Enquadramento
Rural, isolado e destacado numa zona planáltica, no sopé da vertente S. do Monte de Santo Antão *2, junto à ribeira do Colmeal; é visível a partir da EN 18 e localizam-se, a escassa distância, construções dissonantes recentes.
Descrição
Planta rectangular. Volume único, com ausência de cobertura, evoluindo em três pisos, com cerca de 12 metros de altura. Alçado NE. possui, no primeiro registo, três portas equidistantes, encimadas por quatro pequenas janelas quadrangulares, a que se segue linha horizontal de orifícios. No segundo registo, porta ladeada por duas janelas quadrangulares. No terceiro registo, três vãos sem lintel e umbrais irregulares, com diversos orifícios. Alçado SO. tem, no primeiro registo, três portas ou vãos equidistantes com lintel a altura desigual, encimadas por três vãos dispostos irregularmente. Um friso saliente, parcialmente interrompido, separa o segundo registo, com porta ladeada por duas janelas quadrangulares, a que se segue linha horizontal de oríficios. O terceiro registo é rasgado por três janelas equidistantes, tendo a central umbral de maior altura. Alçado SE. apresenta o primeiro registo estruturado em três panos com vestígios de pilastras, tendo três portas, duas das quais de composição irregular e dois pequenos vãos ao nível térreo. Friso saliente separa o segundo registo, com três portas e duas janelas quadrangulares e simétricas, a que se segue linha horizontal de oríficios. No terceiro registo, três vãos sem lintel e umbrais irregulares, apresentando diversos orifícios. Alçado NO. tem o primeiro registo estruturado em três panos com vestígios de pilastras, duas portas, uma das quais centrada e três vãos de configuração irregular. Um friso saliente separa o segundo registo, rasgado por três portas e duas janelas quadrangulares e simétricas, a que se segue linha horizontal de oríficios. No terceiro registo, três vãos sem lintel e umbrais irregulares, com diversos orifícios. Vãos de lintel recto sem moldura. INTERIOR forma espaço único, com cornija interna. O pavimento aproveita o afloramento rochoso. O edifício encontra-se ligado a um conjunto de compartimentos dos quais apenas subsistem as fundações. Observam-se duas alas paralelas ao lado maior do rectângulo, em cujo pavimento se identificam fragmentos de elementos construtivos de cantaria, nomeadamente um fragmento de frontão, assim como um conjunto de compartimentos ainda em escavação que parecem indiciar um conjunto de grandes dimensões com planta geral em U ou com pátio central.
Cronologia
Séc. I / II - Construção do edifício de função ainda indefinida, pelo Imperador Augusto ou pelo general Agripa ( A.R. Belo ); organização de um provável povoado ou cidade ( Cristóvão Aires Magalhães Sepulveda ), numa zona de exploração mineira, na proximidade da via militar Mérida - Braga e do hipotético castro do Monte de Santo Antão;
253 - morte de São Cornélio que, segundo a tradição, teria estado encarcerado neste edifício de 100 celas;
Séc. III / IV - incêndio e sequente reconstrução do conjunto, ligado a exploração agrícola ( documentado arqueologicamente ); construção de sala com ábside e larário, onde apreceram sete aras decoradas, uma delas com referências a Vénus e Minerva; época medieval - permanência da ocupação do sítio, com construção de um templo e zona de enterramentos ( existência de nove sepulturas ); provável reconstrução do 3º piso;
1188 - concessão de carta de foral à povoação de Centuncelli por D. Sancho I;
Séc. XIII / XIV - improvável reconstrução como atalaia por D. Dinis ( Pinho Leal );
1630 - referência a ruínas da povoação;
1992, 1 Junho - o imóvel foi afecto ao IPPAR, pelo Decreto-lei 106F/92;
1993 - 1998 - campanha de escavações arqueológicas sob a direcção de Helena Frade.
Tipologia
Arquitectura militar, romana. Edifício de função indefinida, provavelmente integrado numa villa romana, de planta rectangular, de volume único, com 3 pisos. Vãos de lintel recto sem moldura. Composição dos alçados regular. Edifício integrado num conjunto arquitectónico de maiores dimensões. Apresenta algumas afinidades com a Torre de Almofala, Figueira de Castelo Rodrigo.
Características Particulares
Função indefinida. Aparelho isódomo constituído por silhares de grandes dimensões, existindo diferença de aparelho entre os pisos inferiores e o superior *4. Cornija interna. Enquadramento do edifício subsistente num conjunto arquitectónico ainda em escavação.
Observações
*1 - outras designações: Centum Cellae, Centum Celas ( estas últimas as mais correctas ), Centum Celli, Centum Caeles, Centcellas, Centum Coeli.
*2 - no Monte de Santo Antão existem vestígios de fortificações, tendo sido identificados no local achados da época romana.
*3 - funções atribuídas: praetorium de acampamento militar ( A. V. Rodrigues ), prisão ( J. Almeida ), estalagem - mansio fortificado devido à proximidade de via militar ( A. R. Belo ), templo ( V. Correia ), edifício residencial de villa atendendo à compartimentação interna do conjunto ( J. Alarcão ); possuía três pisos e 22 m. de altura; atendendo à linha de oríficios murários possuiria varanda corrida em todo o perímetro e existiria uma conduta de água construída em tijolo entre o edifício e a Ribeira de Colmeal, segundo informações locais prestadas a Aurélio Ricardo Belo.
*4 - esta diferença levou alguns historiadores a considerar a possibilidade de se tratar dum edifício do séc. 4 a.C., uma casa rica da Lusitânia Pré-Romana.
*5 - referente apenas ao edifício subsistente.
*6 - espólio confiado em 1962 a Fernando de Almeida.
*7 - espólio recolhido nas escavações dirigidas por Aurélio Ricardo Belo e depositados no Museu Francisco Tavares Proença Júnior ( Castelo Branco ): cerâmica comum; terra sigillata, cerâmica cinzenta fina polida, cerâmica pintada, numismas, fíbula zoomórfica, alfinete, pesos de tear, fragmentos de ossos incinerados e carvões; Francisco Tavares Proença Júnior terá identificado vestígios de exploração metalífera romana, de habitações e cemitério romanos.
(fonte: IHRU)
Rural, isolado e destacado numa zona planáltica, no sopé da vertente S. do Monte de Santo Antão *2, junto à ribeira do Colmeal; é visível a partir da EN 18 e localizam-se, a escassa distância, construções dissonantes recentes.
Descrição
Planta rectangular. Volume único, com ausência de cobertura, evoluindo em três pisos, com cerca de 12 metros de altura. Alçado NE. possui, no primeiro registo, três portas equidistantes, encimadas por quatro pequenas janelas quadrangulares, a que se segue linha horizontal de orifícios. No segundo registo, porta ladeada por duas janelas quadrangulares. No terceiro registo, três vãos sem lintel e umbrais irregulares, com diversos orifícios. Alçado SO. tem, no primeiro registo, três portas ou vãos equidistantes com lintel a altura desigual, encimadas por três vãos dispostos irregularmente. Um friso saliente, parcialmente interrompido, separa o segundo registo, com porta ladeada por duas janelas quadrangulares, a que se segue linha horizontal de oríficios. O terceiro registo é rasgado por três janelas equidistantes, tendo a central umbral de maior altura. Alçado SE. apresenta o primeiro registo estruturado em três panos com vestígios de pilastras, tendo três portas, duas das quais de composição irregular e dois pequenos vãos ao nível térreo. Friso saliente separa o segundo registo, com três portas e duas janelas quadrangulares e simétricas, a que se segue linha horizontal de oríficios. No terceiro registo, três vãos sem lintel e umbrais irregulares, apresentando diversos orifícios. Alçado NO. tem o primeiro registo estruturado em três panos com vestígios de pilastras, duas portas, uma das quais centrada e três vãos de configuração irregular. Um friso saliente separa o segundo registo, rasgado por três portas e duas janelas quadrangulares e simétricas, a que se segue linha horizontal de oríficios. No terceiro registo, três vãos sem lintel e umbrais irregulares, com diversos orifícios. Vãos de lintel recto sem moldura. INTERIOR forma espaço único, com cornija interna. O pavimento aproveita o afloramento rochoso. O edifício encontra-se ligado a um conjunto de compartimentos dos quais apenas subsistem as fundações. Observam-se duas alas paralelas ao lado maior do rectângulo, em cujo pavimento se identificam fragmentos de elementos construtivos de cantaria, nomeadamente um fragmento de frontão, assim como um conjunto de compartimentos ainda em escavação que parecem indiciar um conjunto de grandes dimensões com planta geral em U ou com pátio central.
Cronologia
Séc. I / II - Construção do edifício de função ainda indefinida, pelo Imperador Augusto ou pelo general Agripa ( A.R. Belo ); organização de um provável povoado ou cidade ( Cristóvão Aires Magalhães Sepulveda ), numa zona de exploração mineira, na proximidade da via militar Mérida - Braga e do hipotético castro do Monte de Santo Antão;
253 - morte de São Cornélio que, segundo a tradição, teria estado encarcerado neste edifício de 100 celas;
Séc. III / IV - incêndio e sequente reconstrução do conjunto, ligado a exploração agrícola ( documentado arqueologicamente ); construção de sala com ábside e larário, onde apreceram sete aras decoradas, uma delas com referências a Vénus e Minerva; época medieval - permanência da ocupação do sítio, com construção de um templo e zona de enterramentos ( existência de nove sepulturas ); provável reconstrução do 3º piso;
1188 - concessão de carta de foral à povoação de Centuncelli por D. Sancho I;
Séc. XIII / XIV - improvável reconstrução como atalaia por D. Dinis ( Pinho Leal );
1630 - referência a ruínas da povoação;
1992, 1 Junho - o imóvel foi afecto ao IPPAR, pelo Decreto-lei 106F/92;
1993 - 1998 - campanha de escavações arqueológicas sob a direcção de Helena Frade.
Tipologia
Arquitectura militar, romana. Edifício de função indefinida, provavelmente integrado numa villa romana, de planta rectangular, de volume único, com 3 pisos. Vãos de lintel recto sem moldura. Composição dos alçados regular. Edifício integrado num conjunto arquitectónico de maiores dimensões. Apresenta algumas afinidades com a Torre de Almofala, Figueira de Castelo Rodrigo.
Características Particulares
Função indefinida. Aparelho isódomo constituído por silhares de grandes dimensões, existindo diferença de aparelho entre os pisos inferiores e o superior *4. Cornija interna. Enquadramento do edifício subsistente num conjunto arquitectónico ainda em escavação.
Observações
*1 - outras designações: Centum Cellae, Centum Celas ( estas últimas as mais correctas ), Centum Celli, Centum Caeles, Centcellas, Centum Coeli.
*2 - no Monte de Santo Antão existem vestígios de fortificações, tendo sido identificados no local achados da época romana.
*3 - funções atribuídas: praetorium de acampamento militar ( A. V. Rodrigues ), prisão ( J. Almeida ), estalagem - mansio fortificado devido à proximidade de via militar ( A. R. Belo ), templo ( V. Correia ), edifício residencial de villa atendendo à compartimentação interna do conjunto ( J. Alarcão ); possuía três pisos e 22 m. de altura; atendendo à linha de oríficios murários possuiria varanda corrida em todo o perímetro e existiria uma conduta de água construída em tijolo entre o edifício e a Ribeira de Colmeal, segundo informações locais prestadas a Aurélio Ricardo Belo.
*4 - esta diferença levou alguns historiadores a considerar a possibilidade de se tratar dum edifício do séc. 4 a.C., uma casa rica da Lusitânia Pré-Romana.
*5 - referente apenas ao edifício subsistente.
*6 - espólio confiado em 1962 a Fernando de Almeida.
*7 - espólio recolhido nas escavações dirigidas por Aurélio Ricardo Belo e depositados no Museu Francisco Tavares Proença Júnior ( Castelo Branco ): cerâmica comum; terra sigillata, cerâmica cinzenta fina polida, cerâmica pintada, numismas, fíbula zoomórfica, alfinete, pesos de tear, fragmentos de ossos incinerados e carvões; Francisco Tavares Proença Júnior terá identificado vestígios de exploração metalífera romana, de habitações e cemitério romanos.
(fonte: IHRU)
Olho para esta construção, para a sua talha, a sua forma de ser, e recordo-me de outra: uma, há muito submersa no atlântico.
2 comentários:
Olho para esta construção, para a sua talha, a sua forma de ser, e recordo-me de outra: uma, há muito submersa no atlântico.
Encontro-me a iniciar um estudo sobre como intervir nesta "Tore".
E Gostava de ter a sua colaboração e/ou opinião!
Faz mencão a uma outra submersa
Qual?
Como se devera intervir neste M. Nacional opinião?
Agradeço a sua gentileza em pedir a minha opinião:
Trata-se de construções dos tempo da Atlântida agora, largamente, submersa nas águas do Atlântico.
'Quanto menos intervenção, melhor intervenção' - quero eu dizer com isto que, ou é feito um estudo extremamente aprofundado com várias especialidades, desde arquitectos, engenheiros, arqueólogos, historiadores, desenhadores, informáticos, etc, uma vasta equipa que possa determinar com minúcia o tipo de pedra, a forma da sua colocação, a sua significação, o espírito da sua construção, o fim da sua utilização ... só depois disso, é verdadeiramente possível e útil, a intervenção em Centum Cellas.
Tem que estar de acordo com o espírito do local, e essa, é uma leitura que requer não só muito estudo prévio, mas muito Coração.
Renovo os meus agradecimentos, e faço votos que o seu estudo seja profícuo, saudações
Enviar um comentário