sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Gil Vicente: o dramaturgo, e, o ourives

Gil Vicente, foi a um tempo ourives e dramaturgo.

Enquanto ourives, ganhava o seu sustento e dos seus. E, enquanto dramaturgo, dava asas à sua enorme capacidade cénica e imaginativa

Manteve sempre uma forte ligação a Tomar, na medida em que na sua qualidade de ourives, foi fiscal de todas as obras de ouro e prata do Convento de Cristo, nomeado por D. Manuel. Esta peça, pode ser o resultado da sua capacidade de ourives (recorde-se que Gil Vicente nasceu na região da ourivesaria por excelência; a filigrana portuguesa).

Foi no Convento de Cristo, e perante D. João III, que levou à cena pela primeira vez a Farsa de Inês Pereira.

A peça teatral contaria as aventuras de uma tomarense do século XVI, tão bonita quanto cabeça de vento. Tinha dois namorados: um, sério e trabalhador, mas calado e antiquado; e o outro, um doidivanas, mas bom dançarino e cantor.

Inês acabou por escolher o mais divertido para casar-se. Contudo, o dançarino era muito ciumento e violento; batia-lhe e fechava-a a sete chaves. A pobre Inês pensava ter desposado uma festa contínua, e acabou trancafiada.

Valeu-lhe que o marido era escudeiro, e que acabou por ter de partir para a guerra no norte de África, onde acabou por morreu em combate contra os mouros.

Inês Pereira tornou-se o modelo da víuva alegre, e não tardou a casar-se com o seu primeiro pretendente.
Já tinha a sua cota parte de ciúmes e sovas.

Soía dizer: "Antes quero asno que me leve, do que cavalo que me derrube."

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