Um palíndromo ou capícua.
É ainda Sexta-Feira.
Acresce que é Dia de S. Martinho.
Dia MAGNÍFICO.
Bondade, compaixão, dádiva. Amor.
- É Dia da Tradição, dos Costumes Ancestrais; do Culto da Terra.
Momento em que a configuração dos astros permite o designado Verão de S. Martinho.
As castanhas, fruto precioso durante muitos e muitos séculos para a alimentação dos povos europeus, chega ao seu auge, e os ouriços ficam definitavamente "maduros", permitindo retirar com maior facilidade os seus frutos: as castanhas.
Da matança do porco, e do fumeiro.
É o momento em que o vinho do ano encerra a sua maturação, e é por fim bebido.
Os frutos da Terra.
Esta conjugação de símbolos, faz deste dia, um dia Único.
É ele mesmo o símbolo de um Novo Ciclo; um Novo Ciclo que terá a sua concretização em 2012.
Também eu quero abrir-te e semear
Um grão de poesia no teu seio!
Anda tudo a lavrar,
Tudo a enterrar centeio,
E são horas de eu pôr a germinar
A semente dos versos que granjeio.
Na seara madura de amanhã
Sem fronteiras nem dono,
Há de existir a praga da milhã,
A volúpia do sono
Da papoula vermelha e temporã,
E o alegre abandono
De uma cigarra vã.
Mas das asas que agite,
O poema que cante
Será graça e limite
Do pendão que levante
A fé que a tua força ressuscite!
Casou-nos Deus, o mito!
E cada imagem que me vem
É um gomo teu, ou um grito
Que eu apenas repito
Na melodia que o poema tem.
Terra, minha aliada
Na criação!
Seja fecunda a vessada,
Seja à tona do chão,
Nada fecundas, nada,
Que eu não fermente também de inspiração!
E por isso te rasgo de magia
E te lanço nos braços a colheita
Que hás de parir depois...
Poesia desfeita,
Fruto maduro de nós dois.
Terra, minha mulher!
Um amor é o aceno,
Outro a quentura que se quer
Dentro dum corpo nu, moreno!
A charrua das leivas não concebe
Uma bolota que não dê carvalhos;
A minha, planta orvalhos...
Água que a manhã bebe
No pudor dos atalhos.
Terra, minha canção!
Ode de pólo a pólo erguida
Pela beleza que não sabe a pão
Mas ao gosto da vida!
- Miguel Torga, Terra
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