Tem que passar além da dor.
- Casa dos AçoresA Lenda da descoberta da ilha de Santa Maria é uma tradição da ilha de Santa Maria, no arquipélago dos Açores, sobre um dos muitos mitos das descobrimentos portugueses do século XV, aventuras que para os parcos conhecimentos e recursos da época, podem ser equiparadas à exploração espacial dos séculos XX e XXI.
A lenda passa-se numa altura em que Portugal ansiava descobrir novas terras. À frente desta iniciativa encontrava-se o Infante D. Henrique, fundador da Escola Náutica de Sagres. Gonçalo Velho Cabral, marinheiro do Infante e, segundo a lenda, frade devoto da Nossa Senhora, saiu de Portugal por ordem de D. Henrique e fez-se ao mar numa caravela, fazendo uma promessa à santa de dar o nome dela à primeira terra que encontrasse no oceano.
Gonçalo Velho Cabral esquadrinhava os mapas, anotava as correntes e rezava. Passaram-se calmarias e tempestades, noites e dias, meses. Foi então que num dia de Verão, no dia de Nossa Senhora em Agosto, amanheceu um dia claro, suave, de céu limpo. A vista alcançava grandes distâncias.
As viagens marítimas dos descobrimentos eram geralmente difíceis, demoradas e imprevisíveis. Os marinheiros dependiam do vigia, no alto cesto da gávea quase na ponta de um mastro, para olhar o horizonte, desde o raiar da madrugada até ao anoitecer e tentar descobrir terra.
Mas na linha do horizonte foi surgindo uma nuvem, que foi se agigantando, ganhando forma e nitidez. A dada altura o gajeiro já não tinha mais dúvidas e gritou: "Terra à vista!". Gonçalo Velho Cabral e a restante marinhagem começavam o dia, como era hábito nessas alturas, orações a Deus e a Nossa Senhora para que os ajudasse a encontrar terras novas. Estavam a rezar a "Ave Maria", e nesse preciso momento pronunciavam "Santa Maria".
Gonçalo Velho Cabral considerou que se tratava de um milagre de Nossa Senhora a lembrar-lhe a promessa que tinha feito. Esta era a primeira ilha descoberta nos Açores, a ilha mãe, que recebeu de imediato o nome de ilha de Santa Maria. Segundo a lenda, esta fé de Gonçalo Velho perpetuou-se no local, onde ainda se mantém grande devoção em Nossa Senhora, festejada efusivamente no mês de Agosto de cada ano.
Senhor, a noite veio e a alma é vil.
Tanta foi a tormenta e a vontade!
Restam-nos hoje, no silêncio hostil,
O mar universal e a saudade.
Mas a chama, que a vida em nós criou,
Se ainda há vida ainda não é finda.
O frio morto em cinzas a ocultou:
A mão do vento pode erguê-la ainda.
Dá o sopro, a aragem — ou desgraça ou ânsia —
Com que a chama do esforço se remoça,
E outra vez conquistaremos a Distância —
Do mar ou outra, mas que seja nossa!
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