domingo, 30 de janeiro de 2011

A Verdade é a verdade, ...

... não tem segredos, mas tem estratos.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Regressou

O Elmo de Batalha de D. Sebastião regressou à Lusitânia.
Cumprir-se-á Por Tu Graal.

'Sperae! Cahi no areal e na hora adversa
Que Deus concede aos seus
Para o intervallo em que esteja a alma immersa
Em sonhos que são Deus.

Louco, sim, louco, porque quiz grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.

Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nella ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver addiado que procria?

Que importa o areal e a morte e a desventura
Se com Deus me guardei?
É O que eu me sonhei que eterno dura,
É Esse que regressarei.

Ó mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mysterio,
Abria em flor o Longe, e o Sul siderio
Splendia sobre as naus da iniciação.

Linha severa da longinqua costa –
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em arvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, ha aves, flores,
Onde era só, de longe a abstracta linha.

O sonho é ver as fórmas invisiveis
Da distancia imprecisa, e, com sensiveis
Movimentos da esprança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A arvore, a praia, a flor, a ave, a fonte –
Os beijos merecidos da Verdade.

- Fernando Pessoa

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Baalbek: as ruínas do Templo do Sol, Júpiter e Baco

Baalbek ou Balbek (em aramaico Balabakk) é uma cidade histórica do Líbano.

Antiga cidade da Fenícia, no vale de Bekaa, tornou se colónia romana sob Augusto. A acrópole da cidade conserva importantes vestígios romanos.

As gigantescas ruínas de Baalbek encontram-se a meio da planície de Beqaa, entre as cordilheiras do Líbano e do Anti-Líbano. Foi chamada Heliópolis, "cidade do sol", pelos gregos e romanos.

Sua origem recua até perder-se nas antigas lendas de Baal, que era considerado " o controlador do destino humano". Durante os primeiros séculos da era cristã, Baalbek foi muito próspera e famosa. A construção dos edifícios, tais como os conhecemos actualmente, foi iniciada pelo Imperador romano Antonino Pio (138-161 d. C), e continuada por Septímio Severo e outros imperadores até Caracala (211-217 d.C).

Os romanos construiram Baalbek para honrar Júpiter, Baal e Baco, e para impressionar as nações do Oriente com o poder e a grandeza de Roma. Na condição de centro adoração do Sol, tornou-se conhecido como morada de um oráculo. Foi visitada pelos principais governantes, e por pessoas importantes que vinham de todas as partes.

(fonte: Wikipedia)

O Selo de Fernando IV, de Bourbon, 1º Rei das Duas Sicílias

(fonte: Arquivo Secreto do Vaticano)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Pelourinho do Mogadouro

Enquadramento
Urbano, isolado. Ergue-se num largo, tendo atrás as ruínas do Palácio dos Pegados e, à sua frente o castelo de Mogadouro onde se inclui a chamada Torre do Relógio.

Descrição
Sobre soco quadrangular de três degraus, assenta base também quadrangular, muito rústica, coluna de fuste oitavado formado por quatro blocos, mostrando sensivelmente a meio sinais de ter posssuido uma argola. O capitel é constituído por disco achatado donde sai cruz grega. Remate piramidal de formato cónico, ornado em cada face por duas fiadas de semi-esferas.

Época Construção
Séc. XVI (conjectural)

Cronologia
1512, 04 Maio - concessão de foral por D. Manuel I; provável construção;
1706 - povoação dos Marqueses de Távora, pelo que o Corregedor de Miranda não entra a justiças no local; tem 200 vizinhos;
1758, 8 Abril - segundo o padre Luís Rodrigues de Carvalho nas Memórias Paroquiais, a freguesia era donatária dos Marqueses de Távora, à data D. Francisco de Assis, e, pelo secular, pertencia à comarca de Miranda do Douro; tinha 160 vizinhos e 507 pessoas; tinha juízes ordinários, dos quais um deles é da dita vila e outro por privilégio é sempredo lugar de Castelo Branco; tinha seus oficiais da Câmara, dos quais uns eram da vila e outros dos lugares do concelho; nela não entrava corregedor por especial privilégio doado à Casa de Távora, que compreendia todas as terras de que eles eram donatários.

Tipologia
Arquitectura jurisdicional. Pelourinho de "tipo bragançano", segundo Luis Chaves (1930). No entanto tem mais afinidades com os pelourinhos de Vila Franca de Lampaças, Sanceriz, Nozelos ou Gostei.

Materiais
Granito.

Observações
Segundo Malafaia, este não é o pelourinho primitivo, "de gaiola", desenhado por Duarte de Armas no Livro das Fortalezas.

(fonte: IHRU)

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Igreja do Mosteiro de Nossa Senhora das Virtudes ...

... da Ordem de São Francisco

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Descrição
Planta longitudinal composta, nave única e capela-mor rectangular ambas sem cobertura; no lado direito anexa-se capela rectangular. Frontispício orientado, com portal de arco quebrado entaipado e 2 janelas quadrangulares; termina em frontão triangular vazado por vão de verga curva decorado. Capela lateral com frestas e encimada por platibanda separada com esferas sobre acrotérios. Cobertura em terraço. Nave com entradas por N., em arco quebrado, e por S. arco triunfal sobre colunelos com capitel fitomórfico, ladeado por 2 nichos em arco perfeito. A capela anexa tem abóbada de aresta sobre mísulas com decoração fitomórfica. Conservam-se ainda várias pedras sepulcrais, algumas datadas dos séculos XVI e XVII e armoriadas.

Utilização Inicial
Convento masculino da Ordem de São Francisco - Província de Portugal

Época Construção
Séc. XV / XVI

Cronologia
1419 - Licença do Papa Martinho V para D. Duarte edificar Mosteiro de São Francisco na ermida da Senhora das Virtudes;
1420, 15 Maio - já ali morava Fr. João das Marinhas e Fr. Diogo da Veiga;
1429 - Bula confirmando contrato e fundação do convento; D. Duarte fez alpendre para albergar romeiros, botica, campanário, nora e hospital, manda plantar pomares e vinha e favoreceu a feira; Infante D. Afonso isentou convento do pagamento da portagem do que se comprasse para ele;
Séc. XVI - D. Manuel fez coro na capela da igreja;
1618 - Senado da Câmara de Lisboa mandou cobrir a boca da cova de terra (localizada no claustro onde surgiu imagem), por pirâmide baixa, pintada.

Tipologia
Arquitectura religiosa, gótica e barroca. A nível planimétrico, integra-se no grupo de igrejas construídas no séc. 15, com planta longitudinal, capela-mor rectangular e possuindo capela anexa. Campanhas de obras posteriores modificaram radicalmente o seu aspecto.

Características Particulares
Portal de arco quebrado sobre colunelos com capitéis de folhagem naturalista.

Dados Técnicos
Estrutura de alvenaria rebocada e cantaria

Observações
Lenda que esteve na origem da fundação da igreja:
1403 - pastor ao procurar boi que fugira da manada, encontra-o entre o mato ajoelhado perante imagem da Virgem.
Comunicando o acontecido, ergueu-se ermida de ramos; devido à ocorrência de alguns milagres julga-se melhor fazer nova ermida em pedra num local mais conveniente, chamado Coroa do Pinhal d'El-Rei.
A imagem aparece no local primitivo, fazendo-se nova casa, que se transformou depois em convento. A imagem que apareceu ao pastor começou por ser designada de Santa Maria dos Ademar, mas como para fazer milagres tinha singular virtude,foi chamada de Santa Maria das Virtudes.
O revestimento azulejar da nave e capela-mor desapareceu, restando apenas alguns junto às impostas.

(fonte: IHRU)

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A Piedade Augusta

A Piedade Augusta é, no presente caso, uma inscrição votiva.

Trata-se de um bloco de calcário, que nas palavras de Luís da Silva Fernandes (a quem nos reportamos nesta análise), possivelmente oriunda da freguesia de Santa Maria dos Olivais.
Encontra-se junto à Alcáçova, na face exterior da Torre de Menagem, a nascente e a 3 metros do solo. Algumas letras encontram-se danificadas, mas ainda assim legíveis.

PIETATI/AVG(ustae) SACR(um)/Val(erius). MAXIM(us) IN MEMO[R(iam)]/SVAM
EI(sic) FILIARUM SVA[R(um)]/HAEC SIGNA P(osuit).

Consagrado à Piedade Augusta. Valério Máximo pôs estas estátuas em sua memória
e na das suas filhas.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Arnês de Batalha de D. Sebastião

Contributo para o Núcleo de Amigos do Elmo de D. Sebastião

domingo, 16 de janeiro de 2011

Castelo de Alcanede

O Castelo





Enquadramento
Rural. Isolado no alto de cabeço rochoso envolvido por vegetação, voltado a E..

Descrição
A barbacã subsiste nalguns pontos; cubelo de planta elíptica adossado à fachada exterior da torre de menagem de planta quadrangular, pela qual se tem acesso ao monumento através de porta em arco de volta perfeita encimada por cartela heráldica. Merlões rectangulares na torre de menagem, cubelo e nalguns panos de muralha. Possui adarve e uma cisterna.

Época Construção
Séc. XII / XIII

Cronologia
49 a.C. - tomado pelos romanos e ampliado foi sucessivamente ocupado e transformado por Alanos e Mouros;
1091 - conquistado pelo Conde D. Henrique;
Séc. XII - reconquistado por D. Afonso Henriques que lhe deu foral;
1163 - doação a Gonçalo Mendes de Sousa, alcaide-mor, que o terá reedificado;
1187 - doado por D. Sancho I à Ordem dos Templários;
1300 - doação confirmada por D. Dinis;
1318 - doação à Ordem de Avis;
1514 - foral novo por D. Manuel;
1531 - quase totalmente destruído por terramoto;
1936 - encontra-se em completa ruína;
1992, 01 Junho - o imóvel foi afecto ao Instituto Português do Património Arquitectónico, pelo Decreto-lei 106F/92.

(fonte: IHRU)

sábado, 15 de janeiro de 2011

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Dois retratos ves q. são hum velho so na aparencia do Rey D. Sebastião

Contributo para o Núcleo de Amigos do Elmo de D. Sebastião

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Penedo de Cuba e Gruta das Coriscadas - Soalhães

Mosteiro de S. Martinho de Soalhães


Enquadramento
Urbano, junto ao cemitério paroquial.

Descrição
Planta longitudinal, composta por nave única, capela-mor rectangular e sacristia também rectangular adossada a N. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de 2 e 4 águas na sacristia. Fachada principal lisa flanqueada por dois cunhais, também lisos, de ordem gigante, sobrepujados por pináculos piramidais. Portal axial de duas arquivoltas levemente apontadas, apresentando capitéis decorados com temas vegetais. Sobrepujando-o está um óculo quadrifoliado, gradeado e envidraçado, ladeado por duas janelas rectangulares com moldura, gradeadas e envidraçadas, implantando-se no remate da empena uma cruz pétrea. A nave apresenta, de cada lado, uma porta de vão rectangular e duas janelas altas, gradeadas e envidraçadas, que iluminam o seu interior. Esta, de apreciáveis dimensões, tem as paredes, em cantaria, revestidas até meia altura de azulejos azuis e brancos e daí para cima por duas séries de baixos relevos, de madeira, pintados e dourados, representando cenas da Paixão de Cristo, da vida do padroeiro e estações da Via Sacra, tipo de revestimento que também cobre o arco da Capela da Almas, assim como o arco triunfal, excepto no intradorso que está pintado com temas vegetalistas. O tecto, apainelado, é constituído por um conjunto de 91 caixotões de madeira pintados. A capela-mor, alta e profunda, está coberta por um tecto apainelado constituído por caixotões de madeira pintados, apresentando um altar neoclássico. Na nave, no lado da Epístola encontra-se um altar em talha joanina dedicado ao Sagrado Coração de Jesus. Do lado do Evangelho abre-se uma capela rectangular dedicada às Almas, também revestida de azulejos azuis e brancos até meia altura, sendo a restante parede rebocada. A torre sineira localiza-se à esquerda do portal, tendo uma planta quadrangular, com cunhais lisos, de ordem gigante, apresentando quatro janelas sineiras. Possuindo gárgulas em todos os ângulos, a torre é encimada por um coruchéu central com remate em fogaréu, estando rodeado de uma balaustrada com pináculos nos cantos. Na parede N., a partir da capela-mor, abre-se, em vão rectangular, que comunica com a sacristia, onde existem igualmente alguns painéis de azulejos coloridos, análogos aos da nave.

Descrição Complementar
Na capela-mor, na parede do lado da Epístola, inserto num arcossólio de volta perfeita, encontra-se um sarcófafo com tampa, de secção hexagonal com aresta superior aplanada, e volume em duas águas, decorado na tampa com rosetas e na parede do sarcófago com escudos lisos, emoldurados por arcaturas cegas, havendo vestígios de pintura a vermelho. A nave possui dois púlpitos adossados às paredes laterais, colocados frontalmente, com plataforma em granito e varandim e sanefa também decorados com baixos relevos de madeira, pintados e dourados, assim como três confessionários encastrados nas paredes, dois do lado da Epístola e um do lado do Evangelho. O coro-alto está sustentado por um par de colunas toscanas, apresentando um varandim em madeira, com balaústres na zona central encimados por uma cartela onde está inscrita a data de 1733, tendo a sua decoração um tratamento idêntico ao do revestimento das paredes, sendo o acesso pelo exterior, através da torre sineira. Sob o coro-alto, encontra-se a pia baptismal, do lado do Evangelho, enquadrada por um arco rasgado na parede, em posição e colocação simétrica com um altar dedicado a S. Martinho.

Foi inicialmente Convento Beneditino

Época Construção
Séc. XIII / XVIII

Cronologia
Séc. IX - Instituição de um convento beneditino duplex [misto];
Séc. XIII - passagem de mosteiro a abadia secular;
Séc. XIV - provável remodelação da igreja;
Séc. XVIII - reconstrução da Igreja e sua redecoração;
1733 - data da cartela do coro-alto;
1977 - classifição dos elementos românicos da Igreja;
1980, 26 Março - Despacho alargando a classificação a toda a igreja, tendo em conta a qualidade estilística dos demais elementos do imóvel;
1997 - decreto-lei atribuindo uma nova redacção à designação oficial do imóvel.

Tipologia
Arquitectura religiosa, românica e barroca. Igreja de planta longitudinal e capela-mor rectangular exteriormente de grande simplicidade, com alguns vestígis românicos, nomeadamemte no portal, mas interiormente de alguma riqueza decorativa devido aos alçados estarem revestidos a azulejos e talha barroca.

Características Particulares
Paredes revestidas de azulejos do Séc. XVIII e por duas séries de baixos relevos de madeira; tecto em caixotões pintados; sarcófago decorado inserido em arcossólio.

Observações
*1 - O sarcófago estava entaipado, tendo aparecido aquando das obras de 1982.
*2 - Junto à Igreja terão existido sepulturas escavadas na rocha, destruídas para o alargamento da rocha.

(fonte: IHRU)

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Portocarreiro

A história dos Portocarreiro, parece ter-se iniciado em Portugal pela mão de:

Raimundo Garcia de Portocarreiro (1100 -?) ou Reimão Garcia de Portocarreiro ou ainda Ramon Garcia de Portocarrero foi um Fidalgo de origem galega que passou a Portugal com o Conde D. Henrique. Raimundo Garcia de Portocarreiro é o fundador da família Portocarreiro em Portugal.

Deste Raimundo Garcia de Portocarreiro descende uma linhagem tida como das ilustres de Portugal, foi agraciada pelo conde de Portugal D. Henrique de Borgonha que lhe fez a doação do couto de Portocarreiro. Foi deste extenso senhorio que D. Raimundo tomou o nome de Portocarreiro. Segundo o Historiadores este D. Raimundo era irmão de D. Monio Garcia (de Portocarreiro), que surge documentado como senhor da “quintã de Vilar”, quinta este que integrava a honra de Portocarreiro.

Essa propredade de Vilar foi herdade pela descendência de D. Raimundo, pelo que tudo leva a crer que o irmão não teve filhos.

Segundo a história eram filhos de D. Garcia Afonso e de D. Estevaínha Mendes, fidalgos asturianos. Este D. Garcia, era filho de D. Afonso Garcia, de outro D. Garcia Afonso, sendo que a este o rei D. Ordonho III de Leão vem chamar de primo numa doação que faz à Igreja de Santiago de Compostela no ano de 954.

Entre os anos de 1129 e 1153, D. Raimundo Garcia de Portocarreiro aparece bem documentado e a fazer a confirmação de muitos documentos régios. Aparece também a fazer parte como membro do conselho que então governava Portugal, onde é indicado como sendo de illos infançones qui erant in Porttucale.

Aparece também em documentação relacionada com uma questão levada a julgamento na cidade de Coimbra, corria o ano de 1153, questão esta sobre o Mosteiro de São Martinho de Soalhães, onde se reuniram como partes intervenientes D. Fernão Peres Cativo, D. Gonçalo Mendes de Sousa, o arcebispo da cidade de Braga, o bispo da cidade do Porto, o bispo da cidade de Lamego e o bispo da cidade de Viseu, além dos infanções D. Gonçalo Gonçalves, D. Raimundo Garcia de Portocarreiro, D. Sarracino Mendes Espina e por fim D. Gosendo Moniz.


Mencionando apenas a sua relevância na Ordo Christo, os Portocarreiro foram valorosos Cavaleiros, e intervenientes directos na Epopeia dos Descobrimentos.
De tal forma a sua importância, que têm ainda hoje uma capela no Convento de Cristo, inserida no Claustro do Cemitério

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Vila Boa de Quires - Terras de Porto Carreiro



Falar de Vila Boa de Quires, torna inevitável falar-se dos Portocarreiro, e da sua ligação a Thomar. Tal será feito no artigo seguinte.

[1513, 01 Setembro - concessão de foral a Porto Carreiro, antigo nome da vila, por D. Manuel I; provável construção do pelourinho;
1853, 31 Dezembro - extinção do concelho, tendo as suas terras sido integradas nos Concelhos de Marco e Penafiel;
1886 - ainda existe o edifício da câmara.]

Enquadramento
Rural, isolado. Implantado num socalco, a uma cota inferior da estrada de acesso. Fronteiro à fachada principal desenvolve-se um longo adro calcetado, tendo centralmente um corredor em lajeado granítico, pontuado por algumas árvores. Está enquadrado a N. pelo cemitério antigo, a S. pelo cemitério novo e a E. pela Casa Paroquial. Na proximidade, do outro lado da estrada, surge coreto, fontanário e cruzeiro.

Descrição
Planta longitudinal composta por nave única, capela-mor mais baixa e estreita, sacristia adossada a S.; e torre sineira quadrangular adossada lateralmente a S., da fachada principal. Volumes articulados com coberturas em telhados de duas águas na nave e capela-mor e de três na sacristia, e em quatro na torre sineira. IGREJA com fachadas em aparelho de granito. Remates diferenciados, em empena na fachada principal e na posterior; em cornija, decorada com pequenas esferas salientes, suportada por cachorrada com alguns modilhões decorados nas fachadas laterais da nave, capela-mor; e torre sineira; e em cornija sob beiral na sacristia. Fachada principal orientada, terminada em empena com cruz latina, sob acrotério, no vértice. Apresenta portal principal enquadrado por quatro arquivoltas, em arco quebrado, com tímpano liso, assente em impostas decoradas com cabeça de bovídeos; assentes em quatro colunelos, de cada lado, de fuste liso e alternadamente prismático-hexagonais e cilíndricos, com capitéis decorados com palmetas e motivos vegetalistas. O friso que envolve a arquivolta exterior é formada por círculos relevados interligados, sob o aspecto de corda. Sob o portal, dupla fresta mainelada, enquadrado por três arquivoltas, em arco ligeiramente quebrado, com tímpano decorado com cruz vazada, sobre colunelos cilíndricos com capitéis decorados, os do lado esquerdo com motivos vegetalistas, os do lado direito com imagens de leões, monge e carranca. O friso que envolve a arquivolta exterior possui pequenas esferas salientes. Torre sineira, de três registos, separado por cornija, o último apresenta em cada uma das faces, balcão em granito suportado por dois cachorros, ventana em arco de volta perfeita, albergando sinos, tendo na face virada a O. relógio circular. O acesso é feito na parte posterior da torre, por porta estreita, precedida por escadas de granito. O registo superior possui uma porta ainda mais estreita, ligada por balcão com base rectangular sustentado por duas consolas, em cantaria e guarda em ferro, a uma porta idêntica que se abre na fachada S. da nave da igreja. Fachada lateral N. rasgada por porta e três frestas na nave, e uma fresta no pano da capela-mor, possuindo ainda um contraforte. Fachada lateral S., com três arcosólios, de volta perfeita, abrigando sepulturas medievais, e um portal, acedido por quatro degraus, enquadrado por duas arquivoltas, em arco quebrado, com tímpano liso, assente em impostas decoradas com cabeça de bovídeo e uma leoa; assentes em dois colunelos cilíndricos com capitéis decorados com palmetas, motivos vegetalistas e quadrúpedes, destacando-se o capitel interior, do lado direito, com a imagem de um peixe, o símbolo cristão primitivo ou o símbolo de Cristo e três frestas. O corpo da sacristia disposto perpendicularmente à fachada S., de dois registos, a fachada virada a O., possui no primeiro registo, porta de verga recta, janela pequena e fresta; ao nível do segundo registo, uma porta de verga recta precedida por de escadas de granito e duas janelas. INTERIOR da nave com paredes em granito, cobertura em madeira, e pavimento em lajes de granito e taburnos de madeira. Junto à parede fundeira, no lado do Evangelho, sobre uma base quadrangular, de cantaria, surge pia baptismal de cantaria com tampo de madeira recente. Coro-alto, assente em estrutura de madeira, sustentado por seis consolas de madeira pintada a marmoreados vermelhos, com guarda em balaústres de madeira pintado a azul, dourado, branco amarelo e verde, decorada com elementos fitomórficos vazados; prolongando-se nas paredes laterais com decoração idêntica, como dois balcões confrontantes interligados ao coro-alto. Na parede do lado do Evangelho, dispõem-se duas mísulas em talha policroma a branco e dourado que albergam imaginária; púlpito com base rectangular de cantaria com guarda plena de talha policroma a branco e dourado, protegido com guarda voz, escada de cantaria adossada à parede, com guarda em talha com decoração vazada; surge ainda do mesmo lado, retábulo inserido em nicho integrado em estrutura muraria, em arco de volta perfeita. Na parede do lado da Epístola, surge órgão de tubos, recente; e quatro mísulas em talha policroma a branco e dourado que albergam imaginária. Arco triunfal composto por duas arquivoltas de arco ligeiramente quebrado, rodeado de friso decorado com motivos idênticos ao portal principal e pequenas esferas, assente em colunas, com bases assentes em largos socos de granito, e capitéis decorados, o do lado do Evangelho ornado com duas sereias com as caudas entrelaçadas, o do lado da Epístola ornado com motivos fitomórficos; é encimado por fresta em capialço, e revestido integralmente por pintura mural. Retábulos colaterais idênticos, dispostos em ângulo, em talha policroma a marmoreados verde e castanho e dourado. O do lado do Evangelho dedicado à Nossa Senhora do Rosário e o do lado da Epístola dedicado a Nossa Senhora de Fátima. Capela-mor, de dois tramos, sobrelevada por três degraus em cantaria, apresenta silhar de granito e um outro de azulejos policromos a azul, amarelo e branco, junto ao retábulo-mor, do lado do Evangelho, aparecem vários azulejos hispano-árabes. Possui pavimento em lajes de granito e cobertura em abóbada de berço com esquadria formando caixotões, integralmente revestidos a pintura representando cenas da via sacra. Parede testeira integralmente revestida pelo retábulo-mor, de talha policroma a branco, cinzento e elementos decorativos marcados a dourado. De planta recta e três eixos, definidos por quatro colunas com capitel coríntio, fuste estriado, assentes em plintos paralelepipédicos decorados de motivos vegetalistas, sendo encimados por pequenas urnas. No eixo central, abre-se tribuna de arco de volta perfeita, rendilhado, rematado por cornija curva e motivos vegetalistas e concheados relevados que se desenvolvem para os eixos laterais, formando o remate. Interiormente apresenta uma tela com a representação do Santíssimo Sacramento, figurando dois anjos ajoelhados com as mãos postas em oração, surgindo ao centro sob uma mesa o Agnus Dei, e sob este a custódia do Santíssimo Sacramento; superiormente seis querubins enquadram um olho dentro de um triângulo. Nos eixos laterais surgem mísulas albergando imaginária, sendo encimadas por concheado. No banco, ao centro, surge um sacrário, sobrepujado pela imagem do Agnus Dei; e sotobanco que enquadra altar em forma de urna, com frontal decorado com motivos vegetalistas. No lado da Epístola, porta de verga recta, dá acesso à sacristia, rebocada e pintada de branco, tecto em madeira, e pavimento em tijoleira. Possui na parede S. arcaz de madeira recente e na parede E., lavabo em cantaria, com espaldar rectangular, com uma bica, terminado em friso e cornija recta. No piso inferior, mostra-se um pequeno espólio de objectos rurais antigos. CRUZEIRO sobre soco de planta quadrada, composto por quatro degraus escalonados, onde surge plinto paralelepipédico, que possui na face frontal a inscrição "VII CENTENÁRIO/DA FUNDAÇÃO/.../DE PORTUGAL/1940", sobre o qual assenta uma base de secção quadrada, mais pequena, a partir da qual se ergue cruz latina, de braços de secção quadrada, decorado frontalmente por segmentos rectos nervurados e pequenas esferas.

Descrição Complementar
ÓRGÃO: positivo de armário, encerrado numa caixa de madeira envernizada, sem qualquer decoração, rematado em friso e cornija; com estrutura em três nichos, o central proeminente e em meia cana com os flautados em disposição diatónica em tecto protegidos por gelosia de enrolamentos vegetalistas, e os laterais com disposição cromática em harpa, com gelosias de decoração mais exuberante do que o central; os tubos apresentam-se na sua cor natural. Possui teclado manual, em janela, tendo do lado esquerdo os botões dos 10 registos, e do lado direito um botão;
PINTURA MURAL: no arco triunfal, percebe-se pela composição, que no lugar da fresta, existiria também pintura, possivelmente representava-se o calvário, ladeado pela imagem da Virgem e do São João Baptista, no lugar da fresta existiria a imagem de Cristo crucificado; as imagens estão enquadradas por elementos arquitectónicos e fitomórficos em tons avermelhados, acastanhados e acinzentados; tecto da capela-mor: oito caixotões pintados com algumas das cenas representativas da vida sacra, enquadradas por filete e motivos fitomórficos pintados a dourado;
TALHA: nave, do lado do Evangelho, inserido em arco de volta perfeita, revestido a talha policroma a branco e dourado, enquadrado por pilastras estriadas que se prolongam em arquivolta com fecho central, assentes em predela decorada com flores e elementos vegetalistas, surge retábulo de talha policroma a branco com elementos decorativos a dourado, azul e vermelho, de planta recta e um só eixo definido por colunas com capitéis coríntios, fuste estriado com terço inferior marcado, ornado por motivos vegetalistas e querubins; no interior surgem dois painéis pintados, o superior representa a Santíssima Trindade, com o Espírito Santo, Deus e Cristo, ladeados pela Virgem e o São João Baptista; o central, quadrangular e envolvido por moldura dourada, com a representação de três anjos que tentam salvar as almas das chamas, o ático é constituído por uma arquivolta em arco quebrado, no seguimento das colunas e separada destas por fragmentos de entablamento; retábulos colaterais idênticos, em talha policroma a marmoreados fingidos a castanho e verde e elementos decorativos marcados a dourado, de planta recta e de um só eixo, definido por colunas com capitéis coríntios, fuste estriado com o terço inferior marcado e decorado por elementos vegetalistas e querubins, e assentes em consolas decorados com querubins. Suportam entablamento com friso ornado com elementos vegetalistas e querubins. Ático com tabela quadrangular, com tábua pintada, a do lado do Evangelho representando Cristo? e a do lado da Epístola, o Espírito Santo, circunscrita por quarteirões e aletas; é rematado por frontão interrompido desenvolvido sobre entablamento. No eixo central abre-se tribuna de arco contracurvado, com o interior pintado de elementos fitomórficos em duas tonalidades de azul e integrando imaginária sob peanha. Ao sotobanco adossa-se altar em forma de urna, com frontal decorado por laçarias e motivos fitomórficos a dourado.

Época Construção
Séc. XIII / XIV / XIX / XX

Cronologia
1118 - Fundação provável do mosteiro;
Séc. XIII, meados - mosteiro beneditino masculino, segundo José Mattoso; provável construção da igreja;
1309 / 1320 - foi convertida em igreja paroquial;
1881 - ampliação da igreja, tendo-se aumentado a frontaria cerca de 10 metros para O.; construção da torre sineira, em substituição de um campanário de dupla sineira que existia na empena da fachada principal e redecoração da igreja, através do restauro e do douramento dos retábulos; alargamento do cemitério e da casa paroquial;
1940 - construção do cruzeiro, integrado no programa de comemoração do centenário da nacionalidade;
1947 - colocação do relógio na torre sineira pela Comissão Fabriqueira;
2006 - compra de órgão de tubos.

Tipologia
Arquitectura religiosa, românica e neoclássica. Antigo mosteiro masculino da Ordem Beneditina, do qual resta a igreja de planta longitudinal composta por nave única e capela-mor rectangular abobadada. Portal principal de quatro arquivoltas, em arco quebrado, assente em impostas com cabeças de bovídeos e capitéis muito decorados, com inspiração no de Paço de Sousa. A fresta mainelada sobre o portal principal e as siglas das paredes, algumas alfabéticas, são de modelo gótico. Os capitéis da porta lateral S. são idênticos aos de Boelhe. A capela-mor apresenta solução semelhante à de outras igrejas da região, como Abragão. No interior, capela-mor com silhar de azulejos de padrão policromo maneiristas, apresentando uma faixa, do lado do Evangelho, junto ao retábulo-mor, hispano-árabes; retábulo-mor de transição do tardo-barroco para o neoclássico, com estrutura, tribuna e remate típicos do barroco, mas já com a pureza de elementos decorativos que pronunciam o estilo clássico. Os colaterais de talha policroma de marmoreados fingidos a verde e castanho com decoração fitomórfica a dourado são também de transição do tardo-barroco para o neoclássico. Pintura mural que reveste o arco triunfal, seiscentista, e capela-mor com cobertura em caixotões pintados com cenas representativas da via sacra.

Características Particulares
Igreja de origem românica, muito alterada em finais do séc. 19, uma vez que houve um aumento de cerca de dez metros, no sentido longitudinal da nave. De grande simplicidade, concentra a sua decoração nos vãos exteriores da igreja, no portal principal, na fresta mainelada e na porta S., através dos capitéis. As fachadas laterais da nave possuem ainda várias consolas para sustentação de alpendres desaparecidos. Interiormente, possui o capitel do arco triunfal, do lado do Evangelho, com decoração interessante, duas sereias com as caudas entrelaçadas. Cruzeiro de grande simplicidade, onde predominam as linhas geométricas e pormenores decorativos elegantes.

Materiais
Estrutura em alvenaria de granito aparente, muros, molduras de vãos, colunas, frisos, cornijas, arcos, cruzes, capitéis, impostas, consolas, pia baptismal, pia de água benta, lavabo, plintos e outros elementos em granito; paredes pintadas e rebocadas a branco na sacristia; pavimento da nave em lajes de granito e taburnos de madeira, em lajeado de granito na capela-mor, e em revestimento cerâmico na sacristia; portas, tecto da nave, arcaz, caixilharias, guardas, balaústres e caixa de órgão em madeira; azulejos nas paredes da capela-mor; gradeamentos de janela em ferro; sinos em cobre; vidros simples e vitrais; cobertura em telha.

(fonte: IHRU)

sábado, 1 de janeiro de 2011

Choveu bastante, a terra encontra-se fertilizada…
Estava ressequida, motivo duma seca prolongada!
Novas sementes na próxima aurora germinarão,
Ao encontro de suas congéneres já amadurecidas
Ansiosas por conhecer outras formas de vidas!

A água em excesso segue a corrente dos rios
Em direcção ao oceano contornando os desafios
Na descida dará de beber a quem tem sede.

O caudal vai deslizando de forma suave
Alcança o mar que o abraça e absorve…
Esse é o instante em que o rio renasce!


- Rui Pais, Uma nova semente