domingo, 8 de março de 2009

Deusa - Mulher

No Dia Internacional da Mulher

Afrodite - Vénus - Astarte - Ishtar (Ou Simplesmente Mulher)

No Ano de Júpiter, ou da Justiça, a Deusa do Amor aparece, para temperar a Justiça com Amor, e transmutar em Compaixão.

(...) Sabe-se que um culto se sobrepunha a outro adaptando os locais anteriormente utilizados.

Por isso, certamente que muitas das capelas e ermidas que existem ao longo da costa foram antigos santuários construídos pelos marinheiros Fenícios em honra da sua senhora, a deusa Astarte, Ericina ou Columba a quem mais tarde os romanos chamaram Afrodite, Venus e Hera.

Astarte era uma divindade fundamentalmente relacionada com a lua e que frequentemente aparece como protectora, como estrela guia dos viajantes e marinheiros. Também conhecida por estrela da manhã ou estrela alta, Astarte acabou por se identificar com as divindades Greco-Romanas Hera e Anat, bem como com a famosa Vénus Ericina.

J. Leite Vasconcelos, na sua obra "As religiões da Lusitânia" considera a existência em Portugal de santuários Fenícios em honra de Astarte, a deusa Semítica da Lua. Embora entre nós haja poucos vestígios materiais do culto de Vénus ou da sua antecessora Astarte ou Ericina, Camões, nos Lusíadas, atribui-lhe o papel de protectora dos Portugueses, nomeadamente nos cantos I, III, VI, VII e particularmente no canto II.

Ao estabelecerem as suas bases Atlânticas de 35 em 35 quilómetros, os marinheiros desses tempos escolhiam locais da costa que apresentassem de preferência dois ancoradouros contíguos, como alternativa à direcção dos mares, como Ericeira a "Ribeira" e a "Foz".

Nesses ancoradouros os Fenícios construíram fortalezas e sobretudo santuários, normalmente dedicados à deusa Astarte ou uma das suas variantes. Muitos desses antigos santuários são hoje, naturalmente, dedicados aos nossos Santos, como estamos convencidos ser a capela da Senhora da Boa Viagem e Sto. António, junto à Praia dos Pescadores.

Nesta capela, que no princípio de século XVII foi sede da corporação dos homens do mar, existia o culto a Sant' Elmo. Curiosamente, no cabo Higuér, entre Biarritz e San Sebastian, na rota Oceânica Fenícia, onde outrora se erguia um templo a Vénus existe hoje uma capela dedicada a Sant' Elmo, tal como no sul da Espanha, em Málaga, onde existiu uma colónia Fenícia, existe hoje um local com esse nome.

Um dos atributos de Astarte ou Vénus aparece relacionado com a lua. A 100 metros a baixo da capela de Sto. António, a caminho da praia, existe uma fonte, "A Bica", ou o "Chafariz da Concada" como se lhe chama, da qual ainda há memória de ser conhecida por: Fonte da Lua.
Olhando para sul, lá no fundo, na Serra de Sintra, existiu um santuário em honra da Lua, o qual Leite de Vasconcelos admite ter sido Fenício, dedicado a Astarte.
De resto, a própria Serra de Sintra, era assim designada pelo escritor Grego de século I/II, Ptolomeu.

A sul, como ponto alternativo, o Lizandro, na embocadura do qual se ergue a ermida de S. Julião e Sta. Basalisa que faz lembrar o antigo santuário de Astarte, a Alba Sta Columba, a Vénus Ericina, a Estrela dos Céus, na Sicília. E
ste santuário é também hoje dedicado a "San Giuliano". Quem visita a ermida de S. Julião, que sinaliza a entrada do Lizandro e que conjuntamente com a capela de S. Sebastião, a norte da Ericeira, localizam aquela costa, depara com um pentagrama gravado na parede de pedra do alpendre.

Ao jeito de uma época, este pentagrama contem algumas inscrições, vários triângulos e três quadrados. Num destes triângulos estão dispostas 80 letras, em colunas verticais e horizontais, as quais dão leituras sucessivas e em todas as direcções da Estrela Matutina. Estrela Matutina era um dos nomes porque era também conhecida Isthar (estrela), Astarte-Vénus ou Ericina. Quanto a Sta. Basalisa, era uma das "nove Santas Irmâs Gémeas" popularizadas num mito que as relaciona com Astarte.

A mil e quinhentos metros desta ermida, perto da Carvoeira, nas margens do Lizandro, fica a capela da Nossa Senhora do Ó, ou do Porto. No seu interior, num altar retirado existe uma antiga imagem de pedra de Sta. Ana, mãe da Nossa Senhora e avó de Jesus que faz lembrar a Ana ou Anat dos Fenícios, a "Rainha de Todos os Céus", divindade pouco diferenciada de Astarte. Também no panteão Celta da Hibérnia (Irlanda) existia uma Ana ou Anat, a mãe que "alimentava os deuses".
- Gwydion Lusitanae

2 comentários:

Criptex disse...

Bela Vénus, em Madre Pérola anunciada...
Bonita imagem.

Sigillum disse...

Toda uma simbologia que percorre os Povos do Mundo, com diferentes nomes e versões, mas com um sentido idêntico

Agradeço-lhe a gentileza de sempre