Qual é, cavaleiro, esse inconcebível erro, essa inadmissível loucura que faz com que despendas para a guerra tanto esforço e tanto dinheiro e apenas recolhas frutos de morte ou de crime?
Engalanais os vossos cavalos de sedas e tapais as vossas cotas de malha com não sei quantos panos.
Pintais as vossas lanças, os vossos escudos e as vossas selas, incrustais os vossos freios e os vossos estribos com ouro, prata e pedras preciosas.
Vestis-vos com pompa para a morte, e correis para a vossa perdição com uma fúria sem vergonha, e uma insolência impudente.
Esses ouropéis serão os arneses de um cavaleiro ou os atavios de uma mulher?
Ou então julgais que as armas dos vossos inimigos se desviam do ouro, pouparão as gemas, não furarão a seda?
Por outro lado, demonstraram-nos amiúde, que são necessárias três coisas principais na batalha:
- que um cavaleiro esteja alerta para se defender, seja rápido na sela e esteja pronto para o ataque.
Mas, pelo contrário, penteais-vos como mulheres, o que dificulta a vossa visão; embaraçais os pés em camisas longas e largas, e escondeis as vossas mãos delicadas dentro de mangas largas e de amplas aberturas; e, assim ataviados, bateis-vos pelas coisas mais vãs, tais como a cólera irracional, a sede de glória ou a cobiça dos bens temporais.
Matar ou morrer por tais objectos, não põe a alma em segurança.
- Bernardo de Clairvaux, Crítica aos guerreiros tradicionais e a apologia da Milícia de Deus: a Ordem do Templo
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
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