sexta-feira, 31 de julho de 2009

A figura parda de Frei António de Lisboa

Frei António de Lisboa foi uma figura parda e parca.

Parda porque representava os interesses de uns quantos em transformar a Ordem militar e religiosa de Cristo, numa Ordem puramente monacal - uns autênticos gatos de lareira ...

Parca, porque nunca esteve à altura de ser prior do Convento de Cristo.

Vejamos algumas referências históricas e 'fotográficas':

A empreitada de maior porte ficou a dever-se ao ímpeto reformista de Frei António de Lisboa, que visava reconduzir a Ordem de Cristo à pureza de que andava afastada, impondo-lhe uma nova orientação religiosa a partir de 1529.

A Ordem de Cristo passou a ser, basicamente, uma ordem de clausura, com uma regra mais adaptada a fazer face às exigências rigoristas.

A nova regra imposta por Frei António, bem como os novos estatutos, inspiravam-se na Regra de São Bento. Mas adapta-a aos novos tempos em que se anunciava uma necessária renovação e melhoria do comportamento das ordens, para as reconduzir a um objectivo monacal.

Para levar a cabo este projecto foi encarregado o arquitecto João de Castilho.

Em 6-3-1530, D. joão III encomendou, por carta, a obra ao mestre arquitecto.

Em 30-6-1533, João de Castilho assinou o contrato, onde figuravam dez desenhos de plantas e alçados.

Adquiriu e houve o dito Frei António por títulos de compras e escambos uma grande e honrada Granja que estava a um quarto de légua desta Vila, Rio acima, onde se chama a Pedreira, a qual começa em um Casal da Mesa Mestral que se chama de Meia Via, que foi aforado a Gil Pires Colaço e a sua mulher em vida de 3 pessoas, em que a derradeira foi seu filho Rui de Abreu; do qual El-Rei fez doação ao Convento, a instâncias de Frei António de Lisboa, por carta de 3 de Maio de 1531.

Ao redor deste Casal, por compras e escambos, adquiriu Frei António outros Casais, terras e olivais, em que ajuntou e fez esta Granja, e a mandou cercar de pedra em redor, salvo da banda que entesta o Rio, cuja demarcação é a seguinte:

Começa às casas de Nuno Amado, bem à foz do regato, e vai pelo Rio acima até ao Ribeiro que vem do Arrife; e daqui deixa o Rio e vai pela dita Ribeira acima, até à foz do Espinheiral; e daí à Portalinha dos Algares, e para sul à Portela da Manga, daí para poente ao Outeiro dos Algares, acima da Ponte de Paio Nunes, daquém da Ribeira; vai ao Outeiro da Feira, vai às terras de Pero Vás e volve para sul, e vai ao longo do Ribeiro até acabar no Rio, na foz do Ribeiro (perto dos Sases ou das Canas).

Em o vale que corre do Ribeiro da Fonte que vem de Paio Nunes, a um tiro de pedra do Rio, mandou fazer o dito Padre Frei António um grande cerco de paredes de pedra e cal da altura de mais de braça da craveira, para dentro dele, fazer pomar e vinha, pelo meio da qual corre a água do dito Ribeiro, ao longo do caminho que vai do Prado ao Convento.

E logo pegado com esta cerrada, da banda do sul, em um outeirinho pelo pé do qual vai o caminho da Vila para o Prado, mandou fazer o dito Padre Frei António, um assento de casas com seu Oratório, cercado de outro cerco de parede de pedra e cal, da mesma altura. Tem seu portal de entrada por onde podem entrar carros da banda do sul, e o assento de casas está e fica dentro do cerco da vinha e pomar, com que parte.
Os escambos fizeram-se de 1531 a 1543.

COUTADA DA GRANJA

É dada coutada de pesca e caça ao Convento da sua propriedade da Granja.

O Padre Frei António de Lisboa, para fazer uma granja para o dito Convento, mandou fazer um pomar de horta para recreação dos freires e religiosos dele, e para trazer algum gado necessário à Casa, e fazer suas lavouras e sementeiras em que, por ser muito perto da Vila, poderiam receber alguns danos, me pedia, por mercê, que lhe mandasse Coutar a dita Granja e terras dela, assi de gados como de caçadores, que nele não caçassem nem pescassem no Rio, enquanto partisse com as terras da dita Granja.

«Concedido».
11 de Maio de 1531 / Rei /.
(Fonte:Arquivo Nacional da Torre do Tombo)
Capela de S. Simão
Capela Nossa senhora da Conceição
Mas, para além de colocar um elefante dentro de uma pequena garrafinha, o frei prior, tratou de ambientar o "Santo Ofício" no Convento de Cristo, baixo adjudicância de D. João III - mais papista que o papa.

Era, a seguir, esta a imagem que João de Castilho e os freis nos deixaram da figura do prior a que chamaram de António de Lisboa - anjinho papudo ...

quinta-feira, 30 de julho de 2009

From Joppa (Jaffa) to Jerusalem



When the golden sun is setting,
In that far, far distant land,
And the ocean waves come rippling
Out o'er the sparkling sand.
When the perfume of sweet flowers
Come wafting through the air,
All telling the same sweet story
That God is everywhere.

When evening's twilight gathers
O'er all the land and sea,
And your thoughts are free to wander,
Just give a thought to me.
When morning light is breaking,
And song birds fill the air,
I know that you'll rejoice
That God is everywhere.

When in Holy Lands you are traveling,
And God's wondrous work you see,
On the banks of the River Jordan,
Or by the Sea of Galilee,
May there come to you sweet visions,
Gently floating through the air,
Telling you in words so true,
That God is everywhere.


- W. H. Mauzy.

terça-feira, 28 de julho de 2009

A Pirâmide Perdida e Santa Maria do Olival

A Pirâmide Perdida

Abu Rawash

Ao ver o programa de A Pirâmide Perdida, no Canal História, chamou-me à atenção o tipo de pedra encontrada -



(clicar nas imagens para aumentar)


Trata-se de pedra originária do local da construção, e cuja estrutura é idêntica a -

Foi longo o caminho até aqui chegarem!
E já com uma história nas suas células.


4ª Dinastia

História

Que mais terão trazido com as pedras?

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Thomar na Arte Antiga

Reminiscências visigóticas e românicas de Thomar

Catálogo


quarta-feira, 22 de julho de 2009

Remanescências visigóticas de Thomar





(Clicar nas imagens para aumentar)

A primeira imagem, é retirada de um catálogo, que adquiri muito recentemente, relativo a: Tomar - na Arte Antiga.

A segunda imagem, foi tirada a uma placa que se encontra inserida no muro do antigo cemitério, junto a Santa Maria do Olival.

A terceira imagem, foi tirada a uma placa que se encontra inserida no exterior da Torre da Condessa, do lado de fora junto da muralha, virada à Mata.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Convento de Cristo - Thomar

Mais uma jóia preciosa da Serões


quarta-feira, 15 de julho de 2009

Santa Maria da Conceição, marcos da Ordem, S. João Baptista ...

Mais uma preciosidade disponibilizada pela: Serões: revista mensal illustrada


terça-feira, 14 de julho de 2009

Mais uma preciosidade da Serões

Desta feita, sobre a Igreja e Mosteiro da Flor da Rosa


terça-feira, 7 de julho de 2009

Uma preciosidade publicada na: Serões, Revista Mensal Illustrada - 1908

Ontem chegou-me às mãos esta preciosidade.

Um enorme prazer que agora compartilho com os demais.
Espero que vos agrade tanto, como me agrado a mim.

Castelo de Almourol, Thomar e Constância


Padrão de D. João I - Thomar


(clicar nas imagens para aumentar)

segunda-feira, 6 de julho de 2009

A árvore e a floresta

Já Shakespeare falava em descortinar a árvore da floresta.
À custa de ver-se o conjunto, perde-se a noção do elemento.

O escrito de Judas, (dito) o Iscariote.

Iluminura de anónimo, Séc. XII.

Façam o favor de contar quantas pessoas estão junto a Jesus, o Nazoreu.
E, já agora, quem é o indivíduo que está de joelhos com uma arma branca, a assasinar um 3º a toda a cena.

Elementos da porta principal do Convento de Cristo


sexta-feira, 3 de julho de 2009

Testamento do Infante D. Henrique

«Em nome de nosso snor Deos, Trindade perfecta o qual creo sem duvida nenhôa segundo manda a sancta igreja de Roma que creamos. E em nome de nosso Snor Jesu Christo e da sua bemaventurada madre nossa snra sancta Maria. Eu o Iffante dom Anrrique governador da ordem de cavalaria de nosso Snor Jesu Christo, duque de Viseu, e snor de Covilhãa. Estando em todo meu siso: temÂdo deos e a hora da morte que nõ sei quando nem onde sera, faço meu testamento segundo se segue.

Primeiramente encomendo a alma minha e o corpo ao meu snor deos e lhe peço que ante da resurreiçom e des que resurgir, elle me de salvaçom e me faça de conto dos eus sanctos por a sua grande misericordia e piedade. E peço a minha snra sancta Maria por ser madre de misericordia, que peça misericordia a deos por my que me de salvaçom. E peço ao meu snor são Luis a que des minha nacença fui encomÂdado, que elle cõ todelos sanctos e sanctas e anjos da corte celestial, roguem a deos por my que me de salvaçom.

Item mando que o meu corpo seja lançado no moymento que estaa pera my onde jaz el-Rey meu snor e padre no moesteiro de sancta Maria da victoria. E se morrer fora, que seja lá levado chãmente, e assi seja soterrado e sem doo que mando que por my nom fação mas chãamente e honestamente seja encomendado a deos, com horas e missas acostumadas e oferta e falhas que o meu testamenteiro ouver por bem, o que farão compridamente pagar, descargando minha conciencia.

Item mando que as tres capellas que se hão de cantar pera sempre neste moesteiro em que a deos prazendo intÂdo de jazer, que se cantem segundo dello tem minha carta, e outra estaa no convento de Thomar, e assi estão todas as outras cartas das capellas que per my mando cantar: e mando se cantem segundo que em as cartas hecontheudo. E peço aos meus testamenteiros que ajão os trelados das ditas cartas, e que as fação assi cantar, segôdo em ellas he contheudo.

A el-Rey meu snor prouve de me dar as rendas que delle tenho, dellas em merce, e dellas em minha vida, por trez annos depois de minha morte pera descargamÂto de minha consciencia. As quaes rendas som as que se seguÂ. s. o meu asentamento, e as saboarias, e as Ilhas da Madeira e porto santo e deserta e Guinea com suas Ilhas e toda sua renda e o quinto das exavegas e as corvinas e lagos e alvor. E destas rendas e de todo o --q a my pertencer, a hora da minha morte, mando que se fação estas despesas que se seguem.

Item minha sepultura, segôdo em cima fiz mençom.

Item que se paguem minhas dividas que forem sabidas per escripturas ou per outra certidoem, ou per juramento que honestamente deva ser creudo que eu devo de coisas que per meu comprador, ou per outros meus officiaes, ou per my forão tomadas, que se paguem compridamente, e assi dalgôs serviços ou carretos que se pagu assi. E estas dividas sejão assi pagas primeiro que al, feito meu Âterramento.

Item despois esto mando q se pague a meus moradores, assi de moradias, como de reções, e sejão contentes de seu serviço segundo rezão.

Item mando que depois esto, se forem achadas outras dividas, que as paguem de qualquer guiza que seja, comtanto que seião certas.

Item por quanto mujtos dos meus creados tem seus gazalhamentos de my tenças em que viviam e a hora de minha morte serenlhe tiradas, ficarião em grande mingua e a minha consiencia encarregada: porem eu peço, por merce a el-Rey meu snor e ao Iffante dom fernando meu mujto presado filho, e ao que ouver o mestrado depois de my, que polo de Deus e por a mim fazerem merce, que a cada um receba por seu, o que renda tiver que a elle pertença, e lha leixe em sua vida, e receba serviço como de seu creado. E a deus louvores, taes são que se averão por bem empregada a merce que lhe fazerem.

Item as rendas que leixo pera se tirarem cativos e fazer esmolas pera sempre, peço ao meu testamenteiro que o faça cumprir. E no convento de Thomar acharão a ordenança de como deve ser feito.

Item peço a el-Rey meu snor por merce, que elle queira ser meu testamenteiro por que seu he todo o de que eu faço este testamento, e o leixo por meu herdeiro de todo o que amy pertencer aa hora de minha morte, assi de raiz como de movel, resalvando o de que fiz herdeiro o snor Iffante dom fernando meu filho. E do que lhe elle mais do que ficar de my quizer dar, lho terei em merce, resalvãdo Lagos, e a Ilha da Madeira, e as outras cousas que lhe prometi de querer que ficassem pera a sua coroa e de seus soccessores.

Item por que el-Rey meu snor nõ pode per si ser testamenteiro, lhe peço por merce, que elle escolha hum que entenda que o bem saiba fazer, e outro que seja veador do testamento, e lhe encarregue que o fação, contentando-os do que for resom.

Item por quanto eu a deos louvores tenho mujtos creados, e os hôs contentei por comendas, outros per egrejas, outros per cazamentos, outros per tenças, outros per officios, outros viverão comiguo e nom merecerão o que lhe tenho dado, porem eu mando ao meu testamenteiro que esguarde bem todo. E se vir que em serviço dalgô sou encarregado que o contente segundo sua boa descriçom.

Item por que podera ser que em minha vida eu satisfarey as dividas e creados, e leixarei pera minha sepultura que abaste, assi que el Rey meu sñor em ello nom tenha que fazer, eu o leixo porem per herdeiro, segundo em cima faço menom, por elle ter encarrego de mandar comprir minhas capellanias, e lhe peço por merce que assi mande a seus soccessores Reys destes Reinos, que por sua bençom assi o mande comprir, e eu assi lho peço por amor de deos, e por merce. E por que esta é minha vontade, mando que esta tenha e valha. E por certidões dello o fiz per minha mão, e o mandei sellar cõ o sello de meu camafeu, e com o sinete de minhas armas, e com o outro sello grande assi de minhas armas, feito na villa do Iffante a vinte e oito dias de outubro. Era de mil quatrocentos e sesenta. E o assinei de sinal de minha mão.

E em pero que outros condecilhos ou testamentos tenha feitos, mando que nõ valhão e que este valha e tenha.

E as capellanias que mando cantar, vão postas  hô escripto que vaj coseito em este meu testamento. Do qual escripto o theor de verbo a verbo he este que se segue.

Em nome de Deos Amen. Esta he a manda e testamento publico e aberto que o Iffante dom Anrrique fez e mandou em prezença de my publico notairo e testimunhas adiante nomeadas. E dom frey fernando Vigairo geral da villa de Thomar ec. que o cozesse em seu testamento que per sua mão fizera segôdo a verba que o dito snor no dito testamento escreveo per sua mão. O qual testamento com esto que neste aberto mais Âadeo, disse que havja per firme e rato e outros nenhôs nõ, posto que parecessem, por que esta é sua postumeira vontade. E primeiramente mandou aqui poer hum titolo q tal he.

Estas som as egreias e capellas que eu o Iffante Dom Anrrique Regedor e governador da ordem da cavalaria de nosso snor Jesu christo Duque de Viseu e snor de Covilhãa, estabeleci e ordenei pera sempre em reverença e louvor de meu snor Jesu christo e da virgem santa Maria sua madre minha senhora.

Item primeiramente estabeleci e ordenei a egreja de santa Maria dafrica situada na cidade de Ce(u)pta.

Item estabeleci e ordenei a igreja de santa Maria de Bethlem, situada em Restello termo da cidade de lixboa.

Item estabeleci e ordenei a igreja de santa Caterina, que estaa fora da villa do Iffante. E a capella de santa Maria, que estaa dentro em a dita villa.

Item estabeleci e ordenei a igreja de santa Maria da misericordia situada em a villa Dalcacer dafrica.

Item estabeleci e ordenei a principal igreja de santa Maria da Ilha da Madeira, e des hi em diante as outras que se hi ordenarom.

Item estabeleci a igraja da ilha do Porto santo e da Ilha Deserta.

Item ordenei e estabeleci a igreja de são Luis, na ilha de são Luis, e a igreja de são Diniz na Ilha de são Diniz: e a igreja de são Jorge na ilha de são Jorge; e a igreja de são Thomaz na Ilha de são thomaz: e a igreja de santa Eiria na ilha de santa Eiria.

Item ordenei e estabeleci a igreja de Jesu christo na ilha de Jesu christo: e outra igreja na ilha graciosa.

Item ordenei e estabeleci a igreja de são Miguel na ilha de são Miguel: e a igreja de santa Maria na ilha de santa Maria.

Item ordenei e estabeleci per outorgamento do padre Calixto terceiro toda a spiritualidade de Guinea ser outorgada aa ordem de christos. Pelo qual eu emcomÂdo e mando a qualquer que for Vigairo ou prior ou capellão soldadado per a dita ordem em cada umegrejairo d'aquellas terras, que lhe praza cada somana ao sabado por sempre em minha vida e depois de minha morte dizer hôa missa de santa Maria, e a cõmemoraçom seja de santo spirito, com seu responso e a oraçom seja fidelium Deus.

Item ordeno e mando que os freires do convento da minha villa de Thomar, ajão a renda das minhas boticas da feira da dita villa que fiz por autoridade del Rey meu snor e padre que deos aja. E por a dita renda dirão em cada anno cem missas por minha alma, levando a renda da dita feira a prata em respeito de c missas resadas por cada marco de prata que em a dita renda mõtar, ora muito ora pouquo.

Item ordeno e mando q o lente da theologia da catedra prima, aja em cada hum anno pera sempre doze marcos de prata, por a primeira renda dos dizimos que a ordem de christos ha na Ilha da Madeira, pello qual fara o principio no estudo, e dira certas missas e pregações segundo faz declaraçom na carta minha que lhe leixo. E esto em renenbrança da doaçom que lhe fiz das casas em que estaa o dito estudo.

Item ordeno e mando q a see de Viseu aja a renda da feira que eu mandei fazer dentro da cerca que estaa junto com a dita cidade, cõ condiçom q o cabido a mãde arrecadar, e dee seis onças de prata a um capellão, que diga todelos sabados do anno hôa missa resada de santa Maria em minha vida e depois de minha morte segundo se contem na carta que lhe dello leixo.

Item estabeleço e mando que o moesteiro de santa Maria da victoria aja pera sempre em cada hum anno XVI marcos de prata em prata. Os quaes avera pollas rendas das terras de Tarouca e de Valdigem. E esto por diserem por minha alma assim em minha vida como depois de minha morte trez missas cada hum dia no altar de minha capella que estaa na capella Del Rey dom Johão meu snor e padre q deos aja, segundo he conteudo na carta minha que lhe dello leixo.

E por se todos este beneficios e missa dizerem por minha alma como per my he ordenado, eu escolhi per provedor dello sentindo que o faria bem e como compre por meu serviço e bem de minha alma, frei Antão Glz, meu escrivão de puridade, Alcaide moor do castello de Thomar e assi aos seus successores. Aos quaes eu ordeno que ajampor seu trabalho pella vintena da spiritualidade de Guinea, sete marcos de prata, segundo se contem na carta minha que lhe dello leixo. E ordeno per minha carta que leixo aos Mestres, Regedores e governadores da ordem de christos que depois de my forem que constrãjão o dito provedor e seus successores, que fação comprir esto que pormy he ordenado. E se negligentes forem a esto proverem, que os tirem e enlejão outros que sentirem que o fação bem e assim como compre por salvaçom de minha alma, segundo he conteudo na carta minha que dello leixo ao Mestre ou mestres, Regedores e governadores.

Item ordeno e mando que todelos meus officiaes de minha casa e assi todelos meus Almoxarifes e outras pessoas que minhas rendas, dinheiros, e outras coisas receberão, nõ embargante que me nõ tenhão dadas suas contas, a my praz principalmente pollo amor de Deos e por salvaçom de minha alma avelos por quites e livres de todo o que assi por my receberão e despenderão, a elles e seus bÂs e herdeiros. E mando a fernão salgado meu escrivão da camara e publico notairo per minha autoridade em minha caza e em todas minhas terras, que lhe dee assi dello senhos estromentos de quitaçom, assinados do seu publico sinal, os quaes eu ei por bõs firmes e valiosos pera todo sempre. E peço per merce a el-Rey meu snor e ao snor Iffante meu muito prezado e amado filho, e assi rogo e encomendo aos Mestres, Regedores , e governadores da ordem de christos que depois de my hi forem que lhe nõ vão contra as ditas quitações em parte n em todo. Ante lhas guardem e fação comprir e guardar, por quãto a my praz e he minha merce sem embargo de todo, realmente os darpor quites e livres como dito he, e lhes fazer merce, por o muito serviço que delles recebi.

E porem peço por merce a el-Rei meu snor e ao snor Iffante meu muito prezado e amado filho, e encomÂdo mando e rogo aos Mestres, Regedores e governadores da ordem de christos que depois de my forem e comÂdadores da dita ordem, que cumprão e fação comprir, pagar, e guardar estas minhas quitações per my ordenadas e cantar e dizer as ditas missas como asuso faz mÂçom, e esto per as vintyenas das minhas ilhas, e de Guinea, e rendas de terras, igrejas, e comendas segundo muj cõpridamente he conteudo nas cartas minhas que de todo leixo feitas. E fação todo assi comprir e guardar realmente e com effecto por minha alma como elles desejão que Deos ordenasse que fizessem pollas suas pellos bÂs e acrecentamentos delles, e doutras rendas que leixo e fiz pera a ordem de christos. feito na villa do Iffante XIII dias do mes Outubro da era do nacimento de Nosso snor Jesu christo de mil CCCCLX annos.

Testemunhas Dom frey fernando vigairo geral da villa de Thomar, e das Ilhas ec. e o Mestre em theologia frey Johão miz q foi confessor do dito Iffante em esta sua postumeira fim, e dom fernando deeça, e Martim Correa guarda moor do dito sõr e do seu conselho, e frey Pedro añs çaquiteiro moor, e diogo dalmeida cavaleiro de sua caza, e Johão gorizo. E eu fernão salgado escrivão da camara do Iffante dom Anrique meu snor e publico notairo per sua autoridade em sua casa e em todelas suas terras que esto per mandado do dito snor escrevi, e em elle meu sinal fiz que tal he».

- A 13 de Outubro de 1460

(fonte: Universidade dos Açores, Arquivo dos Açores, Vol. I)

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Igreja de São Leonardo da Atouguia da Baleia - Peniche

A Igreja paroquial de São Leonardo foi construída nos finais do século XII num estilo predominantemente romano gótico mas apresenta posteriores marcas manuelinas.


A frontaria é ladeada pela torre sineira rematada por duas pirâmides e o portal do Século. XII é constituído por três arcos que irrompem de pequenas colunas capitalizadas onde são representados animais e criaturas míticas.

Segundo a lenda, na construção das arcadas desta igreja foram usadas ossadas de grandes baleias capturadas pelos pescadores do então porto de “Tauria” e, a razão pela qual São Leonardo é o patrono desta Vila, remete-nos para um barco que transportava prisioneiros gauleses da costa atlântica para o mediterrâneo o qual tinha a bordo uma imagem desse Santo. Esse navio naufragou junto ao porto e, como todos se salvaram do naufrágio, foi ali edificada uma igreja em acção de graças a São Leonardo cuja imagem os acompanhava e ao qual atribuíram o milagre de não terem perecido todos no mar.

Em Portugal, parece ser a única igreja erigida a este Santo e Atouguia da Baleia a única paroquia com esse nome, Paróquia de São Leonardo.

A festa litúrgica é no domingo mais próximo do dia 6 de Novembro, dia completamente preenchido pela Feira de São Leonardo.

O Interior da Igreja

Entramos na Igreja e deparamo-nos com três Naves iluminadas por frestas de vão gótico e pela rosácea da frontaria, estando a do centro a um nível superior. Sob um tecto de madeira, os arcos ogivais assentam em altas colunas cujos capitéis se apresentam decorados com imagens de animais e plantas.

Ao lado esquerdo podemos ver a Pia Baptismal de pedra, do séc. XVI (1562) e uma das Pias de Água Benta da era quinhentista, trabalhada com cabeças de anjo e de pé rectilíneo que se pressupõe ser mais recente do que a própria bacia.

Continuando pelo lado esquerdo da Igreja e caminhando sobre as várias Lápides Sepulcrais que se podem encontrar ao longo de todo o pavimento, deparamo-nos com diversos painéis também do séc. XVI.

Da oficina dos Mestres do Sardoal, temos uma pintura sobre madeira representando Anunciação e São João Evangelista e, outra representando São Pedro e São Leonardo. De Lourenço de Salzedo podemos ver uma composição maneirista de muito boa qualidade com o titulo Lamentação sobre o Corpo de Cristo e, atribuído a oficina do Mestre de São Quintino, podemos ver ainda um magnifico painel onde, de um fundo de tapeçaria bordada com ornatos da renascença, se destaca a face de São Leonardo.

Ainda no lado esquerdo, temos a capela do Santíssimo Sacramento, revestida com azulejos do séc. XVII, com um belo retábulo de pintura maneirista representando a Descida da Cruz e podemos observar um baixo-relevo de calcário branco representando a Natividade. Este belíssimo exemplo da estatuária do séc. XIV de autor e origem desconhecidos foi oferecido à rainha Santa Isabel nos princípios do séc. XIV e é considerada a peça mais valiosa desta Igreja.

Assim que passamos o portal de entrada e os olhos se habituam à penumbra, a nossa atenção prende-se imediatamente no canto direito da Igreja, sobre a enorme costela de baleia petrificada encontrada algures no antigo porto de Atouguia.

Antes de chegarmos ao grande osso, passamos por uma das duas pias da água Benta existentes, esta também da era quinhentista com uma base rectangular, cantos enrolados, pé em espiral e a bacia ornada com gomos lisos alternados com outros de três flores em relevo. No centro, a cabeça de um anjo.

Continuamos pelo corredor direito e podemos ver o presépio da escola Machado Castro que pertenceu ao extinto Convento Franciscano de São Bernardino. Temos em seguida o Painel da Ressurreição, uma pintura sobre madeira do séc. XVI originária da escola dos Mestres do Sardoal ou da oficina do Mestre de São Quintino.

Na capela lateral temos um retábulo de pintura formado por quatro tábuas representando diversos Santos formando um conjunto curioso, de sabor florentino, com uma pintura muito recortada e desenhada. Dentro desta capela, encostada à parede do lado esquerdo, está uma pedra rectangular de grande interesse documental e iconográfico. Entre duas pequenas peças de simbolismo desconhecido, pode ler-se a seguinte inscrição:

“ESTE CORO MANDOU FAZER A CONDESSA DONNA GUIOMAR DE CASTRO PELA ALMA DO SR CONDE ALVº D ATAIDE Q DZ (Deus) HAJA SEU MARIDO Q AQ JAZ SEU CORPO ENTERRADO O QUAL CORO FOY COMEÇADO E ACABADO NO ANNO DE MILL E QUATROCENTOS E LX VII”

Já quase no fim do corredor direito, podemos ver o fragmento de um Fresco encontrado por detrás de um retábulo que o encobriu, protegendo-o até aos dias de hoje, levando-nos a pensar que talvez este templo tenha sido, em todo ou em parte, pintado a fresco com motivos religiosos como este fragmento atesta.

Ainda antes de entrarmos para a Capela-mor, olhamos para cima onde se encontra a Pedra de Armas. Cerca de dois terços são ocupados com o escudo e a parte superior tem o Elmo, o Timbre e um minúsculo lambrequim. O escudo é esquartelado com armas de Figueiras de Chaves e Delgados com timbres de Figueiras de Chaves.

Capela-mor

Dentro da capela encontramos o túmulo do 1º conde de Atouguia da Baleia, Dom Álvaro Gonçalves de Ataíde. Cravado na parede do lado esquerdo, tem uma frente para dentro da Sacristia e outra para a capela-mor.
Na parede por cima do túmulo, está uma lápide de pedra formada por cinco rectângulos com inscrição gótica relacionada com a vida e obra do D. Álvaro de Ataíde. Sobre esta inscrição há um brasão em relevo muito danificado, tal como o escudo no túmulo que também se encontra inutilizado.

Em representação dum bom trabalho de escultura do Séc. XVIII temos a imagem em madeira de Cristo Glorioso, com carnação, estofado e poli cromado nos panejamentos.

O Altar de Pedra, embora não seja o primitivo Altar desta igreja, é certamente uma bela peça que, infelizmente, não pode ser utilizada na celebração da missa obrigando a existir outro que acabo por não deixar realçar o que deveria estar em maior destaque.

Não podemos ainda deixar de apreciar as três portas dentro da capela, todas elas de estilo diferente e, as janelas em arco redondo e ogivais que iluminam todo o espaço.

Finalmente, junto das colunas que apoiam a ogiva, podemos ver através de vidro o nível mais baixo onde anteriormente estava o piso.

(fonte: H. Vicente Cândido)

Capela da Senhora dos Anjos

A estrada distrital de Payalvo - Paialvo ... começa na rua da Graça, vai à estação dos caminhos de ferro, e dai a Torres Novas seguindo depois por Pernes até Santarém.

Esta estrada inutilizou a antiga Calçada da Senhora dos Anjos, que partia do mesmo ponto e subia costeando o muro da cerca do Convento e cujo nome lhe provinha de uma antiga capela da mesma invocação, que existia ao cimo daquela íngreme ladeira; esta capela pertencia aos Freires de Cristo.

Tinha alpendres de boa arquitectura, assentes sobre colunas de pedra, casas para se recolherem os romeiros e para residência do ermitão.
Hoje, já dela nem restam vestígios.

- J.M. Sousa

Hugo de Payns

Ou:

- Hugo de Payens;

- Hugo de Payus;

- Hugo de Paganis (Hugo dos Pagãos);

Ao contrário do que é habitualmente afirmado: que Hugo de Payns teria nascido na região de Champagne na França, há uma versão que o dá como nascido na região de Nocera - Nocera dei Pagani, Salerno, na actual Itália.