terça-feira, 31 de maio de 2011



Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.

Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.

Gados que pasceis
Com contentamento,
Vosso mantimento
Não no entendereis;
Isso que comeis
Não são ervas, não:
São graças dos olhos
Do meu coração.


- Luís de Camões

domingo, 29 de maio de 2011

Lusitânia

(...) ha tres milannos que hua generosa ninfa chamada Lisibea, filha de hua Raynha da Berberia, & de um Principe marinho que a esta parte do sol ao pee da serra de Sintra que naquelle tempo se chamava a serra Solercia. E como per vezes o sol passasse polo apposito da lustrante Lisibea, & a visse nua sem nenhua cubertura, tam perfeyta em suas corporaes proporções, como de sua luz, que lhe poseram nome Lusitania, que foi dicta & senhora desta provincia.
Neste mesmo tempo avia na Grecia hum famoso cavaleyro & muy namorado em estremo & grandisimo caçador, que se chamava Portugal, o qual estando em Ungria ouvio dizer das diversas & famosas caças da serra solercia, & veyoa buscar.
E como este Portugal, todo fundado em amores, visse a fermosura sobrenatural de Lusitânia, filha do Sol, improviso se achou perdido por ela. (...)

- Gil Vicente, Auto de Lusitânia

sábado, 28 de maio de 2011

sexta-feira, 27 de maio de 2011

O designado: Antigo Convento da Graça, Loulé


Analisemos um exemplo gritante da falsidade, mentira mesmo, dos escritores da dita História oficial e dos ditos, com honradas excepções claro, arquéologos e arquitectos da tugue.

As primeiras cinco (5) imagens são da década de 40 do Séc. XX (imagens ex-DGEMN), e a 6ª (de PortugueseEyes) é actual.
Reparem nas discrepâncias imediatas entre as imagens, todas elas, e a versão oficial do designado: Antigo Convento da Graça de Loulé.

Três comentários após a versão oficial:

Arquitectura religiosa, gótica. Igreja conventual da qual resta o portal de arco quebrado sobre um gablete com a última arquivolta lavrada, com motivos vegetalistas, colunas monolíticas sobre plintos altos, muito semelhante aos da Igreja Matriz de Loulé, Igreja de São Francisco de Santarém, ao lateral do Igreja do Convento Carmo, em Lisboa, entre outros.

Descrição
Dos restos da igreja da Graça o portal em ruínas é o elemento mais importante, todo o resto foi desvirtuado por construções modernas que se apoderaram das antigas capelas e do claustro. O portal de arco quebrado, sobre um gablete, quebrado no ângulo, assenta as suas arquivoltas em capitéis vegetalistas, sobre colunas monolíticas, cujas bases se apoiam em altos plintos. A última arquivolta é lavrada com flores estilizadas. Sobre esta encontra-se uma estrela de 6 pontas.

Enquadramento
Urbano; o portal em ruínas está entre construções modernas, embora feitas sobre os restos do antigo convento e abre para um amplo largo de circulação rodoviária.

Época Construção
Séc. XIV

Cronologia
Este convento terá pertencido primeiro aos Franciscanos ou aos Templários.
Em 1580 o Cardeal D, Henrique doou o convento à Ordem de S. Agostinho.
O convento foi vendido em 1834 por 500$000 réis e as suas duas cercas por 300$000.

(fonte: IHRU, um "estudo" realizado em 1991)

Comecemos pelo começo!

- «Este convento terá pertencido primeiro aos Franciscanos ou aos Templários.»
Sim senhor. É como o polícia da Régua, branco ou tinto, tanto faz ...
Ora, se repararem nas fotos, têm resposta imediata:
Trata-se originalmente de um templo, que pertenceu à Ordem do Templo.
Miraculosamente o Portal ainda existe.

- «A última arquivolta é lavrada com flores estilizadas. Sobre esta encontra-se uma estrela de 6 pontas.»
Bom ... o estudioso só pode ser vesgo.
Trata-se de um Estrela de 5 Pontas: Signum Salomonis.

Mas, as surpresas não se esgotam nestas simples palavras. Quem vir estas imagens e conhecer um determinado Templo, perceberá.

Este é, pois, o exemplo típico das entidades públicas cuja obrigação é o estudo, inventário e defesa do património português.

Pobre Património

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Uma história à espera de ser revelada

É um orgulho verificar que há pessoas com um Amor e uma generosidade tão grandes ao seu país, e a locais (tantos e tantos locais) especiais neste cantinho!

É o caso dos blogs:

Mogadoyro
De Antero Neto

Mosteiro de Seiça
Onde Inês Pinto e Sílvio Gaspar dão corpo à defesa do Mosteiro

Pereiros de Ansiães
De Hernâni Fidalgo (ânimo!)

Bem hajam e não percam o ânimo!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Margat

Qalaat al-Marqab ou Marqab, em Baniyas, Síria.

Alguns pensamentos

Hoje, uma Senhora fez um comentário, o qual agradeço.
Perguntou-me a origem/fonte da informação; sucede que a fonte vinha expressa no final do texto.

Questionava, e bem, sobre a Ordem que realmente tinha exercido jurisdição sobre o local. E questionou muito bem ...
Sucede, que se tivesse reparado na fonte, teria percebido que se tratava de uma 'fonte oficial' ... aqueles que tenham a gentileza de lerem de vez em quando este blog, já terão percebido que as 'fontes oficiais' para mim, são mera alegoria, e tão só e apenas, fornecedores de alguns dados mais facciosos e inverdadeiros, do que de real credibilidade; as 'entidades oficiais' estão mais interessadas em enterrar, deturpar e apagar a História, do que mostrarem com tudo de bom e menos bom, aquilo que ela verdadeiramente tem.

No artigo em questão, mas como em muito outros, existem umas fotografias a preto e branco; as fotografias a preto e branco são em regra, em regra, aqui publicadas porque antigas. Séc. XIX - XX.
Essas fotografias são habitualmente bem mais esclarecedoras que qualquer texto 'versão oficial', e colocam em causa toda a propaganda da história oficial.

E essa, é a ideia da publicação dos mesmos: texto e imagens. A fonte, expressa sempre no final, dará conhecimento da "oficialidade" ... e da incoerrência face às imagens apresentadas; felizmente ainda subsistem imagens antigas, as quais colocam em causa toda a parafernália oficial.

Assim que o exercício da análise, da ponderação, da compreensão e do ir mais além, é uma necessidade nos artigos deste blog.
Aqui nada é servido pronto; tem que ser descascado e cozinhado. As respostas, cabem a cada indivíduo que vê e lê - um desafio, portanto.

Se pensavam chegar aqui e ter a 'papa feita', sem terem qualquer cuidado em ponderar, analisar e compreender, então estão a perder o Vosso tempo aqui.

Nada é o que parece.
O que parece, raramente é.

Não se fiquem pela espuma do tempo. Excedam-se em Vós próprios.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Capela da Senhora do Salto

Dizem que

O Inferno é no lugar do Salto, uma garganta apertada, onde corre o rio Sousa.

Uma lenda diz que um cavaleiro perseguido pelo Diabo sob a forma de um veado (ou perseguindo o mesmo sob a forma de uma lebre), saltou sobre o abismo nesse Lugar.

Caíndo invocou com fervor a protecção de Nossa Senhora:

- Valei-me Virgem Senhora,

Valei-me sou pecador

E o milagre aconteceu:

o cavalo e o cavaleiro pousaram sãos e salvos na outra margem do rio, num sítio onde ainda se vêm as marcas das ferraduras do cavalo...

Em sinal de agradecimento, o cavaleiro mandou construir uma pequena capela à Nossa Senhora do Salto.

Outra forma da lenda acrescenta: "a imagem da Nossa Senhora foi aí encontrada numa gruta, por umas crianças que lá pastoriavam o gado.
Levada para a igreja umas três vezes, por outras tantas, ela voltava a ser encontrada na gruta, pelo que o abade lhe edificou a capela decente onde apenas estava uma tosca ermida".

Essa imagem é objecto de veneração popular...

Os meus Respeitos D. Guido.

Torre do Castelo de Aguiar de Sousa

Arquitectura militar, medieval. Castelo medieval, com torre de planta quadrangular, descentrada em relação à muralha de contorno ovalóide.



Descrição
Vestígios de torre de planta quadrangular, descentrada relativamente aos restos de um contorno de muralha de forma ovalóide. Uma das faces da torre apresenta uma interrupção , possível lugar de porta, com uma pequena escada de um único lanço. A marcar as ombreiras duas pedras paralelepipédicas apoiam nos muros. Em cada uma das faces da torre e ao mesmo nível dois orifícios.

Enquadramento
Rural, isolado, implanta-se no cimo de uma elevação de forma cónica, entre dois altos eucaliptos, junto a uma espécie de ravina rochosa. O acesso à torre dificultado pela quantidade de vegetação, vai-se constituindo num percurso elicoidal até uma plataforma. Aí são visíveis alguns muros de aparelho regular de alvenaria de xisto , constituindo-se na zona mais elevada numa espécie de muralha com degraus integrados. No cimo dos muros da base da torre disfruta-se do vale do Rio Sousa e das serras envolventes.

Época Construção
Séc. X (atr.)

Cronologia
Séc. X - Provável construção do Castelo;
995 - Foi tomado por Almançor;
1220 - Nas inquirições, esta zona é dominada pelos Sousas, e é designada pelo Termo de Ferreira e Termo de Aguiar, sendo o centro administrativo no Castelo de Aguiar de Sousa;
1258 - É criado o Julgado de Aguiar de Sousa;
1411- Foral de D. João I;
1513, 25 Novembro - D. Manuel II atribui o Foral a "Aguyar de Soussa";
1758 - Aguiar de Sousa pertencia à Comarca de Penafiel;
1837 - Aguiar de Sousa é extinto como concelho e é integrado em Paredes;
Séc. XX (primeira metade) - restauro parcial da torre;
1999 - a proprietária era a viúva do Sr. Amável Costa.

Características Particulares
A Torre é o vestígio mais visível do Castelo da Aguiar de Sousa. É um ponto central e estratégico relativamente às serras envolventes.

(fonte: IHRU)

segunda-feira, 23 de maio de 2011

domingo, 22 de maio de 2011

A Pedra de Elgin, a Catedral, o Reino de Alba

Elgin's Cathedral

O Reino de Alba

Chã de Leonte

A Chã de Leonte situa-se no Gerês.

A Pedra d'Alvidrar

Uma imensa penedia suspensa sobre o abismo ...

Localiza-se perto de Almoçageme, Sintra.

sábado, 21 de maio de 2011

Torre de S. Vicente de Belém

Também conhecida como:

Torre de Belém.



sexta-feira, 20 de maio de 2011

Livres

Liberdade por Direito.
Responsabilidade por Dever.

O que se faz nesta vida, marcará a Eternidade.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

D. Fuas Roupinho e a lenda de Nossa Senhora da Nazaré

Conta a lenda que o topónimo Nazaré se deve a uma imagem da Virgem oriunda de Nazareth, na Palestina, que um monge grego teria trazido até ao Mosteiro de Cauliniana, perto de Mérida, no século IV.

No século VIII teria chegado ao Mosteiro o fugitivo Rei D. Rodrigo, último rei visigodo da Península Ibérica, depois da sua derrota, frente aos Mouros, em Guadalete.

Aí teria encontrado Frei Romano que o acompanhou na sua fuga, trazendo com ele a imagem da Virgem e uma caixa com as relíquias de S. Brás e de S. Bartolomeu.
Antes de morrer, Frei Romano teria escondido a imagem numa lapa, no Sítio, onde ficou guardada durante quatro séculos, sendo então descoberta por pastores, que a passaram a venerar.

D. Fuas Roupinho, alcaide-mor do Castelo de Porto de Mós, tinha por hábito caçar nesta região. Conta a lenda que também ele descobriu a imagem e a venerou.
Algum tempo passou, e numa manhã de nevoeiro, a 14 de Setembro de 1182, perseguia D. Fuas um belo veado, quando o viu desaparecer no precipício.

Alarmado pelo perigo, D. Fuas pediu auxilio à Virgem, e logo o cavalo parou salvando a vida ao cavaleiro.
Em acção de graças, mandou D. Fuas Roupinho construir a Ermida da Memória.

Venerada desde então, a imagem teria dado origem ao nome do lugar:
Sítio de Nossa Senhora de Nazareth.

- Lendas Portuguesas

D. Fuas Roupinho

Foi um Templário português do século XII.
Está ligado ao processo de Reconquista cristã, sob o comando do primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques que em reconhecimento pelo seu mérito o nomeou alcaide-mor do castelo de Porto de Mós.
D. Fuas Roupinho comandava a frota templária.
A frota foi responsável por várias contendas vitóriosas, mas a primeira vitória marítima verdadeiramente contundente contra uma esquadra muçulmana, deu-se ao largo do cabo Espichel em Julho de 1180.

Reza a lenda que no sítio da Nazaré, ao perseguir um cervo, foi salvo de cair num precipício pela própria Virgem Maria que lhe apareceu fazendo o cavalo parar.

Cabo de Espichel - Julho de 1180

Depois da conquista de Lisboa em 1147, levada a cabo com o auxílio de uma armada de cruzados, é natural que o objectivo seguinte de D.Afonso Henriques fosse a conquista de Alcácer do Sal, uma vez que não seria confortável ter tão perto de Lisboa uma importante base naval muçulmana de onde a qualquer instante podia partir uma armada a assolar a orla marítima portuguesa.

Em 1151 é feita uma primeira tentativa, sem êxito, de assalto a Alcácer do Sal com o auxílio de uma pequena armada recrutada em Inglaterra. Em 1157 tem lugar uma segunda tentativa, igualmente infrutífera, desta vez com o auxílio de uma armada de cruzados que aportara ao Tejo. No ano seguinte, cercada por terra e por mar pelas forças portuguesas, desta vez sem auxílio estrangeiro, a cidade acaba por render-se quando um exército de socorro é derrotado à sua vista.

Embora não existam documentos históricos relativos à marinha militar portuguesa nestes anos é de admitir que nos dez anos que decorrem entre a conquista de Lisboa e a de Alcácer do Sal, em que a actividade militar marítima na zona entre Tejo e Sado deve ter sido intensa, o número de galés portuguesas se tenha mantido, pelo menos, na casa das dez unidades.

É também muito natural que depois da conquista de Alcácer do Sal as acções de corso dos Muçulmanos na costa portuguesa tenham diminuído.

Subitamente, vinte anos mais tarde, provavelmente na Primavera de 1179, quando nada o fazia prever, entrou no estuário do Tejo a frota de Sevilha, num total de nove galés, sob o comando de Ganim ben Mardanis, que capturou duas galés portuguesas que, estariam de vigia, e assolou os arredores da cidade, regressando a Sevilha com um riquíssimo despojo.

Na sequência deste ataque terá D. Afonso Henriques encarregado um fidalgo chamado D. Fuas Roupinho de reactivar a nossa frota e reorganizar a vigilância costeira.

Terá então este proposto ao rei uma acção de retaliação contra Sevilha que merceu a sua aprovação. E, possivelmente no Verão de 1179, largou do Tejo a frota portuguesa, sob o comando de D.Fuas Roupinho, em que, possivelmente, iria embarcado o príncipe D.Sancho, a qual, depois de ter saqueado Saltes, nas proximidades de Huelva, subiu o Guadalquivir até Sevilha onde destruiu várias galés muçulmanas e saqueou o arrebalde da cidade, regressando triunfante a Lisboa.
Uma retaliação perfeita em relação á acção realizada meses antes pelos Muçulmanos!

Não se conformaram estes com a ousadia dos cristãos e logo no ano seguinte, 1180, ripostaram, enviando de novo a sua frota para a costa portuguesa, ainda sob o comando de Ganim ben Mardanis, ao que parece com ordem de destruir a frota portuguesa e, se possível, capturar D. Fuas Roupinho.
Depois de, mais uma vez, ter saqueado o arrebalde de Lisboa, a frota muçulmuna dirige-se para São Martinho do Porto onde desembarca a gente de armas que, por terra, se dirige a Porto de Mós, o lugar de residência de D.Fuas Roupinho. Porém, nas proximidades desta vila, os muçulmanos são derrotados pelas forças que D.Fuas conseguira apressadamente reunir tendo sido todos êles, muito provavelmente, mortos ou feitos prisioneiros. Entre estes últimos contava-se Ganim ben Mardanis.

O que nos parece mais provável é que na sequência desta acção a frota muçulmana se tenha recolhido a Alcácer do Sal, que era então a principal base naval dos Árabes na costa ocidental da península Ibérica, a fim de se refazer antes de seguir viagem para Sevilha. Por seu turno, ao que parece, D.Fuas Roupinho ter-se-á dirigido para Coimbra a fim de dar conta ao Rei, que aí se encontrava, do desfecho do combate que tivera com os muçulmanos. Sabendo já D.Afonso Henriques das depredações que a frota de Ganim ben Mardanis tinha feito nos arredores de Lisboa e talvez até que a mesma se achava em Alcácer do Sal, ordenou a D.Fuas Roupinho que reunisse de imediato a frota portuguesa e fosse tentar destruí-la.

É natural que D.Fuas tenha começado por reunir todas as galés que se encontravam nos portos do Norte e com elas se tenha dirigido para Lisboa onde se terá reforçado com as galés e a gente de armas que ali havia. Depois, a 15 ou 20 de Julho, saiu para o mar, talvez com a intenção de se ir colocar sobre a barra do Sado. Porém, ao dobrar o cabo Espichel, tropeçou com a frota muçulmana que, possivelmente por meros acaso, iniciava a viagem de regresso a Sevilha, envolvendo-se com ela numa encarniçada batalha.
O número de galés portuguesas andaria à roda da dezena, talvez dez ou onze (conforme se poderá deduzir dos acontecimentos posteriores), o que daria a D. Fuas uma ligeira superioridade numérica sobre o seu adversário. Por outro lado é natural que as guarnições dos navios muçulmanos estivessem bastante desfalcadas e consideravelmente desmoralizadas, com a derrota sofrida em Porto de Mós. Seja como fôr, a batalha terminou com uma vitória estrondosa dos Portugueses que capturaram todas as galés inimigas e entraram com elas triunfalmente em Lisboa.
Segundo as fontes árabes, D. Afonso Henriques terá então conferido a D. Fuas Roupinho, como prémio pela vitória que alcançara, o título de almirante.

- ANC

Vês este que, saindo da cilada,
Dá sobre o Rei que cerca a vila forte?
Já o Rei tem preso e a vila descercada:
Ilustre feito, digno de Mavorte!
Vê-lo cá vai pintado nesta armada,
No mar também aos Mouros dando a morte,
Tomando-lhe as galés, levando a glória
Da primeira marítima vitória.

É, Dom Fuas Roupinho, que na terra
E no mar resplandece juntamente,
Com o fogo que acendeu junto da serra
De Abila, nas galés da Maura gente.
Olha como, em tão justa e santa guerra,
De acabar pelejando está contente:
Das mãos dos Mouros entra a feliz alma,
Triunfando, nos céus, com justa palma.


Os Lusíadas, Canto VIII, estrofes 16 e 17

Terra

Terra, minha medida!
Com que ternura te encontro
Sempre inteira nos sentidos,
Sempre redonda nos olhos,
Sempre segura nos pés,
Sempre a cheirar a fermento!

Terra amada!
Em qualquer sítio e momento,
Enrugada ou descampada,
Nunca te desconheci!
Berço (...),
Cabes em mim, e eu em ti!


- Miguel Torga

sábado, 14 de maio de 2011

Até breve

Colho, maravilhado,
A flor do teu sorriso;
E tudo à minha volta
Se transfigura:
O céu é um mar azul onde navegam aves;
E as montanhas, suaves
Ondulações
Do grande berço maternal do mundo.
(...) apenas sei que a vara de condão
É o sol de pétalas que me aquece a mão.

(...)Os poetas são loucos.
E poucos
Acreditam
Que a loucura
É o dom do eterno em cada criatura.
Mas neste testemunho comovido,
Neste poema erguido
Sobre a campa das horas
Como um facho de luz inconformada,
Terás, intacta, pela vida fora
A rosa da inocência que és agora.


- Miguel Torga, Rosa Preservada

sexta-feira, 13 de maio de 2011

No Fio da Navalha

Sexta-feira, 13 de Maio

As sextas-feiras 13, são sempre dias poderosos.
Em que o Caminho é deve ser feito, necessariamente, no Fio da Navalha - O Caminho do Meio, ou do Equilibrio.

O de hoje foi ainda mais.

É que hoje é 13 de Maio:
Dia da Terra no Céu, e do Céu na Terra, em Portugal.
A Esperança do mundo.

Salve Regina

Lorca, Murcia (reposição)

São numerosas as lendas que narram a origem de Lorca. A maioria tem carácter mitológico.
Segundo Méndez Silva (1649), um príncipe troiano chamado Elio, em conjunto com um personagem grego de nome Crota, fundaram Eliocroca, que posteriormente veio a chamar-se Lorca, durante a época romana.
O padre Morote, por seu turno, atribui a fundação de Lorca ao princípe troiano Elio-Urzues, navegador durante o Tratado do "Mare Nostrum".
Espinalt no ano de 1778, referiu que "no ano de 4018 da criação do mundo", um princípe troiano chamado Elio fundou uma cidade à qual chamou Ilorci.
Considerou-se ainda uma combinação dos vocábulos Helios (Sol) e Kraton (governo) para formar a designação de Eliocroca (cidade governada pelo Sol).
Sem dúvida que a denominação actual de Lorca procede da época árabe, quando a medina era conhecida como Lurqa.
O significado desta denominação sería "a batalha", provavelmente porque foi nesta cidade onde se confrontaram as tropas cristãs de Teodomiro e as forças árabes que invadiram a Península no Séc. VIII.

Brasão de Armas de Lorca

"Lorca solum gratum, castrum super astra locatum, ensis minans pravis, regni tutissima clavis"
"Lorca de solo grato, castelos encimados, espada contra malvados, do Reino segura chave"

Homenagem e solidariedade

Évora: Giraldo sem pavor (reposição)

- Quadros Portugueses

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Raízes, Flores e Frutos



Setenta e dois anos após a batalha entre o califa Abderrahman e D. Ordonho em 922, as ruínas do Porto serviam de asilo e de reparo a uns poucos de homens esforçados, cujos senhorios tinham sido invadidos pelos moiros.

Esses homens eram D. Munio ou Muninho Viegas, rico-homem de Riba-Doiro e poderoso senhor na comarca de Entre Doiro e Minho, seu irmão D. Sesnando ou Sisnando, e seus filhos D. Egas e D. Garcia Moniz.

Estes homens ilustres acharam, por fim, ocasião de vingar-se.

Quer os gascões aportassem casualmente ao Doiro, como dizem uns, quer eles mandassem à Gasconha a convidá-los a vir combater os moiros da Espanha, como dizem outros, e como parece mais provável, o que se afigura certo é que em 988 D. Munio e os seus achavam-se à frente a uma hoste composta dos seus homens de armas e de gascões, suficiente não só para as azarias e fossados, mas, o que é mais, para empreender qualquer empresa de vulto.

Dos fidalgos que comandavam os gascões, o único de que se sabe o nome é D. Nonego, bispo de Vandoma, e que depois o foi do Porto, ignorância que parece favorecer a opinião daqueles que dizem que os gascões não vieram casualmente, ao correr d'uma empresa aventureira, de outra sorte trariam como era costume chefes distinctos, cujos nomes não esqueceriam; mas foram trazidos da Gasconha pelo proprio D. Munio, que lá os foi buscar, e que, auxiliado por D. Nonego, que como bispo tinha à sua disposição toda a influência da Igreja, pôde recrutar número suficiente para a empresa que meditava.

Seja, porém, como fôr, o que é certo é que D. Munio e os gascões apoderaram-se do Porto, depois d'uma vitória sobre os sarracenos, ganha, segundo dizem, onde hoje é a praça da Batalha, e comemorada pela capelinha que ainda lá existe.

Depois d'esta batalha, D. Munio e os franceses trataram de reedificar o Porto.

Ergueram as antigas e fortes muralhas, e na parte mais elevada da cidade fundaram um alcacer acastellado e bem afortalecido que, depois do conde Henrique, serviu de habitação dos bispos, aos quais foi doado.

A torre e a porta principal foram obra de D. Nonego, que, em memória do seu solo, a nomeou porta de Vandoma, e que na frontaria da torre fez erguer o santuário, onde meteu a imagem de Nossa Senhora, que ou já trouxera consigo de Vandoma, ou mandou cinzelar cá, em gratidão das vitórias que atribuia à sua eficácia e protecção.

Manoel de Faria e Sousa diz que: era una imagen de Nuestra Señora, de escultura mas abultada que polida, y no tan poco pulida que se haga estimable por la arte como se hace decorar por la magestad (y aun sin ella) que esta representando. Tiene embrazado el niño.

D. Munio Viegas e seus, já fora de perigo, reuniram as forças disponíveis com (as dos descendentes de D. Arnaldo de Baião e) as dos senhores de Eixo, Oil e Marnel.
Tomando vantagem da guerra civil após a morte de Almançor, resolveram atacar as áreas sarracenas principais a norte e a sul do Douro, entre as quais incluiam-se aquelas de Entre-Douro-e-Vouga. O território foi nomeado de Terras de Santa Maria em homenagem a Santa Maria de Vendôme/Vandoma.

A Armada dos Gascões

Eram os chefes d'esta armada D. Munio Viegas, D. Sesnando, seu irmão, que depois foi bispo d'esta cidade, e D. Nonego, que, para acompanhar esta empreza, tinha renunciado o seu bispado de Vandoma.

Estes fidalgos, que traziam na sua companhia muitos e distinctos officiaes, apenas desembarcaram na parte septentrional do rio Douro, dirigiram a sua marcha ao mesmo logar em que existia a cidade arruinada. Elles a reedificaram muito mais ampla e forte, cingindo-a de soberbos e elevados muros, que n'aquelle tempo eram inaccessiveis ao soldado mais intrepido. Deixaram n'ella uma escoIhida guarnição, e logo partiram, a expulsar do resto da provincia os barbaros que a dominavam; e, pela fé a que recorriam, as terras que submettiam ao seu dominio as intitulavam Terras de Santa Maria.

O famoso fr. Bernardo de Brito especifica que, edificada a fortaleza e retomada a povoação e egreja antiga, ordenado bispo do Porto dom Sesnando, em companhia do irmão, D. Munio, e dos mais cavalleiros, foi conquistando as terras de uma e outra parte do rio Douro, ate os concelhos de Rezende e Bemviver, repartindo as terras entre os fidalgos e cavalleiros que lh'as ajudaram a conquistar, a quem assignavam logares e honras em que vivessem.

- Manoel de Faria e Sousa, fr. Bernardo de Brito, Arnaldo da Gama

Hércules

Que vale o orgulho? A dor é, como a vida, eterna;
Mas a força defende, e a compaixão redime.
Sou, na humana floresta a planta heróica e terna:
Contra a violência um roble, e pura a prece um vime.

Por onde reviveu, silvando, a hidra de Lema,
Fuzilou no meu braço a cólera sublime;
Os monstros persegui de caverna em caverna,
Sufoquei de antro em antro a peste, a infâmia e o crime:

E, ó Homem, libertei-te!... E, enfim, depondo a clava,
Inerme semideus, sonhei, doce fiandeiro,
De roca e fuso, aos pés de Onfália, num arrulho...

Alma livre no assomo, e na piedade escrava,
Sou raio e beijo, ardor e alívio, águia e cordeiro,
- A força que liberta, e o amor que vence o orgulho!


- Olavo Bilac, Hércules

terça-feira, 10 de maio de 2011

A Porta da Vandoma


- Arnaldo da Gama

sábado, 7 de maio de 2011

Oásis de Paz

Mosterio de San Juan de Peña e o Monte Cuculo

Pelo Caminho Aragonês de Santiago, via Santa Cruz de la Serós, o Mosterio de San Juan de Peña.

O Mosteiro de San Juan de la Peña, situado a sudoeste de Jaca, Huesca, Aragão (Espanha), foi o Mosteiro mais importante de Aragão na alta Idade Média.


...a boca de um mundo de penhascos espirituais revestidos de um bosque de lenda, no qual os monges beneditinos, meio ermitãos, meio guerreiros, veriam passar o inverno, enquanto pisoteavam a neve javalís de carne e osso, ursos, lobos e outros animais selvagens saídos dos bosques.

- Miguel de Unamuno

O Monte Cuculo

O Monte Cuculo, é o monte onde fica situado o Mosteiro de San Juan de Peña.
Domina praticamente todo o território do antigo Reino de Aragão e parte do Reino de Navarra. O Monte Cuculo era o próprio Coração do Reino.
Nele, figura a Taça.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Martim Moniz ...

... genro do Conde Sisnando (Governador de Coimbra e Bispo de Iria ...)

O Conde Sisnando, Cônsul de Coimbra - a quem D. Afonso VI (Imperador) não só ratificou como beneficiou -, casou a sua única filha sobreviva de nome Gelvira ou Elvira Sisnande, com o Ilustre Filho d'Algo (Fidalgo) Martim Moniz.

Quando o Conde Sisnando passou, o Rei D. Afonso (VI - Imperador) entregou o governo das terras de Coimbra a Martim Moniz.
Martim Moniz, Filho d'Algo em terras de Arouca ...

Do seu governo das terras de Coimbra, existem Escrituras do anno de 1093 que fazem referência: ao Capitão Martinho, e numa outra como Martim (Moniz).
O Foral de Coimbra de 22 de Abril de 1093, dado pelo Rei D. Afonso VI, confirma Martim Moniz desta forma:

Ego Martinus Munionis prases Conimbricae, & gener Consul Domni Sisnande, qui pro eo in eius tocum succesis, hoc quod aemino meo Imperatori complavuit confirmo, & observare veraciter promito. [Eu Martim Moniz Presidente de Coimbra, e genro do Consul D. Sisnando a quem sucedi, confirmo e prometo executar com toda a verdade o que o meu Imperador me ordenar.]

No anno de 1093, o gérmen de Portugal, assistiu à conquista de:
Santarém, a 21 de Abril;
Lisboa, a 6 de Maio;
Sintra, a 15 de Maio.

Santarém, caiu por cerco prolongado, recebeu Foral no anno de 1095, a 13 de Novembro:

Certum numque vobis est qualiter Omnipotens Dominus non meis meritis neque virtutibus, sed propria voluntate sicut ipse voluit tradict civitatem Sanctae Herenae in manibus meis, quod incredibile ab omnbus aliquando erat. [Certo de que vós sabeis o modo como o Senhor Todo Poderoso não pelos meus méritos, nem virtudes, só pela sua própria vontade, entregou-me a cidade de Santarém, cuja conquista durante algum tempo acreditava-se não ser possível.]

Confirmaram o Foral:
Bernardo, Arcebispo de Toledo, Gomez, Bispo de Burgos, Raimundo de Palência, Pedro de Leão, Conde D. Peransures, Conde Nuno Valazquez, Conde Martim Flainez, Conde Froilaz Dias, Gonçalo Nunes, e, Fernão Raimundo.

Um capítulo da História riquíssima deste País.

(Com ajuda da Crónica de Fr. Brandão)

Fundação e Doação do Mosteiro de Salzeda

No ano de 1156, a Ilustre Senhora Dona Tareja (Teresa), viúva de D. Egas Moniz, fundando o Mosteiro de Salzeda, fez a doação do mesmo ao Abade João Cirita, Ilustre e Santo Homem.

Estas são as palavras da Escritura:

Facio cartam testamenti pro remedio animae mea vobis Dono Ioãni Abbati Cirita, & omnibus fratibus vestris, atque sequacibus, qui ibi regulariter iuxta normam Patris Benedicti vinere voluerint, de loco illo qui dicitur Salzeda, (...) &c. Facta carta testamenti mense Maio 4 Kalendas Iunij, Ildefonso Rege regnante, Menendo Lamec. Episcopo existente Era M C LX IIII.

Surge uma problemática por parte dos escritores da história quanto à data dominem, considerando que deduzindo à Era de César o normativo, iria recair em 1126.
Ora, conforme com o documento original, assim expressa: Era de 1164.
Os escritores da história referem que D. Afonso Henriques ainda não era Rei, D. Mendo ainda não era Bispo de Lamego, ...
Ter-se-á tratado de um erro de escritura.

Mosteiro de Santa Maria de Salzedas

quarta-feira, 4 de maio de 2011

É este pesar ...

..., esta dor que nos acompanha a par com o sentido de Serviço. Um Serviço que é feito em prole dos demais.

Um excerto de MOMENTVM:

" [...] não pára a vaga de roubos e vandalismo de que sofre o nosso Convento de Thomar por parte da urbe ensandecida. De temerosos a Deus e à Ordem de Christo, de um dia para o outro, passaram a temerários profanadores. [...] do pouco que salvei, conto esta caixa que contem as reliquias de meu antepassado, D. Martim Coelho e o livro da nossa linhagem e vidas dedicadas ao Templo. Bens que me vejo forçado a esconder na nossa casa da rua da Periguilha (*) [...]
---Aos 14 de Maio de 1835.
----Fr. Lourenço Coelho
-----Cavaleiro da Ordem de Christo. "

A turba.
'O Povoado ...'
A mesma que pede, exige e reclama ser Salva.
É a turba que, uma e outra vez, não só "mostra os dentes", como é capaz dos mais ignóbeis e traidores actos.
É a história do mundo que não querem que se saiba; aquela que, uma e outra vez, reaparece.
E ainda assim, uma e outra vez, em Serviço, são Salvos.

Profundis

MOMENTVM

terça-feira, 3 de maio de 2011

Andreas de Monte Barro

Honesto, Digno e Honrado.

Um dos fundadores da Militia Templi.

Senescal do Templo em Jerusalém de 1147 - 1153

Templi Militia Magister
Magister Milicie Templi Salomonis
Magister Templi Jherosolimitani

- 16 de Agosto de 1153 - 27 de Junho de 1155
(momento em que renuncia, e em 1156 dá entrada no Mosteiro de Claraval.)

Tio de S. Bernardo de Claraval.
S. Bernardo em carta endereçada ao seu Tio (André de Montbard) para a Terra Santa, refere-se:

ao grande infortúnio da cruzada anterior, e prediz a sua própria passagem para breve.
Encarrega-o de salvar o grã-Mestre - que na altura era Bernard de Tremelay -, todos os do Templo, e do Hospital ...

S. Bernardo previu o desfecho de 16 de Agosto de 1153 no Cerco de Ascalon.

domingo, 1 de maio de 2011

A Deusa dos Olhos de Sol

Manifestações do sagrado na Pré-História do Ocidente Peninsular


As representações da divindade feminina presente nas placas de xisto gravadas (e nas de grés)(estruturas morfológicas e da própria cronologia absoluta do megalitismo), apresentam uma grande diversidade de componentes gráficos. E em todas as composições, e nos diversos grafismos, a imagem antropomórfica ou «divina», que não tem de ser sempre necessariamente antropomórfica, constitui uma constante.
Diversificada, mas presente, e por vezes de forma bem explícita.

Os Olhos de Sol - ... a forma ainda hoje usada para representar um olhar penetrante, como o do mocho ou o da coruja, diverge muito, de acordo com a concepção do pintor, desenhador ou escultor.

O colar - ... O colar da Deusa, que significativamente a Deusa suméria Inanna vê ser-lhe retirado em último lugar (e devolvido em primeiro), na sua descida aos Infernos,
surge como uma representação específica de poder e a sua presença figurada (e não apenas sugerida) reforça o conjunto simbólico.

O sexo e a área inferior das placas - ... triângulo simbólico

(...) tudo nos remete, o explícito, naturalmente, mas o implícito da mesma forma, para que as placas de xisto gravadas sejam representações de uma divindade feminina, acompanhante e protectora dos vivos no desconhecido caminho da morte.
(Texto adaptado do texto de Victor S. Gonçalves - Manifestações do sagrado na Pré-História do Ocidente peninsular)

Ad majorem Deo gratias

Serenamente, como quem tudo lhe apetece.
Sonho com a facilidade e com o gesto, com o corpo e com a distância, com a árvore inacessível e com a paisagem inóspita, com tudo o que me preenche e se me esquece.
Tenho, realidade minha, a facilidade de esquecer tão segura quanto a realidade de imaginar.

- José Manuel Capêlo