Um dia vendo-se uma matrona aflita com dores de parto, no seu desespero rogou que a criança mal nascesse, fosse levada, por todos os demónios, pelos ares. Assim aconteceu no meio de um estrondo enorme. O ermitão Amador, que ali vivia, apercebendo-se do que acontecia, pediu a S. Pedro que lhe entregasse a criança e a libertasse do poder infernal. Foi ouvido o santo homem, que começou então a preocupar-se, sem saber como havia de alimentar o menino. Como por milagre surgiu uma corça, que passou a sustentar o menino com o seu leite, quatro vezes por dia. A criança cresceu tendo-se feito anacoreta como o seu protector e foi o fiel companheiro do ermitão até à sua morte, depois do que teria sido sepultado sob o altar da capela, onde se lhe juntou mais tarde o seu protegido.
- Maria Manuela de Campos Milheiro, Monsanto
Esta é uma versão da lenda de S. Pedro de Vir-à-Corça/ S. Pedro de Ver-a-Corça/ Vira Corça, há contudo outras versões da lenda, algumas bem diferentes.
Em comum, parecem associar os ermitões à assistência aos enfermos e a locais ermos onde se supõe existirem poderes mágicos ou assistência milagrosa.
A autora desta versão da lenda sustenta que a mesma é uma duplicação de lenda idêntica de um outro santo também de nome Amador, que terá vivido em Narbonne.
As duas lendas cruzam-se, pelo facto de no reinado de D. Sancho I ter entrado em Portugal a congregação de RocAmador (ou Rocamadour) para ajudar o rei a conquistar Silves.
Posteriormente, a congregação fundou vários hospitais para tratar os enfermos, normalmente nas imediações de fontes tidas por milagrosas, como será o caso de uma fonte que existe nas imediações da capela de S. Pedro.
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