quinta-feira, 1 de março de 2012

Reflex(ões)

Corria o annum de 1156, quando na capital política e administrativa de Portugal, Coimbra, o então bispo de Coimbra D. Miguel, intenta junto de D. Afonso Henriques a demanda de querença das terças das Terras de Ega, Redinha e Pombal.

Tendo D. Afonso Henriques doado aos Templários os lugares de Pombal, Ega e Redinha, e tendo sido assim povoados depois da tomada de Lisboa e Santarém em 1147, os aí moradores, recusaram-se a reconhecer o bispo de Coimbra como seu prelado ordinário ...

Tal veio a suscitar todo o tipo de 'situações' ... Ora, D. João Anaia, era à altura dos acontecimentos bispo de Coimbra, estava contudo ausente em Terras de Leão, e entregava a administração ao arcedeago Domingos, que na expectativa de ultrapassar tal negativa fez Concordata com D. Gualdim Paes, que se obrigou a dar as terças, tendo entregado desde logo uma soma em dinheiro em razão dessas mesmas terças.

Entretanto, o prior da Sé - Miguel Salomão, não quis receber tal valor pago, nem tão pouco quis reconhecer a Concordata.

Ora, D. João Anaia sofreu ao mesmo tempo um duro e injusto revés, e Miguel Salomão - o prior da Sé, subiu a bispo de Coimbra ... quando na realidade, o mais lógico teria sido o arcedeago.
E assim foi que, o bispo D. Miguel e o seu sucessor bispo Bermudo (uns mimos) ... tendo, ambos, chegado à Cadeira, trataram de bradar "da injustiça" ... recorreram a D. Afonso Henriques, sendo que D. Afonso Henriques respondia sempre, e invariavelmente, da mesma forma e maneira:
«Não dei aos Templários mais do que aquilo que era seu.»
O mesmo será dizer, a jurisdição temporal e, o direito ao Padroado.

Considerando a digna, intransigente, clara e transparente postura Templária, pois que o Seu a Seu Dono, e aos ganaciosos o desprezo, ambos os bispos andaram em bolandas, queixando-se e queixando-se, daquilo que malfadada e intencionalmente não quiseram receber, continuando na sua senda de velhacarias que haviam e continuavam a praticar.

Chamaram à colação os restantes bispos do território, inclusive o de Braga, e por fim foram queixar-se ao papa.

Estes srs., foram denegrindo os Templários nas suas prédicas, bem como nas prédicas que os seus subordinados iam fazendo ... valha-nos que o Povo bem conhecia os Templários, e sabia de antemão que todas as mentiras, eram, de facto, isso mesmo, mentiras.

Entre tricas e queixinhas, entre golpes palacianos nas câmaras e nos corredores do poder, lá por fim, conseguiram que fossem expedidas letras apostólicas, que nomeavam juízes indicados pelo papa, tendo tal sucedido por duas vezes.
As primeiras foram expedidas por Alexandre III antes de Concílio Latrão (que teve lugar em 1179), tudo isto em resposta já à súplica do bispo Bermudo - que governou a igreja de Coimbra de 1171 a 1182.

Ora, no meio tempo de D. Bermudo, e no perído compreendido entre 1177 - 1182, D. Raimundo Tolosano, regressando da Terra Santa, interveio no processo, levando à dilação do mesmo ...
E o tempo foi correndo.

As segundas letras apostólicas de nomeação de juízes são do papa Lúcio III, já posteriores ao Concílio de Latrão, expedidas depois de 1181.

Esta questão arrastou-se durante 51 anos, tendo tido a intervenção de 4 papas - um dos quais Jacinto Bobo - que interviu primeiro enquanto cardeal diácono de Santa Maria in comendin, e que mais tarde viria a ser papa sob o nome de Celestino III, em 1191 -, e que devia ter-se arrastado ad nausea. Mas D. Fernando Dias, em 1206, decidiu que era tempo de pôr termo à questão.
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Quando Pedro de S. Germano, querendo conciliar as partes, foi a Soure com D. Bermudo o bispo queixoso ... para encontra-se com D. Gualdim Paes, nada conseguiu, porque, mais uma vez, «ambos se travaram de razões», e o bispo já de saída foi - assim foi considerado por alguns - 'escandalosamente insultado' - mas "se foi", não foi tanto quanto merecia e devia.

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