segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Castelo Templário e Convento de Cristo: Descrição


Descrição

Complexo monacal de planta irregular, composta pela igreja, claustros e dependências conventuais.

Coberturas diferenciadas em telhado e em terraço.

Volumes articulados em disposição horizontal quebrada pelo verticalismo da Charola (oratório templário primitivo).
Torre de planta poligonal, originalmente integrada no sistema de fortificação amuralhado, a Charola é o centro irradiador de todo o complexo edificado e constitui ainda o seu elemento visual dominante.

A E. erguem-se os claustros góticos do Cemitério e da Lavagem, a Capela de S. Jorge e as ruínas dos paços medievais, primeiro conjunto de construções anexadas à Charola.

A NE. a Sacristia Filipina e atrás desta, já integrado na fachada N. do complexo, o corpo das Enfermarias (rematado pela Sala dos Cavaleiros) e da Botica.

A O. sacrificando-lhe 2 faces, encosta-se o corpo da Igreja manuelina e depois desta, os claustros e dependências conventuais resultantes das reformas quinhentistas, que se articulam ortogonalmente a partir da, planta cruciforme dos Dormitórios, cujos braços se desenvolvem no sentido N.-S. e E.-O.

A E. do cruzeiro dos Dormitórios, no prolongamento da nave manuelina, situa-se o claustro de Santa Bárbara, a NE. o claustro da Hospedaria, a NO. o da Micha, a O. o das Necessárias, a SE. o de D. João III ou Filipino e antiga sala do capítulo e a SO. o dos Corvos.
Fachada E.: Botica, no seguimento da muralha, e Sala dos Cavaleiros, no ângulo NE., com fachada dupla sobre embasamento em talude, rasgada por janelas de sacada e encimada por frontões contracurvados.

Fachada N. formada pela Portaria Real, entre o corpo das Enfermarias e o da Hospedaria, a que se segue a fachada dos Dormitórios, rematada por frontão triangular, e o corpo da Micha, rasgado pela antiga Portaria.

A fachada O. é cercada por muro alto, por trás do qual avulta a cobertura tripartida do Noviciado e a massa prismática das Necessárias.

Fachada S. realçada pela arcaria do aqueduto dos Pegões, apoiada em plataforma rusticada, corresponde ao corpo do Claustro dos Corvos, Dormitórios e Claustro de D. João III, este encostado à Casa do Capítulo, assente em embasamento de talude.

IGREJA:
Planta composta por 2 corpos diferentes:

- Charola poligonal românica de 16 faces (actual cabeceira), com contrafortes nos ângulos, frestas em panos alternados, cachorrada sob murete rematado por merlões e torre sineira a SE..

Adossado a O. adaptando-se ao desnível do terreno, situa-se o corpo da nave manuelina assente num forte embasamento e marcado por registos sobrepostos divididos horizontalmente por frisos decorativos, contrafortes salientes e moldurados (mais robustos nos ângulos NO. e SO.), revestidos por pujante decoração naturalista e emblemática manuelina, também presente nas molduras das janelas que rasgam a caixa murária, por vezes em associação com elementos platerescos.
Estes janelões possuem 2 ou 3 arquivoltas de decoração vegetalista, grutescos e heráldica manuelina.
O remate é feito por cornija de folhagem e platibanda rendilhada de 2 registos com esferas armilares e cruzes da Ordem de Cristo.

Portal a S., profundo, entre 2 contrafortes prismáticos e escalonados, rematados em pináculos de colchetes, unidos superiormente por arco em asa-de-cesto com rosetas e cairéis de cogulhos que antecede estreita abóbada rebaixada polinervada com bocetes vegetalistas pendentes.
O portal possui 3 arquivoltas em arco pleno, delimitadas por colunelos sobre bases facetadas, a 1ª com grutescos onde na base do lado direito se encontra, inscrita em faixa, o ano de 1515 e assinatura de João de Castilho, a 2ª com enrolamentos de folhagem que se elevam a partir de um cesto, por entre os quais avultam anjos, e a 3ª por rosetas quadrifoliadas, mais pequenas e ladeadas por colunelos torsos nos pés-direitos.
Do extradorso, decorado com cogulhos de acanto, eleva-se moldura ondulante rematada em canopial, decorada com rosetas e cogulhos, que alberga esfera armilar suportada por 2 meninos, e é encimada por friso torso com rendilhado e mísula vegetalista com imagem da Virgem com o Menino sob baldaquino. Ladeiam-na pilastras e colunelos estriados que intercalam nichos com estátuas de Profetas e Doutores da Igreja em 3 registos.
O conjunto é encimado por tronco podado a formar arco polilobado com florões nos vértices e rematado por Cruz da Ordem de Cristo.

O acesso ao interior da igreja faz-se por uma porta de madeira apainelada e pregueada, datada de 1703.

INTERIOR:
Charola composta por deambulatório anelar, com 16 faces no seu perímetro periférico, coberto por abóbada de berço suportada por arcos torais de volta perfeita, envolvendo tambor central octogonal.

Este é composto por 2 andares:
no 1º rasgam-se arcos esguios, ligeiramente apontados; no 2º, frestas simples ou de remate trilobado, sendo o interior do octógono coroado por cúpula nervurada de oito panos.

A exuberante decoração - estatuária, pintura, estuques, frescos e outros elementos complementares - pertence, sobretudo, à época das obras manuelinas quando, igualmente, duas faces da Charola foram rasgadas pelo arco de acesso à nave, adaptação atribuída a João de Castilho, que assim transformou o oratório templário primitivo em capela-mor do novo templo.

As outras 14 faces do muro periférico do deambulatório, alternadamente rasgadas, no alto, por estreitas frestas, encontram-se divididas por colunelos, de onde arrancam os arcos torais da abóbada.
Nas faces situadas imediatamente à esquerda e direita do arco triunfal, abrem-se duas capelas decoradas com talha setecentista.
A nave manuelina é um espaço unitário de 3 tramos cobertos por abóbada polinervada, com cruzeiros, liernes e terceletes unidos por combados torsos formando grandes pétalas em chaveta, decoradas com bocetes vegetalistas. A abóbada apoia-se em mísulas muito desenvolvidas (decoradas com elementos vegetalistas, meninos, anjos, esferas armilares, cruzes da Ordem de Cristo, escudos reais e flor da pimenta), unidas por friso de rosetas que corre a todo o perímetro das paredes da nave.

Na parede O., óculo profundo de estrias radiantes envolvido por moldura torsa.

A N. e S. 2 janelões emoldurados periferiacmente por colunelos torsos, subsistindo no intradorso vestígios de decoração de troncos podados saíntes de cestos.

O portal da igreja é formado, no interior, por arco abatido com elementos vegetalistas entre duas colunas torsas.

A E., amplo arco de acesso à Charola profusamente pintado, com medalhões dos Evangelistas no intradorso onde, suspenso do lado S., se encontra o púlpito, composto por base circular de pedra e sobre esta, um peitoril de balaústres encimado por baldaquino.
Do lado N. existe versão do mesmo púlpito, mas pintada em Trompe-l'oeil.
Uma teia alta em pau-santo, esquinada por balaústres em brecha, separa o espaço da Charola do corpo da igreja.

Abarcando 2 tramos desta, a O., situa-se o coro-alto com cadeiral setecentista de dois níveis de cadeiras dispostas em "U", que substitui o gótico primitivo.
O espaço é protegido por teia em pau-santo integrando 4 balaústres em pedraria que assenta sobre parede com porta de acesso a um sub-coro de pé-direito reduzido (actual Sala do Capítulo), coberto por abóbada abatida, artesoada. O espaço é iluminado por duas janelas, a S. e a O., possuindo esta última abundante decoração naturalista manuelina que corresponde à face interna da designada Janela do Capítulo.

CLAUSTRO DA LAVAGEM: quadrangular, de 2 pisos, o inferior com 5 tramos por ala com arcos quebrados assentes em grossos pilares chanfrados sobre murete, o superior com 6 tramos de arcos quebrados sobre colunas grupadas transversalmente, com capitéis de dupla fiada de colchetes de folhagem; cobertura em tecto de madeira. O espaço central apresenta 4 tanques e a meio 1 poço cisterna.

CLAUSTRO DO CEMITÉRIO: quadrangular, 1 piso com 5 tramos por ala, de arcadas e suportes idênticos aos do Claustro da Lavagem, mas com colunas duplas de bases e capitéis distintos; coberturas em abóbada de berço nas 4 alas e de aresta nos cantos. O seu risco é atribuído a Fernão Gonçalves cuja assinatura, em caracteres góticos, se inscreve na base da coluna do ângulo SO.
Destinado a servir de cemitério a religiosos e cavaleiros da Ordem, possui pavimento revestido com tampas sepulcrais lisas, numeradas e arcossólios com arcas tumulares a S. e O.
Espaço central com 5 alegretes decorados com azulejos hispano-mouriscos.
Abrem para este claustro as capelas de São Jorge, a S. e dos Portocarreiros, a O..

SACRISTIA FILIPINA: espaço rectangular de traçado maneirista substitui a sacristia velha que funcionava desde 1484 na actual Sala de Passagem.
Abre para a ala S. do Claustro do Cemitério através de portal enquadrado por pilastras dóricas encimadas por frontão com a data de 1620.
Nos topos E. e O., mais estreitos, situam-se janelas envolvidas por cartelas por cima de um entablamento dórico sustentado por pilastras em estípide.
Os lados maiores apoiam-se em dois amplos arcos abatidos formando recessos. Cobertura em abóbada de berço com caixotões pintados com grutescos dourados e cruzes da Ordem de Cristo sobre fundo negro.

CLAUSTRO DA MICHA: quadrangular, 4 alas com arcos plenos geminados (em asa de cesto nos topos N. das alas E. e O.), separados por fortes contrafortes; abóbada polinervada sobre colunas lisas com capitéis de volutas e em mísulas cónicas; entrada N. com inscrição e data de conclusão (1546); pavimento central lajeado, com 4 clarabóias e escada de caracol no topo NO., que conduz a vasta cisterna com abóbada apoiada em 6 colunas.
A N. Antiga Portaria, de vão rectangular entre colunas coríntias assentes em altos pedestais. Sobre a galeria, edifícios de 2 pisos que integram, na ala O., as Salas das Cortes. Estas compreendem 3 espaços quadrangulares com 4 colunas centrais suportando tectos de madeira, um dos quais constituído pelo cruzamento de 2 abóbadas de berço com caixotões.

CLAUSTRO DAS NECESSÁRIAS: rectangular, com 2 arcadas nas alas N. e S. e 1 na ala E., tem ao centro boca de cisterna e contíguo, corpo independente onde sobre vasta fossa subterrânea, se acham as instalações sanitárias correspondentes a todos os pisos conventuais.

CLAUSTRO DOS CORVOS: quadrangular, 2 galerias de dupla arcada separadas por contrafortes, que sobem até ao 3º registo a S. e O.; coberturas e suportes idênticos aos do Claustro da Micha.
Rodeiam a quadra 4 corpos de 3 pisos, sendo o lado S. ocupado pelo antigo Celeiro (hoje capela), o N. pela Cozinha (piso térreo) e as celas do Noviciado (1º piso) e o lado E. pelo Refeitório e pelas celas do braço S. dos Dormitórios.

REFEITÓRIO: amplo espaço rectangular situado entre o Claustro de D. João III e o dos Corvos, com abóbada de berço esquartelada formando caixotões quadrados; 2 janelas maineladas rematadas por 2 vãos rectangulares rasgam o topo S., ladeando nicho central onde se abrigava uma pintura. Nas paredes laterais, 2 púlpitos renascença com peitoris decorados com baixos-relevos, entre janelões rectangulares. No topo N., abre-se arco de acesso à Cozinha, espaço quadrangular com abóbada de cruzaria abatida, apoiada em grossas colunas.

DORMITÓRIOS: em cruz, com 2 grandes corredores, para os quais abrem as pequenas celas, cobertos por abóbada de berço em madeira apainelada; 3 janelas maineladas, encimadas por meia luneta, rematam os topos O., N., e S., este incluindo pequeno lavabo parietal; na intersecção dos corredores, um cruzeiro sob cúpula abrindo para uma capela quadrangular, com abóbada de berço com pequenos caixotões com motivos emblemáticos, vegetalistas e figurativos em relevo. No tambor da cúpula, largo friso renascentista com 2 grifos em baixo-relevo e cartela com a data de 1533. O piso inferior da ala E.-O. é integralmente ocupado pelo Noviciado, corredor coberto por abóbada de berço abatido e ladeado de celas.

CLAUSTRO DA HOSPEDARIA: quadrado, 4 alas com arcadas duplas, separadas por contrafortes e galerias cobertas por abóbada semelhante à do Claustro da Micha, no 2º registo varandas com colunas sustentando uma arquitrave corrida, à excepção da ala S., destruída; a O., uma 3ª varanda com colunas jónicas e arquitrave, galerias cobertas com tecto de madeira.

CLAUSTRO DE SANTA BÁRBARA: quadrado, com 4 arcos rebaixados por ala, sobre colunas de fuste liso; cobertura de abóbada rebaixada com nervuras e lintéis no lugar dos arcos torais; 2º piso sem cobertura, possuindo, no entanto, colunas e mísulas. PORTARIA REAL: com entrada a N. por porta ladeada de colunas estriadas e frontão com inscrição, compõe-se por escadaria de 56 degraus em 3 lanços com silhares de azulejos azuis e brancos de padrão, é precedida de pequeno vestíbulo a céu aberto e termina numa sala nobre conhecida como Sala dos Reis, espaço quadrangular com azulejos idênticos aos da escadaria, 2 bancos de pedra assentes em mísulas e tecto apainelado de madeira pintada.

CASA DO CAPÍTULO: composta por vestíbulo quadrangular e nave de 2 registos, rectangular, com ábside poligonal; forte embasamento do lado S. e meio soterrada do lado E., sem pavimento divisor dos 2 pisos primitivos (Capítulo dos Freires, em baixo, e dos Cavaleiros, em cima) e sem cobertura; abóbada de nervuras sobre o vestíbulo, que comunica com a nave por arco geminado.

CLAUSTRO DE D. JOÃO III OU FILIPINO: quadrado com chanfros nos ângulos, 2 pisos, cobertura em terraço com balaustrada; as 4 alas, com galerias cobertas de abóbadas de nervuras e caixotões, abrem para a quadra alternadamente por arcos de volta inteira e por vãos rectangulares encimados por janela (1º reg.) ou por óculo (2º reg.) entre colunas de ordem dórica (1º reg.) e jónica (2º reg.) de fuste liso que sustentam os respectivos entablamentos; os 4 ângulos possuem chanfras rectas no 1º piso e convexas no 2º, rematadas por 4 guaritas, com escadas helicoidais a NE. e SO. Do primitivo claustro subsistem várias "engras", vãos rectangulares, nos cantos, com abóbadas polinervadas descarregando em pilastras; uma destas, no ângulo NO., abriga o Lavabo, de bacia rectangular com decoração gomada, amplo alçado dividido por pilastras e remate em frontão com a data de 1593; o seu risco é atribuído a Filipe Terzi.
Ao centro da quadra, fonte de 2 taças sobrepostas sobre plataforma octogonal, atribuída a Pedro Fernandes de Torres.
As 3 escadarias abertas nas paredes interiores, que fazem a ligação dos 2 pisos com as dependências conventuais envolventes, pertencem igualmente ao primitivo claustro, tendo sido integradas na construção do actual; possuem abóbadas de cruzaria com chaves volumosas e decoração renascentista em baixos-relevos, com florões, putti e medalhões com a imagem de D. João III, de D. Maria, de santos e de Frei António de Lisboa, esta acompanhada de inscrição.

Descrição Complementar

Exteriormente os 3 tramos da nave manuelina são marcados por 4 contrafortes muito pujantes e decorados, sobretudo na parte superior.

Existem ainda frisos de decoração que actuam como separadores dos registos das fachadas, sem correspondência no interior.
O remate é feito por cornija de folhagem e platibanda rendilhada de 2 registos com esferas armilares e cruzes da Ordem de Cristo.

Na fachada O. a designada janela da Sala do Capítulo, possui no intradorso colunelos a imitar troncos podados, encimados por arco polilobado com florões onde se encaixa aro torso; o enquadramento, em alto-relevo, inicia-se inferiormente com um tronco desenraizado carregado por figura masculina barbada, que se subdivide em 2 frisos de onde se elevam 2 colunas recamadas de folhagem e corolas, atadas por grossos cordões com nós e ladeadas inferiormente por 2 pequenos nichos vegetalistas desabitados e superiormente por duas esferas armilares atadas a segmentos curvos de folhagem; sobre o vão da janela sobrepõe-se grosso arco polilobado recamado de folhas onde se encaixam 2 aros torsos rematados inferiormente por florões, e cujos segmentos superiores se enroscam; remata a composição escudo real encimado por cruz da Ordem de Cristo sobre pano de muro esquadriado.
Interiormente tem forma de portal em arco abatido emoldurado por colunelos decorados com elementos de passamanaria: sanefas, nastros, borlas, fios e cordões entrelaçados.

A S. rasga-se outra janela cujo exterior, semi-encoberto pelo Claustro de D. João III, possui também decoração naturalista manuelina, embora menos desenvolvida.

A decoração interior da Charola abrange todo o seu muro periférico, a abóbada anelar e o exterior e interior do octógono central.
As 14 faces que limitam o deambulatório são divididas por colunelos onde, a meia altura, se encontram suspensas esculturas em madeira policromada, com cerca de 2m, representando Profetas, assentes em mísulas e encimadas por baldaquinos góticos em talha dourada, obra de Olivier de Gand e Fernão Muñoz.

8 Faces do deambulatório que mantêm a estrutura primitiva, possuem altar em baixo, recessos de 2,5x4m para pinturas sobre tábua na zona média e no último terço (até ao arranque da abóbada), pintura mural ou estuques.
As 5 faces restantes possuem capelas ou acessos a outras dependências construídas posteriormente.

À esquerda e direita do arco triunfal, 2 capelas com talha setecentista:
a do lado da Epístola com talha dourada de "estilo nacional" cobrindo o tecto, parte das ilhargas e parte da parede fundeira (retábulo incompleto).
A do lado do Evangelho, integralmente revestida por talha rocaille, dourada e policromada com marmoreados.

Das grandes pinturas sobre tábua das paredes, atribuídas a Jorge Afonso ou ao seu círculo, restam 5 em estado integral, 1 incompleta e 2 fragmentos.

Também os altares possuíram pinturas sobre tábua (de menores dimensões e formato rectangular), atribuídas a Gregório Lopes ou ao seu círculo.
Destas restam apenas 3, uma delas fora do Convento *1.
A pintura parietal superior, com cenas da Vida de Cristo (Menino Jesus entre os Doutores, Fuga para o Egipto, Circuncisão, Enterro de Cristo, Descida da Cruz, Encontro de Cristo com a Virgem, Cristo a caminho do Calvário, Pilatos apresentando Cristo ao povo e Cristo no Monte das Oliveiras), está atribuída a Domingos Vieira Serrão e/ou Simão de Abreu.

Também o octógono central possui, exteriormente, na zona das frestas superiores, pinturas murais de anjos segurando os Instrumentos da Paixão de Cristo, atribuídas a Fernão Anes.
Internamente é decorado com 3 grandes baldaquinos góticos em talha dourada, suspensos nas faces a E., e abóbada de nervuras com chave e cairéis dourados envolvendo, alternadamente, cruzes da Ordem e esferas armilares.
Adossadas aos pilares dos arcos do octógono encontram-se, aparentemente suportadas por mísulas, 12 esculturas em madeira policromada (Anjo de Portugal, Arcanjo, S. João Baptista, S. Paulo, S. Agostinho, S. Basílio, S. Domingos, S. António, S. Pedro, S. Jerónimo, S. Gregório Papa, e Virgem com S. João Evangelista).

Tal como os baldaquinos, pertencem ao conjunto de escultura (de influência flamenga) da autoria de Olivier de Gand e Fernão Munõz.
A abóbada anelar que cobre a Charola é integralmente pintada com motivos arquitectónicos góticos em trompe-l'oeil (nervuras e molduras flamejantes polilobadas) sobre fundo carmesim.
A presença, num dos tramos, da esfera armilar manuelina face ao escudo com as armas de D. Maria, permite datar a sua execução entre 1510 e 1518.

Claustro do Cemitério utilizado como complemento do panteão das Ordens do Templo e de Cristo na Igreja de S. Maria do Olival.

Na ala S., em edícula coroada por frontão e com a data de 1584, o túmulo de Baltazar de Faria, juiz da Casa da Suplicação e agente diplomático de D. João III em Roma; abrigado em arcossólio manuelino com rebordo de folhagem entre colunelos e remate trilobado, o túmulo, datado de 1523, de D. Diogo da Gama, irmão de Vasco da Gama e capelão de D. Manuel I.
Na mesma ala, abre-se porta de acesso à antiga Capela de S. Jorge, utilizada também como sacristia até à construção da nova (dita filipina); espaço quadrangular com abóbada de cruzaria, tem na parede O. arcossólio com túmulo brasonado de Vasco Gonçalves de Almeida e sua mulher, Meça Lourenço, amos do Infante D. Henrique e doadores da capela em 1426, conforme inscrição.

Na ala O. do claustro, datado de 1599, túmulo com arca encimada por obelisco ostentando as armas de D. Pedro Álvares Seco, desembargador da Casa da Suplicação e contador do Mestrado da Ordem e Capela dos Portocarreiros, datada de 1626.
Mandada erguer por António Portocarreiro, almoxarife das rendas da Mesa Mestral da Ordem, é um espaço rectangular revestido por azulejos seiscentistas de diamante e padrão, incluindo frontal de altar e caixotões da abóbada de berço que cobre a capela.
Na parede fundeira, altar encimado por nicho vazio; nas paredes laterais (lado do Evangelho) pedra tumular armoriada com identificação do fundador e sua mulher e do lado oposto (Epístola) lápide sepulcral com legenda, destinada aos descendentes. Acima destas, em painéis que prolongam as divisões em caixotões da abóbada, azulejos figurativos com cenas da vida de Cristo.

Fonte: ex-DGEMN, actual IHRU

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