sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Mosteiro de Tarouquela


Enquadramento
Rural, a meia encosta, destacado, harmonizado com a paisagem, nas margens do Rio Douro. Isolado e separado dos terrenos envolventes, a maior parte cultivados com vinha, por adro. Na zona posterior e lateral direita, situa-se o cemitério.
No exterior, três arcas tumulares.

Descrição
Planta longitudinal composta irregular, volumes articulados (nave única, torre sineira, capela-mor e capela adossada ao lado esquerdo da capela-mor) e disposição horizontalista das massas.
Cobertura diferenciada de telhado a uma e duas águas.
Fachada principal voltada a O., com pórtico de arco apontado, seis colunelos com capitéis insculpidos, três arquivoltas e tímpano. Sobre as impostas, dois mamíferos, quadrúpedes, abocanham, pelos pés, o que parece ser uma criança. Sobre o pórtico, uma fenestração de arco a pleno centro e empena angular com cornija encimada por cruz.
Lateralmente, torre sineira cega e campanário com arco a pleno centro.
Remate em cornija, pináculos e cobertura em pirâmide coroada por bola e cruz metálica. Alçado N. tem, no volume da nave, duas fenestrações de arco a pleno centro.
Remate em cornija, apoiada em cachorros.
No corpo da capela-mor, contrafortes até sensivelmente 2/3 do comprimento.
Existência de friso decorado.
Duas fenestrações de arco apontado, cachorros portantes da cornija. Alçado E. é cego na capela-mor, com remate em empena, tendo cornija e cruz no vértice.
No corpo da capela lateral, óculo polilobado.
Alçado S. marcado pelo corpo da torre sineira e escadaria de acesso.
Pórtico lateral com arco apontado e tímpano.
Existência de friso e duas fenestrações de arco apontado.
Cachorrada, suportando a cornija.
Capela lateral com duas janelas geminadas. Cachorrada sustentando a cornija.
A sua frontaria nasce do contraforte do cruzeiro da igreja e é rasgada por uma porta ogival de toros e meias canas nas arquivoltas internas. Os modilhões da cornija apresentam-se decorados com motivos fito e zoomórficos.
Existência de contrafortes e gárgulas.
INTERIOR de nave única com capela-mor profunda e arco triunfal de arco apontado, com vestígios de policromia, ladeado por dois altares. Tecto de madeira. As paredes laterais da igreja encontram-se marcadas com arcos ricamente decorados apoiados em colunelos de capitéis historiados, o mesmo sucedendo com os interiores das fenestrações. Dois altares laterais em talha encontram-se respectivamente do lado do Evangelho e da Epístola. Frisos insculturados rodeiam a igreja.
Do lado do Evangelho, um púlpito com guarda em talha dourada, nicho onde se insere a pia baptismal. Capela-mor com três arcos de volta perfeita, decorados, apoiados em colunelos de capitéis historiados. São cegos e encimados por friso decorado. Duas fenestrações de arco de volta perfeita com o perfil e os colunelos decorados.
Altar-mor de talha.
Dois arcos de volta perfeita, decorados, ladeiam a porta, de arco a pleno centro, de acesso à Capela lateral.
Existência de friso decorado. No segundo registo, dois arcos de volta perfeita, decorados, um deles cego, o outro encimando a porta, com fenestração à laia de seteira.
Tecto em falsa abóbada de berço, de madeira pintada.
Capela lateral com porta comunicante com a capela-mor.
Friso decorado, com motivos geométricos, sobre o qual assenta a janela de arco de volta perfeita, fenestrada como seteira, com duplo par de colunelos.
Iluminação efectuada através de óculo polilobado e 2 janelas geminadas.

Época Construção
Séc. XII / XIII / XVII

Cronologia
Séc. XI - a vila de Tarouquela é citada em documentação;

Séc. XII - construção da igreja pela Ordem das Cónegas Regrantes de Santo Agostinho;

1162 - é referida a existência do mosteiro;

1170 - o mosteiro pagava anualmente 3 áureos à Sé de Lamego;

1185 - o mosteiro passou para a Ordem de São Bento;

1194 - doação de D. Urraca Viegas;

Séc. XII, final - era abadessa D. Urraca Viegas, filha de Egas Moniz, que se recolheu ao mosteiro após a morte do esposo;

1226 - as freiras pagavam 3 móios de pão à Sé, do qual foram dispensadas em 1230;

1298, 16 Agosto - o bispo de Lamego, D. Vasco, doa a D. Aldonça Martins, abadessa de Tarouquela, o censo que o mosteiro deveria entregar ao bispado;

Séc. XIV - na face S. da Igreja, foi adossada capela gótica dedicada a São João Baptista, mandada construir por Vasco Lourenço;

1536 - as monjas foram transferidas para o Mosteiro de São Bento da Avé-Maria, no Porto;

1943, 22 Junho - a Junta da Província do Douro Litoral escreve à DGEMN a sugerir a classificação do imóvel;

1946, 10 Setembro - a Junta de Freguesia de Tarouquela pede autorização para construir um ramal de estrada de acesso à igreja;

1977, 17 Maio - existência de dois túmulos na capela-mor, de antepassados de Pedro de Sousa Vasconcelos, proprietário da Capela de São João Baptista, anexa à igreja;

1983, 29 Dezembro - aquisição, pelo Estado, da Capela anexa à Igreja, a Pedro Sousa de Vasconcelos e outros por 319.000$00, para adaptação a sacristia.

Tipologia
Arquitectura religiosa, românica, gótica e maneirista.
Mosteiro feminino da Ordem regrante de Santo Agostinho, reaproveitado pela Ordem de São Bento, de que resta a igreja, de nave única, com capela-mor mais estreita e baixa, com contrafortes exteriores.
Escassamente iluminada por óculos e seteiras e pórticos de volta perfeita ou apontados.
Remate em cornija com cachorrada. Retábulo de talha policromada maneirista.

Características Particulares
Capela-mor de desproporcionada dimensão. Profusão de decoração românica nas impostas, frisos, colunelos e capitéis. Afinidades decorativas com as Igrejas de Balsemão e Sernancelhe.

Observações
*1 - a desproporção da capela-mor dever-se-á possivelmente a acrescento em campanha de obras posteriores; como suporte teórico a interrupção do friso, a ausência de contraforte a partir de determinada altura; situação que se verifica dos dois lados da capela-mor.

(fonte: IHRU)

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