Descrição
Planta longitudinal composta de nave única e cabeceira tripartida com abside e absidíolos, tendo adossado ao absidíolo esquerdo sacristia quadrangular. Nave com massa de predominante horizontal e cobertura em telhado de duas águas, e cabeceira de predominante vertical, com coberturas escalonadas em telhados de duas e uma água, a telha de aba e canudo; sacristia com telhado de uma água. A nave e sacristia apresenta fachadas rebocadas e pintadas de branco, rematadas em cornija sobrepostas por beirado simples. Fachada principal terminada em empena, com friso e cornija, coroada por cruz latina de cantaria, sobre acrotério, e de cunhais apilastrados encimadas por pináculos, assentes em plintos paralelepipédicos; é rasgada por portal de verga recta, com moldura encimada por cornija contracurvada, formando falso tímpano de cantaria, encimado por janela rectangular de capialço. As fachadas laterais são rasgadas por janela de capialço, gradeada, e, na lateral direita, por portal de verga recta com moldura simples; a sacristia possui cunhal em perpianho, tendo na fachada principal portal de verga recta e moldura simples. A cabeceira, em alvenaria de tijolo e cantaria de xisto, é percorrida por embasamento em cantaria de xisto e rematada por friso em dentes de serra, cornija e banda lombarda, sobreposta por beirada; a abside apresenta três registos ornamentados por arcaturas de arcos dobrados, de volta perfeita, os dois primeiros sobrepostos e o último desencontrado, sendo rasgada, no primeiro registo, por três estreitas frestas; os absidíolos ostentam dois registos com ornamentação idêntica, rasgados por uma fresta, no primeiro registo. A abside e o absidíolo do lado do Evangelho possuem as paredes fundeiras exteriores rebocadas e pintadas de branco com arcos quebrados dobrados, em alvenaria de tijolo, entrecortados pela cobertura da nave e sacristia respectivamente. O absidíolo direito encontra-se aberto e ostenta parede fundeira rasgada por arco de volta perfeita, dobrado, sobre imposta, dando a ilusão de arco em ferradura; no interior tem embasamento, em cantaria de xisto de aparelho irregular, friso em dentes de serra, seguido de registo decorado com arcos de volta perfeita, o central dobrado e rasgado por fresta, terminado por dois outros frisos em dentes de serra, rematado por cornija; a cobertura é em cúpula de alvenaria de tijolo, apresentando vestígios de reboco e policromia. No lado da Epístola possui arcossólio em arco de volta perfeita e ao centro do absidíolo surge túmulo em cantaria de granito, paralelepipédico, com tampa de secção pentagonal com remate superior em 2 águas. INTERIOR de paredes rebocadas e pintadas de branco, com pavimento, ao centro, em lajes de cantaria de granito, ladeado por soalho de madeira e cobertura em madeira formando masseira. Portal axial de verga abatida; no lado do Evangelho, surge o baptistério, com arco de volta perfeita, de juntas cimentadas, apoiado em pilastras, uma delas embebida na caixa murária, albergando cruz de madeira decorada com resplendor dourado; frontalmente, sobre soco quadrangular de cantaria, dispõe-se a pia baptismal, com taça circular e pé circular. Sobre o soco existem três blocos de cantaria independentes, um deles ostentando decoração geométrica. Do lado da Epístola, possui confessionário com estrutura em madeira e cortiça, tendo a face frontal de três panos e sobre a porta pequeno frontão decorado com elementos relevados. A meio da nave, no lado do Evangelho, surge sobrelevado oratório, em talha dourada e policroma, em arco de volta perfeita, decorado com acantos enrolados e flores, e cartela no fecho, sobre duas pilastras com o mesmo tipo de decoração, sobre mísula ornada com três anjos policromos a branco; alberga peanha dourada e ornada com motivos fitomórficos. Segue-se portal de verga recta e moldura simples de acesso à sacristia e ao absidíolo do lado do Evangelho. Na parede do lado da Epístola a porta travessa, de verga recta, é ladeado, à esquerda, por pia de água benta cilíndrica, de bordo boleado sobre mísula em pirâmide invertida. Arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras toscanas, ladeado por dois retábulos colaterais, em talha dourada e policroma branca e azul,de planta recta, e um eixo, sendo o do lado do Evangelho dedicado a Nossa Senhora de Fátima e, o do lado da Epístola, ao Sagrado Coração de Jesus. Capela-mor com paredes laterais de dois panos, o primeiro em alvenaria de xisto, com duplo friso cerâmico criando quatro registos, e o segundo em alvenaria de tijolo, de dois registos sobrepostos, decorados por arcaturas cegas em arco de volta perfeita, encimados por friso em dente de serra; cobertura em falsa abóbada de berço, rebocada e pintada de branco com dois arcos de reforço em tijolo. Sobre supedâneo de três degraus, encosta-se à parede testeira o retábulo-mor em talha dourada, de planta ligeiramente côncava e um eixo, definido por seis colunas torsas, decoradas por pâmpanos e anjos, encarnados, assentes em dupla ordem de plintos paralelepipédicos, ornados de acantos enrolados e querubins, os inferiores mais altos; as colunas prolongam-se pelo ático, em três arquivoltas, com a mesma decoração e unidas no sentido do raio, rematado por friso formado por cartelas enroladas, possuindo no arranque dois anjos encarnados, e tendo no fecho cartela inscrita com a data de 1702; ao centro, abre-se tribuna em arco de volta perfeita, com moldura fitomórfica, interiormente de perfil curvo, com apainelados pintados a vermelho e cobertura em abóbada de concha, com apainelados em talha dourada, decorada com florões, albergando trono poligonal de dois registos, decorado de acantos, integrando ao centro sacrário, com a inscrição IHS e cruz latina em cartela na porta, envolvida por acantos enrolados. Altar tipo urna, em talha a branco, com frontal almofadado, decorado com acantos enrolados envolvendo, ao centro, ave. A sacristia tem as paredes rebocadas e pintadas de branco, pavimento cerâmico e tecto em gamela com estrutura de madeira. Num dos lados possui porta precedida de escada de pedra com guarda de madeira de acesso ao antigo púlpito e, no lado oposto, lavabo em cantaria, de espaldar rectangular, vertical, gravado com motivo inserido num círculo, encimado por reservatório, em arco de volta perfeita, moldurado, terminado em frontão triangular com tímpano inscrito por IHS, encimada por cruz; bacia rectangular, de bordo boleado. O absidíolo, em alvenaria de tijolo, apresenta as mesmas características da capela-mor, tendo abóbada com um arco de reforço.
Enquadramento
Rural, isolado, num vale atravessado pela Ribeira de Fervença, afluente do Rio Sabor, na povoação, a qual é delimitada pelo ribeiro de Ariães e se caracteriza por construções vernaculares em cantaria de xisto, de cor barrenta, e padieiras em cantaria de granito. Possui adro em terra batida com vegetação rasteira, pontuado de árvores, excepto na faixa até ao portal principal, que é pavimentada a cantaria. O adro é murado e acedido frontalmente por portão férreo, rematado por cruz latina, flanqueado por pilares de cantaria de granito, encimados por duas figuras zoomórficas, deitadas, talvez leões. Ex-tramuro, existe, à direita, torre de planta quadrada, em cantaria de granito, conjugando aparelho regular e irregular, bem como alvenaria de tijolo, coroada por sineira em arco de volta perfeita, integrando sino, rematada por cruz latina de cantaria entre duas urnas. Duas das faces são rasgadas por arco quebrado sobre imposta, formando galilé, com cobertura em cruzaria de ogiva, ostentando nervuras em alvenaria de tijolo. À torre adossa-se parcialmente casa vernacular, a antiga residência paroquial, de planta rectangular irregular, em alvenaria mista argamassada, composta por cantaria de granito de aparelho irregular e tijolo, com cobertura em telhado de duas águas, em telha de canudo. A sua fachada principal é rasgada por porta de verga recta, precedida por lanço de escadas, de cantaria, ladeada por duas janelas de peitoril, tendo todos os vãos moldura de madeira com vestígios de policromia vermelha. A fachada lateral esquerda, em alvenaria de granito rebocada, termina em empena e é rasgada por duas janelas de peitoril. Contígua, possui vestígios de muro, em cantaria de granito de aparelho irregular, interrompido por arco de volta perfeita em alvenaria de tijolo. A fachada posterior rebocada e pintada de branco possui dois pisos, sendo o segundo em taipa, com varanda alpendrada. O pavimento é em terra batida possuindo vegetação rasteira, à excepção de um pequeno troço de ligação entre o portão e o portal principal pavimentado a cantaria de granito.
Descrição Complementar
Retábulos colaterais de planta recta e um eixo definido por duas colunas torsas, decoradas por pâmpanos, putti, sobre mísulas com querubim, e de capitéis coríntios, as quais se prolongam no ático numa arquivolta, com raio no fecho; ao centro possui nicho em arco de volta perfeita sobre pilastras, ambas decorados com elementos fitomórficos, albergando imagem sobre mísula, e com querubins nos seguintes; no tímpano do ático surge cartela e acantos. Altares paralelepipédicos, pintados de azul e duas almofadas dos frontais a branco, tendo o do lado da Epístola o monograma AM pintado. TUMULÁRIA: O túmulo do absidíolo S. possui na face lateral esquerda dois brasões gravados, em níveis de relevo distintos, ornados com motivos geométricos idênticos, formada por uma faixa diagonal lisa em torno da qual se organizam estreitos hexágonos. A tampa, com 198 cm, de comprimento, possui a inscrição ERA DE MIL E CCC E, ocupando 130 cm *1.
Época Construção
Séc. XI / XII / XIII / XVII / XVIII / XX
Cronologia
1050 - Concílio de Coyança; divulgação da regra de São Bento em Portugal e criação do mosteiro de São Salvador *2, por monges beneditinos, no lugar vulgarmente conhecido por Torre Velha, no cabeço de Castro de Avelãs, aldeia pertencente ao julgado e comarca de Bragança e da arquidiocese de Braga *3; nos seus bens incluíam-se terras nos actuais concelhos de Bragança, Vinhais e Macedo de Cavaleiros;
1140 - carta de venda realizada com o testemunho de Egas Moniz;
1144 - carta de couto de D. Afonso Henriques;
1144 / 1145 - era abade D. João *4;
1145, 29 Julho - Afonso I doou herdade na Vila de São Jorge, terreno contíguo, e metade de outra situada em Rio Frio do Monte, a cerca de 30 km do mosteiro, para E.;
1178 - segundo o Abade de Baçal, D. Mendo Alão doou uma propriedade em Vila Meã ao Mosteiro de São Martinho da Castanheira (Sanabria);
1186 - confirmação dos bens do mosteiro por D. Sancho I;
1187 - o rei concedeu-lhe as vilas de Santulhão, Argoselo, Pinelo (incluindo a Igreja de São Mamede), próximas de Rio Frio e da fronteira com Castela, em troca da Quinta de Benquerença, em Bragança;
1199 / 1202 - o mosteiro passou para a dependência do Mosteiro de São Martinho da Castanheira, em Puebla de Sanabria, da diocese de Astorga, Província de Leão;
Séc. XIII - fomentou o povoamento de Miranda e de Vilar Velho de Santa Engrácia;
1202, 12 Maio - o abade Pedro Nunes escamba uma herdade em Castanheira, por outra em Izeda com Fernão Mendes;
1218, Março - o Arcebispo de Braga, D. Estevão excomungou o abade do Mosteiro de São Marinho da Castanheira, que renunciou os direitos;
1227 - o abade outorgou foral a Vale de Prados, a Milhão e Rio Frio;
Séc. XIII, meados - demolição da igreja primitiva;
1253 - foral concedido por D. Afonso III;
1258 - nas Inquirições de D. Afonso III, o mosteiro surge como proprietário de várias povoações e casais *5;
1262 - execução do túmulo existente no absidíolo;
1270 - o abade outorgou foral a Outeiro de Muas;
1280 - o tribunal da corte retirou do couto do mosteiro as localidades de Castanheira e Gostei;
1281 - certidão de carta de privilégio da povoação de Bragança;
1285 - era abade Frei Pedro Sanches; D. Dinis confirmou os bens do mosteiro em Bragança e Miranda;
1290 - D. Dinis dá ao mosteiro as aldeias de Gostei e Castanheira em troca da vila de Outeiro de Muás e doa-lhe o padroado da Igreja de Sezulfe;
1291 - D. Dinis doou-lhe o padroado da Igreja de Frieira;
1297 - D. Dinis doou-lhe o padroado da igreja de São João de Sezulfe;
1299 - D. Frei Paio outorgou foral a Rio Frio do Monte;
1319 - D. Dinis confirmou a posse de bens em Revoredo de Vacas, Sendilho, Santalha e a aldeia e padroado de Frieira e, doou as aldeias de Vila Franca, Viduedo, Vale Prados, Arufe, Ervedosa e Sezulfe;
1320 - no catálogo das igrejas, comendas e mosteiros, Castro de Avelãs foi taxado em 1500 libras;
1344, 12 Julho - o abade apresentou João Afonso para pároco de Lamas;
1346 - D. Afonso IV proibiu o mosteiro de colocar o seu "mampostor" no termo de Bragança para fazer os julgamentos e levar vozes e coimas, pois só os juízes de Bragança podiam exercer a autoridade civil;
Séc. XIV, meados - reestruturação da administração do mosteiro;
1370 - o mosteiro aforou Paçó a 30 casais e deu foral a Palaçoillo de Monte, actualmente Paço de Outeiro;
Séc. XIV, final - os bens e rendas dividiam-se entre a mesa do abade e o mosteiro;
1387, Março - ali se hospedaram o Duque de Lencastre, João de Gant e a sua comitiva aquando do seu encontro com D. João I para a fazer o Tratado de Babe;
1398 - o mosteiro é acusado pelos procuradores do concelho de Bragança de exercer ilegalmente jurisdição no concelho de Ervedosa;
Séc. XV - segundo José Marques, a comunidade monacal reunia um número considerável de membros; o mosteiro entrou em regime de comendatários;
1400 - o abade aforou a aldeia de Arufe, por três vidas;
1409 - o mosteiro deu foral a Grandais;
1413 - o abade denunciou a D. João I o incumprimento dos privilégios do mosteiro, em relação ao concelho de Vila Franca, por parte do alcaide de Bragança;
1422 - D. João I assumiu o patrocínio do mosteiro, atribuindo-lhe privilégios de isenção; contenda entre o concelho de Bragança e alguns concelhos do senhorio monástico, Vila Franca, Vale de Prados Gostei e Castanheira, por terem sido penhorados para contribuir para a construção de uma ponte; o corregedor da comarca de Trás-os-Montes, atendendo a um pedido de D. Diogo Pinheiro, determinou que se fizessem cumprir os privilégios de Ervedosa, Vila Franca, Vale Prados, Frieira, Castanheira e Gostei;
1433 / 1451, entre - o abade delegou no arcebispo D. Fernando da Guerra plenos poderes para governar e administrar o mosteiro que entrava em crise;
1434 - o arcebispo passou a frequentar e permanecer largos períodos no mosteiro;
1435, 8 Julho - confirmações de D. Duarte onde surgem referidos os bens do mosteiro;
1442 - Bragança passou a integrar o património do I Conde de Barcelos, D. Afonso;
1447 - D. Frei Rodrigo, confirmou a substituição de um monge pelo monge Estevão Domingues, na Igreja de Podence;
1451, 25 Abril - D. Afonso V entrega o mosteiro como comenda e determina como capelão D. Luís Eanes-o-moço, a quem concedeu privilégio e protecção;
1451, 6 Maio - D. Luís Eanes foi vigário-geral do arcebispo D. Fernando Guerra, em Trás-os-Montes;
1452 - o Duque de Bragança, D. Fernando II, recebeu e apoiou diversos protestos porque o mosteiro infringia as Ordenações do Reino ao cobrar a terça dos bens dos que não deixavam descendência;
1457 - o Duque de Bragança confirmou as novas coutadas e devesas do mosteiro, mas não tinha privilégios sobre as mesmas porque se situavam fora do limite do seu senhorio;
1463 / 1478 - o abade trocou com o monarca várias povoações, embora sem efeito, e emprazou a quinta de Alfaião; 1463, 4 Junho - empraza umas casas em Bragança;
1490, cerca - integração de Valcovo, no termo de Lamas, na jurisdição do mosteiro, passando a cobrar o dízimo à igreja de Lamas;
1496 - contenda entre o concelho de Bragança e de Vale de Prados, pois os juizes de Bragança tinham imposto picota e tronco neste concelho;
Séc. XVI, início - o cargo de abade era vitalício até à data;
1512 - Frei Rocha vendeu um carro de telha para a Ermida de Santa Cruz, para onde fez um ferrolho, a partir de um ferro de uma janela;
1516 - Frei Bernardo deu a Fernão Pires de Castanheira "um carro de canteados sobrais velhos que cairam das ruinas do paço do mosteiro"; Frei Rocha deu ou vendeu, ao Padre de São Pedro, seis tábuas, no valor de 3$300 reais;
1517 - D. Diogo Pinheiro solicitou a intervenção do Duque de Bragança para que a coima sobre o corte de lenha na devesa fosse aumentada para 500 reais, que seriam repartidos entre o Duque (250 reais) e, o meirinho, e seus homens (250 reais); contrato entre D. Diogo Pinheiro e pedreiro Lopo Ferreira;
1526 - com a morte de D. Diogo Pinheiro, o mosteiro passou para a posse do Duque D. Jaime, que procurou executar as obras contratoadas com Lopo Ferreira;
1529 - Diogo da Paz, feitor do mosteiro, queixou-se ao juiz de fora que continuavam a cortar lenha na devesa, apelando para que apregoasse a proibição e a coima a aplicar, cujo valor de 500 reais passaria a ser partilhada pela cidade e pelos cativos (250 reais) e, o restante, para quem acusasse os infractores;
1545 - a comunidade era constituída por um prior castreiro, oito monges e alguns professos; 22 Maio - Bula Pro Excellenti Apostolicae Sedis do Papa Paulo III extinguindo o mosteiro, passando a estar vinculado à diocese de Miranda do Douro; destruição do templo medieval e reutilização de materiais noutras construções; edificação de outra igreja paroquial mais modesta, não absorvendo o absidíolo S., provocando a sua deterioração, permanecendo um vigário; D. João III doou as rendas à Sé de Miranda e o Cardeal D. Henrique abdicou da posse de uma comenda a favor da mesma;
1546 - a comunidade tinha 30 monges; 26 Maio - publicação da carta régia confirmando a extinção e referindo o prior castreiro, 8 monges e ainda os professos que deviam ser sustentados pelo cabido; Inventário dos bens do mosteiro; 19 Junho - cerimónia da tomada de posse pela diocese de Miranda, estando presentes dois membros do cabido de Miranda, os licenciados Diogo Borges e Pêro Rodrigues e o prior Francisco Correia, Frei Domingos, Bernaldo, João Bernaldo, Diogo, Pedro, Gonçalo e Roque *6;
1549, 28 Março - carta do cabido da Sé de Miranda a D. João III informando que o Mosteiro tinha sido anexado à diocese tal como a Igreja de São João de Serne, anexa ao mosteiro; 19 Junho - cerimónia da transferência da abadia, estando presentes todos os frades e cónegos da futura diocese; a administração dos bens e rendas do mosteiro continuou a cargo dos frades, com a obrigação de ceder boa parte das rendas à diocese;
Séc. XVI, meados - cruz processional de latão;
1588 - o cabido mandou fazer um tombo, relativo à delapidação do mosteiro consentida pelo bispo, cabido e conselho de Bragança *7;
1644 - as rendas ascendiam a 16.000 cruzados; o cabido de Miranda abandonou o mosteiro que ainda mantinha a estrutura primitiva, mas já muito arruinada; Fr. Leão de São Tomás referiu que o túmulo estava na nave central sobre dois leões de cantaria;
1696 - a igreja encontrava-se muito arruinada;
Séc. XVIII - a igreja e o mosteiro encontravam-se arruinados; o cabido ordenou que se reformasse a nave para poder servir a paróquia;
1702 - data do retábulo-mor;
1757 - a freguesia tinha 15 fogos;
1758, 26 Maio - o pároco era reitor de apresentação do cabido e tinha de congrua 30$000, 5 alqueires de trigo de sevedio, 36 de trigo e 10 almudes de vinho; a capela-mor tinha três altares, o central dedicado a São Bento, o colateral N. com a imagem de Nossa Senhora do Rosário e do S. com a de São Sebastião;
1764 - a igreja encontrava-se arruinada pelo que, o cabido mandou reformar a nave para poder assegurar o culto na paróquia, procedendo-se à demolição e reconstrução da nave;
1793 - publicação da inscrição do túmulo *8;
1797, 25 Setembro - com a ruína da igreja de São João Baptista de Bragança, o seu retábulo-mor foi desmontado e transportado para a igreja paroquial de Castro de Avelãs, custando o seu transporte 3$110 e o seu assentamento na igreja 32$110, sendo possível que o trabalho tivesse sido feito pelo carpinteiro da povoação de São Pedro Manuel da Silva;
1849, 8 Agosto - Registo de Mercês de D. Maria II;
1875 - segundo Pinho Leal a frontaria da igreja tinha uma lápide inscrita *9;
1884, 11 Dezembro - anexação administrativa da freguesia de São Bento de Castro de Avelãs à freguesia de Gostei;
1885 - o absidíolo da Epístola ainda se mantinha intacto;
1888, 8 Março - Decreto prevendo a desanexação da freguesia de Castro de Avelãs de Gostei;
1897 - segundo Albino Pereira Lopo, o túmulo já estava separado dos leões, os quais foram colocados no muro do adro, mas antes de ter ido para o interior da igreja estivera num arcossólio exterior da mesma;
1908 - segundo Manuel Monteiro o absidíolo da esquerda encontrava-se quase inteiro;
1909 - a parede fundeira do absidíolo da Epístola ruiu e, algum tempo depois, a abóbada;
1928 - a capela-mor e o absidíolo N. estavam caiados e o absidíolo S. arruinado;
1929 - o Pe. Francisco Alves refere a existência de uma cruz processional de latão, de meados do Séc. XVI, com os braços a imitarem troncos de árvore, nó lavrado e a figura de Cristo recortada em chapa;
1940 - o abade Manuel António Monteiro mandou desaterrar o absidíolo da Epístola, recuperando o pavimento cerâmico primitivo e um nicho;
1941 - reconstrução do absidíolo da esquerda e anexação do da direita à sacristia;
Séc. XX, meados - a cabeceira estava caiada, a fachada lateral esquerda da nave e a sacristia eram cegas, a capela-mor possuía teia de balaústres; nas fachadas laterais existiam vestígios de parede adossados à capela-mor e absidíolos, tendo marcada na primeira 4 janelas rectas fechadas;
1951, 20 Dezembro - o presidente da Junta de Freguesia e o pároco informaram a DGEMN do estado arruinado da igreja, solicitando a intervenção da instituição;
1952, 19 Janeiro - parecer e orçamento pela DGEMN da intervenção necessária (400 00$00);
1961 - no 2º registo de arcatura da capela-mor um dos arcos estava aberto;
1962 - plano de restauro pela DGEMN (400 000$00);
1963 - DGEMN elabora plano de restauro escalonado em 4 fases;
1965, 20 Janeiro - aquisição de terrenos do Estado;
1967 - o Pe. Gastão dos Santos Fernandes alerta sobre o perigo de se perderem o tecto da sacristia, os dois altares laterais, a janela rasgada na parede do lado da Epístola da capela-mor, a torre e a residência paroquial;
1970 - a igreja estava arruinada e abandonada;
1971, 12 Março - a cobertura da capela-mor ainda se encontrava em mau estado; abertura de janela no corpo da sacristia; o baptistério estava na sacristia; possuía coro-alto com escada de cantaria e guardas de balaústres; um dos arcos da arcatura da capela-mor estava rasgado e fechado com vidro; 3 Maio - plano de trabalhos da DGEMN (969 250$00) incluindo a expropriação de terrenos para regularização do adro (10 070$00); 9 Novembro - o túmulo estava no interior da nave, no lado do Evangelho;
1974, 26 Março - a DGEMN dispôs de 50 000$00 para expropriar um terreno junto da igreja e proceder à execução do arranjo da envolvente;
1985, 8 Julho - Câmara informa o IPPC que a envolvente estava abandonada, com vegetação descontrolada, entulho de intervenções recentes e lixo no adro da igreja, e as estruturas do antigo mosteiro recentemente reveladas em risco de se perderem; a torre tinha fendas e corria risco de ruir;
1997, 29 Junho - o Presidente da Junta de Freguesia e o Padre solicitaram ao Presidente da Câmara de Bragança que, em parceria com a DGEMN, procedesse ao restauro da cobertura, cujas infiltrações estavam a deteriorar o forro e o soalho.
Características Particulares
Estruturas várias do antigo mosteiro beneditino de São Salvador de Castro de Avelãs, o qual teve subjacente um projecto grandioso de que apenas restam a cabeceira, restos de uma arcada do claustro, uma torre, que se suspeita ter pertencido à fachada principal da igreja primitiva, segmentos de cerca, em cantaria de xisto, e pavimentos, apesar do nível do solo não corresponder ao primitivo; segundo Carlos A. F. de Almeida (2001), estes elementos permitem concluir que o mosteiro nunca foi totalmente edificado. A maior parte dos coutos referidos nas primeiras doações ao mosteiro, situavam-se a E., próximo da fronteira com Leão, formando uma linha defensiva do território. A cabeceira da igreja afirma-se como caso de excepção no contexto da arquitectura românica portuguesa, devido à conjugação da influência da Escola Borgonhesa, divulgada pelos cistercienses, com o recurso ao tijolo como material de construção, opção que também se verificou nos cubelos do Castelo de Bragança e, que a inclui no românico mudéjar, comparável com alguns templos do N. de Espanha e, de Itália, tendo determinado toda a arquitectura bragançana dos Sécs. XIII e XIV. Existem semelhanças entre a cabeceira de Castro de Avelãs e as da igreja de S. Martín de Cuéllar, em Segóvia, e a da igreja de Peñarandilla, em Salamanca. Segundo F. Alves, possui ainda semelhanças em termos de escala, sistema de construção e aspectos decorativos com as seguintes igrejas espanholas: Arévalo - Santa Maria Lugareka; Segóvia - Santo André, São Basílio, São Salvador, de Samboal e da Trindade; Zamora - São Lourenço de Toro, São Pedro, em Pozo Antigo e São Pedro em Villalpando; Salamanca - Vilória, Rágama e Santa Maria de Béjar; Toledo - Santiago do Arrabal; Palência - Santa Maria de La Veja, e em Ávila - São Nicolau Madrigal das Torres Altas, Santa Maria e Santo Martín. A influência espanhola seria sustentada pelos movimentos de itenerância dos mestres, os alarifes equivalentes ao arquitecto ou mestre de obra e os mazarites, isto é alveneis, especialistas em construção de tijolo, oriundos de Toro, Zamora, Sahagún, León, do aro de Vallodolid e Segóvia, promovidos pela estreita relação entre o Mosteiro Leonês da Castanheira e Castro de Avelãs, a que acresce a abundância da matéria-prima nesta região. A cabeceira serviu de modelo à primitiva cabeceira da Igreja do Convento de São Francisco, em Bragança. Em termos decorativos, os dois primeiros níveis de arcadas cegas, têm os vãos sobrepostos, enquanto no terceiro estes são desencontrados. A todo o flanco esquerdo do corpo, também de ladrilho e com contrafortes exteriores ligar-se-iam pilastras interiores adossadas. Durante o desmantelamento do mosteiro diversos materiais foram reutilizados na Igreja Matriz de Bragança. A reedificação da igreja reduziu o plano da igreja românica, limitando-se à largura da abside e posteriormente construiu-se uma sacristia inserindo o absidíolo esquerdo. O retábulo-mor foi reaproveitado, tendo vindo da igreja de São João, de Bragança. Obras do séc. 20 apearam o coro-alto, de estrutura muito simples, e o púlpito, adaptando o vão a oratório com o reaproveitamento de vários elementos de talha. Segundo F. Alves existem analogias entre o túmulo e um outro existente na Igreja de Malta ou do Divino Salvador, em Macedo de Cavaleiros.
Materiais
Torre, molduras dos vãos, pilastras, friso, cornijas, pavimento, cruzes, pináculos, figuras zoomórficas, baptistério e lavabo, em cantaria de granito; cabeceira, segmentos de cerca e residência paroquial em alvenaria de tijolo e de xisto; alvenaria mista argamassada nas paredes externas do absidíolo do lado do Evangelho, nas paredes interiores da capela-mor e na casa vernacular adossada à torre; retábulos, oratório e atril de talha dourada e policroma; soalho de madeira na nave, de cantaria na capela-mor e cerâmico na sacristia; portas e caixilharia de madeira; vidros simples; telha de aba e canudo; portão de ferro.
Observações
*1 - Segundo F. Alves (1929), o túmulo deve ter sido de um membro da família de Chacim, devido à identificação de uma banda de arminho gravada, contrariando a corrente, fundada por Frei Leão de São Tomás (1644-1651), então generalizada, que, defendia ter sido sepultura do Conde de Ariães. Este nome teve origem na associação com a Ribeira de Ariães, com nascente na Serra de Nogueira e foz na Ribeira de Fervença, de que é afluente. O título de conde de Ariães, segundo M. Barroca (1996), remete para uma personagem fictícia, ainda que considere que poderá ter existido uma figura da alta nobreza que estivesse associado a esta designação. Aliás existe mesmo uma lenda relacionada, narrada com algumas variantes, mas segundo a qual, certo dia, um conde, depois de ter estado a montar, regressou a casa, ofendeu sua mãe por não ter a ceia pronta e atirou-a a cães famintos que habitavam no pátio do castelo. Por ter cometido este acto cruel, diz-se que foi sepultado juntamente com uma cobra que criara. Mário Jorge Barroca (1996) identificou D. Nuno Martins de Chacim como o destinatário do túmulo, pensando que teria sido executado depois de 1262, pertencendo provavelmente a D. Nuno de Chacim, falecido entre 1283 e 1288.
*2 - Alguns autores atribuem a sua fundação a São Frutuoso, arcebispo de Braga, no ano de 667, o que foi desmistificado por D. Rodrigo da Cunha, na História Eclesiástica de Braga (1634). Segundo Ana Maria Afonso (2000), a fundação do mosteiro pode ser incluída no movimento do monaquismo visigótico, ou hispânico, centrado, sobretudo, no Mosteiro de Dume, atendendo ao local da sua implantação, pois nessa época preferiam-se os vales dos rios, onde se desenvolviam os principais núcleos urbanos, justificando o facto de, na sua maioria, se tratarem de mosteiros familiares, portanto dependentes da localização dos bens das famílias. Neste período observavam-se as normas monásticas de Santo Isidoro ou de São Frutuoso, além das normas do direito eclesiástico (Concílios de Lérida, 546; Toledo, 589, 633, 655; Sevilha, 619, entre outros). A partir de 1080, com a difusão da reforma gregoriana e da regra de São Bento, pelos monges de Cluny, alguns mosteiros foram extintos e, outros, adoptaram estas normativas, como é o caso do Mosteiro de São Salvador. Neste caso, optou-se pela regra de São Bento, o que significava a adopção dos costumes cluniacenses, porém não usufruindo de autonomia relativamente à autoridade episcopal, mas sim colaborando com a mesma. Observância que terá sido interrompida durante o período em que o mosteiro esteve sob a jurisdição do Mosteiro de São Martinho da Castanheira, exercendo um papel relevante na economia e no desenvolvimento da região, sobretudo durante o Séc. XIII.
*3 - Inicialmente, a casa dos monges beneditinos localizava-se noutros terrenos próximos dos actuais, contudo houve necessidade de ampliar o mosteiro e procedeu-se à demolição da Ermida de São Salvador (A. D. B. G. C., Tombo do Mosteiro de Castro de Avelãs, Lv. 76, fl. 4), da qual não restam quaisquer vestígios.
*4 - A sucessão dos abadessados foi: 1178 / 1187 - abadessado de D. Mendo Alão, durante o qual o mosteiro recebeu a filha do Rei da Arménia e sua comitiva; 1192 - era abade D. Martinho; 1199 / 1202 - era abade Frei Pedro Nunes; 1210 - era abade D. Miguel; 1221 - era abade D. Lourenço Rodrigues; 1227 / 1270 - era abade Frei Frutuoso; 1285 - era abade Frei Pedro Sanches; 1287 - era abade Frei Pelágio, ou Paio; 1319 - era abade Frei Martinho Pais, que com D. Dinis fez escambo de algumas aldeias; 1344 - era abade Martinho Pelágio; 1350 - era abade Frei Martinho Lourenço; 1378 - era abade D. Gonçalo Eanes; 1384 - era abade D. Aires (?) Lourenço; 1400 - era abade D. Frei Luís Eanes que aforou a aldeia de Arufe, por três vidas; 1402 - faleceu o abade Frei João; 1402 - os monges ultrapassaram o prazo para nomeação de novo abade, pelo que D. Martinho, Arcebispo de Braga, confirmou "Jure devoluto" Frei Pedro como abade de Castro de Avelãs; 1402 / 1433, entre - era abade Frei Pedro; 1403 - era abade D. Paio; 1405 - era abade D. Pedro; 1433 / 1451, entre - abadessado de D. Frei Rodrigo; 1451, Janeiro / 1454, entre - abadessado de Frei Luiz Eanes-o-moço; 1463 / 1478 - abadessado de Frei Luís Eanes de Madureira; 1490 - era abade comendatário D. Diogo Pinheiro, sendo seu procurador Lopo Ferreira; 1530 - era comendatário D. Paulo Pereira; 1545 - abadessado de D. Diogo Pinheiro; este foi figura notável, filho do Dr. Pêro Esteves e de Isabel Pinheiro, (sepultados na capela da torre da Igreja de Nossa Senhora da Oliveira, em Guimarães), falecido em 1526 e sepultado na Igreja de Santa Maria dos Olivais, em Tomar, onde foi vigário. Os seus pais foram os fundadores da linhagem dos Pinheiros de Barcelos, possuindo casa nobre construída em 1448 e eram devotos da Casa de Bragança, à qual deviam a sua prosperidade económica e social. D. Diogo Pinheiro distinguiu-se pela notabilidade do seu abadessado, tendo inclusivamente procedido a algumas obras na igreja, embora tenha desempenhado outras funções de destaque, nomeadamente, de Bispo do Funchal, de Comendatário dos Conventos de São Bento de Viana, do Carvoeiro e da Junqueira, de Prior de Guimarães, de Desembargador do Paço, de Defensor de D. Fernando II, Duque de Bragança; 1546 - era abade Frei Francisco Correia; séc. 16, 2ª metade - foram abades do mosteiro D. Paulo Pereira e o Cardeal D. Henrique.
*5 - Era proprietário de Argoselo, metade da vila de Babe (partilhando-a com a Ordem do Hospital), Castanheira, dois casais em Crespos, um casal foreiro do rei em Formentãos, dois casais menos um terço em Formil, Gostei (vila filhada pelo mosteiro), um casal adquirido durante o reinado de D. Sancho II em Izeda, um vilar velho em Lamas de Orelhão, a vila e igreja de Milhão, padroado da igreja de Mós, um casal em Negreda, quatro quinhões em Nunes, vila e igreja de Outeiro, Pinelo, uma herdade reguenga em Rebordãos, doada durante o reinado de D. Sancho II, padroado da igreja de Santo André de Ousilhão, com foreiros do rei e outros cavaleiros, um quarto de casal em Santa Comba de Rossas, um casal em Samil (filhado pela força em 1254), Santulhão, a vila de Sarzeda (excepto quatro casais), uma herdade e dois casais em Selas, um casal em Serzedo, Sezulfe (vila filhada pela força), dois terços de Sortes, dois casais em Travanca, um casal em Uzoi, um vale em Vale Bom, uma herdade em Veiga de Avelãs (colocou marcos numa herdade foreira do rei, quando D. Afonso Lopo era proprietário), Vilar de Sanceriz, Vilares (no reinado de D. Sancho II, os juizes de Bragança queriam povoar a vila, mas o abade ofereceu dinheiro para que isso não acontecesse e ficasse na posse da mesma). Nas Inquirições de D. Dinis os bens do mosteiro são compostos por seis casais em Alfaião, seis casais em Armoniz, um casal e uma herdade em São Bartolomeu de Bragança, co-propriedade de Calvelhe, com fidalgos, Ordens do templo e do Hospital, dois casais em Castrelos, um casal em Edrosa, co-propriedade de seis casais, com fidalgos e a Ordem do hospital, em Ferreira, seis casais em Fomil, catorze casais em Izeda, cinco casais em Lamas, seis casais em Lamas de Orelhão, quatro casais em Moás, dezassete casais em Negreda, cinco casais e um herdamento em Ousilhão, catorze casais em Penhas Juntas, co-propriedade de seis casais em Rebordainhos, com o arcebispo de Braga e a Ordem do Hospital, uma herdade em Rio Frio do Monte, quatro casais em Rossas, dois casais em Sabariz, um casal em Samil, a povoação de Sesulfe, dois casais em Teixeda e dois casais em Vinhais. Em 1435 os bens do mosteiro eram compostos por uma quinta em Alfaião, dois casais em Alimonde, a povoação de Arufe, toda a povoação de Cabanelas, dois casais em Castelãos, sete casais em Selas, dois casais mais um quarto de casal em Coelhoso, um casal em corujas, um casal em Crastelos, uma quinta em Castro de Cova de Lua, cinco casais em Donai, cinco casais em Edrosa, a povoação de Ervedosa, um casal em Espadanedo, um casal em Fontes, quatro casais em Formil, a povoação de Grandais, um casal em Grijó, seis casais em Guide, duas partes da aldeia de Lagomar, sete casais em Lamas de Podenca, um casal em Lação, um casal em Meixedo, a povoação de Milhão, dez casais em Mós, dez casais em Negreda, dez casais em Nogueira, oito casais em Nunes, um casal em Oleiros do Sabor, cinco casais em Ousilhão, a povoação de Paçó, as povoações de Paradinha a Nova e Paradinha Velha, um casal em Penhas Juntas, um casal em Rabal, a povoação de Rio Frio, oito casais em Salselas, uma quinta em Samil, três casais em Santa Comba de Roças, a povoação de Sarzeda, sete casais em Selas, um casal em Serzedo, a povoação de Sezulfe, dez casais em Sortes, as povoações de Soutelo de Pena Mourisca, Vale de Prados Viduedo, Vila Franca e Vila Nova, sete casais em Vila Boa, sete casais em vila Boa de Trás-os-Montes, dois casais em Vinhais e um casal em Zoio; o corregedor determinou que D. Duarte, Duque de Bragança, não podia reclamar privilégios nos casais do arcebispo e vice-versa; Entre 1501 /1514, os bens do mosteiro reuniam um moinho, oito casais (um ermo) e uma terra em Nogueira, um casal em Fontes Barrosas, uma herdade, um linhar, uma eira, uma casa um pardieiro e cinco títulos em Frieira, quatro terras, uma cortinha, uma leira, onze casas, um pardieiro, dois moinhos e vinte títulos em Bragança, cinco casais em Formil, quatro casais e três moinhos em Vila Nova, dois casais em Sarzeda, um casal em Alimonde, três casais em Vila Boa, um couto em Capelinhas (antiga povoação agora erma), uma igreja e oito casais em Lagomar, oito casais e quatro terras em Sortes, dois casais em Edrosa, sete casais em Nunes, três casais e dois moinhos em Santa Comba de Rossas, um casal em Espadanedo, cinco casais em Lamas de Podence, três casais e um moinho em Gradíssimo, dois casais (ermos) em Samil, um casal em Castelãos, um casal em Vinhais, uma igreja (S. Martinho de Alfaião) e dois casais em Alfaião, duas terras, uma vinha, dois linhares, duas leiras, uma casa, um celeiro, um curral, uma adega e onze títulos em Outeiro, dois casais (um ermo) em Crastelos, cinco casais em Donai, uma igreja (S. André de Ousilhão) e um casal em Ousilhão, uma igreja (S. André de Meixedo) e um casal em Meixedo, um casal em Oleiros do Sabor, uma herdade, uma terra, uma vinha e três títulos em São Pedro, um casal em Rabal, uma igreja (S. Miguel de Paradinha a Nova) e quatro casais (ermos) em Paradinha a Nova, um couto, uma igreja (Grandais) e um casal em Grandais, um couto em Paçó, um couto em Refega, um couto em Vale Prados de Milhão, um couto, uma igreja (Rio Frio) e dois títulos em Rio Frio, um couto em S. Mourisco, um couto em Valongo, um couto em Penhas Juntas, um couto (antiga granja) e um título em Ermida de Santa Engrácia, um couto em Milhão, um couto, uma igreja e um título em Paradinha, um couto e uma igreja (Sarzeda) em Sarzeda, um couto em Izei (antiga povoação erma) além de, diversas casas em Bragança, a Ermida de Santa Engrácia em Vinhais, a Igreja de Nossa Senhora da Assunção em Samil, a igreja de Santa Maria de Lamas de Podence e a Igreja de Lagomar.
*6 - "Depois de juntos os frades em capítulo, ao som da campa tangida, os procuradores do cabido mirandez, leram, magna voce, e mostraram-lhes a procuraão do dito, assim como a bula pontifícia, de verbo ad verbum. Com reverência ouviram as leitura e no fim tomaram a bula nas mãos, beijaram-na e puseram-na sobre as cabeças, declarando que a tudo obedeciam, como lhes cumpria. A seguir, o notário deu posse do mosteiro e da igreja dos procuradores. Continuaram os monges no convento, a seu pedido, como depositários, em nome do bispo de Miranda".
*7 - Existem referências a vendas de toalhas e panos de igreja, de ladrilhos, a Gonçalo Rodrigues, de Vila Nova; ao pagamento de dívidas recorrendo a materiais da igreja, como os casos de Catarina Vaz de Vila Nova, cujo pagamento de um tostão foi feito em madeira, ou, uma Beatriz, da Castanheira, que recebeu madeira, traves e tirantes, usados depois numa casa entre Castanheira e Nogueira; os foreiros do mosteiro também eram pagos desta forma, referindo-se por exemplo um foreiro que havia feito um forno com ladrilhos do mosteiro e, em troca, levara 7 ou 8 pedras lavradas e uma porta para a sua casa; Pantaleão de Morais de Nogueira mandou levar para sua casa madeira do mosteiro; Pedro Lopez, licenciado, levou um portal de cantaria, que foi reutilizado na casa do licenciado Manuel Gomez; João Cortez de Castanheira levara dois cravos do mosteiro; João Vaz de Formil levara cinco ou seis ladrilhos; Pedro Pirez levou uma tábua, que transformou em palheta para um moinho e três cravos pequenos; para a casa de Gonçalo Teixeira, em Gostei, teria sido levado um portal; Manuel Morais possuía em casa uma pedra com sua medalha; o paço dos abades e as casas do mosteiro também foram delapidados; madeira e outros materiais foram reutilizados no colégio de São Pedro (madeira, cantaria e grades da sacristia), Colégio dos Jesuítas (uma campa) no Convento de São Francisco, na Igreja de Santa Maria (madeira e ladrilhos), na Igreja de São Jorge, no Convento de Santa Clara (onde se usou madeira e uma portada). Os materiais desviados tiveram também os mais diversos fins: para os pés de um órgão, para poder tocar nas procissões; para a essa do duque, obséquias feitas no convento de São Francisco, ficando depois a madeira para os frades que com ela fizeram um dormitório, para os palanques e tabernáculos de uma tourada que se realizou quando o duque veio de África, etc.
*8 - A inscrição do túmulo, ainda no interior da igreja, foi publicada por Francisco Xavier Ribeiro de São Payo nas Memórias da Litteratura Portugueza: ERA DE MIL E CCC E. *9 - Segundo Pinho Leal a lápide tinha a inscrição D. DIOGO PINHEIRO, BISPO DO FUNCHAL, ADMINISTRADOR D’ESTE CONVENTO, MANDOU FAZER ESTA OBRA; numa credencia, em mármore, colocada no altar-mor, do lado da Epístola, lia-se DEO AETERNO ORDO ZELATUR EX VOTO.
(fonte: IHRU)