sábado, 28 de fevereiro de 2009

Tamarma

No forum de discussão dos C. G. de Stª Maria do Olival, uma leitora faz alusão à possível existência de um nome árabe para Tomar, oriundo de tâmara ou tamareira.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Do Centenário de Gualdim Paes, pela Occidente





*

(clique nas imagens para redimensionar o formato)
(*actualizado - 5ª imagem)

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Tomar, Terra Templária

(clique na imagem para ver em formato maior)

Já sossega, depois de tanta luta,
Já me descansa em paz o coração.
Caí na conta, enfim, de quanto é vão
O bem que ao Mundo e à Sorte se disputa.

Penetrando, com fronte não enxuta,
No sacrário do templo da Ilusão,
Só encontrei, com dor e confusão,
Trevas e pó, uma matéria bruta...

Não é no vasto mundo — por imenso
Que ele pareça à nossa mocidade —
Que a alma sacia o seu desejo intenso...

Na esfera do invisível, do intangível,
Sobre desertos, vácuo, soledade,
Vôa e paira o espírito impassível!


- Antero de Quental, Transcendentalismo

Tomar, Terra Templária
(Um site dedicado)

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Charola templária e altares


(clicar na imagem para ver a 360º)




A primeira imagem dos anos 40 do Séc. XX, apresenta um altar no seio da Charola; um altar como qualquer altar actual, que se encontra em igrejas recentemente construídas ou recentemente adulteradas!

A segunda imagem, recente, apresenta um altar do Séc. XII.
Um altar que esteve durante algum tempo no seio da Charola, cópia (a data encontra-se inscrita na pedra - 1960, terceira imagem) do altar original, ou seja, existiu um altar idêntico a este aquando da fundação da Charola.
A quarta e quinta imagens, apresentam altar idêntico ao da segunda e terceira imagens, caracterizado como sendo um altar românico do Séc. XII.

Há contudo um detalhe interessante em relação ao altar original da Charola:
a mesa apresenta duas depressões em cunha...
De acordo com os Elementos de Archeologia e Bellas Artes:

Na época romana e gótica, embora não faltassem as criptas ou confissões, era o mais trivial depositar as relíquias em alguma cavidade aberta no suporte da mesa.
No entanto, as cavidades em cunha não se encontram no suporte da mesa, mas sim na própria mesa. Voltarei ao assunto.

Convento e Igreja de Santa Iria - Cronologia

Cronologia

Séc. VII - A patrologia do séc. XII assinala um convento nas imediações e no local onde hoje existe a Igreja de Santa Iria; (de acordo com a Corografia do Reino de Portugal, estava situado no mesmo local do Convento das religiosas de Stª Clara junto ao rio.)

- 640 - fundação por São Frutuoso, Arcebispo de Braga, de dois mosteiros: um dos frades beneditinos, no local onde se situa a Igreja de Santa Maria do Olival e outro de religiosas onde mais tarde foi construído o Convento de Santa Clara, posteriormente de Santa Iria;

- 653 - governação da Nabância pelo Conde Castinaldo, pai de Britaldo, o jovem que terá mandado matar Iria, em 20 de Outubro, no local onde segundo a tradição se situa o Pêgo de Santa Iria, lançando-a ao rio tendo o corpo aparecido na actual Ribeira de Santarém. Iria era filha de Ermenegildo, descendente de Visigodos, e de Eugénia, descendente de romanos, sendo confiada aos cuidados de suas tias, Casta e Júlia, recolhidas ou professas no Convento;

- 1317 - existência de uma Capelinha de Santa Iria, mandada erigir sobre os túmulos de Casta e Júlia;

- 1467 - D. Mécia Vaz Queiroz (viúva do antigo vedor da fazenda do infante D. Henrique Pêro Vasques de Almeida) e suas filhas Maria, Brites e Marta de Almeida compram o sítio de Santa Iria, mandando construir casas e capela onde se recolhem (no local onde antes existiu uma capelinha ou mosteiro que tinha ardido);

- 1482 - reconhecimento do Recolhimento da Santa Iria pelo Prior de Tomar, D. Pedro, a pedido de Marta de Cristo (Marta de Almeida);

- 1523, 27 de Outubro - o recolhimento de freiras clarissas de Santa Iria passa à observância franciscana, a pedido de D. Marta de Almeida, seguindo as regras de Santa Clara (existiam 15 freiras, em 1540 existiam 20 e anos mais tarde a 36), foi nomeada abadessa Mécia da Silveira, do Convento de Santa Clara da Guarda;

- 1536, c. de - reconstruída e aumentada a primitiva capela por Pedro Moniz da Silva, irmão de Frei António de Lisboa, Dom Prior do Convento de Tomar (de acordo com a lápide da Capela-mor e com a data inscrita na porta principal );

- 1550, c. de - construção da Capela dos Vales, encomendada por Miguel do Valle;

- 1555, 26 de Novembro - grande cheia que aluiu várias casas do Convento. As freiras vendem casas nobres que pertenciam ao Convento, a D. Isabel de Magalhães, que deixou a seu sobrinho Lourenço do Valle e depois, se incorporaram no Convento de Santa Iria;

- 1610 - D. Vitória de Vilhena, neta de Pedro Moniz, manda decorar a Capela-mor (pintura dos tectos e douradura);

- 1632 - morte do pintor tomarense Domingos Vieira Serrão (atribuição das pinturas decorativas do tecto), sepultado no pavimento da nave;

- 1719, 21 de Abril - por escritura incorporam-se no Convento duas moradias de casa, com um pedaço da Cerrada de João do Coito;

- 1775 - era Madre do Convento Sóror Felizarda Teresa de Jesus;

- 1791- era Madre do Convento das Religiosas de Santa Iria, D. Rita de Meneses Vasconcelos;

- 1810 - alegam-se prejuízos causados pelas tropas francesas de Massena;

- 1835 - morre a última freira do Convento;

- 1836 - o Convento de Santa Iria foi vendido em hasta pública a Nepomuceno de Freitas, que realizou grandes obras.
Estas obras fizeram desaparecer os túmulos de Casta e Júlia;

- 1837 - a Igreja é adquirida por Tomé Rodrigues da Silva e seus descendentes;

- 1842, 1 de Fevereiro - de (lista nº 131 do D.G.), o Convento e a Igreja são postos em hasta pública, tendo sido vendidos em 20 de Dezembro a Thomé Rodrigues da Silva;

Terão a partir daqui vários proprietários e várias utilizações:
armazém, hospedaria, fábrica de lanifícios de "mantas de cordão de lã e alforges" fundada por José António Nunes da Covilhã então pertença de D. Maria da Conceição Rodrigues Faria e Silva, e ainda Casa Bancária Pinto de Magalhães; a casa do capelão das freiras (actual edifício do Café de Santa Iria) foi vendida pelo filho de Thomé R. da Silva a Daniel Ribeiro dos Santos;

- 1872 - em sessão camarária, o vereador Macedo, tendo conhecimento de que se ia vender, em praça, a Igreja do extinto Convento de Santa Iria, pertencente ao menor Luís Rodrigues da Silva, filho de D. Maria C. R. F. e Silva, propõe a respectiva aquisição pela Câmara Municipal;

- 1877 - a Igreja do extinto Convento já vendida, ao Arq. José Maria Nepomuceno que a pretendia restaurar o que nunca veio a acontecer.
A sua viúva remove, para venda, alguns azulejos da parede oeste da nave;

- 1897 - após a morte de Nepomuceno a igreja é comprada pela condessa de Sarmento, passando depois ao sobrinho, João do Valle Mexia;

- Finais do Séc. XIX - a Igreja de Santa Iria teria já o aspecto actual.

A janela renascentista, existente na fachada, encontrava-se anteriormente no coro alto, que foi cortado, tendo sido deslocada um pouco mais para a direita.

Foi igualmente inutilizada parte do tecto em caixotões, com ornamentos picturais de Séc. XVII;

- 1905, 16 de Agosto - incêndio que deflagrou na fábrica de lanifícios destrói a maior parte do edifício que volta a ser vendido;

Os novos proprietários (António Gonçalves da Silva, avô de Maria Ermelinda Batista Gonçalves da Silva) dividem então o convento em duas habitações e uma serração de madeira;

- 1920 - era proprietário da Igreja de Santa Iria o Dr. João do Valle e Sousa Menezes;

- 1947 - descoberta a laje tumular de Casta e Júlia (tias de Iria) que tinha sido colocada, de reverso, na construção da fábrica de Fiação;

- 1965 - Segundo o Tesoureiro da União dos Amigos dos Monumentos da Ordem de Cristo, encontravam-se no seu museu, no Convento de Cristo, 2 painéis de azulejos que eram pertença da Capela da Rua Peralves Sêco, em Tomar, e que o retábulo da capela foi aplicado na Igreja de Santa Iria;

- 2000 - venda condicionada do Convento de Santa Iria à PZ - Sociedade Imobiliária, Ldª. pela proprietária Maria Ermelinda Batista Gonçalves da Silva ;

- 2003/4 - O Convento volta à posse dos filhos dos antigos proprietários, Luís António Gonçalves da Silva Jardim Pereira e João Augusto Gonçalves da Silva Jardim Pereira;

- 2004, Julho, a CMT exerce o direito de preferência e adquire o Convento.

Fonte: IHRU

Quem lhe acode?

Convento e Igreja de Santa Iria - Tipologia e demais

Tipologia

Arquitectura religiosa manuelina, renascentista, maneirista.

Capela conventual de freiras clarissas com portal lateral, nave única e duplo coro (destruído) através do qual se fazia a comunicação com o convento e o claustro.

Portais da igreja e da Capela dos Vales, retábulo desta capela e claustro de proporções e decoração renascentistas. Porta da sacristia com elementos decorativos manuelinos. Pinturas murais maneiristas

Características Particulares

O convento foi construído no local onde, segundo reza a tradição, Santa Iria terá sido degolada.
Os motivos em relevo da porta da entrada, gravados nas pilastras, (instrumentos musicais, panóplias de armas, medalhões) repetem-se na decoração do altar da Casa do Capítulo do Convento de Cristo, mostrando uma mesma fonte ou um mesmo artista

Materiais
Alvenaria rebocada e pintada nas paredes exteriores; cantarias nas molduras dos vãos e balcões de sacada; pedra calcária na escadaria; madeira pintada em portas e caixilhos de janelas; Alumínio em portas e janelas; PVC em estores; ferro pintado no gradeamento e portas; telha em meia cana em telhado e beirado; telha lusa em telhado Cantaria, alvenaria, pedra calcária de Ançã nos nichos

Intervenções Realizadas
- 1925 - obras na Igreja de Santa Iria a pedido do sócio nº 237 da União dos Amigos dos Monumentos da Ordem de Cristo;

- 1926 - a Confraria das Aias de Santa Iria manda restaurar imagens que existiam na capela;

- 1929 - restauro por subscrição pública e transporte da imagem de Santa Iria;

- 1945 - restauro da peanha do crucifixo de Santa Iria;

- 1961 - reparação de telhados da sacristia e nave(DGEMN);

- 1962 - restauro do altar-mor e altares laterais(DGEMN);

- 1995 - beneficiação da cobertura(DGEMN);

- 1996 - restauro das pinturas e azulejos, substituição das coberturas da nave da igreja e respectivos anexos, remoção da estrutura de madeira da cobertura e substituição por estrutura metálica, fixação do tecto da nave à nova estrutura(DGEMN);

- 1997 - conclusão dos trabalhos das coberturas(DGEMN).

Observações
1 - Elementos existentes na Igreja de Santa Iria em Tomar:

1) Porta da entrada (renascença);
2) Capela lateral, fronteira à entrada / Parte do antigo convento de Santa Iria, compreendendo a Igreja;

2 - Tem duas classificações:
classificados como MN apenas o Portal principal e a capela lateral da Igreja e posteriormente como IIP o Convento compreendendo a Igreja;

3 - A igreja tinha um duplo coro a O. entretanto destruído;
a janela que nele se abria foi deslocada para a nave.

Pedro Moniz da Silva era irmão de D. António de Lisboa, António Moniz da Silva, Prior Mor da Ordem de Cristo e filho de Diogo Aires Moniz, vedor do Infante D. Fernando e neto de Gil Aires Moniz, secretário do Condestável D. Nuno Álvares Pereira;

D. Miguel do Valle, era natural do Algarve e em 1520 foi para a índia na cruzada chefiada por Jorge de Brito, quando regressou fixou-se na Guerreira, onde os seus descendentes ainda habitam, tendo sido nomeado por alvará régio de 15 de Novembro de 1549 escudeiro - fidalgo

Fonte: IHRU

Convento e Igreja de Santa Iria - Designação e descrição


Designação
Convento e Igreja de Santa Iria

Monumento

Nº IPA
PT031418110009

Localização
Santarém, Tomar, Freg. de Santa Maria dos Olivais

Protecção
MN, Dec. 11-07-1920, DG 167 de 30 Julho 1920 (Portal e Capela dos Vales); IIP, Dec. nº 35 532, DG 55 de 15 Março de 1946 (Convento e Igreja), ZEP, DG 231 de 03 Outubro de 1946 *2

Enquadramento
Urbano, ribeirinho, adossado.

Conjunto formado por edifícios adossados ao antigo Convento constituídos pela Igreja, armazéns, edifício de habitação/café, jardim e muro permitindo a intercomunicação do rio com o pego.

Situado na margem esquerda do rio Nabão, no antigo bairro de Além da Ponte, a seguir à Ponte Velha (v.PT031418110086), limitado a E. pela R. de Santa Iria com o seu Arco das Freiras (v. PT031418110019), que estabelecia a passagem entre casas do Convento de Santa Iria dos 2 lados da rua, e a N. pela R. Marquês de Pombal, antiga R. Larga. A O. o rio delimita as antigas áreas da cerca do convento.

Descrição

Edifício Conventual:

Planta rectangular irregular, composta por dependências adossadas ao claustro, justapostas e interligadas em volumes articulados constituído pelo espaço do antigo convento composto pelo corpo do pêgo, dependências habitacionais, dependências que servem de adega, cocheira, celeiro e armazém, com parte adossada a E. à Igreja e ao Café de Santa Iria.

Coberturas diferenciadas em telhados de 1, 2, 3, e 4 águas, sendo de 1 água na cobertura de uma dependência da retaguarda, marquise e parte da galeria O. do Claustro, 2 na trapeira, cocheira e Igreja de Santa Iria, 3 nas dependências habitacionais, adega e armazém, 4 nos torreões que se sobrelevam da parte habitacional.

Destacam-se 2 chaminés, uma ao lado da trapeira na fachada e outra no telhado da galeria N. do claustro.

Fachada principal a N. virada para R. Marquês de Pombal de 3 corpos; 1º corpo com portão de entrada em arco de volta perfeita, adossado à Igreja de Santa Iria, rematado por varandim com guardas em ferro, (adossado a parte da fachada E. e Igreja) de acesso a pequeno átrio alpendrado com pavimento em calçada português, com o nome da família Gonçalves, onde se abre um portal de arco de volta perfeita para o interior do antigo convento, por cima, no 2º piso 2 janelas de bandeira de vão rectangular com molduras salientes pintadas de ocre com ombreiras superiormente e inferiormente recortadas e verga arquitravada pouco saliente, 2º corpo de 2 pisos com embasamento em cantaria limitado por cunhais e rematado por cornija moldurada, ambos pintados de ocre, com beirado simples saliente, 1º piso com 5 portas de vão rectangular emolduradas a cantaria com ombreiras recortadas, sendo a axial, de entrada para a habitação, de duplo lintel com verga arquitravada e encimada por janela de sacada com bandeira de vão rectangular emoldurada a cantaria com moldura superiormente recortada com balcão pouco saliente com guardas em ferro, ladeada por 4 janelas de peitoril de bandeira e guardas em ferro, de igual modinatura à de sacada; 3º corpo constituindo por 2 torreões adossados, que arrancam recuados do 2º corpo e sobrelevados 1 piso, sendo que o primeiro torreão a E. é delimitado por cunhais pintados a ocre com capitéis e remate em entablamento e platibanda ornada com motivos geométricos, rasgado a meio do pano por pequena janela; o segundo torreão ligeiramente mais pequeno, é rematado por beirado simples saliente e rasgado a meio do pano por janela de vão rectangular com molduras pintadas a ocre; Fachada O. virada para o Rio Nabão de 2 pisos e 3 corpos; o 1º corpo e 2º corpo são delimitados por cunhais em cantaria pintados de ocre, assentes em embasamento e rematados por beirados salientes, 1º corpo com beirado duplo com cornija moldurada no primeiro terço, beirado simples no segundo terço e sem beirado no terceiro, 2º corpo com beirado simples com cornija moldurada, 3º corpo sem beirado; No 1º corpo no telhado e bastante recuada destaca-se uma trapeira de forma triangular de cobertura em telhado de 2 águas com beirado saliente em chapa recortada, com janela quádrupla de bandeira inscrita em arco abaulado, tendo adossada uma alta chaminé de secção rectangular, no 2º piso apresenta 7 janelas de vão rectangular emolduradas a cantaria, sendo uma de sacada com balcão pouco saliente e guarda em ferro, um óculo oval; piso inferior com 2 janelas de vão rectangular emolduradas a cantaria, um pequeno janelo rectangular em capialço e muro separador do rio com o terraço do pêgo;

o 2º Corpo, o do Pêgo de Santa Iria, saliente e destacado, de 2 pisos com telhado de 4 águas; 1 janela axial de vão rectangular em cima e no piso inferior 3 janelas de vão rectangular emolduradas a cantaria, estando a do meio na prumada da superior, tendo as outras gradeamento em ferro; na face N., 2 janelas de peito de vão rectangular com guardas em ferro.

Ao cunhal adossa-se um nicho, semicircular de volta perfeita, concheado e rematado por arquitrave saliente, onde se abriga uma escultura em pedra com a imagem de Santa Iria em relevo.

Sob o nicho uma placa embutida de pedra com moldura, representando em baixo-relevo um bovino, provavelmente romano (atr. Sousa, 1903); na parte inferior, no canto formado pela junção com o corpo contíguo, deitando para o rio, uma cisterna onde está o Pego de Santa Iria; as paredes à volta deste pequeno recinto são forradas por azulejo enxaquetado, a azul e branco.

Fachada E. com 4 corpos, o 1º e 2º virados para a travessa de Santa Iria, separados pelo Arco denominado das Freiras, em que o 1º corresponde a antigos armazéns e o 2º ao Café de Santa Iria adossado à cabeceira da Igreja, o 3º e 4º corpo correspondem ao denominado Convento de Santa Iria, que deita para R. Marquês de Pombal; 3º corpo com 2 panos, divididos por pilastras com capitéis pintados a ocre, com remate em entablamento e platibanda ornada com motivos geométricos, pano mais à esquerda com 2 portas emolduradas a cantaria no 1º piso e no 2º piso com 1 janela de sacada com bandeira de vão rectangular com molduras salientes pintadas de ocre com ombreiras superiormente e inferiormente recortadas e verga arquitravada pouco saliente; 2º pano alteado com 3 pisos, correspondente ao torreão maior, revestido a azulejos estilo arte nova com faixa divisória, piso térreo com 2 portas emolduradas a cantaria, 2º piso com 2 janelas de sacada com bandeira arco pleno com alfiz moldurado e pedra de fecho saliente, todas emolduradas a cantaria e com balcão corrido ligando ao varandim do portal de entrada e à janela de sacada do outro pano, 3 º piso com uma grande janela de peitoril de bandeira de arco abaulado, com vãos em cantaria moldurada com pedra de fecho saliente e ombreiras superiormente recortadas; 4º corpo com uma janela de peitoril de bandeira emoldurada a cantaria no 2º piso e 1 porta emoldurada a cantaria no inferior.

Fachada S. não observável em virtude da densa vegetação existente.

Inferior:
através do pequeno átrio alpendrado, pode-se aceder ao interior das dependências habitacionais pelas portas à direita, e pelo portal de arco de volta plena em frente, que dá acesso a um átrio, com pavimento em seixo rolado, que comunica com a área onde se situa a cocheira, adega, celeiros e outras dependências, à esquerda, acede-se para pequeno pátio que deita sobre as paredes da sacristia e Capela dos Vales da Igreja de Santa Iria e que dá acesso a uma dependência com 2 nichos, um nicho semicircular de volta perfeita concheado, flanqueado por 2 pias, na parede externa da nave, o outro rectangular, na parede externa da Capela dos Vales; à direita, acesso ao Claustro do Convento que agrupa à sua volta a cocheira, a adega, salas e armazéns rústicos no quadro da habitação, de planta rectangular de dois pisos com 5 arcos de volta perfeita assentes em capitéis toscanos no 1º e pilastras quadrangulares jónicas encimadas por arquitrave no 2º. Piso térreo com a galeria E. a comunicar a S. para a entrada em arco abaulado do corredor de acesso à adega, celeiro e outras dependências que comunicam com o jardim, tendo na parede E., uma janela de vão rectangular emoldurada a cantaria e ombreiras com arestas chanfradas até meia altura, que dá para a cocheira; na parede da galeria O. abrem-se duas portas de vão rectangular emolduradas a cantaria, a primeira mais pequena, perto do extremo N., manuelina, verga superior recortada e ombreira esquerda chanfrada, de acesso ao terraço onde se encontra, uma cisterna em arco pleno que comunica com o Rio Nabão, onde se pode ver o Pêgo de Santa Iria, e ao qual se acede por escadas, tendo embutida na parede um pequeno nicho semicircular de volta perfeita concheado, enquadrado por balaústres e rematado por frontão angular, com a representação do busto da Santa em relevo; as paredes à volta do pequeno terraço onde se encontra o Pego de Santa Iria, são forradas a azulejo de esquema enxaquetado, a azul e branco, com bancos adossados; a segunda porta, perto do extremo S., de vão moldurado, de acesso a uma dependência com pavimento em placas de cantaria e onde se abre um "óculo" com grade em ferro, (diz-se, "para espreitar o banho das freiras") para o Pêgo e de onde se pode observar o nicho com a imagem de Santa Iria; na parede O. contígua ao Rio, rasgam-se três janelas, as laterais emolduradas a cantaria com gradeamento em ferro, e a axial, de maior vão, enquadrada lateralmente por pilastras com capitéis jónicos, ornadas no fuste com motivos florais e rematada por verga arquitravada, a verga tem ao centro uma cartela com a inscrição "S. P. O. R."; o extremo da galeria comunica a N. com entrada em arco abaulado para o interior das dependências habitacionais, destacando-se nestas a base do corpo do torreão mais pequeno a um nível inferior, onde se descobre um poço e se encontram vestígios arqueológicos que remontam provavelmente ao período inicial do Convento; Galeria N. com dois vãos vão fechados por portões de ferro e outro meio vão emparedado aproveitado para uma dependência. 2º Piso com coberturas em ripado e em telha vã, pavimento em madeira na galeria E. e S. estando esta fechada no início da galeria O., com uma porta tripla com vitrais coloridos e bandeira de acesso à marquise com conversadeiras, que deita para o Rio Nabão e é comunicante com galeria O. de pavimento em mosaico e que possibilita o acesso ao interior da área habitacional; a galeria N., apresenta no extremo O. dois vãos emparedados, aproveitados para uma cozinha, num rasga-se uma janela, na restante parede da galeria abrem-se portas de acesso ao interior da habitação.

O acesso ao piso nobre efectua-se por entradas diferenciadas a partir do piso térreo, quer pela porta axial da fachada principal quer pela porta da fachada E., onde nos cantos do tecto do patamar do 2º piso se encontram folhas de acanto em estuque; o interior é constituído por várias salas comunicantes entre si, realçando-se os tectos em estuque, do inicio do Séc. XIX, de predominância floral em baixo relevo, ; o acesso ao torreão mais pequeno, com tecto de madeira em masseira e 3 janelas de vão rectangular com conversadeiras nas paredes N. O. e S., é efectuado por uma escada em madeira de 2 lanços opostos.

O acesso ao torreão maior a O. e à trapeira, é efectuado por uma escada de lanço curvo, que parte do piso nobre, com paredes em marmoreado e corrimão embutido na parede, no 3º piso tem um pequeno hall, onde à direita se encontra acesso à trapeira com cobertura em madeira ripada, à esquerda um corredor para o torreão. Em todo o interior verifica-se uma grande adulteração de todo o espaço habitacional, que foi sendo adaptado ao longo dos anos para as diferentes funções habitacionais.

Igreja de Santa Iria:
Planta longitudinal, composta pelos rectângulos da nave, Capela-mor, este de menores dimensões, sacristia, adossada a S., e pela Capela lateral dos Vales, adossada ao corpo da igreja, e claustro ambos de planta quadrangular.

Massas articuladas com cobertura diferenciada de duas águas.

Fachada principal a N., de pano único, rasgada pelo portal, janela de moldura lisa e outra de moldura renascentista na nave; portal de arco de volta perfeita, com medalhões nas enjuntas, rematado lateralmente por pilastras, com relevos renascentistas, assente em pedestais, sustentando uma arquitrave; sobre esta, 2 urnas com fogaréus, na continuação das pilastras, um frontão, ladeado por 2 grifos e terminando numa vieira, com uma cartela com a data de 1536 no tímpano.

Interior:
de piso rebaixado, com nave única com tecto de masseira de caixotões com pinturas representando a vida da Santa, dentro de medalhões envolvidos por brutescos. Parede das naves totalmente forradas a azulejos policromos, excepto a zona superior e adjacente ao arco triunfal, onde ainda se pode observar o que resta de uma pintura mural representado o calvário; pavimento lajeado de pedra, apresentando a lápide sepulcral brasonada, do pintor tomarense Domingos Vieira Serrão.

O acesso processa-se pelo portal renascentista na parede da fachada N., à sua direita adossado à parede, púlpito renascentista, com bacia em cantaria com balaustrada em madeira e corrimão em cantaria, e acesso por escadas adossadas, com as mesmas linhas do púlpito existente na Charola do Convento de Cristo (v. PT031418120002); à esquerda, altar sob arco de volta perfeita decorado com pintura mural enquadrado lateralmente por pilastras e encimado por frontão triangular, onde se encontra uma pintura de São Francisco, ao lado da pilastra direita uma pia de água benta; do lado oposto na parede da fachada S. do lado da Epístola, a Capela dos Vales abrindo para a nave por arco de volta perfeita, rematado lateralmente por balaústres, com medalhões nas enjuntas representando índios do "Brasil", coroado por frontão triangular com as armas dos Vales em relevo; cobertura por abóbada oitavada nervurada, apoiada em mísula nos cantos, sendo visíveis ainda restos de pintura dourada; revestimento a azulejos polícromos; retábulo em pedra de Ançã, de proporções renascentistas, com um conjunto escultórico em médio-relevo, representando o Calvário, enquadrado lateralmente por colunas coríntias e pilastras ornadas com anjos pilastras e colunelos e rematado por frontão semicircular com vieira com uma pomba inscrita no tímpano; na predela as armas dos Valles; à sua esquerda, rasga-se a porta da sacristia com verga golpeada e ornato encadeado manuelino.

Um arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas com pinturas murais, comunica com a Capela-mor coberta por abóbada artesoada, cujas nervuras rematam em mísula, com pinturas murais figurando uma balaustrada em "trompe l'oeil" com anjos espreitando segurando fitas, atribuído ao pintor Domingos Serrão; nas paredes, tapete de azulejos polícromos de padrão com cercadura encimados no tímpano dos arcos quebrados das paredes laterais, por pinturas murais e onde se abrem 2 janelas de vão rectangular em capialço com vitrais, sob estas, inscrições alusivas ao fundador da capela Pedro Moniz da Silva e sua família e à reedificação da mesma; cada um destas lápides encima uma pedra de armas dos Monizes, Silvas, Henriques e Sousas, sendo que a do lado do Evangelho tem o elmo voltado para a sinistra, e a da Epístola é policromada, no todo são iguais.

O altar-mor em talha dourada com colunas salomónicas, assenta em plataforma com acesso por degraus, sobre o altar a Imagem de Santa Iria.
Ladeando o arco triunfal, 2 altares em cantaria com retábulos em talha dourada.

Café de Santa Iria:
De planta rectangular, adossado a O. à Igreja de Santa Iria, e a S. a casa de habitação mais elevada e a uma parte de uma dependência do Convento (Armazém), de 2 pisos, com cobertura em telhado de 4 águas e remate em beiral simples saliente, paredes em alvenaria caiada de branco.

Fachada principal a N., com embasamento e cunhais em cantaria, escadaria à direita de 2 lanços opostos com guarda em alvenaria e placas de cantaria, adossada à parede da Capela-mor, de acesso ao 2º piso, onde se rasgam 2 janelas de guilhotina emolduradas a cantaria, sendo a mais à esquerda de avental; 1º piso, o do Café, com 2 portas emolduradas a cantaria e uma janela com gradeamento.

Fachada E. com rodapé pintado a ocre, onde se rasgam no piso térreo 1 porta emoldurada a cantaria e uma pequena janela rectangular em capialço com grade em ferro; no 2º piso, 3 janelas, emolduradas a cantaria, todas de vãos diferentes, sendo 2 de avental, tendo a do meio um "poisa ferros" no lado direito;

Interior do Café:
pode-se aceder ao café quer pela porta da Rua de Santa Iria quer pela porta da R. Marquês de Pombal; de piso rebaixado, com 2 colunas toscanas, na zona central e ao fundo arco cego, de volta perfeita com pedra de fecho saliente em forma de mísula e suportado por pilastras munidas de plinto e capitel, sendo visíveis ainda no extradorso e intradorso, o ornamento que deveria ser policromado e dourado, com motivos florais

Descrição Complementar
Arco Triunfal decorado com pinturas dos símbolos dos quatro evangelistas e de Santa Iria no fecho; sobre ele nos altares laterais e no altar-mor, talha em estilo nacional.
Nos enxalços das janelas figuram-se freiras e frades em medalhões.

Utilização Inicial
Cultural: convento de freiras clarissas

Utilização Actual
Cultural e Turística:

Igreja;
Residencial:
parte do convento;
Comercial:
lojas, café
Devoluto:
parte do convento

Propriedade
Privada:
pessoa singular; pessoa colectiva

Fonte: IHRU