1.
Canto o Varão magnânimo, e constante
Que com valor, e esforço mais que humano,
Prudência sãa, Politica prestante
Deu a existência ao Throno Lusitano;
Que humilhou o Infiel mais arrogante
Que da Libia passara ao Solo Hispano
E de cuja derrota dependia
a fundação de nova Monarquia
2.
Desce a inspirar-me, ó tu, Estro divino;
Que dos heroes prolongas a memoria;
Tu que inflammaste o génio peregrino,
Que de Achilies cantou o esforço, e a gloria
Que alcançaste de Henrique ao Cantor digno
Lugar brilhante nos annaes da Historia;
E que affeito do Tejo ao licor Santo
Inspiraste a Camoens o immortal Canto.
3.
Tu me ensina que Mão Suprema, e forte
A Alfonso conduzio n'uma carreira,
Que posto magestosa, exposta ao córte
Se vio sempre da Parca sobranceira.
Quem seu braço esforçou , que ultima sorte
Seus planos corôou ; porque maneira
Soube illudir com próvidas medidas
De hum génio occulto as tramas fementidas.
4.
Só rasgado por ti ser póde a venda,
Que a ignorância talvez daquelles annos
Sobre os feitos ousou lançar tremenda
Deste Exemplar dos Lusos Soberanos.
Tudo agora me dize, e não te offenda
Se a verdade assumir esses ufanos,
Lindos enfeites, que a Ficção singela
Lhe une para a tornar mais clara e bella.
- António José Osório de Pina Leitão, Cavalleiro da Ordem de Christo
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário