guarda do púlpito, 2º lance de escadas para o coro, portas e caixilharia em madeira; 1º lance de escadas para o coro, bacia do púlpito em cantaria de granito; retábulos em talha policroma e em madeira envernizada; confessionários em madeira envernizada; janelas com grades de ferro e vidros simples; pavimentos em lajes graníticas e soalhado; tecto de madeira na nave e sacristia e cobertura em abóbada pétrea na capela-mor; sinetas de metal; cruzeiro em granito; cobertura de telha.

(fonte: IHRU)

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