sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Granjinha, Capela da Granjinha

O topónimo "Granjinha, ou Granginha" provém do vocábulo "Grangia", que por sua vez, teve origem em Grange, de origem Franca.

Foi introduzido pelos Monges Cistercienses no Séc.XII.

Porém, a fundação desta Aldeia é muito anterior.

Alguns vestígios encontrados (e surripiados) nos meados do século passado (e os imensos que permanecem «escondidos») indicam a sua origem Celta, - a sua ocupação romana, visigótica e mourisca - o que não é nada de estranhar, pois os Celtas o Noroeste da Península ocuparam durante séculos.

Os primeiros cristãos e Monges, que dela fizeram mosteiro e coutada, apagaram-lhe o nome e alteraram, de acordo com as suas conveniências, o tempo pré-existente, assim com o fizeram com a Cruz, outros símbolos e cultos.

"Lá, ainda se ama a Natureza, se respeita o respeito, se recorda com saudade, se sofre com resignação, e se vive com amor.
E os que nela morrem têm direito ao céu!"

Uma capelinha visigótica arruinada perdida entre ramadas, com um original pórtico ornado de figuras zoomórficas que são desafios em pedra à imaginação. No telhado, uma airosa cruz vazada parece querer levantar voo. E dentro, por detrás do tosco altar de talha que durante séculos a escondeu, a mais bonita ara romana que se pode ver. É assim. O nosso génio criador, por mais que se exceda, acaba sempre nisto: num pungente testemunho de que só a incompreensão e o abandono esperam no futuro as obras de qualquer presente.

- Miguel Torga, Diário XIV

Descrição
Capela de planta rectangular com a cabeceira e nave de comprimento semelhantes, diferenciando-as internamente o arco triunfal e a menor largura da cabeceira.
No exterior apresenta-se quase como um único volume, diferenciando-se a cabeceira apenas pela menor largura.
A fachada anterior, de muro espesso, apresenta um portal decorado com duas arquivoltas com animais afrontados.
Sob as impostas, também decoradas, os 4 capitéis exibem temas zoomóficos e vegetalistas, apoiando-se em colunas lisas.
Um nicho com uma cara, junto do capitel do lado N. representa uma inspiração local. Duas consolas, situadas ao nível do topo do portal, denunciam um alpendre desaparecido. Sobre a empena da fachada ergue-se um pequeno campanário com uma única ventana, e sobre a empena da cabeceira uma cruz terminal vazada.
O telhado, com estrutura em madeira, apresenta duas águas revestidas com telha de aba e canudo.

Época Construção
Séc. XIII

Cronologia
O portal deve ser da primeira metade do Séc. XIII (GRAF 1988: 301), ou de finais do Séc. XIII (ALMEIDA 1986: 104).

Tipologia
Arquitectura religiosa, românica.

Características Particulares
A capela integra-se na área arqueológica de uma villa romana que perdurou na Alta Idade Média.
As sondagens arqueológicas realizadas no interior da capela revelaram restos de pavimentos em "opus signinum", um muro romano de bom aparelho e dois níveis de necrópole medieval.
Os animais afrontados das arquivoltas inspiram-se em modelos bracarenses.

Materiais
Paredes em granito e cobertura em madeira com revestimento de telha de aba e canudo

(fonte: IHRU)

5 comentários:

Pedro disse...

"Inspirada" na do Santo Sepulcro de Penha Alva.
"Igualzinha".

Sigillum disse...

Muito interessante

Este País é um Mundo

Hernâni Fidalgo disse...

Uma igreja do românico do Minho pelo que eu entendi.A que concelho pertence? Os capitéis e as arquivoltas do portal são muito interessantes, aquela decoração zoomórfica e vegetalista é um espanto!O nosso românico rural é único e merecia, por isso, uma melhor divulgação com roteiros culturais, turísticos, gastronómicos etc.
Hernâni

Sigillum disse...

Esta Capela é perto de Chaves, Concelho de Chaves.
Mas, Chaves, tem muitas e muitas surpresas: um mundo.

No dia em que os portugueses perceberem o imenso tesouro que é este País, perceberam o quanto são abençoados, e como são ingratos. Nesse momento pode ser que passem a ser bem mais felizes.

Esses roteiros teimam em não ver a "luz do dia", e sem dúvida que seriam uma mais valia para qualquer Município.

Hernâni Fidalgo disse...

Chaves... interessante! Tão perto e não conhecia, tenho de passar lá.
Obrigada