quinta-feira, 29 de abril de 2010

Cunhedo (Lafões) e a sua lenda

O sítio é verdadeiramente medonho e lugubre, principalmente áquella hora oppressora do crepusculo vespertino.

A um e outro lado da corrente, dois contrafortes hirtos, arrogantes e altissimos como cabeças colossaes de cyclopes, que uma vegetação desordenada e luxuriante de pinheiros, de salgueiros e de carvalhos cobre como que de uma cerrada barba, hirsuta e impenetrável.

Ao meio, de travéz, a ponte, ameaçadora e funebre na solidez luctuosa do seu granito de séculos, alta de mais de 50 metros sobre o rio, e cuja altura, já de si considerável parecem augmentar desmesuradamente as angustiadas dimensões do leito do rio e a escuridão quasi completa d'aquelle profundissimo recesso.
A luz moribunda do dia que findava, coroando esbatida e branca os cumes das duas montanhas marginaes, vinha morrendo, morrendo cada vez mais para baixo, até cerrar-se sob a ponte numa negrura implacável de catacumba etrusca.

Em frente a Oliveira, na margem direita, lá muito ao alto, os elevados pilares do aqueducto do convento de S. Christovão, agudos, cambos, negros, sobranceiros ás copas do arvoredo, desenhavam-se indecisos, como phantasmas ou como forcas, na diaphaneidade pardacenta do céu (...)

O caminho de Manhouce para Oliveira fazia-se pela ponte do Cunhêdo, ponte lendaria e temida, - que o diabo construira n'uma só noite, e sob cujo arco principal crescia herva de incanto, a uma altura a que ninguem era capaz de chegar.

Seriam 10 da noite quando o bom do Bernardo, pachorrentamente montado n'uma pequena mula de arrieiro, vinha descendo a incosta da serra, caminho do Cunhêdo.

- Corrêra um regalo a festa!
Não houve uma desordem, elle gosára ufano as honras de mordomo, e, para cumulo de sorte, boa maquia lhe coubéra da caixa das esmolas... Tinha bem valido a pena! Passára per sob o aqueducto de S. Christovão, e agora deixava à direita o solitário mosteiro, ali erguido verticalmente em meio dos despenhadeiros, por um admiravel prodigio de equilibrio, de que só teriam sido capazes a paciencia e a tenacidade fradescas.

A noite... como um prégo.
Não havia luar; e as estrellas, poucas e apagadas, derramavam essa claridade irrisoria e quasi nulla, propria das noites de verão.
Principiava a ter medo o Bernardo! Aquelle deserto na sombra aterrava-o, sem elle bem saber porquê. Cedia ao imperio irresistivel da natureza sobre o homem, do gigante sobre o atomo, da enormidade sobre o grão de pó.
Caminhava receioso, confrangido, tremulo, na antevisão instinctiva d'um desastre. Parecia-lhe que da sombra avançavam para elle traiçoeiras mãos homicidas... E incommendava-se a Deus, fervorosamente.

Entretanto, ia em respeito recordando a lenda singular d`aquella ponte.

- Há dois seculos, não existia, mas sim uma outra, de madeira, a jusante da actual. D'ella se serviam quotidianamente os frades, que de S. Christovão se iam para as bandas de Oliveira, a missionar...
De uma vêz, por occasião de um dia horrível de temporal a impetuosa torrente do rio cheio destruíra-a, deixando apenas uma das traves de margem a margem atravessada.
Sobre a noite, - uma noite escuríssima, como a presente, - um frade recolhia de Oliveira, montado na sua burrinha... e o quadrupede saltou miraculosamente o rio, ao longo da trave, sem que o bom do freire désse fé do desmoronamento.
Chegado ao mosteiro, perguntáram-lhe admirados:
- Como atravessáste tu o rio!?
- Ora essa! pela ponte.
- Como, pela ponte, se o rio a levou!...

Aclarado o caso, por milagre o tivéram os do convento.

- Abel Botelho, A Ponte do Cunhedo

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Alexander, the Great

Fortes fortuna adiuvat

terça-feira, 27 de abril de 2010

De volta à "Torre" de Santa Maria

E esta torre quadrilonga, como as da época, de paredes fortissimas e de cantaria nas esquinas e alvenaria no resto, tendo uma única e pequena porta ogival que do lado da igreja dava entrada para uma escada de pedra de dois lances que levava ao pavimento superior que desapareceu em parte, tendo-se levantado, na porção que ficou uma elegante escada de caracol que conduz ao último piso, que o uso dos sinos determinou que se tizesse.

Por esta escada, dos arcos de três centros e pelas consolas donde estes se levantam todos com os caracteristicos da renascença, assim como o eirado, as suas gárgulas representantes de peças de artilharia e as falsas granadas, faz tudo crer que seja obra da renascença de D. João III, do tempo das obras que João de Castilho na igreja.

Um alpendre cobria e guarnecia a porta principal, segundo o costume religioso desses tempos, coevos com a fundação da monarquia portuguesa.

Eram as igrejas de então como que o centro ou núcleo da vida social da povoação em que a fé dos crentes as fazia levantar.

Ali não só o padre lia o velho, mas sempre novo, latim do Evangelho, baptizava os neófitos, casava os nubentes e enterrava os mortos.

Mais outras e nobres missões teve o templo cristão nessas eras de rusticidade, mas de entusiásticas crenças.

Ali foi campo aos paladinos do povo, que reclamavam os seus direitos, ali se fazia ouvir a palavra do eremita, chamando os transviados à lei de um Deus de bondade e amor, ali foi campo onde brilhavam ao mesmo círio, o pendão do rico solarengo e o da comunidade dos artífices, ali enfim foi tribunal onde se administrava justiça e onde o homem recebia asilo inviolável e sagrado.

Jamais outro edifício teve missão mais nobre, mais elevada do que a igreja da Edade-Média.

Quando ela era pequena ou não comportava a população por ter aumentado como sucedia em Thomar, faziam seguir a sua frontaria um alpendre que participava das missões do templo e, ainda mais, servia de abrigo remediável aos pobres, aos viajeiros e de cobertura às grandes multidões que em dias solenes concorriam às celebridades religiosas.

Santa Maria dos Olivais também teve essa alpendrada a que chamavam galilé, e sob a qual existia a cadeira, sede, judicial onde os templários, como senhores de quasi todas as juridições nas suas terras, mandavam pela boca do seu alvazil administrar justiça.

É nossa opinião, enquanto não vos provarem o contrário, que esta alpendurada veio a contornar a torre, pois os sinais dos cachorros, nela descobertos há pouco, a isso induz.

- Vieira Guimarães, A Ordem de Cristo

domingo, 18 de abril de 2010

Robin Hood

Rise and rise again
Until lambs become lions


Colegiada de Nossa Senhora da Conceição dos Freires

A igreja de Nossa Senhora da Conceição, antiga sinagoga dos judeus adaptada ao culto católico, foi entregue à Ordem de Cristo pelo que ficou a ser conhecida por igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Freires.

Perto dela foi construída, em 1698, uma igreja paroquial com a mesma invocação de Nossa Senhora da Conceição.

Para as distinguir, a primeira foi chamada Conceição Velha e a segunda Conceição Nova.
A igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Freires foi destruída pelo incêndio que se seguiu ao terramoto de 1755 e demolida em 1770.

Os Freires de Cristo passaram para a igreja da Misericórdia depois de reedificada, da qual restara, depois da catástrofe, a porta travessa manuelina do lado sul.

Com os Freires, passou também o nome de Conceição Velha que ainda subsiste.

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Descrição
Igreja de planta longitudinal de 2 rectângulos justapostos, composta por nave única e capela-mor a que se adossam sacristia, arrecadações, pátios laterais e corredor. Massa de volumes articulados, horizontalizante.
Coberturas diferenciadas com telhados de 2 águas.
Frontispício de aparelho "vittatum", virado a S., pilastras nos cunhais e coroamento de frontão triangular com tímpano vazado por óculo elíptico.
Portal emoldurado por alfiz, com duplo arco mainelado com nicho inscrito, enquadrado por pilastras salientes facetadas, decoradas com relevos e com esculturas do Anjo da Anunciação e da Virgem em nichos, unidas por arco pleno, com grutescos nas ombreiras; superiormente, platibanda encimada por 2 esferas armilares e cruz da Ordem de Cristo.
No tímpano, baixo-relevo figurando Nossa Senhora da Misericórdia.
Janelões laterais enquadrados por colunas segmentadas, com grutescos nas ombreiras e nichos com imagens de santos.

INTERIOR: Nave única com coro-alto sobre pilares de cantaria, silhar de azulejos marmoreados e estuques na abóbada; Baptistério no lado do Evangelho, 6 capelas colaterais e tribunas.
As capelas têm arcos plenos e retábulos de tela envoltos por elementos vegetalistas e frontão contracurvado; a última do lado do Evangelho é mais profunda, figurando na tela a "Última Ceia" e no tecto pintura com Espírito Santo.
Teia de madeira separa as capelas da nave.
Púlpito de madeira no lado do Evangelho.
Tecto em abóbada de berço, figurando "Triunfo de Nossa Senhora da Conceição".
Arco triunfal pleno ladeado por 2 nichos com imagens de São Pedro e São Paulo. Capela-mor com paredes marmoreadas ritmadas por pilastras; portas e frestas superiores de capialços almofadados; retábulo de talha dourada; e abóbada de canhão em caixotões com almofadas geométricas. Sacristia de planta rectangular, dando para a rua a N. por estreito corredor e tendo adossado pequeno pátio quadrangular.

Descrição Complementar
Portal rasgado entre 2 pilastras esculturadas e constituído por grande arco de volta inteira sobreposto por conopial diminuto, contendo 2 arcos menores do mesmo perfil, que se intersectam e sustentam num mainel. Subindo de uma base lisa e de um tambor multifacetado com anéis, as pilastras são trifacetadas, decoradas com meios-relevos e estatuária: nas faces externas grutescos (urnas, animais fantásticos, cabeças de anjo, tarjas, cornucópias, medalhões e motivos vegetalistas estilizados); nas faces internas 6 querubins ajoelhados volvidos para a porta; na frente 2 nichos com mísulas e baldaquinos rendilhados contêm o Anjo S. Gabriel, à dir., e Nossa Senhora, à esq. As pilastras são superiormente semi-circulares e estriadas, rematadas por pináculos com esferas armilares e unidas por cimalha festonada, decorada com pequenas folhas de acanto, sobre friso vegetalista com torsal, formando o enquadramento periférico do portal em alfiz. O extradorso do arco principal é ornamentado por decoração fitomórfica onde assentam cogulhos de acanto, elevando-se ao centro pequeno conopial que contém pedra de armas com escudo real, e é rematado por pilarete com florão e cruz da Ordem de Cristo, a cortar a cimalha. O intradorso, de 2 arquivoltas, é esculpido com grutescos que se prolongam nos pés-direitos da arquivolta interna. O duplo-arco é delimitado externamente por colunelos e molduras de secção rectangular e decorado com motivos fitomórficos. O mainel contém nicho com imagem em alto-relevo da Justiça (ou de S. Miguel), que segura uma balança na mão dir. E uma espada na mão esq., e é decorado lateralmente com motivos geométricos. O tímpano tem 2 registos: no 1º dois semi-círculos invertidos com grutescos (urnas, cornucópias e figuras animalescas), tangentes aos arcos da porta e formando ao centro losango curvo com medalhão com busto clássico; perifericamente, nas enjuntas, relevos com grutescos; no 2º registo, semi-circular, encaixa-se grupo escultórico alusivo à Misericórdia ("Mater Omnium") sobre friso saliente, com ressalto central cilíndrico, sobreelevado, com anéis, tendo ao centro Nossa Senhora com o manto aberto, seguro por 2 anjos, sobre as figuras do Papa Alexandre VI, Fr. Miguel Contreiras, um Bispo e um cardeal (à dir.), e a rainha D: Leonor, o rei D. Manuel e 2 prelados (à esq.). Os janelões que ladeiam o portal são em arco pleno decorado com grutescos e encimado por florão. Lateralmente possuem colunelos do tipo candelabro, com segmentos fusiformes atados por cordões e cintas vegetalistas, sobre bases torsas sustidas por mísulas zoomórficas e vegetalistas unidas por friso torso de folhagem. Em cada ombreira um nicho com mísulas vegetalistas e zoomórficas e baldaquinos de concha, com imagem de Santo André e S. Tiago (janela dir.) e S. Bartolomeu e S. Jerónimo (esq.). AZULEJO: Azulejos de composição ornamental formando silhar. Bicromia: azul cobalto e manganês em fundo branco. Motivos ornamentais: molduras imitando cantaria e motivos vegetalistas (flores e folhas). Cercadura imitando friso arquitectónica. Barra com motivos vegetalistas (flores) sobre fundo marmoreado. 9 azulejos de altura. ESTUQUE: Decoração: figurativa e simbólica. Iconografia: vertente mariana retratando o "Triunfo de Nossa Senhora da Conceição". Policromia: azul, dourado e ocre. Medalhão central: anjo com uma lança mata o dragão que se encontra sobre um globo; a Virgem encontra-se sobre um crescente lunar, coroada de estrelas, sendo abençoada por Deus; nuvens e cabeças de anjo preenchem o fundo. A cena central é enquadrada por motivos arquitectónicos e por cabeças de anjo e em redor arcos plenos unidos por friso arquitectónico. O intradorso dos arcos é decorado por florões, e no seu centro abrem-se cartelas com motivos vegetalistas (folhas), sendo a que encima a capela-mor a mais elaborada: possui a inscrição "M" e uma coroa. Entre os arcos surgem representados: um anjo de olhos vendados com balança na mão dir., e espada na mão esq.; a lua; anjos com flores; anjos com trompetas; o sol; a custódia e um anjo segurando o turíbulo na mão dir. Festões com flores em todo o redor. TALHA: Retábulo de planta côncava e estrutura vertical tripartida. Sotobanco: decoração geométrica (rectângulos).
Corpos laterais: apresentam decoração vegetalista (plumas, flores e folhas) simples e plana, que se prolonga para o ático.
Corpo central: mais recuado, com banco simples decorado apenas por figuras geométricas (rectângulos com os cantos truncados e curvos), e emoldurado por um friso plano decorado por rectângulos e trapézios (na arquivolta). Comporta a tribuna e o trono escalonado em 3 níveis, que não recebe decoração.
Ático: formado por arco contracurvado, motivos vegetalistas (grinaldas e folhas) e friso arquitectónico que segue a forma contracurvada do arco*1.

Época Construção
Séc. 16 / 18

Cronologia
1498 - instituição da Confraria da Misericórdia por iniciativa de D. Leonor e Frei Miguel Contreiras, aprovada por D. Manuel e confirmada pelo Papa Alexandre VI, sediada numa capela do claustro da Sé de Lisboa;
1502 - após ter doado a Ermida do Restelo à Ordem de São Jerónimo, D. Manuel dá em troca à Ordem de Cristo a Casa da Judiaria Grande, uma sinagoga situada no lugar de Vila Nova (entre as actuais Rua Dos Fanqueiros e da Madalena), feita de novo e consagrada a Nossa Senhora da Conceição, designando-se por igreja da Conceição dos Freires e posteriormente por Conceição Velha (por oposição à Igreja da Conceição Nova, construída na Rua Nova dos Ferros); a actual igreja da Conceição Velha era primitivamente a Igreja da Misericórdia *2;
1516 - D. Manuel faz publicar o compromisso da Santa Irmandade da Misericórdia que, segundo autores coevos, era em pedraria com abóbada polinervada decorada com bocetes contendo emblemática sacra e régia, apoiada em colunas de mármore lavradas, que a dividiam em 3 naves, e meias-colunas embebidas na caixa-murária; a capela-mor localizava-se a E, no eixo portal principal, conforme plantas e gravuras anteriores ao terramoto; na fachada a S rasgava-se um portal flanqueado por pilastras esculpidas e 3 janelas (1 à esquerda e 2 à direita), a cornija era encimada por platibanda rendilhada e, de cada lado, adossava-se uma torre, sendo a de O a da "Escrivaninha", segundo é visível na "gravura de Leyden"; junto da igreja erguia-se a Casa da Misericórdia, provida de hospital, recolhimento de orfãos, cartório, casa do despacho, oficinas e pátios;
1533 - carta de D. João III autorizando a construção de um tabuleiro que o Provedor e irmãos da Misericórdia queriam fazer defronte da porta principal, com consentimento da Câmara;
1534, 25 Março - conclusão da campanha de obras manuelina e instalação da Confraria da Misericórdia, segundo inscrição do portal N, hoje no Museu do Carmo;
1568 - D. Sebastião cria, com o aval do Cardeal Infante, a paróquia de Nossa Senhora da Conceição;
1576 - instituição do modelo das bandeiras dos portais das misericórdias: ao centro Nossa Senhora, à direita o Papa, um Cardeal e um Bispo, um religiosos da SS Trindade e o instituidor, à esquerda o Rei, a Rainha e 2 companheiros do instituidor, conforme figurado no tímpano, que datará desta época;
1594 - entaipamento do portal principal por adossamento do recolhimento dos orfãos; D. Simôa Godinho manda construir uma capela do lado do Evangelho, doando os seus bens à Misericórdia;
1598 - abertura de pequena porta a N;
1626 - uma descrição de Lisboa refere que nas escadas do portal S. havia um mercado de flores e ervas aromáticas; aberta outra porta a N., de arco duplo, com imagem de Nossa Senhora do Pópulo no mainel;
1650 - uma planta de Lisboa, de João Nunes Tinoco, mostra um estreito adro defronte da fachada S;
Séc. XVII, 2ª metade - execução do órgão por Fr. Francisco de Santo António;
1670, Agosto - encomenda do retábulo para a igreja, pelo Provedor da Misericórdia, o Marquês de Marialva, ao entalhador Pedro Álvares Pereira, utilizando colunas torsas, provavelmente as primeiras que se executaram em Lisboa;
1684 - começa a funcionar outro recolhimento de orfãos do lado E;
1721 - Fr. Agostinho de Santa Maria descreve a porta S. com duplo-vão de arco "ao antigo", sobre o qual, debaixo de um grande arco, a imagem de Nossa Senhora da Misericórdia;
1729 - pintura do tecto da capela-mor por Brás de Oliveira Velho e António Pimenta Rolim (f. 1751);
1755, 1 Novembro - o terramoto destruiu parcialmente a igreja, caindo parte da abóbada do cruzeiro e um campanário sobre a porta lateral; o incêndio que deflagrou posteriormente arruinou o recolhimento e a igreja, exceptuando a capela do SS. Sacramento (antiga capela de D. Simôa) e o retábulo da capela do Santo Cristo dos Padecentes; a igreja da Conceição dos Freires também se arruinou, não sendo viável a sua reconstrução em virtude do novo plano da cidade;
1768 - por carta de D. José, a Irmandade da Misericórdia instalou-se na Igreja de São Roque, então vaga na consequência da expulsão dos Jesuítas;
1770 - a igreja é reconstruída com outra orientação e outro risco, reaproveitando-se materiais e algumas estruturas, conforme projecto de Francisco António Ferreira e Honorato José Correia; a capela do SS. Sacramento foi transformada em capela-mor e o que subsistia do portal S em portal principal, passando a igreja a orientar-se segundo um eixo N.-S.; os freires da Ordem de Cristo transferem-se para a igreja reconstruída, trazendo consigo o orago de Nossa Senhora da Conceição e a denominação de Conceição Velha;
Séc. XVIII, finais - o conjunto pétreo do tímpano esteve protegido por um vidro e iluminado;
1818 - 1880 - o relevo da Misericórdia foi retirado e substituído por vidraça gradeada, figurando numa capela em altar próprio após ter sido pintado e dourado;
1834 - extinção das Ordens Religiosas, ficando a igreja desabitada e ao abandono;
1837 - a igreja esteve na eminência de ser vendida a um particular e destruída para dar lugar a edifícios; 1880 - a Irmandade de Leigos que geria a igreja fez obras, repondo o grupo escultórico do tímpano, limpo da tinta que o cobria;
1936 a 1940 - o vigário e a Irmandade da Santa Cruz dos Passos informam que a igreja e anexos carecem de obras, pois há infiltrações de águas pluviais que estão a arruinar as coberturas, cantarias, estuques e soalhos, slicitando à DGEMN as reparações necessárias;
1946 / 1947 - a Irmandade chama a atenção para o estdo em que se encontra o portal e o guarda-vento, a necessitar de obras de beneficiação, assim como a sacristia, que tem as paredes salitradas e a esboroarem-se em virtude da capilaridade do terreno e de canalizações defeituosas; as 2 janelas que dão para o trono estão a desfazer-se, o estuque da abóbada está a cair e a clarabóia do coro está degradada;
1948 - as águas da chuva invadiram a igreja e um cano roto na Sacristia fez apodrecer o soalho;
1952 - Realizado inventário das imagens da igreja: existem cerca de 40 imagens de madeira e pedra localizadas em nichos e altares no sub-coro, nave, capela-mor e dependências anexas;
1953 - infiltrações de humidade com degradação dos pavimentos e cantaria da capela-mor;
1959 - o prior denuncia o estado de degradação da sacristia, do corredor de acesso à Rua dos Bacalhoeiros e do soalho da capela-mor;
1969 - necessária vistoria técnica por chover em diversos locais;
1975 - o imóvel é proposto para ser objecto de estudo por parte do L.N.E.C. e do I.J.F. na área de tratamento de pedras deterioradas;
1978 - o painel da fachada está parcialmente destruídos, devendo ser restaurado pelo I.J.F.

Observações
*1 - a simplicidade deste retábulo deve-se possivelmente ao facto de ter sido inicialmente uma capela lateral da anterior igreja, transformada em capela-mor após o terramoto. O vocabulário decorativo parece antecipar o estilo barroco, o que pode avançar a sua datação para uma época posterior à instituição da capela.
*2 - quase todos os autores confundem esta com a Igreja da Conceição, para onde foram transferidos os freires da Ordem de Cristo quando os Jerónimos foram para Belém.
*3 - as telas estão em mau estado de conservação, sendo numa delas impossível identificar com segurança a temática.
(fonte: DGEMN/IHRU)

Nas ermidas e capelas


Residem grandes histórias.
Por todo o país existem, umas preservadas, outras em ruínas; espelhos das gentes.

De evocação a Maria Madalena, com Santo Amaro e São Ciríaco.

sábado, 17 de abril de 2010

Anol shalom


Elite guerreira

Hashishyun

Uma lenda de Thomar

Na região de Tomar há um lugar onde de noite os espectros aparecem em cortejo, encontram-se no Reino das Sombras com criaturas subterrâneas, e os guardas dos segredos escondidos.

Uma noite, uma mulher sensível e inspirada pretendeu seguir os passos dos espectros, e a sua sombra inquieta e curiosa juntou-se à dos peregrinos alucinados.

A mulher caminhou durante horas de um tempo inexistente, com um grupo de guerreiros armados - velhos caminheiros enrugados.

Sem ter ouvido um som, soube de repente que a marcha terminara.

O insólito cortejo parou de repente numa clareira húmida, à saida de um bosque.

Foi então que a mulher conseguiu distinguir os companheiros de caminhada.

Todos tinham uma cruz idêntica sobre o coração.

Em volta de um poço, de bordo gasto, que uma oliveira morta cobria parcialmente, e com a sombra projectada pelo luar, apareceram outras formas estranhas, quais animais ou plantas, nascidas de um outro tempo, que se juntaram às sombras.

Uma das sombras dirigiu-se à mulher:
«foi aqui que travámos uma batalha, e as pedras que vês ficaram avermelhadas devido ao sangue que correu.
Depois de termos encomendado a alma a Deus e à divina misericórdia da nossa Mãe, na capela das Oliveiras, viemos até Nabância no intuito de suster a horda dos cúmplices do mal.

Foi aqui, perto da entrada deste subterrâneo que conduz ao castelo, que todos nós sacrificámos as nossas vidas, lutando até a morte, na defesa da nossa Fé, do nosso Rei e dos nossos bens.

E já que aqui estás entre nós, vem mulher!
Verás o que nenhum outro ser vivo viu em muitos séculos.»

A mulher estava nessa altura diante da abertura.
Sem saber como, nem quando, esgueirou-se pela passagem estreita.
De cabeça baixa foi deslizando pela galeria húmida, impregnada de um cheiro enjoativo a bafio quente e a terra.
Seguiu por um caminho sinuoso e escorregadio.

De repente, a mulher ficou encadeada por uma luz súbita, quando abriu os olhos ficou fascinada com a visão!

Entre os montes de pedras preciosas viam-se tecidos de ouro e prata e muitas moedas.
As suas mãos fecharam-se sobre algumas moedas de ouro.
Guardou-as no bolso do avental.

Alguns instantes depois encontou-se de novo ao ar livre.

Mais do que correr, voou até casa.
De manhã, assim que acordou, foi ao avental procurou no bolso direito, aquele onde tinha guardado as moedas de ouro.
Uma queimadura fez com que desse um grito, o qual abafou ao mesmo tempo que retirava a mão!

- Lendas Populares de Tomar

Escavação arqueológica - Estaus



Junto à estátua de Mendes Godinho, no passado dia 12,
constatam-se trabalhos arqueológicos em curso

Como se pode observar, a calçada de seixo rolado, está em perfeitas condições, e aparenta a disposição dada à no Séc. XII.
Podem-se ainda ver vestígios de muros.

Grandes possibilidades

sexta-feira, 16 de abril de 2010

A Capela dos Tomarães, em Santa Maria dos Olivaes

Eu, D. Martim Gil amo do Infante D. Afonso (depois Afonso IV) e mordomo da Rainha (Santa) D. Isabel, dou a VÓS, D. Lourenço Martins, Mestre do Templo e ao vosso Convento e Bailia de Santa Maria de Tomar, todolos herdamentos que eu de direito devo haver em termo de Ourém, no lugar que é dito Tomarel.

A Quinta que foi de Gonçalo Gonçalves e está a 3 léguas de Tomar, ad Orcariam, junto a Urqueira Vila Nova de Ourém e 3 casais que eu hei no Julgado de Penacova, em lugar que é dito Travanca; dos quais casais 2 houve de Nuno Mendes e um campo.

Dou as coisas sobreditas sob tal pacto e sob condiçôes que o Comendador e os Freires que depois dele forem, tenham um capelão na lgreja de Santa Maria de Tomar, que Cante uma missa de Santa Maria celebrada cada dia no Altar de S. Martinho por todo o sempre, pela alma de meus avós D. Martim Anes e de meu Pai, pela minha, de meu sobrinho Martim Anes, e pelas almas daqueles donde eu venho especialmente.

Lisboa, 5 de Junho de 1331 (1293).

NOTA: Esta Capela chamada ao presente (1542) dos Tomarães, foi instituida por um fidalgo D. Martim Gil.
Era aio do Infante D. Afonso e Mordomo-Mor da Rainha Santa Isabel. Foi alferes-mor do Reino e Conde de Bacelo. Esta capela, chamada de Tomarães, foi magnificamente dotada. E tanto que corrente tantos anos, quase 5 séculos, ela se conserva com exacto cumprimento dos seus encargos e obrigações; compunha-se, além dos bens de Ourém, de outro em Penacova e em Travanca.

Mandou o dito fidalgo que se fizesse à custa destas rendas, uma capela com a evocação de S. Martinho em Santa Maria dos Olivais em Tomar, a qual, actualmente (Séc. XVII) é intitulada de S. Bartolomeu, cuja imagem está(va) pintada no altar da dita capela.

(fonte: TT, Livro das Escrituras)

quinta-feira, 15 de abril de 2010

As Runas Perdidas estão a regressar

Sejam bem regressadas a Casa

Meu coração está aberto a todas as formas:
É uma pastagem para as gazelas,
E um claustro para os monges cristãos,
Um templo para os ídolos,
A Caaba do peregrino,
As Tábuas da Torá,
E o livro do Corão.

Professo a religião do amor,
E qualquer direção que avancem Seus camelos;
A religião do Amor,
Será minha religião e minha fé.


- Rumi, Aberto a todas as formas

Vulcano, o Senhor da Forja, acordou

O vulcão, no glaciar Eyjafjallajökull, no sul da Islândia, registou na quarta-feira a segunda erupção em menos de um mês.

O rugido de Vulcano.

Omphalos

quarta-feira, 14 de abril de 2010

A Obra Assistencial do Convento de Cristo

Da esmola que se dá ordinariamente neste Mosteiro e de outras obras pias que se fazem neste propósito

De muito antigo sabemos que a esmola foi frequente nos mosteiros, e disto há tantos exemplos que seria supérfluo trazê-los aqui, pois com os olhos vemos isto cada dia, mas o que aqui deixaremos servirá dum exemplo mais natural que se pode achar em toda a Espanha e remeto-me nisto ao que aqui se disse, para que outrem o pasme com os olhos, sem desmentir-me, pois é quase o que vi pelos livros das procurações.
Primeiramente o D. Prior, do poder e comissão dele, dá 12.000 maravidis em dinheiro cada ano, e 24 anegas de trigo, que são 2 moios portugueses [cerca de 50kg]. Dão-se no dia de Natal dois moios e outros tantos pela Ressurreição, que são 48 anegas de trio (240 alqueires).
A esmola ordinária é a que se segue: 2 anegas (10 alqueires) de pão cozido cada dia, à Portaria, o que monta a 740 anegas. Cada dia se dão na Vila a 7 ou 8 pessoas e às vezes a mais, que são honradas porém pobres, a ração que se dá a um religioso do Convento; tanto de pão; tanto de carne ou peixe, o que ao cabo do ano é uma boa quantia.
Há um Mosteiro da Ordem, do P.e S. Francisco, chamado a Anunciada, que pudemos ver que se mantém à custa deste [Convento de Cristo], porque todos os sábados se lhes dá uma anona (ração) de vinho e outra de vaca e um quarto de carneiro, e embora se lhes não dê pão à ração, todo o que mandam pedir aos religiosos se lhes dá, de maneira que eles vão ao forno enchem seus alforges, e se de outra coisa têm necessidade, não fazem mais do que avisar o porteiro, sem que nisso se ponha a menor dificuldade, como eu vi.
Há ordem de dar cada dia pão a quantos pobres chegarem, e segundo a qualidade dos que chegam, se lhes dá mais e melhor, porque a viadantes honrados dá-se pão do que comem os freires, e um real castelhano, e às vezes um tostão que vale dois reais e meio, e segundo a ocasião, da necessidade sai a liberalidade. Às sextas-feiras, como dias mais dedicados à misericórdia, há outra esmola diferente, para o que a Casa da Misericórdia que é uma Confraria notável e Irmandade de Portugal, vai ao Convento, e essa esmola chega para todos os que estão presos, para que, em abundância, tenham sopa de legumes e hortaliças.”

A Botica

A todos os doentes da Vila a quem os médicos atestam que são pobres, dá-se-lhes o necessário, tal como aos frades do Convento, e servem-se em geral a quantos pedem ninharias, tais como unguentos, águas e outras coisas, mesmo sem assinatura do médico, e tudo liberalmente.
E para que se veja a grande franqueza piedosa deste Convento, dir-lhes-ei o seguinte: Há na Vila de Tomar e seus arredores 4 Conventos da Ordem dos Mendicantes de S. Francisco, que são os seguintes: O Convento de Santa Cita, o Convento do Loreto (Tancos), e o da Anunciada que são de frades, e o de Santa Iria que é de freiras de Santa Clara que está na Vila de Tomar. A todos estes se lhes dão medicamentos necessários, sem lhes faltar cousa alguma, e com tanto à vontade vêm pedir como se fossem com dinheiro; e dão-nos com tanta lhaneza como se eles os pagassem, e com grande alegria pelo interesse espiritual.
Também se fornece o Hospital da Misericórdia com tudo o necessário e se o pessoal da Misericórdia manda pedir alguma coisa, se lha dá francamente.

A Hospedaria

Ainda como esmola se pode contar o que respeita a hospedar peregrinos com todo esse espírito que, por respeito à diferença de pessoas que acorrem ao Convento, aí também há diversa forma de recebê-las, consoante convém tratá-las separadamente.
Já quando falei dos claustros disse que havia um da hospedaria com grandes compartimentos. Que ali havia aposentos para os Prelados e Príncipes seculares, e que daí para baixo, para os comuns.
Agora mostrarei como esta hospedaria é a mais frequentada de quantas há em qualquer outro Convento de Espanha; e as razões de tão grande frequência são duas:
Numa, porque de ordinário dão aqui o hábito aos cavaleiros que professam nesta Ordem Militar e fazem profissão, porque os Reis, como os Administradores, querem que aos que vão professar cá se lhes dê o hábito, e estes são muitos e chegam todos os dias.
A outra é que este lugar está na Estrada Real do principal Reino de Portugal, porque encaminha de Lisboa a Coimbra e ao Porto, e às terras de Entre-Douro-e-Minho, que é o melhor do Reino.
Por estas terras há muitos frades de todas as regras e muitos senhores e donos de quintas e também gente paupérrima, que vai para Lisboa, e como todos têm Tomar como porto seguro, acorrem ao Convento que, como doce Mãe, recebe a todos com grande Amor e braços abertos.
Depois devido à frequência de diversas categorias de gentes, há hospedagem permanente e a ninguém se fecham as portas.
Causa admiração que quando vêm com comitiva, as pessoas principais são tratadas com respeito, e a todos os seus criados e cavalgaduras se lhes dá, honradamente, tudo de que têm necessidade; e os mais pobres destes, não se faz acompanhar por menos de três pessoas.
Também, se passa um Prelado ou Senhor de alto coturno, é hospedado e tratado como o melhor da sua casa, como se o Convento fosse obrigado a isso.
Há normalmente senhores e cavaleiros que passam de caminho que, se usam hábito, vêm a receber a bênção do D. Prior, sob pena de serem castigados; e se vêm, levam por pena serem convidados. Os outros, como têm por certo que hão-de achar pessoa honrada e bom acolhimento, também vêm ao Convento.
Vêm depois os hóspedes religiosos que são inúmeros, porque, em 15 ou 20 dias que estive no Convento, passaram cerca de 60 frades, e deles mais de 40 eram de S. Francisco, porque não houve um só dia em que ao almoço ou ao jantar não houvesse 2 ou 3, e eu vi 9 num só dia. A todos se dá mui pão e vinho para o caminho. Há diferenciação em hospedar segundos os méritos, e assim, com notável prudência, o Padre Hospedeiro, que sempre é pessoa de muita confiança, fornece os aposentos, cama, mesa e outros serviços, conforme as pessoas.
Enfim, quanto à Hospedaria, não se pode exigir mais e melhor por isso não há outra frequência como esta, e daí a necessidade de se fazerem grandes despesas.
E averiguado a quanto montam as despesas ordinárias de cada ano, vi que atingem 2.500 cruzados, que são 2.350 ducados castelhanos. E como as coisas em Portugal são muito caras, e quem vir o pouco rendimento que tem o Convento, que não passa de 9.000 ducados castelhanos, já que sustenta normalmente 80 religiosos, fora os leigos, e 80 criados que servem a comunidade e as oficinas, e o que dissemos que se gasta em esmolas e hospedaria, nota-se ser milagre, e portanto se há-de julgar que o faz Deus, pelo muito que é servido por seus servos e no culto divino e na liberalidade que se usa com pobres.

- Frei Jerónimo Roman

Como diz Garcez Teixeira:
Eis a obra maravilhosa, em traços muito largos, da Caridade, Amor ao Próximo e Piedade, dos Freis de Cristo.

Frei Jerónimo Roman:
é milagre, e se há-de julgar que o faz Deus.

Ubi est Caritas et Amor, ibi est Deos.

sábado, 10 de abril de 2010

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Um lugar Especial - Santa Maria




Se esse conhecimento pudesse ser obtido simplesmente pelo que dizem os outros homens, não seria necessário entregar-se a tanto trabalho e esforço, e ninguém se sacrificaria tanto na procura

Alguém vai até à beira do mar e só vê água salgada, tubarões e peixes. E diz:

- Onde está a pérola de que tanto falam? Talvez não haja pérola nenhuma.

Como é possível obter a pérola simplesmente a olhar para o mar?

Mesmo que esvaziasse o mar cem mil vezes com uma taça, jamais encontraria a pérola.

E preciso um mergulhador para encontrá-la.


- Rumi, Fihi-Ma-Fihi

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Koniah - Iconium

Originalmente, foi uma urbe Seljúcida - de 1150 a 1300 -, e denominou-se Iconium.
Actualmente chama-se Konya ou Koniah, mas também Qonya, Konieh, Konia, ou Qunia.

É capital da província turca de Konya, antigo Sultanato de Rum.

A sua importância é antiga e conhecida, foi capital do Sultanato de Rum entre 1097 e 1243.

Durante o período do Sultanato, foi ocupada duas vezes pelos Cruzados:
a primeira em 1097, por Godofredo de Bulhões, e a segunda em 1189, por Frederico I, Barbarossa.

Nenhum dos dois ficou por muito tempo em Koniah, e esta acabou por ascender em importância entre 1205 e 1239, momento em que os sultões locais controlavam por completo a região da Anatólia, puseram termo à presença efectiva do Império Bizantino na Ásia.

Em 1243, foi tomada pelos rápidos exércitos mongóis, que fizeram de Koniah a capital do seu governo local.

Posteriormente, a cidade mudou várias vezes de mãos, até que ficou sob controle do Império Otomano em 1453.

É conhecida pela piedade dos habitantes locais, mas ainda mais pelo Grande Rumi (Mevlana), o Santo Sufi. Fundador dos Dervixes.

Música mirandesa

Galandum Galundaina

L Cura stá malo, l Cura stá malo
Malico an sue cama
Chiribi chiribaina, malico an sue cama

Ne l meio de la nuite, ne l meio de la nuite
Chamou la criada
Chiribi chiribaina, chamou la criada

Que ten senhor Cura, que ten senhor Cura
Que tanto me chama
Chiribi chiribaina, que tanto me chama

Trai-me l chocolate, trai-me
Cun pouquito d'auga
Chiribi chiribaina, cun pouquito d'auga

La auga stá fonda, la auga stá fonda
Nun le chega la bara
Chiribi chiribaina, nun le chega la bara

Tengo eiqui you ua, mais que meia bara
Que le chega a l'auga
Chiribi chiribaina, que le chega l'auga

Als nuobe meses, i a ls nuobe meses
Pariu la criada
Chiribi chiribaina, pariu la criada
Chiribi chiribaina, chiribiribaina

Pariu un curica, pariu un curica
Cun gorra i sotaina
Chiribi chiribaina, cun gorra i sotaina

"Bóta-lo al spício!!"
Botar-lo ne l spício, botar-lo ne l spício
Nun me dá la gana
Chiribi chiribaina, nun me dá la gana

Tengo eiqui dues tetas, tento eiqui dues tetas
Cumo dues maçanas
Chiribi chiribaina, cumo dues maçanas

Que dan tanto lheite, que dan tanto lheite
cumo duzientas cabras
Chiribi chiribaina, cumo duzientas cabras


- Senhor Galandum, L cura stá malo

Agradeço ao José, o ter-me dado a conhecer este Grupo de música galaico-portuguesa

terça-feira, 6 de abril de 2010

segunda-feira, 5 de abril de 2010

domingo, 4 de abril de 2010

Agnus Dei


Quando o amor te acenar, segue-o,
ainda que por caminhos ásperos e íngremes.

E quando as suas asas te envolverem,
rende-te a ele,
ainda que a lâmina escondida sob suas asas possa ferir-te.

E quando ele te falar, acredita no que ele diz,
ainda que a sua voz possa destroçar os teus sonhos,
assim como o vento norte açoita o jardim.

Pois, se o amor te coroa, ele tambm te crucifica.
Se te ajuda a crescer, também te diminui.
Se te faz subir às alturas
e acaricia os teus ramos mais tenros que tremem ao sol,
também te faz descer às raízes
e abala a tua ligação com a terra.

Como os feixes de trigo, ele mantém-te íntegro.
Debulha-te até que fiques nu.
Transforma-te, retirando a tua palha.
Tritura-te, até que estejas branco.
Amassa-te, até que te tornes macio;
e então coloca-te perante o fogo,
para que te transformes em pão,
no banquete sagrado de Deus.

Todas essas coisas pode o amor realizar,
para que conheças os segredos do teu Coração,
e que com esse conhecimento, sejas um fragmento
do Coração da Vida.


- Khalil Gibran, O Amor

Caridade enquanto amor ao próximo (fazer aos outros aquilo que gostaríamos que nos fizessem a nós); actuar com benevolência (pois aquilo que acontece aos outros hoje, pode acontecer-nos a nós depois); bondade (boa índole; brandura; indulgência; inclinação para o bem); compaixão (compreensão perante a dor alheia; pena; piedade).

"Fé" é um oásis no coração que nunca será alcançado pela caravana do pensamento.

- Khalil Gibran

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Páscoa

A Páscoa, mais do que um conceito, uma abstracção, é um momento da Alma.

Todas as culturas, todos os credos, todas as religiões, têm o seu labirinto, onde a pessoa, humana e divina, se busca: perde-se e reencontra-se.
Perde a sua humanidade para entender a sua dimensão divina.
Fonte de Amor.
Consciência de Deus.

Jesus, o Nazoreu, foi um dos profetas que pelo seu exemplo e experiência pessoal, marcou muitos.

É no simbolismo dos exemplos, verdadeiros, reais, genuínos, que geração após geração, o indíviduo se perde para reencontrar-se mais puro, verdadeiro e divino.

A Luz está sempre presente, os Olhos do Deserto é que toldam a Visão.
Uma Sexta-Feira Santa de Perda e Reencontro, são os meus votos; que todos possamos atravessar o Deserto ou Labirinto e encontrar no seu final a Luz mais Pura e significativa.

São Pedro das Águias


Antigo Mosteiro de São Pedro das Águias - Igreja de São Pedro das Águias
Foi mosteiro masculino da Ordem de São Bento, e posteriormente, mosteiro masculino da Ordem de Cister.

Local: Rural, isolado, a meia encosta, em terreno acidentado, adaptando-se ao declive do terreno, sobre pequeno socalco de afloramentos rochosos, destacado em zona de interesse paisagístico, limitado a O. por maciço rochoso e a E. pela ravina do rio Távora.

Planta longitudinal composta por nave única e capela-mor rectangulares, de volumes articulados e disposição horizontalista das massas, com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas, encimados, nas empenas, por cruzes de pedra. Fachadas em cantaria de granito aparente, percorridas por embasamento saliente na capela-mor, com estreitas fenestrações protegidas por vidro tipo catedral, que iluminam a nave e a capela-mor, rematadas por cornija, assente em cachorrada decorada por motivos antropomórficos, zoomórficos e alguns sem decoração, exceptuando as fachadas E. e O., onde a cobertura se dispõe directamente sobre o muro.
O corpo da capela-mor é percorrido, sensivelmente a meio, por cornija de decoração simples.
Fachada principal, voltada a O., rematada em empena, encimada por cruz pátea vazada; a fachada forma um ressalto na zona inferior, onde se rasga portal principal em arco de volta perfeita, com três arquivoltas, a interior com animais afrontados e palmetas, a central com motivos fitomórficos e a exterior com acantos estilizados, que assentam em dois colunelos de fuste liso em cada lado, apoiados em bases decoradas com ziguezagues e ondulados, tendo a interior, do lado esquerdo, decoração simples e uma carranca no ângulo exterior.
Os capitéis que encimam as colunas apresentam, no lado direito, motivos antropomórficos e zoomórficos e, os do lado do esquerdo, decoração vegetalista.
Sobre estes, imposta decorada com folhas de acanto, que suporta dois leões de cada lado, que sustentam o tímpano, decorado com uma "Croix Nouée" vazada entre laçaria serpentiforme.
O vão é protegido por porta de madeira com lemes e fechos em ferro, ladeada por friso decorado com quadricula ao nível da imposta.
Sobre este e ao centro uma pequena fresta.
Adossado ao lado esquerdo, ligando-se ao maciço rochoso, existe um arco de volta perfeita, que dava acesso ao antigo claustro, actualmente inexistente, que tem no tímpano do lado interior, decoração de linhas entrançadas terminando uma delas em cabeça de animal, talvez uma serpente, encimada por uma cruz pátea em baixo relevo.
Fachada lateral esquerda voltada a N., com portal em arco de volta perfeita, composto por duas arquivoltas, a primeira com três cabeças de lobo trincando o toro, envolvidas por decoração geométrica, e a segunda com folhas de acanto, tendo, na pedra de fecho, uma inscrição.
Assentam numa coluna de fuste liso em cada lado, sobre bases simples, erguendo-se entre elas uma soleira elevada que protege a porta de madeira, com lemes e fechos em ferro; os capitéis apresentam, no lado esquerdo, um motivo zoomórfico (corpo serpentiforme com escamas) e, frente a ele, do outro lado, um com folhas de lança.
Por cima deste, encontra-se um elemento zoomórfico (sem cabeça) com semelhanças com os do portal principal.
No lado esquerdo, ao mesmo nível, está um bloco pétreo sem definição, talvez colocado em substituição do original.
O tímpano é decorado com um Agnus Dei crucífero, em fundo de motivos geométricos.
A ladear o portal, duas estreitas fenestrações.
Perto destas, e, também em ambos os lados, aproximadamente a meio da parede, observam-se algumas mísulas que suportariam uma estrutura primitiva.
No ângulo entre o corpo da igreja e o da capela-mor, cego, existe desenhado num silhar, rente ao chão, um entrançado que termina em cabeça de animal, talvez uma serpente.
A fachada lateral direita, voltada a S., apresenta, no corpo da igreja, duas pequenas frestas e, no da capela-mor, uma pequena fenestração rectilínea central, acima da cornija que percorre o corpo.
Fachada posterior em empena, tendo, no vértice, um cordeiro sobrepujado por cruz vazada, rasgada por uma fresta estreita; sobre a empena da capela-mor, é visível a da nave, sobrepujada por uma cruz de Malta (há quem "não saiba ler" ...) e rasgada por uma fresta estreita sob uma pequena arquivolta decorada por elemento em ziguezague .
INTERIOR em cantaria de granito aparente, com cobertura em travejamento de madeira, com acesso através de escadaria descendente em ambas as entradas e pavimento em lajeado de granito.
No lado do Evangelho, a ladear o portal, nicho de moldura rectangular.
Arco triunfal de perfil ultrapassado, compondo duas arquivoltas com bozantes, sustentadas por friso decorado com quadricula, que termina nos ângulos, assentes em dois colunelos de fuste liso, apoiados em bases de decoração geométrica e coroadas por capitéis vegetalistas.
De ambos os lados, no pano mural, estão representadas duas cruzes páteas em baixo relevo.
Capela-mor de pequenas dimensões, tendo altar-mor e plinto paralelepipédico, ambos em cantaria e sem decoração.
No lado da Epístola, existe um nicho em arco de volta perfeita e no lado oposto, uma inscrição.

Inscrições:
Exterior
-
(CEMP. nº 241), inscrição do Salmo 121,8, gravada na pedra de fecho da arquivolta exterior do arco do portal lateral N., linhas auxiliares gravadas. Granito (diferente do que foi utilizado para as restantes aduelas, este tem um grão mais fino). Fracturada nos cantos superiores. Dimensões: a altura a que se encontra impede obter medidas.
Inicial Capitular. Leitura modernizada e reconstituída:
DOMINUS EXERCITUM CUSTODI AT HUIUS TEMPLI INTROITUM ET EXITUM. Tradução: o Senhor guarda as tuas idas e vindas, agora e para sempre.

Interior:
1. (CEMP. nº 242), gravado em silhar de pequenas dimensões, colocado na face interna da parede E. da capela-mor.
Granito.
Dimensões: 32,5 x 56.
Inicial Capitular. Leitura modernizada: BENEFU […].
2. (CEMP. nº 243), inscrição funerária gravada na metade inferior de uma tampa de sepultura avulsa, linhas auxiliares gravadas. Granito. Dimensões: 63 x 51 x 10.
Inicial Capitular Carolino-Gótica.
Leitura modernizada: GUNDISALVUS GARCIA. Tradução: Gonçalo Garcia.

Arquitectura religiosa, românica.
Convento masculino cisterciense, de pequena dimensão, eventualmente eremitério, de que resta a igreja de planta longitudinal, orientada, composta por nave única e capela-mor rectangular, com coberturas internas diferenciadas em travejamento de madeira, iluminada escassamente por estreitas frestas, protegidas com vidro tipo catedral, existentes em todas as fachadas.
Fachada principal em empena, rasgada por portal em arco de volta perfeita, com várias arquivoltas decoradas. Fachadas rematadas por cornija sustentada por cachorros, a lateral esquerda rasgada por porta travessa em arco de volta perfeita. Interior com arco triunfal em arco ultrapassado, tendo um simples altar-mor na abside.

Devido à norma litúrgica, que obrigava a orientação da cabeceira dos templos para nascente, esta igreja apresenta a fachada principal a uma curta distância do maciço rochoso e, foi implantada no sentido do declive, o que justifica o desnível existente entre a capela-mor e o corpo da igreja. Os portais apresentam profusa decoração, marcados por arquivoltas assentes em colunelos capitelizados e tímpanos decorados, distinguindo-se pela decoração figurativa e simbólica, com elaborada combinação de motivos geométricos, fitomórficos, zoomórficos e antropomórficos, a que se junta um Agnus Dei e uma "Croix Nouée".

Os leões que se encontram no portal axial surgem também na Igreja de São Pedro de Rates, apresentam cabeça virada para fora e os olhos bem abertos, o que significava no período medieval a vigilância.

A função destes animais nos portais era a guarda da entrada dos templos e do seu interior sagrado.

Existência de inscrição no fecho do arco do portal N..

991, cerca de - construção da Igreja pelos cavaleiros D. Tedon e D. Rausendo e, por alguns eremitas fugidos aos mouros;

1117, 17 Julho - escritura passada por D. João e D. Pedro, conferindo aos monges as terras do couto, o que lhes deu o título de fundadores;

1145, 14 de Junho - abade D. Mendo, reforma a comunidade trocando o hábito negro de São Bento, pelo hábito branco de São Bernardo;

1170 - a igreja consta como pertencendo à Ordem de Cister;

Séc. XII, 2ª metade - os monges mudam-se para o convento de São Pedro das Águias, na freguesia de Távora;

1832 - com a extinção das ordens religiosas, o edifício foi abandonado, caindo em ruínas;

1953 / 1954 - restauro total do edifício pela DGEMN.


(fonte: DGEMN/IHRU)

Vilar de Donas

Igrexa de San Salvador de Vilar de Donas

Aquilo que não é referido nos textos de história é que, antes de pertencer à Ordem de Santiago, pertenceu à Ordem do Templo.

Isto, num tempo em que era necessário lutar para conquistar e/ou manter o 'reduto'; passada, que foi, essa face, ficou sob a alçada da Ordem de Santiago.