Arquitectura militar, medieval. Castelo roqueiro de planta rectangular, mantendo muralhas com cubelos rectilíneos e a torre de menagem quadrangular, de três pisos, com porta de acesso num nível superior, em arco apontado e com matacães, e coroada por merlões, com seteiras; mantém, ainda, a cisterna quadrangular, com interior abobadado e o recinto da primitiva praça de armas.
Descrição
Pequeno castelo roqueiro, de planta rectangular, de que subsistem alguns troços de muralha, interrompidos por rochas, com cerca de 12 m. de altura, a torre de menagem, alguns cubelos e pequeno pátio, correspondente à primitiva praça de armas. Na muralha, é visível um cubelo de perfil rectilíneo e, a N., uma porta em arco pleno com moldura constituída pelas aduelas do arco, protegida por barbacã com cubelo que já não apresenta os merlões. Torre de menagem, de planta poligonal irregular, com cunhais de cantaria, actualmente com três pisos, ficando a porta a um nível elevado, correspondente ao segundo piso, em arco apontado, com moldura de cantaria e vestígio de matacães; no interior da torre, são visíveis os vestígios dos três registos, sendo os dois primeiros para habitação e o último de defesa, rematado por merlões com seteiras. Mantém zonas com coberturas em abóbadas de berço. Em época incerta, construíram um muro que dividia estes dois pisos em duas dependências. Em frente à torre, vestígios de edificações mais pequenas, correspondentes às primitivas cavalariças e cozinha. O recinto que está intramuros é de reduzidas dimensões e possui afloramentos rochosos de várias toneladas, bom como uma estrutura baixa, com acesso por porta de verga recta, a primitiva cisterna, de planta quadrangular irregular, com cerca de 30 metros quadrados e com 3 de altura, tendo capacidade para cerca de 90 mil litros de água, com interior abobadado e com estrutura em terraço, onde é possível ainda ver a clarabóia, apesar de totalmente obstruída.
Enquadramento
Rural, isolado, situado numa escarpa maciça rochosa de 690 m. de altitude, denominado Cabeço da Penenciada, sobranceiro à margem direita do rio Angueira, ao fundo do desfiladeiro dominado pelo imóvel. Para N., fica a vila.
Cronologia
Séc. XII - D. Mendo Rufino (ou Bofino), senhor da região por doação de D. Afonso Henriques, ordena a construção da fortificação, para vigiar a fronteira com Leão, apesar de alguns autores defenderem uma construção posterior, do tempo dos mouros;
Séc. XII / XIII - o alcaide oferece o castelo de "Ulgoso" a D. Sancho I, que, em recompensa, oferece o senhorio de Vimioso a Mendo Rufino; o monarca planeava converter Algoso em cabeça de um vasto território, que abrangeria as circunscrições de Miranda do Douro e Penas Róias;
1212-1213 - invasão e ocupação do castelo pelas tropas do rei de Leão, Afonso IX, como represália à contestação do rei português contra as doações às suas irmãs;
1219 - estabelece-se a paz entre os reinos de Leão e Portugal;
1224, Abril - D. Sancho II doa o castelo com "todos os seus termos e pertenças" ao prior D. Rui Pais e seus "sucessões, irmãos freires";
1226 - no castelo ficava a primitiva matriz, dedicada a Nossa Senhora da Assunção ou do Castelo;
1258 - nas Inquirições, aponta-se como autor da doação do castelo à Ordem do Hospital, quer a D. Afonso Henriques quer a D. Sancho II;
1291 - o comendador de então, Fr. Pedro Lourenço, aparece numa demanda e contenda entre D. Dinis e a Ordem do Hospital, onde se mencionam como pertencendo à Ordem e unido à Comenda de "Ulgoso" as aldeias de Serapicos, Vila Chã da Beira, Uva, Mora, Saldanha, Sendim, Picote, Vilar Seco, Vinhão e casais de Cerceo;
1298 - D. Dinis manda reedificar a fortaleza;
1341, Agosto - carta-sentença de D. Afonso IV informando que, nesse ano, Fr. D. Álvaro Gonçalves Pereira era "Priol do Spital nos seus reynos, e que lhe pertencia o Castello de Ulgoso com seu termo desde tempo immemorial";
1480 - D. Afonso V outorga foral à povoação;
1510 - D. Manuel I concede novo foral à vila;
1530 - castelo possui cisternas, com revelim e respectivas casernas onde vivia o alcaide;
1588 - era alcaide Frei Gonçalo de Azevedo, nomeado por Filipe II;
Séc. XVII - possível abandono desta zona do castelo, surgindo a nova povoação num planalto, correspondente à localização actual;
1684, 22 Junho - no Tombo dos Bens da Comenda de Algoso faz-se uma descrição do imóvel e do respectivo estado de conservação *1;
1689 / 1690 - a municipalidade de Vimioso manda fazer trabalhos de consolidação e restauro;
1710 - última ocupação militar da fortaleza, no contexto da Guerra de Sucessão de Espanha;
1935 - descrição do castelo pelo Padre Miranda Lopes;
1944, Junho - o município requer à DGEMN obras no imóvel;
1974, Junho - verifica-se ser necessária a desobstrução da torre, consolidação de alvenarias e abóbadas;
1992, 1 Junho - o imóvel foi afecto ao IPPAR, pelo Decreto-lei 106F/92;
2002 - assinatura de um protocolo entre a Câmara de Vimioso e o IPPAR para transformação do imóvel em núcleo museológico;
2006 - projecto de criação de um centro de interpretação, pelo IPPAR.
Características Particulares
Castelo fronteiriço para vigia e defesa do perigo proveniente do reino de Leão, parecendo-se mais com uma atalaia, ao jeito de Penas Róias, elevado entre vales, bem defendido pela orografia, visionando uma vasta região fronteiriça. A cisterna mantém-se relativamente bem conservada, com abóbada de aresta, junto à muralha, bem como a torre de menagem românica, com reconstrução gótica, como se depreende do vão apontado da porta de acesso.
Observações
*1 - "Para a parte do poente estava hua porta de carvalho chapeada de ferro com o ferrolho grosso da parte de dentro, e um postigo na mesma porta, na qual já faltavam algumas barras, e por esta se entra em um fortim de obra morta, que fica para a parte do norte, dentro do qual, no muro do castelo, à mão direita, fica hua porta, e desta se sobe por uns degraus de pedra que ficam entre o muro e a tôrre; e logo se entra por terceira porta chapeada de pregos e barras de ferro, com fechaduras e ferrolhos pela parte de dentro, e desta porta se entra em uma casa, no meio da qual havia um "asapão" (sic), que decia para um fallço, e dentro da dita casa, que se acha arruinada de telhados, estão quatro portas, uma em entrando e outra entrando nela; à mão direita se entra em hua casa que serviu de tulha, com uma fenestra para o poente; desta se passa a outra casa que servia de almazem de polvora com duas fenestras, uma para o poente e outra para o norte; segunda porta que sobre uma escada de pedra tosqua para a tôrre e muro; terceira porta, a primeira e principal do muro, que sai a um patim, que tem hua porta grande para uma casa, que serve de cavalariça, arruinada; e deste patim se entra em outra casa grande com dois fornos e hua pia de cantaria grande, que tudo se acha arruinado, e no mesmo patim está outra porta fronteira à principal do patim, porque se entra em uma casa de cavalariça e lenha arruinada, e desta casa se sai a outro patim que fica para a parte do sul, sobre o rio Angueira; quarta porta na primeira casa do muro, para a parte do sul, por que se entra em uma casa de sisterna de abobada, com janela no tecto da abobada, e sobre esta um fortim com suas guarnições e campo para uma peça; junto da porta sisterna, na primeira casa sobre uma escada de pedra tosqua, da parte do nassente para o norte, que colhe a mayor parte do muro, e (...) sobe ao alto da torre donde está hua caza que servia de armas, donse se sae para hua porta que, à parte do sul, faz hua ponte sobre o dito rio, com suas ameyas; e junto desta casa dece hua esquada de pedra tosqua, e vem dar à segunda porta da primeira caza dentro da primeira salla; da primeira porta se sobe por hua esquada de madeira que dá em outra salla que a cobre, e na caza das armas nesta salla está hua porta ao nassente que dizem sahia para hua varanda de madeira; e desta mesma caza se sobe por hua esquada de mão para a tallaya da torre; e fica todo o castelo fundado sobre o muro da parte do poente, continuando ao norte e da parte do norte, ao sul e nascente, fiquão muros divididos da torre, dentro dos quais se acham as cazas assima sobreditas e declaradas, e tudo arruinado emcapaz de defeza e abitação; e não tem o dito castello o barbaquão nem foços por não lhe serem necessarios pella eminencia do monte em que está fundado, nem tem armas nem monição, carretas nem peças; tem hua torre no meyo em que se achão as cazas de que se tem feito menção, a qual torre é coadrada sem abertura nem ruyna no corpo dela".
Descrição
Pequeno castelo roqueiro, de planta rectangular, de que subsistem alguns troços de muralha, interrompidos por rochas, com cerca de 12 m. de altura, a torre de menagem, alguns cubelos e pequeno pátio, correspondente à primitiva praça de armas. Na muralha, é visível um cubelo de perfil rectilíneo e, a N., uma porta em arco pleno com moldura constituída pelas aduelas do arco, protegida por barbacã com cubelo que já não apresenta os merlões. Torre de menagem, de planta poligonal irregular, com cunhais de cantaria, actualmente com três pisos, ficando a porta a um nível elevado, correspondente ao segundo piso, em arco apontado, com moldura de cantaria e vestígio de matacães; no interior da torre, são visíveis os vestígios dos três registos, sendo os dois primeiros para habitação e o último de defesa, rematado por merlões com seteiras. Mantém zonas com coberturas em abóbadas de berço. Em época incerta, construíram um muro que dividia estes dois pisos em duas dependências. Em frente à torre, vestígios de edificações mais pequenas, correspondentes às primitivas cavalariças e cozinha. O recinto que está intramuros é de reduzidas dimensões e possui afloramentos rochosos de várias toneladas, bom como uma estrutura baixa, com acesso por porta de verga recta, a primitiva cisterna, de planta quadrangular irregular, com cerca de 30 metros quadrados e com 3 de altura, tendo capacidade para cerca de 90 mil litros de água, com interior abobadado e com estrutura em terraço, onde é possível ainda ver a clarabóia, apesar de totalmente obstruída.
Enquadramento
Rural, isolado, situado numa escarpa maciça rochosa de 690 m. de altitude, denominado Cabeço da Penenciada, sobranceiro à margem direita do rio Angueira, ao fundo do desfiladeiro dominado pelo imóvel. Para N., fica a vila.
Cronologia
Séc. XII - D. Mendo Rufino (ou Bofino), senhor da região por doação de D. Afonso Henriques, ordena a construção da fortificação, para vigiar a fronteira com Leão, apesar de alguns autores defenderem uma construção posterior, do tempo dos mouros;
Séc. XII / XIII - o alcaide oferece o castelo de "Ulgoso" a D. Sancho I, que, em recompensa, oferece o senhorio de Vimioso a Mendo Rufino; o monarca planeava converter Algoso em cabeça de um vasto território, que abrangeria as circunscrições de Miranda do Douro e Penas Róias;
1212-1213 - invasão e ocupação do castelo pelas tropas do rei de Leão, Afonso IX, como represália à contestação do rei português contra as doações às suas irmãs;
1219 - estabelece-se a paz entre os reinos de Leão e Portugal;
1224, Abril - D. Sancho II doa o castelo com "todos os seus termos e pertenças" ao prior D. Rui Pais e seus "sucessões, irmãos freires";
1226 - no castelo ficava a primitiva matriz, dedicada a Nossa Senhora da Assunção ou do Castelo;
1258 - nas Inquirições, aponta-se como autor da doação do castelo à Ordem do Hospital, quer a D. Afonso Henriques quer a D. Sancho II;
1291 - o comendador de então, Fr. Pedro Lourenço, aparece numa demanda e contenda entre D. Dinis e a Ordem do Hospital, onde se mencionam como pertencendo à Ordem e unido à Comenda de "Ulgoso" as aldeias de Serapicos, Vila Chã da Beira, Uva, Mora, Saldanha, Sendim, Picote, Vilar Seco, Vinhão e casais de Cerceo;
1298 - D. Dinis manda reedificar a fortaleza;
1341, Agosto - carta-sentença de D. Afonso IV informando que, nesse ano, Fr. D. Álvaro Gonçalves Pereira era "Priol do Spital nos seus reynos, e que lhe pertencia o Castello de Ulgoso com seu termo desde tempo immemorial";
1480 - D. Afonso V outorga foral à povoação;
1510 - D. Manuel I concede novo foral à vila;
1530 - castelo possui cisternas, com revelim e respectivas casernas onde vivia o alcaide;
1588 - era alcaide Frei Gonçalo de Azevedo, nomeado por Filipe II;
Séc. XVII - possível abandono desta zona do castelo, surgindo a nova povoação num planalto, correspondente à localização actual;
1684, 22 Junho - no Tombo dos Bens da Comenda de Algoso faz-se uma descrição do imóvel e do respectivo estado de conservação *1;
1689 / 1690 - a municipalidade de Vimioso manda fazer trabalhos de consolidação e restauro;
1710 - última ocupação militar da fortaleza, no contexto da Guerra de Sucessão de Espanha;
1935 - descrição do castelo pelo Padre Miranda Lopes;
1944, Junho - o município requer à DGEMN obras no imóvel;
1974, Junho - verifica-se ser necessária a desobstrução da torre, consolidação de alvenarias e abóbadas;
1992, 1 Junho - o imóvel foi afecto ao IPPAR, pelo Decreto-lei 106F/92;
2002 - assinatura de um protocolo entre a Câmara de Vimioso e o IPPAR para transformação do imóvel em núcleo museológico;
2006 - projecto de criação de um centro de interpretação, pelo IPPAR.
Características Particulares
Castelo fronteiriço para vigia e defesa do perigo proveniente do reino de Leão, parecendo-se mais com uma atalaia, ao jeito de Penas Róias, elevado entre vales, bem defendido pela orografia, visionando uma vasta região fronteiriça. A cisterna mantém-se relativamente bem conservada, com abóbada de aresta, junto à muralha, bem como a torre de menagem românica, com reconstrução gótica, como se depreende do vão apontado da porta de acesso.
Observações
*1 - "Para a parte do poente estava hua porta de carvalho chapeada de ferro com o ferrolho grosso da parte de dentro, e um postigo na mesma porta, na qual já faltavam algumas barras, e por esta se entra em um fortim de obra morta, que fica para a parte do norte, dentro do qual, no muro do castelo, à mão direita, fica hua porta, e desta se sobe por uns degraus de pedra que ficam entre o muro e a tôrre; e logo se entra por terceira porta chapeada de pregos e barras de ferro, com fechaduras e ferrolhos pela parte de dentro, e desta porta se entra em uma casa, no meio da qual havia um "asapão" (sic), que decia para um fallço, e dentro da dita casa, que se acha arruinada de telhados, estão quatro portas, uma em entrando e outra entrando nela; à mão direita se entra em hua casa que serviu de tulha, com uma fenestra para o poente; desta se passa a outra casa que servia de almazem de polvora com duas fenestras, uma para o poente e outra para o norte; segunda porta que sobre uma escada de pedra tosqua para a tôrre e muro; terceira porta, a primeira e principal do muro, que sai a um patim, que tem hua porta grande para uma casa, que serve de cavalariça, arruinada; e deste patim se entra em outra casa grande com dois fornos e hua pia de cantaria grande, que tudo se acha arruinado, e no mesmo patim está outra porta fronteira à principal do patim, porque se entra em uma casa de cavalariça e lenha arruinada, e desta casa se sai a outro patim que fica para a parte do sul, sobre o rio Angueira; quarta porta na primeira casa do muro, para a parte do sul, por que se entra em uma casa de sisterna de abobada, com janela no tecto da abobada, e sobre esta um fortim com suas guarnições e campo para uma peça; junto da porta sisterna, na primeira casa sobre uma escada de pedra tosqua, da parte do nassente para o norte, que colhe a mayor parte do muro, e (...) sobe ao alto da torre donde está hua caza que servia de armas, donse se sae para hua porta que, à parte do sul, faz hua ponte sobre o dito rio, com suas ameyas; e junto desta casa dece hua esquada de pedra tosqua, e vem dar à segunda porta da primeira caza dentro da primeira salla; da primeira porta se sobe por hua esquada de madeira que dá em outra salla que a cobre, e na caza das armas nesta salla está hua porta ao nassente que dizem sahia para hua varanda de madeira; e desta mesma caza se sobe por hua esquada de mão para a tallaya da torre; e fica todo o castelo fundado sobre o muro da parte do poente, continuando ao norte e da parte do norte, ao sul e nascente, fiquão muros divididos da torre, dentro dos quais se acham as cazas assima sobreditas e declaradas, e tudo arruinado emcapaz de defeza e abitação; e não tem o dito castello o barbaquão nem foços por não lhe serem necessarios pella eminencia do monte em que está fundado, nem tem armas nem monição, carretas nem peças; tem hua torre no meyo em que se achão as cazas de que se tem feito menção, a qual torre é coadrada sem abertura nem ruyna no corpo dela".
(fonte: IHRU)
Sem comentários:
Enviar um comentário