terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Santuário de Nossa Senhora da Assunção da Boa Nova

Enquadramento
Rural. Isolado num vale que termina na ribeira de Lucefece.
A cerca de 50 m encontra-se a casa de habitação do casal que guarda a capela.

Descrição
Um cruzeiro, pouco depois do cemitério, marca o início do arruamento que conduz ao santuário; a c. de metade do percurso, outro cruzeiro a partir do qual um alinhamento ténue de árvores marca o percurso até ao terreiro da capela; este apresenta ligeira pendente, sendo definido por murete com banco que em toda a sua extensão oferece locais de estadia em redor do santuário. Fronteiro à entrada da capela, aglomerado de construções e um alinhamento de palmeiras constituindo uma cortina. Capela em planta de cruz grega com braços desiguais totalmente abobadada no interior. Cobertura exterior em telhado de linhas radiadas. As quatro fachadas apresentam o mesmo aspecto. A fachada principal a O., a fachada N. e a fachada S. têm uma porta simples de arco quebrado sobrepujada por uma estreita fresta, sobre a qual há um balcão avançado do tipo de matacães. A fachada principal é encimada pelo campanário com um sino de bronze. No extradorso da capela-mor, fachada E., abre-se uma fresta, obstruida pela montagem interior do retábulo. O edifício é rematado em todo o redor por uma coroação de merlões e ameias de tipo claramente defensivo. Cobertura exterior em telhado de várias pendentes. Espaço interior diferenciado. A capela-mor ocupa totalmente o braço E. A abóbada tem uma composição mural que cobre totalmente o tecto em 20 quadros rectangulares com temas bíblicos do Apocalipse de São João e com representações de reis da primeira dinastia. Os restantes braços da igreja apresentam várias pinturas murais do início do século, representando figuras de santos, segundo cópias oitocentistas, enquadradas por molduras de estuque. Os altares colaterais têm retábulos em talha.

Utilização Actual
Religiosa: santuário (Festa móvel em honra de Nossa Senhora da Boa Nova, da responsabilidade da Confraria de Nossa Senhora da Boa Nova, realiza-se no Domingo de Pascoela)

Cronologia
1340 - Fundação por voto de D. Maria, mulher de Afonso X de Castela e filha de D. Afonso V, relacionado com a vitória da Batalha do Salgado;
1700 - Arranjo da igreja ordenado pelo comendador Luís Lencastre; construção do actual campanário;
Séc. XVIII - construção dos dois altares colaterais.

Tipologia
Arquitectura religiosa, gótica, fortificada. Santuário com capela-fortaleza em cruz grega totalmente abobadada, evidenciando paralelismos com a igreja-fortaleza da Flor da Rosa, no Crato.

Características Particulares
O carácter religioso é reforçado e fortalecido, pela relação com a paisagem envolvente.

Dados Técnicos
Paredes portantes reforçadas por cunhais em silharia e travadas por abóbadas sob coberturas de pendentes.

Materiais
Alvenaria de pedra argamassada, rebocada e caiada *1. Silharia dos cunhais em granito. Cobertura em telha com drenagem lateral em algeroz e saída em gárgulas de granito. Caixilharia em madeira pintada. Revestimentos interiores em reboco caiado ou com pinturas em fresco. Pavimentos interiores em tijoleira e lages de xisto. Exteriores em calçada de mármore. Vivos: Palmeiras e Eucaliptos. Inertes: muros de suporte e terra batida.

Observações
*1 - parte deste revestimento foi demolido; Afonso X, o Sábio, refere-se nas cantigas de Santa Maria, ao Templo de Terena.

2 comentários:

simon disse...

Imagens antigas do templo mas que são magestosas. Entre nós é um exemplar único mesmo se comparado com Leça do Balio ou com a Flor da Rosa, esta última muito modificada com as obras de adaptação a pousada.

Sigillum disse...

Um exemplar único, sim; as imagens antigas são bem mais reveladoras da essência do templo. Quem tirou as fotos devia amar aquele santuário.

Bom Ano 2011 para si