terça-feira, 31 de agosto de 2010

Ilustre e Honrado Varão

D. Egas Moniz, (designado) o Aio

A batalha de Valdevez entre os exércitos de D. Afonso Henriques e Afonso VII de Castela não teve um resultado decisivo para nenhuma das hostes envolvidas.

D. Afonso Henriques retirou-se para Guimarães com o seu Aio Egas Moniz e com os outros chefes das cinco famílias mais importantes do Condado Portucalense, interessadas na independência.

O monarca castelhano pôs cerco ao castelo de Guimarães, mas o futuro rei de Portugal preferia morrer a render-se ao primo.

D. Egas Moniz, fundamentado na autoridade que a sua posição e a idade lhe conferiam, decidiu negociar a paz com Afonso VII a troco da vassalagem de D. Afonso Henriques e dos nobres que o apoiavam.

O rei castelhano aceitou a palavra de Egas Moniz de que D. Afonso Henriques cumpriria o voto de vassalagem. Mas um ano depois, D. Afonso Henriques quebrou o prometido e resolveu invadir a Galiza, dando origem a um dos momentos mais heróicos da nossa história.

Vestidos de condenados, D. Egas Moniz apresentou-se com toda a sua família na corte de D. Afonso VII, em Castela, pondo nas mãos do rei castelhano as suas vidas como penhor da promessa quebrada.

O rei castelhano, diante da coragem e humildade de D. Egas Moniz, decidiu perdoar-lhe e presenteou-o com favores.

Dizem que esta terá sido uma estratégia inteligente por parte de D. Egas Moniz para que o primeiro rei de Portugal pudesse ganhar tempo.

Ao entregar-se, D. Egas Moniz ressalvava a sua honra e também a de D. Afonso Henriques, assegurando através da sua inteligência a futura independência de Portugal.
Na realidade, os Homens Justos e Honrados assim procedem.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Benedictus

E é sempre a primeira vez

E é sempre a primeira vez
em cada regresso a casa
rever-te nessa altivez
de falcão sentido as asas


(refrão alterado a partir de Porto Sentido, de Rui Veloso)

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Mons Sanctum

Aguarda, por certo, momento Pleno

domingo, 22 de agosto de 2010

sábado, 21 de agosto de 2010

Mosteiro de Santa Maria de Salzedas

Primeiro Mosteiro

O Mosteiro de Santa Maria de Salzedas era masculino e pertencia à Ordem de Cister.

O Mosteiro de Salzedas, também designado na forma arcaica de Sarzedas, esteva inicialmente relacionado com uma outra abadia também de monges cistercienses e localizada em Argeriz (distando apenas 1,5 km), ambas estreitamente associadas à figura de D. Teresa Afonso, viúva de Egas Moniz, que desde 1135 possuiu propriedades no termo de Argeriz e, pouco mais tarde, em Salzeda.

Não se conhecem ao certo as datas de fundação destas abadias, mas quanto à abadia de Argeriz, localizada entre os rios Torno e Varosa, junto a uma fonte, em 1150 já aparece referenciada na documentação. Ou seja, antes de o território de Argeriz ter sido coutado por D. Afonso Henriques a D. Teresa Afonso (1152), já ali existia um mosteiro habitado por monges beneditinos, por cónegos regrantes de Santo Agostinho ou, eventualmente, por monges seguidores de alguma regra hispânica.

A abadia de Salzeda, documentalmente conhecida a partir de 1155, já depois da chegada de D. Teresa Afonso ao território de Argeriz, e por interferência desta senhora, foi entregue aos cisterciences de Claraval para nela introduzirem a sua reforma monástica e, a 29 de Maio de 1156, veio a ser aceite como membro de pleno direito da Ordem de Cister.

Em 1168, os monges do mosteiro de Salzeda iniciaram obras de construção de um mosteiro definitivo (possibilidade criada através de uma doação de Teresa Afonso), cuja igreja foi sagrada já no século XIII, época em que as instalações da abadia de Salzeda (a Velha) foram abandonadas e a comunidade veio a ocupar o seu novo edifício. Esta nova casa teve a sua igreja sagrada em 1225.

Segundo o "Catálogo de todas as igrejas, comendas e mosteiros que havia nos reinos de Portugal e Algarves, pelos anos de 1320 e 1321", Santa Maria de Salzedas, um dos mosteiros do bispado de Lamego com maiores rendimentos, foi taxado em 3500 libras.

Em 1470, a 12 de Novembro, por bula de Paulo II "Ad undientiam ?" dirigida aos abades dos mosteiros de Maceira Dão (diocese de Viseu) e Salzedas (diocese de Lamego), foi ordenada a nomeação dos abades destes mosteiro para tratarem de incorporar todos os bens que se encontravam ilicitamente separados ou alienados da mesa capitular de Viseu.

Em 1481, a 17 de Janeiro, D. Afonso V confirma a doação e anexação feita por Fernão Coutinho, conselheiro e senhor da terra de Armamar, da igreja de Santa Maria de Salzedas.

Em 1504, a 5 de Janeiro, D. Manuel I deu foral a Salzedas e nele outorgou ao couto de Salzedas, sendo Ucanha sede de couto. De facto, Ucanha constituiu, desde o século XII, cabeça de couto do Mosteiro de Salzedas, por isso não recebeu foral medieval outorgado pelo rei. O seu estatuto jurídico estaria presente na carta de couto de Argeriz, concedida pelo Dom abade aos homens do seu senhorio. No mencionado foral de 1504 são referidas as apresentações da abadia de Lalim (Salzedas ou Tarouca), as reitorias de Cimbres e Granja Nova, a vigararia de Nossa Senhora da Conceição do Castelo, o curato de Mondim da Beira, o curato de Ucanha, e reitoria de Tarouca, e por fim as igrejas dos coutos de Vila Chã da Beira.

Em 1513, a 23 de Agosto, quer o abade do mosteiro quer os seus monges recebem mercê de guarda e protecção.

Em 1533, aquando da visita do abade de Claraval, Salzedas albergava uma comunidade composta por 23 professos e 8 noviços. O governo, continuava a ser exercido por abades vitalicíos e assim se manteve até à supresssão provisória da abadia, em 1546. Por esta ocasião, D. João III, tal como tinha feito com Tarouca, fez expropriar Salzedas para dotar a Ordem de Avis e a de Cristo.
Em 1556, a 9 de Julho, por carta da Câmara de Lamego foi exposto ao rei o desagrado da população resultante da extinção dos mosteiros de Santa Maria de Salzedas e de São João de Tarouca.

Em 1557, a 3 Abril, por carta do comendador-mor D. Afonso, foi informado o rei que frei Jerónimo de Aguilar tinha solicitado em Roma a união dos mosteiros de Ceiça, Salzedas e São João de Tarouca.

Em 1564, D. Henrique restaurou novamente o mosteiro. Restaurado o mosteiro, os abades passaram a ser trienais, sendo o primeiro padre Frei Bartolomeu de Santarém.

Em 1834, no âmbito da "Reforma geral eclesiástica" empreendida pelo Ministro e Secretário de Estado, Joaquim António de Aguiar, executada pela Comissão da Reforma Geral do Clero (1833-1837), pelo Decreto de 30 de Maio, foram extintos todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios e casas de religiosos de todas as ordens religiosas, ficando as de religiosas, sujeitas aos respectivos bispos, até à morte da última freira, data do encerramento definitivo.
Os bens foram incorporados nos Próprios da Fazenda Nacional.

(fonte: Torre do Tombo)

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

In Memoriam ...

Junto-me à bela e sentida Homenagem a S. Bernando, o de Claraval.

Místico da contemplação, do amor divino entre a Alma-Esposa e o Deus-Esposo, considera o conhecimento de Deus e de si mesmo como a via necessária (...) para a unitas spiritus:

«Meu Deus, fazei com que eu Vos conheça e que me conheça a mim mesmo.

(...) É do céu que nos chega esse conselho: conhece-te a ti mesmo, oh homem.»

«Aprendemos mais coisas na floresta do que nos livros; as árvores e os rochedos ensinar-vos-ão coisas que não conseguiríeis ouvir noutro lugar (...).»


- Bernardo de Claraval

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Belver

... e mais.

Nada a fazer amor, eu sou do bando
Impermanente das aves friorentas;
E nos galhos dos anos desbotando
Já as folhas me ofuscam macilentas;

E vou com as andorinhas. Até quando?
À vida breve não perguntes: cruentas
Rugas me humilham. Não mais em estilo brando
Ave estroina serei em mãos sedentas.

Pensa-me eterna que o eterno gera
Quem na amada o conjura. Além, mais alto,
Em ileso beiral, aí espera:

Andorinha indemne ao sobressalto
Do tempo, núncia de perene primavera.
Confia. Eu sou romântica. Não falto.


- Miguel Torga, O Espírito

domingo, 15 de agosto de 2010

Nossa Senhora da Assumpção

Hoje é dia de Nossa Senhora da Assumpção.


Muitos dos Templos erigidos em Portugal foram dedicados e são de invocação de e a Nossa Senhora da Assumpção.

O Templo de Santa Maria do Olival foi inicialmente dedicado a Nossa Senhora da Assumpção.

A Ascenção, a Passagem para a Verdadeira Vida.

Uma curiosidade. (Olivença é nossa.)

sábado, 14 de agosto de 2010

Castelo de Belver


Enquadramento
Periurbano, isolado no topo de um cabeço a O. da Vila, fronteiro ao Rio Tejo, na sua margem direita, junto à confluência do Ribeiro de Belver, desfrutando um magnífico panorama.
A E. e SE. montado de olival.

Descrição
Planta composta por uma torre isolada, rectangular, rodeada por cerca de traçado arredondado. A torre apresenta a porta na face S., antecedida de escada de alvenaria de pedra adossada ao respectivo paramento.
Ultrapassada a entrada da torre, de tripla porta em arcos redondos, acede-se ao primeiro piso, com a boca da masmorra no pavimento.
Esta sala apresenta uma janela de moldura rectangular e uma escada que dá acesso ao segundo piso.
A segunda sala possui janela semelhante à do piso inferior, uma porta em arco redondo a dar para uma varanda de que só existem vestígios, e uma outra porta também em arco redondo, que dá acesso à escada para o eirado.
Este apresenta ameias pouco largas e adarve que rodeia a cobertura telhada da torre. Cerca com adarve, ameias e seteiras primitivas.
Porta principal a S., em arco redondo, sendo a constituição do amuralhado a seguinte, a partir desta porta e no sentido dos ponteiros do relógio: torreão de secção rectangular com sala sob o eirado e porta em arco redondo; troço de muralha terminando em cubelo; na confluência, varanda com porta de arco redondo; cubelo; troço de muralha que apresenta uma sobrelargura junto a outro cubelo, a que se liga, escondendo a Porta da Traição; cubelo; troço de muralha; torreão de secção rectangular com sala sob o eirado e porta de arco redondo; troço de muralha com quatro seteiras primitivas na base e, nas ameias, abertas com peitoril redondo; torreão de secção rectangular; troço de muralha com sete seteiras de tipo primitivo na base e, nas ameias, as abertas apresentam peitoril redondo; torreão de secção rectangular com sala sob o eirado e porta de arco redondo; troço de muralha com a porta principal do castelo.
Todos os torreões têm a gola aberta para o adarve.
Vestígios dos edifícios da alcaidaria e da guarnição, a SE., S. e SO., entre os quais uma parede com três arcos frente à porta principal.
A O., uma cisterna com duas bocas redondas.
A N., a capela de São Brás.

Época Construção
Séc. XII / XIII / XIV / XVI / XVII / XX

Cronologia
1194 - D. Sancho I concede a região a N. do Rio Tejo, denominada Guidintesta, ou Guidi in testa, ou ainda Costa, à Ordem do Hospital, para ali se construir o castelo, previamente chamado de Belver pelo monarca;

1210 - D. Sancho I dita o seu testamento, recebendo a Ordem do Hospital, cuja vanguarda se encontrava instalada no castelo de Belver, grosso quinhão da sua herança;

1212 - o castelo já estaria construído;

1336 - 1341 - Belver foi uma das Comendadorias mais importantes da Ordem do Hospital, mas não a Sede e a Casa Capitular, que terá permanecido em Leça do Balio;

1336 - 1341 - transferência da cabeça da Ordem do Hospital para Crato/Flor da Rosa, criando-se o Priorado do Crato;

1390 - D. Nuno Alvares Pereira ampliou e reabilitou o castelo;

Séc. XVI, finais - construção da capela de São Brás;

Séc. XVII - há notícia de que Cosmander terá realizado algumas reabilitações no castelo;

1846 - o castelo passa a albergar o cemitério de Belver;

1909 - ocorrência de um terramoto que causa graves danos na fortificação;

1939 - 1946 - obras de reconstrução, com demolição e reconstrução de alguns elementos;

1992, 01 Junho - afectação do imóvel ao IPPAR, pelo Decreto-lei 106F/92.

Tipologia
Arquitectura militar, medieval.
Castelo de montanha de planta irregular com torre no interior e capela renascentista.
A torre de menagem não maciça, com masmorra no piso térreo parece ser uma característica das construções da Ordem do Hospital em Portugal, já que a torre do Mosteiro de Leça do Balio, construída antes do Castelo de Belver, e as Torres do Castelo de Amieira, construídas depois, apresentam esta característica; isto acontece num tempo em que o castelo estratégico apresenta quase sempre as torres maciças até ao adarve.

(fonte: IHRU)

Mais sobre o Castelo de Belver; merece uma visita.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

6ª feira 13

A história já é conhecida

Não desesperes, Mãe!
O último triunfo é interdito
Aos heróis que o não são.
Lembra-te do teu grito:
Não passarão!

Não passarão!
Só mesmo se parasse o coração
Que te bate no peito.
Só mesmo se pudesse haver sentido
Entre o sangue vertido
E o sonho desfeito.

Só mesmo se a raiz bebesse em lodo
De traição e de crime.
Só mesmo se não fosse o mundo todo
Que na tua tragédia se redime.

Não passarão!
Arde a seara, mas dum simples grão
Nasce o trigal de novo.
Morrem filhos e filhas da nação,
Não morre um povo!

Não passarão!
Seja qual for a fúria da agressão,
As forças que te querem jugular
Não poderão passar
Sobre a dor infinita desse não
Que a terra inteira ouviu
E repetiu:
Não passarão!


- Miguel Torga

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Uma dor imensa

O país arde no norte e centro do país.
A região de Viseu, Guarda, Vila-Real, são braseiros.

O santuário natural do Gerês está irremediavelmente a perder-se no meio de um gigantesco incêndio.

A dor da natureza é imensa; lacinante e profunda.
A flora e a fauna padecem às mãos criminosas dos seres humanos, que ateiam fogos para torturarem e destruírem indefesas formas de vida.
Tratam-se de crimes monstruosos.
Maldade e vileza; seres humanos inferiores. Escória.

O Sol também chora.

domingo, 8 de agosto de 2010

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Em pleno Agosto, a doce promessa de farta Luz

Quase prontas a colher, ei-las: carregadas de Ouro, em doce promessa de fartura.

Tal como o camponês, que canta a semear
A terra,
Ou como tu, pastor, que cantas a bordar
A serra
De brancura,
Assim eu canto, sem me ouvir cantar,
Livre e à minha altura.
Semear trigo e apascentar ovelhas
É oficiar à vida
Numa missa campal.
Mas como sobra desse ritual
Uma leve e gratuita melodia,
Junto o meu canto de homem natural
Ao grande coro dessa poesia.

- Miguel Torga, Comunhão